domingo, 10 de fevereiro de 2013

Cá as fazemos, cá as pagamos!

... ... ..."Porque desqualificámos a política e os políticos, porque deixámos que o seu desempenho se limitasse quase aos que para mais nada servem e aos raros que ainda acreditam que a política pode ser uma actividade nobre, e porque, a fazer fé numa sondagem europeia, apenas 25% dos portugueses têm confiança na democracia, hoje estamos cativos do triste cardápio que os partidos nos servem. Numa eventual sondagem que perguntasse aos portugueses "para primeiro-ministro prefere Passos Coelho, António José Seguro ou outro", o outro ganharia esmagadoramente. Só que o outro não existe: matámo-lo.
Não devemos admirar-nos então se o "liberal" Passos Coelho liquidou a economia com impostos e só sobre o cadáver dela se lembrou de que devia antes cortar na despesa do Estado. Ou se Seguro consegue afirmar, em tom de estadista, que defende o "crescimento" sem baixar os impostos nem explicar onde vai então buscar o dinheiro, e defende o "Estado Social" que existe sem subir impostos nem cortar na despesa. Não devemos admirar-nos se o CDS defende o limite dos mandatos de presidente da Câmara para todo o país menos para Lisboa, ou se ontem se indignava com o BPN e hoje acha aceitável que um ex-administrador do banco integre o governo de que faz parte. Não devemos admirar-nos com nada porque os políticos que hoje nos servem já só se preocupam em vencer e não em convencer.
Mas a verdade também é que temos aquilo que fomos exigindo aos poucos: uma política feita de mentiras, adiamentos, hipocrisias. Uma política refém das corporações e dos lóbis de interesses, determinada pela demagogia e pela crença, por todos alimentada, de que se pode viver sem ter de fazer escolhas. É um círculo vicioso: para servir tal política só podemos ter maus políticos; e, porque eles são maus, o resultado das suas políticas é o que é. Era fatal que chegássemos aqui. Agora, só nos resta confiar no slogan do palhaço Tiririca: "Vote em mim -pior do que está não fica".

Miguel Sousa Tavares, O vazio da política, Expresso, 09/02/13, página 9

O destaque é de Tomar a dianteira.
Comentário de Tomar a dianteira

Infelizmente, no que a Tomar (cidade e concelho) se refere, o slogan do Tiririca citado por Sousa Tavares não é de todo adequado. Por estas bandas as coisas vão piorar e bastante. Com os candidatos já conhecidos e com provas dadas, qualquer que venha a ser o resultado das eleições de Outubro, a situação económica e social só pode deteriorar-se muito rapidamente. Todos eles reconhecidamente sem quaisquer planos susceptíveis de pôr fim à continua degradação das nossas condições de vida, é até cada vez mais plausível que o próximo mandato não possa chegar ao fim com a composição inicial.
Basta atentar na nossa cada vez mais triste situação. A actividade económica local vive de quê? Praticamente dos pensionistas e do funcionalismo público. Tal como no Alentejo profundo e paupérrimo, Educação, Justiça e Município são de longe os maiores empregadores do concelho. Uma situação insustentável, por funcionar cada vez pior e em circuito fechado.
Acresce que em Tomar, essencialmente devido à prolongada ausência de uma adequada e indispensável visão estratégica, há várias instituições locais que estão por assim dizer condenadas. Até Novembro, tudo bem. Há eleições legislativas na Alemanha e autárquicas em Portugal. Avisadamente, o governo de Passos Coelho levantou o pé do acelerador. Mas depois?
Depois são inevitáveis mais medidas de austeridade, mais restrições, mais supressões de serviços públicos. IpT, RI15, Tribunal de Trabalho e Entidade de Turismo estão já na linha de partida. Seguir-se-à PSP ou GNR. Tudo por razões óbvias. Numa terra a mirrar de dia para dia, há cada vez mais estruturas injustificáveis...

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