sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A palavra a um da casa

Henrique Neto, conhecido empresário em Leiria. Militante socialista, ex-deputado e ex-dirigente nacional do PS.

"PS - Aí estão eles"

"Alguns dos mais fervorosos e desmiolados seguidores de José Sócrates, iniciaram o cerco ao Secretário-Geral do PS para levar António Costa à liderança dom partido, agora que lhes cheira a poder e à possibilidade de novas mordomias e de um novo período de utilização dos recursos nacionais. O tiro de partida foi dado por Pedro Silva Pereira e por Vieira da Silva, com o inenarrável José Lello largado a morder as canelas da actual liderança. António Costa, mais calculista, serve de inspiração, mas não disse ainda se é ou não candidato. Note-se que ultimamente tem procurado distanciar-se das suas responsabilidades no apoio dado a José Sócrates, com críticas veladas ao passado governativo do PS. Para bem do partido, deveria dizer rapidamente ao que vem.
Infelizmente, António José Seguro tem cometido erros e tem convivido demasiado com a mediocridade partidária que herdou no partido e na Assembleia da República. Todavia, dá mais garantias de seriedade e de defender o interesse nacional e a cultura socialista do que os carreiristas descobertos por José Sócrates para levar Portugal à falência política, económica e social. Porque além dos erros que cometeram e do desvairado endividamento a que conduziram Portugal, foram eles que escancararam as portas do poder ao PSD/CDS, para estes partidos levarem à prática as suas ruinosas políticas anti-sociais.
A data do próximo congresso serve de desculpa para atacar a direcção de Seguro, tentando evitar que ele tenha uma grande vitória nas próximas eleições autárquicas e com isso reforce a sua posição no partido e no país. Ou seja, os mesmos que durante anos provocaram a implosão da economia nacional, apoiantes ou acríticos silenciosos dos maiores desvarios da governação de José Sócrates, rapidamente esqueceram as suas teses anteriores sobre a necessidade de unidade dos socialistas, para agora se colocarem na linha da frente do enfraquecimento do partido perante o actual governo.
Estou certo que os muitos carreiristas que existem no PS tudo farão para recuperar o poder perdido e com a experiência e a perfídia que os caracteriza, substituirão as ideias que não têm e a defesa do interesse nacional que nunca os moveu, pelo poder pessoal. À vista de novos lugares e novas mordomias, não hesitarão em prosseguir o desgaste do Secretário-Geral, utilizando a pequena política, de que são mestres, com esse objectivo. Cabe a António José Seguro não se deixar enredar e aos socialistas sinceros não se deixarem enganar.
Pessoalmente, apenas me interessa o interesse nacional e contribuir para acabar com este ciclo ruinoso de mediocridade partidária e governativa, que nos conduziu até aqui, através da mentira, do engano e da defesa de interesses partidários e pessoais à custa do interesse da colectividade. Nesse sentido, desejaria que o PS apresentasse ideias claras sobre como sair da actual crise, de como contribuir para dinamizar a economia nacional e de como parar o ataque do actual governo ao trabalho dos portugueses. As soluções existem, tenho defendido muitas delas, mas é preciso um grande debate, livre e aberto, entre todos os socialistas e com todos os portugueses, em vez de mais missas partidárias.
É ainda preciso que o PS não se deixe enredar nas pequenas querelas do endividamento e do défice e concentre toda a sua acção no combate à distribuição injusta dos sacrifícios que caem sobre os trabalhadores e os reformados, deixando de fora a gordura e as mordomias do Estado e os sectores mais privilegiados da sociedade.
Falemos também verdade: Foi principalmente o PS que conduziu Portugal para a situação de crise e de dependência externa que estamos a viver, e foi o PS que abriu a porta aos ataques anti-sociais que estamos a sofrer. Não adianta iludir a questão, ainda que saibamos que não estivemos sozinhos e que o actual Governo não fará, no essencial, melhor. Por isso temos agora de apelar à inteligência e ao trabalho dos portugueses, para minimizar a fome, a descrença e a revolta que abalam a estabilidade social. É preciso que das ruínas do passado recente surja um novo PS, de gente séria, um PS defensor, acima de tudo, dos interesses da colectividade e de uma economia forte e competitiva, criadora de riqueza."

Henrique Neto, Jornal de Leiria, 31/01/13, página 2

Os destaques coloridos são de Tomar a dianteira.

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