quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

E os moradores que se lixem!





Aqui em Tomar sempre tivemos um feitio muito peculiar. Durante anos, fomos indo arrastados para o futuro, numa marcha tipo caranguejo, sempre virados para o passado. Pois apesar disso, nunca os maiorais desta terrinha repararam que, no tempo das cavalgaduras e da tracção hipo, cada qual dispunha de abrigo para os seus animais e carretas -as chamadas cocheiras.
Vieram os veículos a motor e essa obrigação desapareceu. Por falta de regulamentação autárquica, pois claro. Nos nossos dias, cada urbe com autarcas pouco capazes, como sucede por aqui, está transformada num gigantesco museu de latas ao ar livre, um inferno para os visitantes -que não sabem onde estacionar- e para os serviços municipais de limpeza, que deixam grande parte das artérias por varrer. E depois há também aqueles casos, mais raros mas mais perigosos, em que ambulâncias com doentes urgentes têm de aguardar que se desviem ao empurrão veículos mal estacionados. Já aconteceu com o autor destas linhas, morador na cidade antiga, que, transportado prontamente pelo INEM, só chegou ao hospital de Tomar quase meia hora depois. Se calha a ser mesmo um caso de vida ou de morte, lá teriam ficado os senhores autarcas nabantinos sem a sua leitura preferida -o muito querido Tomar a dianteira.
As fotos supra dispensam longos comentários. Ruas atascadas de carros, moradores com grandes dificuldades para sair e/ou entrar, automobilistas oportunistas, que confundem a comunidade com uma vaca leiteira, de tal forma que até têm a distinta data de reservar o "seu" lugar de estacionamento, junto à fachada de um prédio, que não lhes pertence e onde nem são moradores. Entretanto, há dois parques municipais de estacionamento, um de cada lado do rio, que custaram quase nove milhões de euros e estão praticamente às moscas.
Irresponsabilidade e ganância dos automobilistas locais? Também haverá casos. Mas os grandes responsáveis são os reles autarcas que temos, sem coragem para tomar as medidas urgentes que se impõem, sempre com medo de desagradar aos cidadãos, por causa dos votos. Neste caso concreto, proibir o estacionamento em todo o casco urbano, da Av. General Tamagnini de Abreu ao Largo do Pelourinho, se necessário concedendo tarifa especial para os moradores.
Enquanto tal não sucede, na situação actual há apenas uma vantagem: com tanta dificuldade para entrar e sair dos prédios, praticamente não existe perigo de assaltos. Só se os meliantes forem idiotas chapados. O que não consta. Se assim fosse estariam na política.

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

"Só se os meliantes fossem idiotas chapados. O que não consta. Se assim não fosse estariam na política".

Quem escreve isto é o Dr. António Rebelo, neste post. E isto é grave, a revelar desespero e dores agudas na consciência, que o levou a escrever num comentário no post anterior, que José Sócrates era "medíocre e golpista".

De facto, em parte, o Dr. Rebelo tem razão, E para o provar vou citar um post de Pedro Marques Lopes, na sua página Facebook, um jornalista que apoiou a camarilha que está no governo:


"A história já tem uns dias, mais de uma semana creio, já veio nos jornais mas teve de me ser contada muitas vezes e por pessoas em que confio para que pudesse acreditar.
Um ex-líder do PSD, um candidato à Câmara do Porto, um Conselheiro de Estado, recusa-se a aceitar outras possíveis candidaturas à Câmara de Gaia que não a escolhida por ele. Faz uma votação em que no papel constava um nome, e que a única possibilidade era sim ou não. Anuncia o resultado da votação dizendo que o seu candidato tinha ganho por 8 votos a favor e 6 contra. Face ás desconfianças dos votantes, indigna-se e pergunta se alguém põe em causa a sua seriedade. A insistência foi tão grande que não consegue deixar de mostrar os boletins de voto. O Ex-líder do PSD tinha-se enganado na contagem dos votos: é sério mas tem um problemazito com a aritmética. Mas também não havia problema, como ele tinha voto de qualidade ficava desde já designado o seu candidato.

O Conselheiro de Estado, portanto, invocava um voto de qualidade numa votação secreta... estava o assunto arrumado. O próprio candidato aceitou os parabéns pela sua nomeação em pleno programa televisivo.

Mas, revoltado com tanta celeuma, e logo num processo tão claro, resolveu mandar o assunto para o Presidente do partido. É uma novela que ainda vai a meio e que deve ser uma reprise de muitas outras com outros protagonistas. O problema é que neste caso o protagonista é ex-líder do PSD, Conselheiro de Estado e candidato à Câmara Municipal do Porto. Espera-se este tipo de comportamento dum vulgar cacique, ou então... espera lá..."
(Negrito é meu)