domingo, 17 de fevereiro de 2013

Istéqué progresso!


Ora aqui temos um claro exemplo de progresso. Há oitocentos anos, os pobres coitados dos templários, para evitar a derrocada da torre gémea da agora chamada de Dª Catarina, deixaram-lhe uma saliência em terra batida, em talude, depois protegida por uma simples camada de calcário, ora aconchegado com massa de saibro e cal, ora a seco. É o que se vê ao centro -o pomposamente designado alambor. (Que os tomarenses são pretensiosos até no vocabulário. Entre sapata e alambor, que são sinónimos, preferem sempre o que consideram mais culto, porque menos explícito. Adiante.)
Mais de oito séculos volvidos, para a mesma função -evitar o desabamento do talude- usaram centenas de quilos de heliaço armado, mais umas toneladas de betão, a que se seguirá o revestimento do paredão (os senhores técnicos vão falar de paramentação, como se aquilo fosse um ministro do culto), com mosaicos de calcário de face rústica. Conforme já foi feito nos outros troços do paredão.
Tudo trabalho escusado, pois teria bastado voltar a pôr à vista a primitiva sapata, até à parede que se vê em cima. Estaria o problema resolvido na quase totalidade, de modo muito mais económico e mais consentâneo com o local. Mas quê!? Já para evitar o desaparecimento do que resta do alambor, foi uma trabalheira dos diabos, que até meteu a visita do SEC Viegas, por obra e graça do Espírito Santo...de orelha, em tempo oportuno. Agora resta deixar concluir a aberração, para depois, algures no futuro, se possível, repor o aspecto primitivo, ou seja: destruir os incôngruos e inúteis paredões, que ali estão sobretudo porque as campanhas eleitorais custam cada vez mais caro e a corrupção está pelas ruas da amargura. O que implica obras cada vez mais dispendiosas, independentemente da sua utilidade, beleza, adequação ou oportunidade. O fundamental é sacar...os fundos europeus e dos contribuintes. Bom proveito, mas cuidado com as indigestões tardias! Que neste país, tanto na natureza como na política, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."

1 comentário:

simon disse...

Boa noite. Tenho ido pouco a Tomar. Estava a observar a sua imagem e não acredito no que vejo pelo que lhe pergunto se os meus olhos não me enganam. O alambor está rodeado de muro de cimento e estes muros de cimentos até fazem cantos???? E, se é verdade, onde fica a ideia de que se iria restaurar a parte destruída do alambor? O que é isto que a imagem mostra? Muito obrigado e cumprimentos. Simon