quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ÀCERCA DA REQUALIFICAÇÃO DA CERCA

António Rebelo
Sucessivamente terreno comunitário, Cerca dos Frades e Cerca do Conde, a Mata Nacional dos Sete Montes vai ser novamente intervencionada. Será, de acordo com os antecedentes conhecidos, uma daquelas empreitadas que ninguém, fora dos meios informados da autarquia, sabe realmente em que consiste. Basta pensar na Ponte do Flecheiro, que os cidadãos cuidavam ser apenas mais uma ponte...
Este texto tem dois objectivos: informar os leitores e formular votos para que, desta vez, as coisas corram bem melhor. Sejam elas quais forem. É que, francamente, e salvo outra opinião fundamentada, as intervenções mais recentes naquele espaço verde de todos nós, estiveram longe de corresponder aos mínimos aceitáveis em empreitadas custeadas com os dinheiros dos contribuintes. Por nítida falta de planeamento adequado, de pessoal qualificado, de fiscalização rigoroso, ou de tudo isso, gastou-se muito dinheiro mas os resultados foram medíocres. Quem não concordar fará o favor de se pôr ao caminho e de observar com olhos de ver, de preferência sem "óculos partidários", sobretudo a parte nordeste. (Basta entrar, virar à direita e subir sempre em frente, rente ao muro).
Para já, a anunciada cooperação CMT/ICN/IGESPAR, não augura nada de bom, mas oxalá me engane. O mais provável, de acordo com os costumes, será que cada um confie nos outros dois para fazer o essencial. O velho hábito portuguê: "Vão lá tratando disso que eu já por aí apareço." Tanto mais que é questão de fundos europeus, e sabe-se como os responsáveis ficam tão deslumbrados perante tantos euros, assim do pé para a mão, que nem cuidam de verificar se são/foram bem aproveitados. Para já, apenas temos um projecto que custou a módica quantia de 90 mil euros e que só os dirigentes conhecem. O resto, como habitualmente, cá estaremos para ver. Mas pelo andar da carruagem...
No caso do IGESPAR, justificam-se todos os receios. Já demonstrou não conseguir sequer administrar capazmente, na óptica dos visitantes, o Convento de Cristo, que tranformou progressivamente numa espécie de armazém de funcionários, cuja forma de recrutamento é desconhecida. Apenas um pequeno exemplo -Presuntivamente para evitar correntes de ar a quem vende e controla os bilhetes, a entrada passou a fazer-se por um local ridículo, onde não cabem obesos, nem cadeiras de rodas, nem macas.
No sector das obras de restauro, para as quais o IGESPAR dispõe no Convento de vários técnicos superiores, a empreitada de limpeza e restauro do alambor ou sapata da muralha do Castelo, executada aqui há alguns anos, constata-se agora que foi um verdadeiro desastre, para não dizer nada mais forte. Por óbvia falta de fiscalização honesta, a argamassa usada no assentamento e nas juntas dos blocos de pedra era tão rica em cimento que o resultado salta agora à vista de todos. A vegetação arbustiva medra a olhos vistos. Dado que os arbustos, que se saiba, não dispõem de raízes em aço inoxidável, alguém deve ter feito batota da grande com o cimento. Alguém deve ter metido a mão na massa... Quem terá lucrado com isso?
A autarquia tomarense, que tem a sua sede e reúne a cem metros do local da vigarice, nunca julgou oportuno preocupar-se com o assunto. Deve ser a lógica pastoril: "cada qual toma conta das suas ovelhas". Aqui fica este aviso para a anunciada requalificação da Cerca, da Cerrada dos Cães, e mais ninguém sabe bem o quê. Para já a coisa não começou da melhor forma. A população interessada está praticamente a zero. Apenas sabe que vai haver obras. Mais nada.
Enquanto isto, a oposição mantém o prudente e profundo silêncio a que já estamos habituados, por razões que só os seus membros conhecem. Será segredo de estado? Considera-se que os eleitores não são suficientemente inteligentes para perceberem essas coisas? Ou haverá outros motivos menos prosaicos, como por exemplo o já denunciado "espírito de casta"? Aguardam-se respostas. De preferência mais elucidativas do que esta: "Quanto a oposição construtiva, temos desempenhado o nosso papel com determinação e entrega." Tem-se notado!

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