sexta-feira, 11 de junho de 2010

AS TAIS PRIORIDADES...


Duas imagens do 3º mundo. Na de cima, uma janela que já conheceu melhores dias, parcialmente disfarçada por um contentor. Na de baixo, uma capela cujo telhado parece estar a necessitar de urgente reparação. Onde se situam estas duas desgraças? Em África? Na Ásia, mais precisamente em Goa? Na América Latina?
Nada disso, caro leitor. As duas fotos foram tiradas este mês, algures na Europa Ocidental. Mais precisamente em Tomar. A capela é a do cemitério velho e a janela sem vidros a da sua sacristia.
Temos assim uma autarquia da União Europeia que gasta alguns milhares de euros anuais com excursões e comezainas, mas agora mostra não ter algumas centenas de euros para reparar o telhado e substituir a janela. Que rica gestão dos dinheiros públicos! Que magnífica definição de prioridades! Sendo certo que o Estado é laico, como a autarquia deve ser, tal desmazelo deverá todavia ter outra explicação, bem mais simples. Em Portugal, os mortos por enquanto ainda não votam, ao contrário do que costuma acontecer em terras do mezzogiorno italiano, controladas pela honorabili societá.
Há até um dado curioso. Já por diversas vezes, o pároco de Tomar critica em voz alta os cidadãos que continuam na conversa enquanto passa o caixão com o defunto, não se dando conta estar ele próprio a fazer outro tanto... para além de, em contrapartida, não constar que alguma vez se tenha queixado junto de quem de direito, das péssimas condições de conservação do templo funerário do cemitério mais antigo da paróquia. Porque será? Oiçam o que eu digo, não olhem para o que eu faço? Ou "que bem prega Frei Tomás; façam o que ele diz, não olhem para o que faz"?
Resta esclarecer um ínfimo detalhe, que o feitio manuelino de muitos tomarenses será bem capaz de achar estranho. Trata-se da implícita comparação entre, por um lado, as excursões e comezainas, custeadas pela autarquia e, pelo outro lado, a penúria de meios, quando se trata de fazer simples obras de manutenção de um templo. O paralelismo tem a sua lógica, visto que o vereador com o pelouro dos cemitérios é o mesmo que habitualmente acompanha (com muito sucesso...) as monumentais excursões e respectivas comezanas. Aqui fica o antecipado esclarecimento. Uma vez mais, nada na manga, tudo em cima da mesa. Como sempre deveria ser...

6 comentários:

Patrício disse...

Se Thomar estivesse entregue a quem de direito isto não acontecia ! O que Thomar precisa é de uma candidatura credível nas próximas eleições, uma candidatura ousada do PNR.

Anónimo disse...

Não bata no Sr. Carlos Carrão que ele esta há dois anos para arranjar as casas de banho do largo junto ao Castelo e foi preciso vir o outro do PS para o turismo para lá colocar umas casas de banho provisórias.

E queria que o Sr. tratasse do cemitério?
Tenha juízo!

Anónimo disse...

Pedro Marques e Rosa Dias no mandato anterior e Pedro Marques e Graça Costa neste mandato já levantaram este assunto por mais de uma vez.

Mas nem com uma maioria PSD, nem com outra maioria PS/PSD a Câmara conseguiu encontrar a solução adequada para acabar com mais esta vergonha.

Os mortos, as suas famílias e os acompanhantes merecem mais respeito!

Ah e já agora não esquecer idênticas instalações do cemitério de Marmelais (também em mau estado, embora um pouco melhor), o novo cemitério para a freguesia de S. João Baptista e um Crematório.

Pensamentos soltos disse...

Não sei porquê, nesta terra sempre houve wc e capelas, pergunto o que mudou. Eu digo, a governação, quem não sabe orientar uma capela e arranjar uns wc, como tem pachorra para orientar um concelho?

Anónimo disse...

Não bata mais em mortos...

Anónimo disse...

Não se esqueçam do bairro do flecheiro. Se eu fosse cigano já tinha feito uma escritura por usocapião ( aos anos que já lá estão).
Diz-se que num conselho aqui ao lado quando eles (ciganos) ainda estão a esticar a lona já a policia lhes está a indicar onde fica o parque de campismo.
Em Tomar não. Onde cabem 300 também cabem 600.
Pô-los a andar, nunca isso é racismo.
Quem estiver mal que se mude.
Já dizia o meu avô " atrás do ruim, nunca melhor".