Foto 1 - Parte do telhado do antigo Convento de Santa Iria
Foto 2 - Telhado do torreão sul do ex-Convento de Santa Iria, na base do qual está situado o Pego do mesmo nome, local classificado de interesse público desde 1946.
Esta cinco ilustrações para demonstrar (uma vez mais, que água mole em pedra dura...) que quando decidimos escrever sobre determinado assunto já fizemos antes o trabalho de casa, pelo que sabemos bem o que estamos a dizer.
A triste agonia do ex-Convento de Santa Iria atingiu um tal grau que agora resta praticamente fazer o mesmo que no ex-colégio CNA feminino - Deitar tudo abaixo, mantendo apenas as paredes mestras. Até pode ser que potenciais investidores estejam a aguardar isso mesmo para então apresentarem propostas, naturalmente muito abaixo do pretendido pela autarquia. Isto porque num país cujos empresários da construção foram praticamente todos feitos a martelo, como o vinho do Bombarral há uns anos atrás, ddeitar tudo abaixo e fazer de novo é que é bom. Qual património, qual carapuça! Cimento, areia, ferro, tijolo e pladur, dá muito mais rendimento. Em todos os sentidos.
A ideia camarária de um hotel de charme, de pelo menos 4 estrelas, com 60 quartos, mediante o prévio desembolso de milhão e meio de euros = 300 mil contos, sempre foi e é pura poesia, infelizmente sem a qualidade da de Manuel Alegre, por exemplo. Para que os tomarenses possam ter uma ideia mais precisa sobre o carácter fantasista de tal pretensão, apresenta-se um exemplo recente, noticiado na comunicação social.
Contactado pela Câmara de Peniche para instalar e gerir uma unidade hoteleira no Forte daquela cidade, o Grupo Pestana, que explora as Pousadas de Portugal e tem hotéis no Brasil e em África, indagou das condições. Informado de que a cedência do forte seria gratuita, por determinado período de tempo, cabendo ao grupo os custos da adaptação a unidade hoteleira, a qual deveria respeitar a parte em tempos usada como presídio político; seguindo-se depois a exploração, com uma renda anual + uma percentagem sobre os lucros eventuais para os cofres autárquicos, o potencial investidor mandou fazer um estudo de viabilidade. Entregues as conclusões a que chegaram os especialistas de uma empresa idónea, verificou-se que a referida exploração hoteleira só poderia ser rentável com um mínimo de 70 quartos. Apesar da cedência gratuita do Forte. E aqui em Tomar querem milhão e meio à cabeça e só autorizam 60 quartos? Há aqui qualquer coisa que não bate certo... Se calhar porque há autarcas que estão como os nobres franceses logo a seguir à revolução de 1789 -não aprenderam, nem esqueceram nada. Por estas bandas devem julgar que ainda estamos na época das vacas gordas...
15 comentários:
Pela amostra junta, dá ideia que qualquer dia a imagem de Santa Iria seguirá o mesmo caminho que ela levou. Sem tanta lenda, nem viajem longa até Santarém. Como é pesada, ficará no Pego, até que algum espertinho a tire de lá.
Hotel de Charme? Em Tomar? E o que se tem perdido do Charme sem hteis da nossa cidade?
Abraço amigo
Maria
Charme em Tomar só se for na playstation!!!
Os tomarenses parecem ser visitantes regulares da gruta de Trofónio.
Haja confiança, intercomunicação, interelacionamento, confiança mútua, incentivo mútuo, crítica mais construtiva.
E haja festa, vida associativa, locais de debate, momentos de cultura e arte.
Não subam muito a parada.
Haja confiança: com Sócrates o país abriu novos horizontes, novas formas de fazer política, invadiu a floresta dos reacionários.
As novas gerações já começaram a pegar nesta porra, perfila-se outro "jovem" para PM ("on verra"...), há novos empresários, gente mais culta, maiores capacidades.
Os da minha geração, felizmente, estão a deixar lugar a novas gentes que hão-de dar a volta a esta m...
Tenho a certeza disso!
É preciso entrar nesta onda, combater a melancolia.
Assistimos ao estertor.... de uma extraordinária geração que fez coisas maravilhosas, mas....
Não costumo responder a anónimos, nem no meu Blogue e muito menos nos dos meus amigos.
Por isso a conversa termina AQUI.
Maria
Os da minha geração, felizmente, estão a deixar lugar a novas gentes que hão-de dar a volta a esta m...só se for na playstation!!!
Com os jotas que por aí abundam .... este País vai longe, isso vai!!!!!!!!!!
Infelizmente foram as gerações generosas que fizeram o 25 de Abril que geraram estes monstrozinhos!!!!!!
Foi o seu respeito pela liberdade (que lhes tiraram durante décadas a fio) que os levou a permitir tudo aos seus meninos e ... deu no que se sabe!
Mas, atenção é inquestionável que muitos destes novos emergentes ficam a léguas luz dos seus Pais com a sua idade ... em todos os capítulos!
Tava a ver que não ia mais qualquer coisa abaixo, uma cidade onde se deixa cair o que não devia e ergue-se muros onde não se devia. Curiosamente dá a sensação que ninguem sabe como está o convento de stª Iria, assim como ninguem sabe para que serve o muro das "lamentações" junto a retunda dos tanques de água.
É o Convento de Santa Iria que está em agonia ou é Tomar ?
Reparem na contradição: o Vereador da Cultura, que também é do Turismo, continua a defender para um espaço cultural, simbólico para Tomar e não só, como o Convento Santa Iria, um hotel. Então e a Cultura ? Tanta oferta de hóteis e similares terá procura suficiente ? Em época de crise prolongada, que não sabemos onde nos irá levar ? Numa cidade fora das vias de comunicação e em decadência ?
O Santa Iria devia ter outro projecto, um que afirmasse Tomar no País e no Mundo, como já foi afirmado noutro local.
Manuel
Meu caro
O Vereador da Cultura, que também é do Turismo, discorda humildemente com a solução "técnica" do dito Hotel de Charme, mais uma aberração novo-rica que recebemos de herança.
O Vereador do Turismo, que também é da Proteccao Civil, não gostaria mesmo nada que alguma das três zonas classificadas desde 1946 como de interesse publico, pelo IGESPAR, ficasse definitivamente comprometida por colapso total do que resta do ex-Convento de Sta Iria.
Passados todos os tempos, ultrapassado há muito o limiar do bom senso, o que resta mesmo é intervir em consonancia com a decisão tomada de "reduzir a carga" sob as paredes mestras da estrutura e esperar que rapidamente algum investidor ai possa querer investir.
O PP propõe para o espaço um disparate, à Paiva. Alterar o PP (Plano de Pormenor) não sendo uma coisa de outro mundo exigia um consenso político impossível de alcançar.
Se querem um espaço comercial de referencia no centro da Cidade, então que se proponha para aqueles espaços - ex-colégio feminino e ex-convento de santa iria isso mesmo.
Mas na actual situação a prioridade deve ser salvaguardar o patrimônio cultural classificado, e sem traumas assumir que alguém, em nosso nome, um privado, possa investir no espaço, qualifica-lo e não perder mais tempo.
Esta na altura de sermos realistas e deixar de exigir o impossível, um pouco na antítese do Maio de 68.
Sei bem que a opinião anterior é suficientemente polemica, para gerar mais um chorrilho de disparates, mas façam um favor a toda a blogosgera: desta vez cada um assuma a sua identidade e a sua opinião.
Esqueci-me de referir que também não concordo com o espaço comercial de referência no mercado. Há espaços mais adequados na cidade.
Por lapso não apareceu aqui um comentário meu anterior das 9:55:
A proposta do vereador de tentar mudar a localização do espaço comercial de referência do mercado para o convento de santa iria nem merece comentários.
Meu caro Luís:
Obrigado por teres a humildade de usar este blogue para expores as tuas ideias e tentares o diálogo com os munícipes. Só te fica bem e julgo que só tens a ganhar com tal atitude. Estou a falar na área política, é claro.
Concordo com o apeamento dos telhados, desde que tratem de proteger as arcadas do claustro e a cobertura abobadada do Pego. Quanto à futura utilização dos espaços,antes de tomar uma decisão, que tal perguntar aos tomarenses todos e aos investidores?
Uma coisa parece certa -Com muito dinheiro à cabeça não vamos a lado nenhum, excepto para o abismo da irrelevância.
E tratem igualmente de resolver o problema dos Lagares da Ordem,bem como da ctral e da moagem velha, cujos telhados....
António Rebelo
Cada cavadela...cada minhoca...!!!
De hotel de charme a centro comercial de primeira!
As instalações do Covento/Colégio Feminino ainda vão servir para um Centro de Estágio da Canoagem Mundial, com ancoradouro e tudo!!!!!!
As canoas já lá estão, só falta o Centro!!!!!!!!
Peçam ao camarada Laurentino Dias, que ele desbloqueia o caroço!!!!!
Felicito o Vereador Luis Ferreira pelo diálogo que vai mentendo com quem aqui opina. Uma raridade, e não só nesta terra.
Felicito-o por discordar da solução "técnica" sobre o Hotel de Charme para o Convento Santa Iria.
A sua discordância demonstra de contradições no seio do Executivo autárquico, e até nos meios partidários.
Concordo consigo que, neste momento, a prioridade vai para a questões de segurança na zona do Colégio Feminino e Convento.
Lamento que, há muitos anos, inclusivé quando os "socialistas" estiveram na CMT não se tivesse previsto a evolução que ocorreu. Há muitos anos que os proprietários do Convento e alguns na comunicação social vinham alertando para os perigos que estavam em desenvolvimento, há muito tempo que o Colégio está em derrocada. Nada se fez, nem se traçaram projectos para o seu aproveitamento, principalmente do Convento, em ligação com a alma histórica de Tomar. Todos os que têm passado pela CMT, e os seus coros gregos, só pensam numa coisa - Hóteis de Charme. Não há mais nada na vida. Mas há mais vida para lá do Turismo, e vida mais poderosa.
A Covilhã não conseguiu o retorno que esperava com o estágio da Selecção de Futebol...
Quanto a um centro comercial de referência no centro da cidade é outro erro. Quando se desenvolve uma guera de espaços no sector da distribuição, que está a transportar os espaços comerciais de referência para fora dos centros urbanos, construir um centro comercial no centro da cidade é erro grave. Tabém aqui se demonstra da falta de análise e de política de Desenvolvimento.
Tomar tem problemas de curto-prazo para resolver, mas também precisa de uma política de longo-prazo, para tudo. Para a Economia, para a Urbanização (ou a parte hitórica manterá as derrocadas), para a Cultura, para o Turismo, para o Desporto, para tudo.
Ninguém exige o impossível. O ser reslista exige Políticas Sustentáveis, e não o andar atrás dos problemas quando eles se agravam. Há que prever, para prover. Entregar o Convento a privados (por 75 anos! faz lembrar o Canal do Panamá por 99 anos) só para resolver um problema que é consequência da falta de políticas, é criar outros problemas para futuro. Até porque na conjuntura actual, de agravamento da situação, vai ser difícil aparecerem privados, que também estão a afundar-se.
Esqueça o Maio de 68, porque é muito complexo, não se adapta à situação, e está muito acima dos níveis de maturidade das gerações mais novas. Numa época em que se diz que a pediatria vai até ao 18 anos, e se é jovem até aos 35 anos, torna-se difícil entender o Maio maduro Maio.
Continue a dialogar. Dialoguem com a sociedade.
SÉRGIO MANUEL MARTINS
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