sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

AUTÁRQUICAS 2009 - Amainou a tempestade


Paços do concelho -Onde todos querem chegar, mesmo aqueles que
manifestamente não tem gabarito intelectual par tanto.
Após algum tempo de alvoroço relativo, tudo parece ter voltado à tradicional atmosfera pacata. Os semanários locais, praticamente, nada escrevem sobre as autárquicas 2009, se exceptuarmos aquilo que os diferentes grupos lhes mandam. Nenhum deles arrisca editoriais, artigos de fundo, ou qualquer outra forma de análise ou comentário da política local. Só o blogue d'O TEMPLÁRIO, o tomaradianteira e o NABANTIA, este de quando em quando, acolhem textos próprios ou mensagens alheias de índole política, na acepçãp nobre do termo.
Resguardados no anonimato, (que não tem só inconvenientes), vários cidadãos aproveitam para escrever o que lhes vai na alma, sem preocupações de auto-censura. Assim ficamos a saber o que pensam realmente, no segredo das suas mentes. Lendo-os, pode dizer-se que é geral, entre os participantes regulares, o tom negativo em relação aos candidatos já conhecidos. Há até quem já só tenha alguma esperança, ou pelo menos expectativa, em relação aos segundos ou terceiros nomes das listas. Onde isto já vai!
Qualquer grupo humano, clube, comunidade, partido, etc. tem necessidade de referenciais para poder agir em conjunto. Os militares têm a missão, os jogadores a táctica, os candidatos o programa. Em Abril de 1974, por exemplo, os militares que derrubaram o regime caduco adoptaram como linhas de acção, antes do levantamento vitorioso, os três dês: Democracia, Descolonização, Desenvolvimento. Nesta linha, os eleitores tomarenses, a julgar pelos escritos acima referidos, também adoptaram os dês, mas em muito maior número: descrença, desconfiança, desânimo, desistência, descrédito, desprezo, desencanto, desdém, etc. etc.
Condensando a pesada atmosfera política que se vive na urbe nabantina, um deles foi particularmente certeiro e duro. Disse que,"juntando as qualidades de todos os candidatos, conhecidos ou previsíveis, e ignorando os seus defeitos, talvez se conseguisse um presidente aceitável, um pouco acima da média. Agora isoladamente, o melhor é ir à pesca nesse dia".
Descontando o natural exagero, propiciado pelo anonimato, há que reconhecer a pertinência do dito. Desde logo, porque todos os candidatos já são conhecidos, o que desvanece a expectativa da escolha. Depois, porque as provas dadas anteriormente por qualquer deles, não foram exemplos de boa governação, nem nada que se pareça. Finalmente, porque nenhum deles tem qualquer ideia, ou programa consistente e realista para Tomar, e isso nota-se cada vez mais, à medida que a crise local se vai agravando, alavancada pela crise geral.
Seria demasiado longo elencar aqui os elementos que nos levam a afiançar o que antecede, em relação a cada uma das forças políticas presentes, pelo que nos limitaremos, por agora, ao partido que ocupa a presidência da autarquia.
Quando a crise mundial ainda vinha muito longe e sem ninguém saber, o PSD local foi buscar um independente para liderar a sua lista. Exactamente como o PS tinha feito, com êxito, nos dois mandatos anteriores. Com o acentuado desgaste dos mandatos PS e sem adversário à altura, António Paiva ganhou, mesmo sem programa. Posteriormente, teve a habilidade necessária para restituir à autarquia a credibilidade e respeitabilidade, perdidas durante os mandatos de Pedro Marques, pelos motivos agora conhecidos de todos. Foi igualmente um excelente autarca no domínio da "caça" aos fundos europeus, apesar de ter continuado sem qualquer programa estruturado. Só neste último mandato, o 3º, apareceu um relatório com algumas propostas de obras até 2015, as quais carecem, de resto, de adequada argumentação e subsequente articulação, com algo de mais amplo que, por enquanto pelo menos, não existe.
Foi neste contexto, e visando aproveitar a inacção dos opositores, que a actual maioria PSD, notoriamente conduzida, como sempre, por Miguel Relvas e António Paiva, decidiu passar ao ataque, sabedora de que este é sempre a melhor defesa, como ensinam no futebol que temos.
Na edição desta semana de CIDADE de TOMAR (pág 24) e O MIRANTE (pág.2), foi publicada uma "Página Informativa da Câmara Municipal de Tomar", assinada pelo "Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Tomar".(Afinal critica-se o governo PS por ter um gabinete especializado, mas faz-se exactamente o mesmo.) Nela se pode ler o que segue: "Tomar comemora a 1 de Março 849 anos mas não parou no tempo. De olhos no futuro, a aposta da autarquia no turismo tem vindo a intensificar-se de forma sustentada. Assim, será aberto em breve concurso público para venda do Convento de Santa Iria e ex-Colégio feminino. Prevista no Plano de Pormenor do Flecheiro e Mercado, a venda destes edifícios tem por objectivo recuperá-los para instalar uma unidade hoteleira de, no mínimo, quatro estrelas. Este é apenas um dos projectos em curso, que passam também, por exemplo, por uma ligação forte da cidade ao Convento e pela recuperação do complexo da Levada."
Caso fosse publicado a mando de uma empresa privada, o documento citado seria logo retirado, quando alguém se queixasse por "publicidade enganosa, tendo em vista ludibriar os consumidores". Realmente, afirmar que Tomar não parou no tempo, que está de olhos postos no futuro, ou que a aposta da autarquia no turismo tem vindo a intensificar-se de modo sustentado, só mesmo de políticos de baixa craveira. Acresce que nada é dito sobre planos operacionais estratégicos. Por exemplo: Se o tal concurso público ficar deserto, que a hipótese mais provável, o que se seguirá, para resolver o problema? O que é uma "ligação forte da cidade ao Convento"?
Em que consiste? Que fins visa realmente? Caso não dê qualquer resultado minimamente satisfatório, qual a sequência prevista? A recuperação do complexo da Levada custará centenas e centenas de milhares de euros, eventualmente europeus. Mas depois a autarquia terá de assegurar os vencimentos de conservadores, directores, adjuntos, técnicos, guardas, secretárias, consumíveis, telemóveis, limpeza, segurança, manutenção, etc. Se, como é previsível, a receita das entradas não for suficiente para cobrir as novas despesas, num contexto de cada vez maior aperto orçamental, a autarquia fará o quê?
Para não alongar, acrescentamos apenas que está por saber qual a origem das opções implicitamente elencadas no texto citado, bem como os pressupostos que tecnicamente as sustentam. Não basta avançar com uma ideia gira, como se diz agora. Isso era antes da crise e consequente aperto. Doravante tudo terá de ser devidamente fundamentado, de forma a ser reformulado caso não seja viável do ponto de vista da sustentabilidade económica.

Tomaradianteira.blogspot.com

5 comentários:

Anónimo disse...

OH P8 VÊ SE RESOLVES O PROBLEMA NO TEU LINDO BLOGUE POIS SÓ É POSSÍVEL LÊ-LO NO MOZILLA...TÓ... PÁ!

Anónimo disse...

Agradecemos o alerta! Como já era esperado, dado que incomodamos alguns, resolveram começar a incomodar-nos também no domínio técnico. Pensamos que o problema já estará ultrapassado. Caso ainda subsista, por favor digam-nos alguma coisa!
Aproveitamos para assinalar que o blogue nem é do P8 nem é só o P8.

Anónimo disse...

ESTÁ RESOLVIDO SIM... OBRIGADO.

Anónimo disse...

Qual é o problema de a Câmara procurar fazer boa propaganda a Tomar?

Não é para isso que nós escolhemos as Câmaras?

Anónimo disse...

O problema é o de todos sabermos que o actual executivo, tanto através dos jornais, como por intermédio dos boletins, tem tendência para mandar escrever o que não é, em vez de respeitar a realidade. O caso da pretensa aposta no turismo é apenas mais um exemplo da propaganda mentirosa da autarquia. Assim não vamos lá. De certeza!