sexta-feira, 19 de julho de 2013

Arma encravada

Continua a incomodar alguns que por aqui se escreva ser a abstenção de protesto a única opção eficaz nas próximas autárquicas. Insistem no velho refrão "O voto é a arma do povo!". Pois é. Mas aqui em Tomar está encravada. E mesmo no país, não sei não...
Aqui pelas margens do Nabão, ao contrário do que sucede a nível nacional, temos três forças potenciais vencedoras de eleições -PSD, PS e IpT. Donde resulta ser praticamente certo que, com qualquer resultado,  teremos novamente um executivo 3-2-2 no qual, não havendo entendimento a 2+2, tudo será como até agora: natação em copos de iogurte, com alguns a garantir que são piscinas olímpicas. Isto porque, a dois meses do escrutínio, continuam por conhecer as opções programáticas da cada cabeça de lista, tudo levando a crer que será como dantes: Programas para quê? Se ganharmos logo se vê!
Sem programas, e abstraindo a personalidade de cada candidato, o que distingue políticamente cada um dos três candidatos putativos vencedores, de cada um dos outros dois? Há alguma diferença política distintiva? Se afirmativo, confesso que ainda a não detectei...
Acresce que, seja qual for o vencedor, a sua actuação está traçada de antemão: fazer figura de corpo presente, receber ordenados e mordomias, prometer, assinar de cruz o que os técnicos superiores lhe ponham à frente. Como sempre, pois, como escreve José Gomes Ferreira, "Durante décadas [os funcionários superiores] criaram burocracias sobre burocracias, regulamentos, regras de licenciamentos, taxas, multas e outras penalidades, para aumentar a receita do Estado e justificar a sua própria existência e a contratação de mais e mais funcionários públicos, à custa de uma economia frágil.
Políticos fracos, de direita e de esquerda, demagogos ávidos de serem reeleitos, sempre atenderam as suas reivindicações e por causa disso atiraram as despesas dos orçamentos de Estado para a estratosfera, sem cuidar do dia de amanhã." (José Gomes Ferreira, O meu programa de governo, página 62).
A confirmar este triste estado de coisas, no vale nabantino até se continuam a pagar despesas de representação a quem nada representa. E a assinar de cruz decisões técnicas cheias de alçapões. Adiante...
Perante tudo isto, quer-me parecer que, pelo menos em Tomar, ir votar em Setembro equivale a aceitar disparar com uma arma encravada, com grandes hipóteses de o tiro vir a sair pela culatra. É isso que querem? Se afirmativo, não hesitem. Façam de conta que ninguém vos preveniu. Mas depois não venham lastimar-se!

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