domingo, 14 de julho de 2013

Mazelas tomarenses

A comunicação social nabantina, não sendo cega nem miope, tem todo o aspecto disso. Por razões conhecidas, bem sei. Que não vêm agora ao caso.  Facto é, porém, que até os politiquelhos que sustentamos contrariados (os que sustentam, bem entendido), estão mal habituados. São alérgicos à crítica, embora uns mais do que outros. Justiça lhe seja feita, é do domínio público que Carlos Carrão, mau autarca e péssimo político, não é no entanto o que tem pior feitio. Pelo contrário. Mostra tolerância e não parece retaliar contra quem o critica, ou sequer ser rancoroso. Nem todos podem dizer outro tanto...
Um dos argumentos que faz saltar a tampa aos ilustres eleitos que temos, consiste em acusá-los de nem sequer prestarem para despachar os assuntos correntes, quanto mais agora para médios ou grandes projectos. Os da maioria laranja desculpam-se logo com a actual penúria, a falta de pessoal e a má vontade dos críticos, quando afinal o problema são eles próprios, incapazes de dar conta do recado.
Quanto à "oposição", ferve em pouca água. Basta dizer-lhes que, em termos de eficácia, quatro bonecos fariam exactamente o mesmo serviço, ou quase. Ficariam muito mais baratos e poupar-se-ia muito tempo, uma vez que, sendo mudos, deixaria de haver intervenções para mobilar e outras para sacanear. Vão logo aos arames. Há gente que nunca muda. Como reza o aforismo, "a raposa muda de pelo, mas não muda de hábitos". 
"Uma nova etapa"? Em que percurso? Para chegar onde?  Quando? Com quem? Para quê? "A mudança. É agora!"? Será a tal mudança de pelo da raposa? Há partidos excelentes a distribuir (Cavaco, Guterres, Sócrates...), desde que haja recursos para isso. E não há. "A força da cidadania"? Que força? Que cidadania? Oito anos, durante os quais o PSD  fez quanto quis, apesar de minoritário nestes últimos quatro, ainda não chegaram para perceber que o caminho não é esse? Que o tempo não volta para trás?
Aqui fica portanto, mais uma vez, o aviso à navegação: aqui em Tomar, nenhum dos candidatos com hipóteses de vir a ser eleito merece a deslocação para ir votar. Não prestam. Não têm envergadura cultural, nem gabarito político, nem força anímica, nem experiência de vida para recuperar desta desgraçada situação em que deixaram cair Tomar. Nem sequer servem para despachar capazmente e em tempo útil os assuntos correntes. Mais um exemplo? Aqui vão três:

Uma sarjeta numa rua do Centro Histórico. Há quantos anos estará sem manutenção adequada? Não há pessoal? Mas então as gravosas taxas de saneamento e de resíduos sólidos, que correspondem a quase metade da factura da água, servem para quê? Para financiar as despesas de representação de funcionários e autarcas? Que representam o quê?

Beldroegas de agricultura biológica (sobretudo pastéis de gato e de cão) numa rua da cidade velha. Será já uma preparação para a medieval "Sopa de beldroegas" da próxima "Festa templária?" Ou prevê-se já a compra pela autarquia de alguns cordeiros e cabritos para celebrar a próxima vitória eleitoral?

O perfeito retrato tomarense. Construções leprosas, falta de limpeza, sinais de abandono, verdura por todo o lado, que a terra é fértil. A população é que nem tanto. No poder, na oposição ou na rua, impera o deixa andar, que depois logo se vê. Como dizia o cego, que por isso mesmo nunca chegou a ver nada.

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