domingo, 3 de abril de 2011

INVERDADES E CONTRADIÇÕES

Foto Jumento

Tomar, esta minha adorada terra, é um magnífico observatório para quem como eu goste de política, sobretudo enquanto apaixonante actividade humana a merecer estudo atento. Isto porque temos à escala local praticamente todos os tiques da capital, com o oposto como bónus. Repare-se.
Em Lisboa o PSD resolveu -bem, a meu ver- precipitar o suicídio político de Sócrates. Embarcou no jogo que ele previamente armara, ao malograr-se a hipótese de poder vir a beneficiar de ajuda externa sem a participação do FMI, instituição que tem a lamentável mania de mandar auditar, de forma independente, todos os países onde intervém... Recusou assim uma implícita coligação sem condições prévias, há muito desejada pelo PS.
Em Tomar, tendo as urnas eleitorais determinado inversão de papéis, o acordo PSD foi imediato. Com os resultados agora à vista de todos. Até dos militantes socialistas, incluindo os subscritores do vago documento do compromisso. O tempo já decorrido tornou evidente e indesmentível que se tratou apenas de uma distribuição de gamelas, como forma de salvar o essencial. Se fosse hoje... Mas a marcha do tempo nunca recua.
Desta antinomia, governo em Lisboa, oposição em Tomar, e vice-versa, resultam comportamentos curiosos. Assim, os principais dirigentes sociais democratas condenam a nível nacional aquilo que os seus autarcas vão praticando a nível local, enquanto os socialistas vão tornando possível nas margens nabantinas, com o seu voto e a sua passividade, actuações que o simples bom-senso (se houvesse) levaria a procurar evitar por todos os meios. Resumindo, PSD e PS praticam em Tomar exactamente o oposto daquilo que vão apregoando em Lisboa.
Tomemos o caso da dívida autárquica, agora já nos 35 milhões de euros = 7 milhões de contos (se houver algum banco que vá na conversa...), graças ao voto da oposição local, PS+IpT. Trata-se de assegurar o suprimento da participação autárquica nas obras financiadas com dinheiros europeus. Ao que parece, 85% do total, cabendo ao município apenas os 15% restantes. Trata-se, segundo Corvêlo de Sousa e Carlos Carrão-o actual e o futuro presidente da edilidade, ao que consta a partir de Agosto próximo- de obras estruturantes para o desenvolvimento de Tomar.
Não se vislumbra que tipo de desenvolvimento, mas sejamos generosos e prossigamos o raciocínio. Temos portanto que os 35 milhões em dívida resultam dos 20% camarários nos financiamentos europeus de obras "estruturantes", dado que os referidos 85% são uma esmola recente, que procura vencer a cada vez maior desconfiança dos pedintes-candidatos. Sendo assim, temos que, se 35 milhões de euros = 20% dos gastos; valor de todas obras executadas até agora = 20% +  80% = 4 x 20% = 4 x 35 milhões de euros = 140 milhões de euros. Adicionando agora aos gastos europeus os 20% = 35 milhões da autarquia, temos um investimento total de 175 milhões de euros = 35 milhões de contos = 35.000.000.000$00. Onde? Com que retorno? Quem beneficiou? Quem enriqueceu? Lisboa e Tomar não fazem parte do mesmo país? Não se fala a mesma língua? Os valores essenciais são diferentes? Como tem sido possível? Qual a saída para semelhante descalabro? Onde estão os recursos para assegurar a manutenção do já levado a cabo? E do que aí vem?

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonira fotografia! lembra o provedor dos tomarenses, o paladino da verdade absoluta...