terça-feira, 26 de abril de 2011

PARALELISMOS

Talvez por ter estado uns bons anos fora e lá ter sido formado, há coisas na política portuguesa que nunca mais consegui voltar a entender. Apesar de já ter regressado definitivamente há mais de quatro décadas. Incapacidade minha, portanto. Em todo o caso, bem gostaria que alguém me explicasse a actuação POLÍTICA do PC e do BE, na dramática situação em que o país se encontra, e com ele todos nós. Proclamando-se ambas as formações representantes e defensoras dos trabalhadores e dos pequenos e médios empresários, o que terá levado os respectivos dirigentes a recusarem encontrar-se com os representantes da troika FMI/BCE/UE? Temor de que viessem a ter falta de argumentos?
A situação é tanto mais insólita quanto é certo que Carvalho da Silva, militante comunista e secretário-geral da CGTP, uma central sindical cujas inclinações políticas são por demais conhecidas, não teve qualquer dúvida em responder favoravelmente ao convite que lhe foi formulado por aquela delegação. E não consta que o tenham tratado mal...
Tão pouco consigo entender o posicionamento de Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, uma formação mista  trotsquistas/maoistas, com características de facção académica de um partido comunista. Reputado professor catedrático de economia, com obra publicada e tudo, como consegue ele debitar e acreditar que -sendo as coisas aquilo que são- há neste momento uma solução para o país, que não inclua a ajuda externa? Que Jerónimo de Sousa, operário metalúrgico documentado caso a caso pelos quadros do partido, se perca por esse caminho das soluções milagrosas, sem contudo as explicitar, entendo. Quem faz o que pode, a mais não é obrigado. Mas o catedrático de economia Francisco Louçã, com franqueza! Tinha e tem -julgo eu, pobre ignorante, a estrita obrigação ética de não contribuir para baralhar ainda mais os eleitores portugueses, já a braços com uma complexa realidade, que de todo não compreendem.
Outra posição intrigante e cada vez mais patológica é a da relativa maioria autárquica tomarense. Vivemos em democracia e somos europeus. Estamos, por conseguinte, num país livre, que respeita as liberdades fundamentais. Uma dessas liberdades é o direito à informação, na sua dupla vertente de informar e ser informado, de resto consignado na Constituição da República e posteriormente regulamentado. Resulta assim assaz original -para não usar outro termo- que os ditos autarcas tomarenses tenham, pelo menos desde o início deste mandato, um comportamento dúplice. Por um lado, gastam uma pipa de massa com técnicos de comunicação. Por outro lado, sonegam informações requeridas à meses, não respeitando sequer a lei em vigor, nem os pareceres legais já levados o seu conhecimento.
De forma desavergonhada, mandam elaborar e publicar um caríssimo boletim mensal laudatório, mas esquecem-se de comunicar, mesmo à própria oposição, os números reais da situação contabilística actual do município, de forma completa e isenta. Com que intuito? Se já nem o próprio Sócrates -que nessa arte tem créditos firmados- consegue enganar os portugueses como dantes, como querem os laranjas locais continuar a intrujar os tomarenses por omissão?
A única explicação plausível que encontrei para tão estranhas atitudes, tanto a nível nacional como local, é que, embora sem o admitirem publicamente, todos os referidos dirigentes já concluíram estarmos perante uma situação para eles sem remédio, pelo que decidiram passar à política da "terra queimada". Quem vier a seguir, se vier alguém, que se governe. Será? Pelo menos parece. E em política... 

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