Revista Domingo/Correio da Manhã, 03/04/2011, página 6
Há uma ou duas semanas, a imprensa local noticiou, como lhe competia, que o Convento de Cristo foi o 5º monumento mais visitado do país, em 2010. Tratou-se, como agora se vê por esta peça inserida na revista dominical do CM, de uma "encomenda do IGESPAR", devidamente identificado como fonte, no ângulo inferior direito, na vertical. Acontece que a forma como a informação está redigida leva os leitores ao engano, apesar de todo o conteúdo ser verdadeiro. Isto porque, conforme já sucedeu com a imprensa local, ninguém por assim dizer tem em conta um elemento essencial: a contracção da preposição de com o determinante os, antes de "monumentos nacionais geridos pelo IGESPAR". O que altera completamente o sentido global do texto. Na realidade, o Convento de Cristo foi apenas o 5º monumento mais visitado em 2010, dos sete que são geridos pelo referido organismo. Com menos visitantes em relação ao monumento tomarense, apenas o Panteão Nacional ou de Santa Engrácia, com praticamente um terço, e as gravuras do Vale do Coa, com um quinto.
Segue-se que existem em Portugal outros monumentos importantes, bem mais visitados que o Convento de Cristo, ou mesmo que Alcobaça e Batalha. Simplesmente não estão sob a alçada do IGESPAR. É o caso do Castelo de S. Jorge, do Museu dos Coches e do Museu da Arte Antiga, em Lisboa; dos Palácios de Queluz, Sintra e Pena, do Convento de Mafra e do Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães.
Quanto ao IGESPAR, sucessor do IPPAR, uma vez que estamos a detalhar o tema, terá averbado em 2010, de acordo com os dados fornecidos à imprensa, um total de 1.817.391 visitantes, nos sete monumentos à sua responsabilidade. Pelo menos metade destas entradas terão sido em "visita de estudo", o que significa gratuitas. Restam-nos asim 908.695 bilhetes vendidos, a 6 euros cada um = 5.452.170 euros de receita global.
Bem bom! exclamará o leitor. Pois, realmente até parece. O problema é que o IGESPAR custa aos contribuintes através do orçamento de Estado (por conseguinte além do preço de cada entrada) 16 milhões de euros por ano. Como é possível?! Transformando a sede, no Palácio da Ajuda (nem de propósito!) e cada um dos monumentos à sua guarda em autênticos armazéns de funcionários.
O Convento de Cristo, por exemplo, dispunha de apenas 4 guardas e um jardineiro, quando foi transferido para o IGESPAR, nos idos de 80 do século passado. As entradas eram então gratuitas, o horário alargado até ao pôr do sol no Verão e todos as visitas eram guiadas/vigiadas pelos guardas. Actualmente estão colocados no Convento 37 funcionários do IGESPAR, o monumento encerra às 17 no Inverno e às 18 horas no Verão, visitas guiadas só mediante pedido com antecedência mínima de 24 horas, custando cada entrada 6 euros. É o progresso, dizem-nos. Será. Mas creio que progressos destes não agradam nada nem aos tomarenses nem aos visitantes. Mas visto que tanto a autarquia como os eleitores locais acham que está tudo muito bem assim... quem sou eu para discordar?
Limito-me a informar com verdade e de forma completa. Para os fins que tiverem por convenientes. Em último caso porque o saber não ocupa lugar...
3 comentários:
Caso o PSD venha a ser governo e o Miguel Relvas super ministro e o paiva ministro das Obras Públicas ou Secretário de Estado há que pedir a devolução do Convento de Cristo aos tomarenses e correr com aqulea corja de 37 pessoas que não servem e voltar a preços mais em conta e garantia de emprego aos excedentes dos funcionários da Câmara, depos de cursos de reciclagem, bem entendido, que este modelo nã serve o turismo português, Tomar,e os tomarenses e o Concvento pode e deve ser a principal fonte de receita de Tomar
Devolver o Convento de Cristo, o monumento mais importante da humanidade, aos tomarenses ?
Ele nunca foi dos tomarenses. Só está em Tomar, mas pertence à humanidade.
O simbolismo do Convento é linguagem para os patrícios, as elites; os tmarenses são plebeus.
Os tomarenses não são capazes de desenvolver a sua terra e conseguiriam defender o Convento de Cristo ? Não conseguiam.
Os tomarenses não conseguem defender o património da sua terra, veja-se agora o escândalo da Misericórdia (será que esta tem inventário do seu acervo?), e de tudo o resto.
Veja-se o que se passa com a Sinagoga. Se não fosse o Luís Vasco, envelhecido e doente, e a sua família, qual a situação daquele templo ? Só na tarde da última Sexta-feira teve quase quatrocentos visitantes nacionais e estrangeiros.
Veja-se o património industrial em Tomar: ao abandono e sujeito a roubos.
Entregar o Convento aos tomarenses seria desclassificá-lo de Património da Humanidade e condená-lo à sua destruição Os tomarenses preocupem-se apenas com o ordenado ao fim do mês e deixem as coisas superiores para os patrícios.
Convento de Cristo para os Riachos, já!!! Eu trato da mudança! Empresa Passos Dias Aguiar ao vosso dispôr!
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