domingo, 17 de abril de 2011

DÍVIDAS, DÚVIDAS E MORDOMIAS


Foto copiada do blogue ojumento. Reparar na expressão do caçador e na do caçado. Tal como na política portuguesa. E tomarense, pois então!

"Em 1988, foi instalado no quartel dos Bombeiros Municipais de Tomar o Centro de Coordenação Operacional de Tomar, em instalações cedidas pelo Município ao então Serviço Nacional de Bombeiros. As despesas de funcionamento ficaram a cargo do Município, nos termos de um protocolo assinado por ambas as partes, no qual o SNB se comprometeu a enviar regularmente as verbas necessárias ao citado funcionamento. Entre entradas e saídas de governos, reorganização de serviços e extinção de outros, o Centro de Coordenação Operacional de Tomar sempre funcionou nas mesmas instalações, consideradas desde o início como provisórias. Previa-se que um dia seriam transferidas para Santarém, junto ao Governo Civil, o que fazia sentido, sendo então extintos os CCO de Tomar e Almeirim.
Em 2006 foi extinto o CCO de Almeirim, ficado a funcionar no distrito de Santarém apenas um Centro. Designado a partir daí Centro Distrital de Operações de Socorro de Santarém, previu-se que a sala de operações fosse transferida para junto dos serviços administrativos, o que fazia sentido, dado que, não tendo os Governos Civis mais nenhuma missão, foram-lhes atribuídas importantes competências na área da Protecção Civil.
De forma surpreendente, em 2009 foi anunciada a transferência para Almeirim da Sala de Operações e dos Serviços Administrativos do Centro Distrital de Operações de Socorro de Santarém, para instalações cedidas pelo Município de Almeirim, situadas num Centro Comercial, onde continuam a funcionar actualmente, a título provisório. A transferência efectivou-se em 16 de Outubro de 2009. A inauguração celebrou-se pouco depois, com muitos convidados, entre os quais dois vereadores da Câmara de Tomar.
Foi então notícia, na imprensa local e nacional, que a dívida da Autoridade Nacional de Protecção Civil para com a Câmara de Tomar ascendia a 750 mil euros = 150 mil contos. Apesar de durante a campanha eleitoral da altura, pelo menos dois candidatos terem garantido publicamente que essa dívida ia ser saldada, consta que até hoje tal ainda não aconteceu. Porquê?"

Este escrito bem estruturado e informado, recebido há dias, expõe um problema importante e oportuno, uma vez que a crise aperta e de que maneira, sobretudo a nível local. Como nesta altura a dívida global da autarquia já vai nos 35 milhões de euros = 7 milhões de contos = 179 contos e quinhentos por cada eleitor inscrito no concelho, impõem-se outras perguntas também referentes a dinheiros municipais: 1 - Quanto paga de renda mensal ou anual + água+ luz, a Comunidade Urbana do Médio Tejo, instalada no primeiro andar norte e poente da parte pertencente ao Município no ex-Convento de S. Francisco? 2 - É voz corrente na urbe que a secretária executiva da referida instituição ganha quase o dobro do vencimento do presidente da Câmara de Tomar. A ser verdade, como? porquê? para quê? 3 - Quanto pagou à autarquia em 2009, 2010 e 2011, como renda + água + luz + gaz, o concessionário da Estalagem de Santa Iria? 4 - Quanto paga ao Município o Sporting Clube de Tomar pela utilização do Pavilhão Municipal Jácome Ratton e pela sua sede, instalada no mesmo? 5 - Quanto paga ao Município o Ginásio Clube de Tomar, pela ocupação das instalações municipais situadas na Nabância? 6 - Quanto paga o União de Tomar pela utização do ex-Estádio Municipal, aquando dos jogos de séniores? 7 - Quanto paga  cada colectividade por cada utilização do Cine-Teatro? 8 - E pelo uso do auditório da Biblioteca Municipal? 9 - Que culpa têm os eleitores tomarenses de que os autarcas sejam maus gestores, mãos largas e inveterados caçadores de votos? Que culpa têm os eleitos de que os cidadãos nabantinos plantem árvores ornamentais mas esperem colher-lhes os frutos?

4 comentários:

Luis Ferreira disse...

Bem relembrada esta questão sem dúvida

O Municipio tem sido pai e mãe para um cem número de instituições e pessoas individuais ao longo de décadas, fornecendo instalações, pinturas, telefones, agua, luz, transportes, funcionários, sem qualquer registo, controlo ou aferição.

Por isso mesmo tive a oportunidade de propor à ultima reunião de Camara o levantamento exaustivo dessas situações, quantificando-as, bem como o levantamento de todas as instituições que aguaram apoio do Municipio dessa índole.

Tal proposta foi aprovada por unanimidade e esta já nos diferentes serviços do Municipio para efectuar o seu levantamento.

Dentro de um dia ou dois terei oportunidade de publicar essa proposta no meu blogue pessoal Vamos por aqui .

Esta foi uma das matérias que mais me chocou aquando do inicio do meu mandato como vereador: saber que a Camara gasta milhares de euros mensais a "receber", "apoiar", "acomodar", instituições por um lado e por outro gasta milhares em alugueres de instâncias para os seus serviços. Ilógico e imoral no mínimo!

Já agora para se rirem:
Travessa do Quental. O Municipio tem alugado por cerca de 300€/mês uma "loja", no sentido beirão do termo, por baixo da antiga casa senhorial da família de antero de Quental. Lá estão depositadas cadeiras e outro material da divisão de cultura. Perguntei há um ano porque se mantinha esse aluguer. Resposta? Pois... Mas mais lindo ainda: há menos de seis meses alguém no Municipio decidiu ir cimentar o pátio contíguo a essa "loja", em terreno privado e sem qq uso publico... Chama-se a isto disparate, para ser simpático!

Espero que este trabalho que propus e toda a Camara aceitou, permita começar a corrigir todo este tipo de abusos e má gestão. Reconhecer o erro é meio caminho para a solução!

Anónimo disse...

A senhora secretária ganha, como ordenado, quase o dobro do presidente da Câmara Municipal de Tomar? Se for verdade, não é surpresa. Segundo se lê frequentemente na comunicação social, o País estará cheio de casos semelhantes. É por isso, certamente, que Marcelo Rebelo de Sousa disse na TVI24, a propósito dos sacrifícios que estão a ser impostos aos portuguesses, que "seria estranho que o mexilhão se lixasse e que os grandes senhores, aqueles que exercem o poder político do Estado aos mais elevados níveis, não tivessem os sacrifícios correspondentes".
Não sei se sonhei ou se li mesmo, também na comunicação social, que alguns directores/administradores de instituições públicas em Portugal estariam a ganhar mais, como ordenados, do que o Presidente Obama, nos Estados Unidos; mais do que o presidente do Banco da Reserva Federal, também nos Estados Unidos; e mais do que o presidente do Banco Federal Alemão. Será verdade?
Os portugueses precisam que alguém os informe com verdade!

Anónimo disse...

Por que é que a Casa Mortuária na cidade, no cemitério de Stª. Maria, foi construída e é mantida pela Misericórdia de Tomar ? Ela dá prejuízo. Por que é que o vereador LF não resove o assunto ?

Anónimo disse...

Como os franceses nos vêem

Repare-se neste retrato fulminante da revista digital Mediapart:

“Na sua localidade de origem,‭ ‬no extremo norte do país,‭ ‬Armando Vara acedeu à alta finança e à fortuna,‭ ‬através da política.‭ Percurso assaz banal, por sinal, no Portugal contemporâneo onde a endogamia entre o mundo político e o dos negócios é caricatural.
‭Como Sócrates, Vara faz parte dos jovens lobos socialistas que entram no Parlamento nos anos oitenta, depois de uma breve carreira de apparatichik na província . A parelha vai tornar-se inseparável misturando alegremente carreirismo político e interesses privados. Em 1995, os dois compadres obtêm a primeira carta de alforria no governo de António Guterres.

‭Se Sócrates então já era objecto de ecos pouco abonatórios à volta da sua actividade de engenheiro ao serviço das municipalidades da Covilhã e depois da Guarda, Vara será acusado de ter utilizado os serviços do Estado para a concepção da sua residência secundária em Montemor-o-Novo, a sul de Lisboa.
‭É necessário saber que a posse de um “monte” ( quinta) no Alentejo anteriormente “vermelho” ( lugar de ocupação de terras e duma rabortada reforma agrária durante o período revolucionária de 1974-75) e, juntamente com o carrão necessariamente alemão e de cor negra, um elemente essencial do estatudo social do arrivista lusitano.”

http://portadaloja.blogspot.com/2011_04_01_archive.html