quarta-feira, 27 de abril de 2011

OLHAR E NÃO VER, ESCUTAR E NÃO OUVIR

Faz-me impressão e causa-me algum mal-estar ouvir José Sócrates arvorar-se em defensor do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública, da actual situação do mercado laboral, das reformas e da função pública em geral, quando sabe muito bem -ou devia saber- que devido à política desastrosa que seguiu, agora não há dinheiro que permita financiar todas essas coisas. Por outras palavras, insiste em enganar os portugueses, levando-os a crer no impossível: a manutenção do Estado Social tal como o conhecemos até aqui. Na verdade, qualquer que venha a ser o partido vencedor das próximas eleições, com ou sem maioria absoluta, o seu programa de actuação nada terá a ver na prática com as promessas de circunstância avançadas durante a campanha eleitoral. PS ou PSD, isoladamente, emparceirados, ou cada um coligado com o CDS, serão forçados a implementar todas as medidas decididas pela troika, entre as quais não figurarão de certeza reformas visando melhorar o Estado Social. Pelo contrário, como se compreende. Se a política seguida pelo governo PS nestes últimos anos arrastou o país para a inevitável bancarrota, caso falhe a ajuda externa União Europeia/FMI, não se concebe sequer que seja possível continuar a trilhar o mesmo caminho. Sócrates está por conseguinte transformado num político populista que tudo promete para tentar manter o lugar que agora ocupa.
Custa-me escrever isto, mas tenho um compromisso com a verdade, tal como eu a vejo. E não estou só. Longe disso. O próprio Manuel Maria Carrilho, militante socialista e ex-ministro da cultura, lamentou ontem publicamente que o actual primeiro-ministro se limite a declarações de pura propaganda, totalmente desfasadas da realidade. Há, de resto, várias contradições no discurso de Sócrates. A principal parece-me ser esta: Se o PS proclama que, vencendo as eleições, manterá e aperfeiçoará todas as vertentes do Estado-providência tal como existe neste momento, então porquê as gravosas medidas de austeridade, já em vigor ou ainda a implementar? Puro sadismo? Quem é que ainda acredita que é possivel vender o rebanho e continuar a ordenhá-lo? Pensará o primeiro-ministro que os portugueses são parvos? Que os nossos credores acreditam no milagre da multiplicação dos euros? Que os membros da troika não vêem um boi à frente dos olhos? Que vai ser possível continuar a fazer de conta, a fingir, como aconteceu com algumas medidas dos sucessivos PECs?
No próximo dia 5 de Junho à noite saberemos as respostas. Entrementes, convém abordar tais questões, não porque possamos realmente alterar ou sequer influenciar o que quer que seja a nível nacional, mas sobretudo para alertar os tomarenses para o pântano local. Os nossos queridos autarcas usam a arma do silêncio, tal como Sócrates se serve do teleponto, mas a situação nabantina é, no meu entendimento, ainda pior que a do país. Não só porque, como já aqui escrevi anteriormente, o país tem a hipótese do resgate externo e o concelho nem isso, mas também e sobretudo porque o actual elenco camarário vai continuar em funções (com uma ou outra mudança) até finais de 2013 e aí já não haverá salvação possível. Teremos perdido o último barco para o futuro. Estaremos então definitivamente condenados ao declínio, à irrelevância, a transformarmo-nos pouco a pouco numa vetusta aldeia da terceira idade no interior do país, eventualmente a integrar noutro concelho, algures nos próximos 25 anos. Oxalá esteja a ver mal! Mas estarei mesmo enganado?

3 comentários:

Funiculin disse...

Esse "artista", o José Sócrates, é de facto um louco a precisar de ser internado em psiquiatria. Será que irá ser alguma vez julgado pelas atrocidades cometidas? E em Tomar os sete (5+2) "magníficos" que continuam a chular o nosso dinheiro serão também internados?

Anónimo disse...

E a desculpa do ministro teixeira dos santos no publico: Erros e má fortuna foia a origem. Até a responsabilidade é sacudida das abas do capote. Vergonhoso! Mas o povo gosta de ser enganado e chulado.

Anónimo disse...

Ó sô Funiculim,

Deixe-se de malabarismos para encobrir a verdade.

Em Tomar são 3+2 que continuam a chular o nosso dinheiro.

São 3 PSD + 2 PS que sacam mensalmente chorudos vencimentos+ajudas de custo,carro+combustível+seguro+manutenção e telemóvel sem plafond.

Os outros 2 IpT apenas recebem senhas de presença nas reuniões e telemóvel sem plafond.

O que é substancialmente diferente e a verdade!

A mentira e a manipulação são abjectas!