quarta-feira, 20 de abril de 2011

REALISMO EM ALENQUER INTRUJICE EM TOMAR

PÚBLICO, 19/04/2011, página 22

Apesar da forma canhestra como está redigida, esta local permite úteis comparações. Usando padrões europeus, comecemos por situar as coisas. O Município de Alenquer faz parte da coroa de Lisboa, a cujo distrito pertence. Dista cerca de 35 quilómetros da capital e oito da A1. O IC2, antiga nacional 1, passa-lhe mesmo à ilharga. O seu executivo municipal tem 7 membros. Desde 2009, o PS tem o presidente e dois vereadores, a coligação PSD/CDS tem 3 vereadores e a CDU 1.
Com esta composição, a notícia supra não permite perceber como foi possível o executivo aprovar o relatório de contas "com os votos contra dos vereadores da oposição", uma vez que estes são quatro e a maioria relativa apenas três. Terá havido algo mais que o jornalista omite. Donde  classificar-se o tal estilo como canhestro.
Noticia-se a dado passo que "O vereador...da CDU referiu que a câmara, de 2008 até 2010, aumentou as dívidas de 10 para 25 milhões de euros, quando tem um orçamento médio anual de 24 milhões de euros." Dado que os eleitos da CDU, sobretudo nas grandes áreas urbanas, nunca brincam em serviço, neste caso a afirmação do autarca em questão assume particular importância, quando comparada com o que acontece em Tomar, onde por acaso o PSD é poder, e não oposição como em Alenquer.
Comparando, como condição prévia para entender cabalmente a tragicomédia que os tomarenses têm vindo e continuam a viver, temos o seguinte: Nas autárquicas de 1979 votaram no concelho de Tomar 23.446 eleitores, contra 15.826 no concelho deAlenquer.  Dez anos mais tarde, nas autárquicas de 1989, a relação já era de 24.161/17.939, respectivamente. Em 1997 passou a ser de 25049/17966. Finalmente em 2009 estabeleceu-se em 22.767/20.167.
Não se trata de opiniões, bitaites, pontos de vista ou palpites. São dados oficiais. Factos, portanto. Que mostram o eleitorado de Tomar a minguar e o de Alenquer a aumentar. Em trinta anos, Tomar passou 23.446 votantes para 22.767, enquanto Alenquer subiu de 15.826 para 20.167. Naturalmente porque está na área de Lisboa, com todos as vantagens e inconvenientes daí resultantes. Mas também e sobretudo -no meu entendimento- porque os seus eleitos não vivem num mundo de fantasia, numa realidade paralela, nem procuram intrujar sistematicamente os eleitores. Repare-se que o eleito da CDU referiu "um orçamento anual médio de de 24 milhões de euros" e dívidas de 25 milhões de euros, o que levou toda a oposição a votar contra.
Aqui em Tomar, como se sabe, a dívida global já vai nos 35 milhões de euros, para um orçamento de faz de conta, cuja média anual é de 55 milhões nos últimos 5 anos, e de 61 milhões nos últimos três. Num concelho com uma população equivalente à de Alenquer mas a diminuir, tencionam enganar quem com orçamentos tipo Nabolândia, de mais do dobro dos daquele concelho do distrito de Lisboa? E a oposição vai-se calando porquê e para quê?
A dada altura, aventou-se a hipótese de um parque temático no concelho. Depois a hipótese malogrou-se, como tantas outras. E daí, bem vistas as coisas, talvez não. Afinal mais não somos agora do que uma "Disneylândia" em tamanho natural, com os senhores autarcas a fingir que são administradores e os eleitores a fazer de figurantes sem retribuição. E pagantes, ainda por cima. Salvo os chegados à gerência. Ele há cada coisa! Orçamentos de 66 milhões de euros, como o de 2011! E as verbas virão de onde? E para quê? E a crise? E a austeridade? E os vencimentos? E a falta de vergonha na cara?
Como bem diz o povo "Apanha-se mais depressa um aldrabão do que um coxo!"

3 comentários:

Luis Ferreira disse...

Conforme me havia comprometido e após dois retemperantes dias de férias, que isto temos de aproveitar a tê-las antes que o FMI e o PPC acabem com as ditas, já publiquei no meu blogue a proposta que foi aprovada para se saber quanto se gasta, com as cedências "graciosas" do
Municipio a entidades de direito privado.

Pode ser lida em Vamos por aqui

No final deste trabalho talvez seja possível tomarmos algumas decisões que permitam, também por aqui, controlar melhor a despesa do Município.

No entretanto talvez não fosse descabido deixarmos de andar a fazer, na autarquia, coisas para as quais a sociedade dá resposta, como por exemplo, a Escola de natação, como afirmei hoje no programa de Radio na Hertz (Quartas das 18h às 20h).

Mas tantos exemplos mais podem ser discutidos e analisados...

Anónimo disse...

Ó Luís,

Essa de dizeres que foste de férias tem um piedão.

Então tu estás de férias há 25 anos...

Anónimo disse...

Cada tiro...cada melro!!!