segunda-feira, 4 de abril de 2011

TOMAR À BROCHA!



É mesmo espantosa e muito peculiar a atitude dos governantes, dos autarcas e da nossa juventude em relação à crise que atravessamos, a qual não tem paralelo na evolução do mundo moderno. Ouvi há pouco José Sócrates na RTP, afirmando que fará todos os esforços para evitar o pedido de ajuda externa, porque isso implicaria medidas muito mais drásticas do que as do PEC IV, aceite pela UE, mas reprovado no parlamento pelos malvados da oposição, capitaneados pelo PSD. Ou o primeiro-ministro simula muito bem, ou ainda não percebeu a táctica da senhora Merkel -ir aprovando e louvando cada novo conjunto de restrições, para logo após o início da sua implementação, impôr novo PEC, a exigir ainda mais austeridade. O que significa que o PEC IV, tão gabado por Sócrates, era, é e será apenas mais um elo da cadeia que pouco a pouco nos colocará nas mesmas condições draconianas da Grécia e da Irlanda. A não ser que entretanto algum governante tenha a coragem suficiente para encarar a realidade e solicite a ajuda do FEEF/BCE/FMI, fazendo o mal todo de uma vez e não aos bochechos. Porque a situação é muito clara: como país somos soberanos; como devedores estamos às ordens dos credores. É a vida...
Vivendo assim numa realidade muito própria, o primeiro-ministro emparceira com a auto-designada "geração à rasca", que tão pouco encara a situação tal como ela é. Foram crescendo com a crença de que com um diploma no bolso, acabariam por ter dinheiro, casa, carro e segurança, tudo com pouco esforço, de modo que agora não há quem os convença de que o reino da abundância e das facilidades já lá vai, para não mais voltar. Que o Mundo mudou de vez, tornando excepções os casamentos, os diplomas, os empregos ou as casas para toda a vida. Que agora, pelo contrário e infelizmente, tudo é precário, provisório, temporário, transitório. Que quanto mais tarde encararem as coisas como elas são, maiores vão ser os obstáculos a ultrapassar.
Para não destoar, os nossos autarcas, que já lideraram, aprovaram ou toleraram nas suas respectivas áreas de actuação os piores exemplos de esbanjamento de dinheiros públicos, continuam nessa senda, numa atitude planglossiana tipo vai tudo muito bem no melhor dos mundos possíveis. Administrando um município desde há muito a definhar, em decadência e à brocha, insistem em actuar como se houvesse dinheiro com fartura. Basta ir olhando à nossa volta -com olhos de ver e sem óculos partidários- para encontrar asneiras monumentais que chegam a roçar o obsceno.
A abrir, temos a comunidade do Médio Tejo, que não paga renda, nem água, nem luz ao município, que por sua vez gasta milhares de euros mensais com o aluguer de locais onde aloja alguns serviços. Segue-se a Ponte do Flecheiro, com passeios para peões de mais de dois metros de cada lado, quando mesmo ali à ilharga há uma ponte pedonal. Menos de um quilómetro percorrido, temos quatro pavilhões polivalentes num raio de 50 metros Jácome Ratton I, Jácome Ratton II, Nabância e Santa Maria do Olival. Regressando à cidade antiga, temos até uma raridade, única no país e pelo menos na Península Ibérica: à entrada da Corredoura há um posto de informação turística de cada lado da rua. Não é mesmo à rica?
Façam o favor de continuar no reino da fantasia, dêem tempo ao tempo e vão preparando as costas. A pancada vai ser forte.

9 comentários:

Anónimo disse...

OH Rebelo a velhice é uma chatice. Os velhos são geralmente quem prevê castastrofes e o fim do mundo. O mundo sempre foi perigoso. E a crise é a crise. Já se viveu pior,e depois aguentou-se. Tudo isto é reflexo de uma grande mudança. E nesta mudança como em tantas outras que a história já mostrou, há quem ganhe e quem perca. É vida!
Deixa lá a Câmara que o povo está a maribar-se para isso!

A tua pitonisa

Anónimo disse...

O titulo está mal atribuído. É Tomar à rasca mas mesmo muito à rasca!

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

O Dr. Rebelo tem essa fixação contra o Zé Sócrates...

Em Post sim post não,
a mesma curtição.

Diga lá, diga lá, Rebelo!
Diga em que passos ou relvas,
Diga quais foram as melgas
Que afectaram seu cerebelo?

Anónimo disse...

Isto só lá vai com cortes nos ordenados de gestores de topo da empresas públicas e escalão mãximo de reforma em que a exemplo da Suíça nenhuma pode passar os 3000 euros, e depois avcabar com mais de 1000 institutos e reduzir as câmars e Junats de Freguesia a metade.
Dois postos de turismo à entrada da Corredorua mas que valem ZERO. Num é para copos e petiscos no outro a funcionárias está semrpe enfadasa, a dormir oua dormitar e até mete dó. Os turistas até fogem bem já não falando na capacidade que etse pessoal tem para falar línguas... deixem-me rir, enquanto isso um técncio superior da Câmara especialista em turismo e poliglota está há seis meses de baixa e anda a fazer dia a dia outros serviços....

Anónimo disse...

Para a Pitonisa

É falso! Pelo menos desde que me conheço, nunca se viveu pior. Tudpo depende, porém, do que se entenda por viver...
Da mesma forma, falta demonstrar que o povo se esteja marimbando para a política local. E mesmo que estivesse ou esteja, isso não me retira nem diminui os meus direitos de cidadania, entre os quais avulta a liberdade de pensamento e de expressão...

Anónimo disse...

Para o Cantoneiro

É sabido que sempre temos sido um país de poetas e de doutores. Daí as nossas tradicionais dificuldades com a economia e a política, actividades que não se compadecem com visões poéticas.
Ao contrário do que escreve, não tenho qualquer fixação contra Sócrates. Até votei nele, erro que prometo não voltar a cometer. Pela simples razão de que aos poucos e quiçá sem disso se dar conta, o homem resvalou para um mundo virtual, de fantasia, que só ele vê. Devaneio ideológico que o impede de vislumbrar o essencial: já não se trata de saber o que queremos, mas aquilo a que somos obrigados para honrar os nossos compromissos perante os credores. É portanto perfeitamente infantil (para não dizer outra coisa...) vir para a RTP afirmar que não se quer ajuda externa porque isso implicaria redução do salário mínimo, redução geral dos salários, supressão do 13º e 14º mês e despedimentos na função pública. Com o passar do tempo, é isso mesmo que terá de ser levado à prática, infelizmente. E quanto mais tarde pior, como naqueles casos de "pé diabético". Se atalhado logo de início, basta amputar alguns dedos. Se um pouco mais tarde, o pé todo. Se mais tarde ainda, até ao joelho. E assim sucessivamente...
A economia não é para poetas sonhadores. É para cirurgiões habilitados e ousados. Capazes de cortar a tempo, doa a quem doer.

Anónimo disse...

Tomar não está à rasca. Os políticos que nos governam vão-se desenrascando o melhor que podem. Rasca será o futuro que nos está reservado.

Anónimo disse...

A pitonisa pifou.
Não são os velhos quem prevê as crises. Basta lembrar o José do Egipto que avisou o faraó dos anos de vacas gordas e magras, não era velho. Basta olhar para as televisões americanas que 24 horas por dia, 365 dias por ano, passam a vida a antever o que vai acontecer,quase sempre de crise,a maioria dos seus colaboradores são novos, mas, aqui, estamos a falar de povos desenvolvidos não de povos com mentalidade de escravos.
O Salazar dizia que os portugueses não tinham capacidade para entender os problemas políticos e económicos, e tinha razão.
Viveu-se pior em Portugal em tempo de guerra. Com o Marcelismo viveu-se em Portugal melhor que hoje.
É a mudança, há quem ganhe e quem perca. Sem dúvida, e os portugueses são os que vão perder, como sempre. Não é a vida, é o conformismo português, a inferioridade portuguesa. Os portugueses não têm lugar na Europa e devem ser acusados de crimes contra a humanidade.
Os tomarenses não qurem saber da Câmara ? Mas eles querem saber de alguma coisa ? É por acaso que Tomar está como está ? E com a mudança em curso não vai ficar pior ? Digam aos tomarenses: é a vida, que eles aceitam a sua desgraça todos contentes, porque julgam que foram eleitos pelos deuses.
Uma pitonisa totó só pode vir de um povo de totós.

Anónimo disse...

E eu que julgava que a primeira medida anti crise era reduzir as pensões elevadas.

Mas não, que isso mexe com os "interesses" dos que tem contribuído para chegarmos aqui. Paga quem trabalha, para alimentar quem nunca descontou para o que recebe.

Durante quanto tempo mais?

Ratatuille