segunda-feira, 18 de abril de 2011

UM HORIZONTE TRÁGICO

Já aqui foi referido anteriormente, mas torna-se necessário aprofundar o assunto. Refiro-me à dívida global da autarquia e respectiva evolução. Após alguns meses de pública discordância, (coisa normal e até saudável em democracia, quando em parâmetros civilizados, como foi o caso), Luís Ferreira acabou por ter de reconhecer que afinal a situação camarária é cada vez mais preocupante. Na sua usual intervenção das quartas-feiras, na Rádio Hertz, disse que neste momento o município tomarense deve algo como 35 milhões de euros = 7 milhões de contos = 179 contos e quinhentos por cada eleitor inscrito. Acrescentou até que a situação se agrava em cerca de 800 mil euros = 160 mil contos, por cada mês que passa.
A evolução previsível da economia concelhia poderá ser tudo menos positiva. Ainda assim, consideremos que tudo continuará a processar-se como até aqui. Faltando 32 meses para o final deste mandato, teremos por conseguinte, no mínimo dos mínimos, 32 x 800 mil euros = 25 milhões e 600 mil euros. Somando aos actuais 35 milhões de euros, estará o concelho confrontado com uma dívida global mínima de 60 milhões e 600 mil euros = 12 milhões 120 mil contos = 312 contos 985 por cada eleitor inscrito no concelho.
Visto que, ainda por cima, é quase certo que pelo menos os funcionários no activo e os aposentados vão perder o 13º e o 14º meses, o que representará uma perda anual de rendimento da ordem dos 17%, com as concomitantes consequências na economia local e na arrecadação de impostos e taxas, os citados 60 milhões até podem muito bem ser uma previsão excessivamente optimista. Isto porque a burocracia municipal é gulosa e totalmente incapaz de vir a fazer dieta, enquanto que os consumíveis e outras despesas certas e permanentes vão ser arrastadas pelo aumento da inflação e das taxas de juro, sendo certo até já se falou numa recente sessão do executivo num spread da ordem dos 7%, ao qual convém acrescentar os inevitáveis 200 pontos base, ou mais = 9% ao ano, no mínimo. Para um empréstimo de 8 milhões de euros, conseguirá o município arcar com semelhante encargo?
Não é para pagar? Fácil de dizer, mas difícil de levar à prática. São créditos titulados, há bens e verbas para penhorar e, em caso de défaut, nos 10 ou 15 anos seguintes nenhum banco ou investidor emprestará um cêntimo sequer ao município. Como este já demonstrou à saciedade não conseguir sustentar sequer a sua burocracia sem recorrer ao crédito, tendo em conta que a envolvência económica tenderá a piorar, forçoso é reconhecer, sem qualquer exagero, estarmos perante um horizonte trágico.
À boa maneira tomarense, os eleitores, particularmente os funcionários municipais, continuam a viver normalmente, como se não fosse nada com eles. Tenho por isso a obrigação cívica de os avisar que fazem mal. Mesmo considerando que "respeitinho é muito bonito", como nos foi inculcado durante o regime autoritário, talvez não fosse pior ir pensando que as verbas gastas com as despesas evitáveis da autarquia (outsourcing, TUT, leasing de automóveis, segurança nos parques e no mercado, boletim, passeatas, ajudas de custo, despesas de representação, 5 vereadores a tempo inteiro, rendas e taxas não recebidas, obras faraónicas,  etc, etc, etc. podem muito bem vir a fazer falta para assegurar o pagamento atempado dos vencimentos...
A câmara de Santarém, com mais 16 mil eleitores inscritos do que Tomar, tem uma dívida global (quase toda herdada) de 84,6 milhões de euros, o que levou Moita Flores a declarar publicamente que vai renunciar no início do próximo ano, estando disponível para concorrer a outra autarquia. Porque será?
Anteriormente já havia afirmado não ser possível gerir capazmente um município que tem um funcionário por cada 64 eleitores. Em Tomar a mesma relação é de um funcionário para 77eleitores, apesar de a cidade e o concelho estarem no estado em que estão. E mais não digo, por agora...

4 comentários:

Anónimo disse...

Terá o autor do blogue apanhado os tiques do dr. Silva que "fez" de anterior presidente do ipt? Essa do "mais não digo" era marca própria (do dito).
Quanto ao futuro não seja pessimista. Com o sr. Relvas no leme esta terra vai ser um oásis económico(como tem sido nos últimos 20 anos).

Anónimo disse...

Bem metida!

Anónimo disse...

A caravana vai passando e os câes ladrando...até ao dia em que não houver dinheiro no cofre para pagar os vencimentos! Nessa altura quero ver
e sou eu que me vou sentar na esplanada do Pepe...

Anónimo disse...

Paguem e não bufem!