"Um panorama desolador, que levou à demissão não só Bondi mas igualmente dos seus dois vices. Primeiro o professor Salvatore Settis e logo depois Andrea Carandini, que finalmente decidiu reconsiderar, quando o governo prometeu recuperar parte dos 150 milhões de euros este ano retirados do Fundo Único do Espectáculo (FUS), mediante a subida de um cêntimo em cada litro de gasolina.
O governo defende-se, argumentando que em tempo de crise o custo do pessoal da área da cultura absorve 70% do orçamento público. Acrescenta que se devem reduzir os quadros, pelo que até 2013 não haverá mais admissões de funcionários no sector público cultural. "Estão a estrangular-nos", responde Luigi Ficacci, superintendente da pinacoteca bolonhesa. "Fui forçado a rescindir o acordo com uma associação de reformados, que supria a falta de pessoal (40 vigilantes para 30 salas), por poucos euros/hora. Enel ameaça cortar-nos a luz. Estou sem dinheiro para pagar a electricidade. Estamos agora a pagar facturas do ano passado, naturalmente acrescidas de juros. De forma que não tenho mais verba disponível. É impossível organizar exposições temporárias, que trariam mais visitantes e seduziriam mecenas privados. Por este caminho, vamos desaparecer do mapa. Estamos convertidos num sujeito passivo, que só dá prejuízo ao estado."
Na verdade, um animal ferido de morte. Os visitantes foram quase 46 mil, em 2008. Agora já não chegam a 33 mil e continuam a minguar, à medida que reduzem o financiamento do estado. "Comporto-me como administrador-delegado de uma sociedade à beira da falência, não como um funcionário do estado. Passo o tempo a preparar projectos e a levá-los a bancos, fundações e outras empresas. Procuro desesperadamente conseguir fundos, mas é cada vez mais difícil". A Fundação Prada acaba de assumir o restauro de quatro gessos do XVIII. "Vão gastar só 25 mil euros, mas conseguem assim vincular a marca a um arquétipo da beleza. Sem esse dinheiro, não se podia fazer nada. Se calhar é a única via que nos resta."
O conflito de interesses não podia faltar. Electa Mondadori, divisão artística do grupo presidido pela filha mais velha de Berlusconi, explora em regime de concessão 43 lojas de museus e monumentos, desde o Coliseu e Forum Romano, em Roma, a Capodimonte e o Madre, em Nápoles. Em 2009, facturou 29 milhões de euros e conseguiu 70% do total de concessões estatais a empresas de serviços culturais. Em contrapartida, também em 2009, a Superintendência apenas obteve 5 milhões na mesma área, segundo o já citado programa Ballaró.
A ministra do turismo, Michela Vittoria Brambilla (incentivadora do spot Mágica Itália, graças as suas relações amistosas com Berlusconi), anunciou recentemente num programa televisivo que "O meu ministério está a fazer folhetos em vários idiomas e tantas, tantas, tantas outras coisas, para valorizar o património italiano."
Pompeia vai caindo aos poucos, um sapateiro explora o Coliseu de Roma, há teatros que fecham, a cultura e o espectáculo agonizam, a gestão do património mais belo do Mundo está, cada vez mais, em mãos privadas. Um só par de mãos. As de Berlusconi. Você já sabia?"
Nota final de Tomar a dianteira:
Este longo relatório fúnebre de uma determinada política cultural que já teve o seu tempo, é igualmente um requiem antecipado pelo actual modelo português de gestão cultural (monumentos, museus, palácios, arqueologia, eventos).
O leitor terá decerto reparado que os próprios profissionais do sector, muito causticados pelas sucessivas reduções orçamentais, já encaram o recurso ao sector privado como o caminho do futuro. O único possível, dado que o Estado já não tem os meios orçamentais de que dispunha durante o longo período de expansão económica, conhecido na Europa além-Pirinéus como "os trinta gloriosos" (1945/1975).
Em Portugal, como sabemos, fomos bastante infelizes na nossa felicidade -Lográmos a democracia graças aos militares de Abril, quando as vacas gordas -sabêmo-lo agora- já estavam de malas aviadas, rumo a continentes mais atrasados e por isso mesmo bastante mais acolhedores. Onde se situam os agora chamados países emergentes, cujas economias vão de vento em popa, enquanto por aqui a crise é cada vez mais grave.
Ah! Se se os portugueses -particularmente aqueles que habitam localidades ricas em património- pudessem entender o que se passou e está passando em Itália, daí tirando as respectivas lições, outro galo nos cantaria! Mas quê! Já o romano que por cá andou se foi lastimar que "os lusitanos nem se sabem governar, nem querem que os governem". Passaram mais de 2 mil anos, mas continua a ser verdade. Até quando?
Na minha modesta opinião, até que haja quem nos ature e nos sustente. Alemães, finlandeses, austríacos, holandeses e outros europeus do norte, já começam a refilar. No fundo, a mesma atitude que temos por estas bandas em relação aos ciganos. Em ambos os casos com alguma razão, seja dito em abono da verdade.
8 comentários:
OLHÓ AMIGO DO LUÍS FERREIRA QUE,SEM CONCURSO,O METEU NA CÂMARA DE ALPIARÇA QUANDO FOI PRESIDENTE DA CÂMARA :
Governo altera regras que vêm permitir a Rosa do Céu exercer presidência do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo
Já em plena crise política o Governo tratou de beneficiar os reformados por antecipação, como o presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo (ERT-LVT), o socialista Joaquim Rosa do Céu, acabando com a incompatibilidade que havia no exercício de cargos públicos. No entanto a alteração ao Estatuto da Aposentação não é retroactiva e mantém-se a incompatibilidade no exercício de funções naquele organismo durante mais de dois anos. Agora Rosa do Céu fica com legitimidade para receber os mais de quatro mil euros de ordenado e despesas de representação, mas as novas regras vieram impedi-lo de receber, como estava a acontecer, um terço da pensão de reforma num total de cerca de 2.500 euros.
A questão que agora se coloca é em relação ao tempo em que esteve a exercer as funções em incompatibilidade, porque estava vedado aos reformados por antecipação exercerem cargos públicos. Mas nem a assembleia-geral da ERT-LVT, nem a Caixa Geral de Aposentações, nem o Ministério das Finanças, nem o Instituto de Turismo de Portugal mexeram uma palha para restabelecer a legalidade. O que não aconteceu no Algarve, onde o presidente da entidade de turismo dessa região foi obrigado a demitir-se. António Pina veio agora, com as novas regras, exigir regressar ao cargo, o que suscitou polémica e divergências.
Um parecer jurídico em relação à situação da Entidade de Turismo do Algarve, em tudo semelhante à de Lisboa e Vale do Tejo, da sociedade de advogados Ferreira de Almeida, Luciano Marcos & Associados, refere claramente que estava vedado o exercício de funções públicas a quem beneficiou de um regime especial (de excepção) de aposentação. E Rosa do Céu não só conseguiu passar ao lado dessa situação como ainda conseguiu o beneplácito do então secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão, que emitiu um despacho a autorizar a acumulação do ordenado com a reforma.
Com base no mesmo parecer, assinado pelo mestre em Direito João Miranda, fica claro que as novas regras não se aplicam antes de 2011. E um jurista especialista em Direito administrativo, contactado por O MIRANTE, após ter analisado o parecer da sociedade de advogados esclarece que a nova legislação apesar de permitir o exercício de funções públicas por aposentados antes da idade legal diz que é necessária uma autorização governamental. Mas a nova legislação não sana o vício da incompatibilidade que permanece válido, só podendo ser resolvido com nova eleição para os órgãos sociais da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.
* Notícia desenvolvida na edição semanal de O MIRANTE.
O FMI DEVIA ERA CORRER COM ESTA CHULAGEM TODA!
sobre or reformados de ouro: depois da "conversa" da moralização está previsto que os reformados por antecipação podem continuar mais um ano no serviço mas sendo chefe não tem limite de tempo...
Nota-já há 2 milhões de reformados com menos de 65 anos! O sr Coelho já disse que quem tem direitos não se mexe (deve ser por causa dos muitos milhares por mês dos srs. Catroga, Bagão, Mira Amaral e outros palradores da "contenção" e do "viver acima das possibilidades"). Quem está a meio da carreira profissional pode levar com todos os cortes e todas as alterações da lei.
Admirem-se que apareça um que mande "lixar" a democracia...
Não é compreensível, na actual situação, que continuemos a ter milhares e milhares de pessoas aposentadas pela Caixa Geral de Aposentações, com idade inferior à idade da reforma em vigor hoje - que anda pelos 63,5 anos.
Mais: é imoral que estas centenas de milhar, estejam a receber valores elevados, por exemplo acima dos 1500-2000€/mês, só tendo realizado descontos em média equivalentes a menos de 2/3 desse valor.
E mais ainda: é um absurdo fiscal as aposentações terem um regime de retenção na fonte de IRS mais favorável o que leva a que uma pessoa que se aposente hoje, fique a receber mais dinheiro líquido do que recebia quando estava a trabalhar.
PPC afirma o que afirma, porque não está a ser sério, querendo apenas "enganar com facilidades" os eventuais eleitores, quando sabe muito bem que, para quem tem aposentações medias e altas (acima dos tais 1500-2000€), especialmente da CGA, vai ter de dar o seu contributo solidário, como todos os activos estão a dar. Isto para evitar despedimentos em massa no Estado ou pior ainda a sua falência pura e simples.
Luis Ferreira
(P.S. - No regime de transferência em vigor na Administração publica a 1/10/2004, bem como no actual, não há "concurso". Há concurso para acesso ou promoção. A mentira permanente sobre a minha "passagem"' no quadro do Municipio de Alpiarça fica no rodapé da história. Pela enésima vez: discutam as minhas opiniões, o meu trabalho, as minhas decisões, mas desistam de inventar sobre a minha vida profissional, até porque fui sempre o primeiro classificado em todos os concursos onde fui, de acesso ou de promoção, o que denota qq coisinha, digo eu, que como o outro sou "convencido, pedante e armado ao pingarelho", (risos).
Ó COISO AZEITEIRO !
És igual ao Rosa do Céu!
Exibe as provas de que te submeteste a qualquer cocurso - quando,onde,quantos candidatos,classificações.
Desde o ano em que dizes que entraste para a Inspecção Geral da Administração Pública.
Prova!
Põe os documentos no teu blogue ou nos jornais cá da terra.
Quem não deve não teme!
O que não é o teu caso.
És um valente POSSIDÓNIO político e social.
"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Ó Coiso!
É mais fácil o mar dar batatas do que algum dia teres uma réstea de vergonha.
Fazes o mal e a caramunha.
Fazes gala na tua condição de CHULO SOCIAL.
Talvez te f....
Cada tiro...cada melro!!!
"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
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