sexta-feira, 3 de junho de 2011

Como os estrangeiros residentes vêem os portugueses - 5

"Em 2001, quando chegaram a Portugal, Valério e Tatiana Vacari pensavam trabalhar arduamente durante dois ou três anos, juntar dinheiro e regressar à Moldávia, para junto do filho de 6 anos. Mas o acaso, ou a sorte, dizem eles, quis que o futuro se escrevesse em Lisboa. E hoje, dez anos passados, o casal que começou por partilhar um apartamento alugado com os cunhados, em Moscavide, tem casa própria, em Benfica, e nacionalidade portuguesa. Entretanto foram buscar o filho Vladimir, 16 anos, aluno do 9º ano, e esperam que a Margarida nasça a qualquer hora.
Para a família moldava -ele é electricista e ela cuida de duas crianças e da lida de uma casa- Portugal é um país de oportunidades: "É verdade que já houve mais trabalho, mas quem quer trabalhar encontra sempre o que fazer", afirma Valério. Ele começou por engomar camisas numa lavandaria. Agora trabalha numa empresa de assistência e manutenção de sistemas de aspiração central. E Tatiana, que fez limpezas numa fábrica durante três meses, continua a trabalhar para a família onde começou: "Desde que chegámos até agora, só encontrámos boas pessoas." E bons serviços. Tatiana, que tem tido uma gravidez de risco, elogia a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, onde é assistida. "Os médicos, enfermeiros e todas as pessoas são interessados e simpáticos. É verdade que no dia das consultas se espera sempre muito tempo, mas confio. Aqui as pessoas reclamam muito do Estado, mas nós não temos razões para nos queixarmos." Aponta o dedo só à escola: "Parece-me pouco exigente." O marido concorda. Vladimir, o filho, sorri e diz que não.
De resto, Tatiana pensa que o potencial de Portugal é o turismo: "Têm um país maravilhoso. Praias, campo e um passado muito grandioso. Aprendi muito sobre história de Portugal, quando fiz o 12º ano, no programa Novas Oportunidades. Com melhor organização e mais esforço, Portugal vai sair da crise."
Valério também acha que sim e, embora relutante, sempre avança: "Parece-me que nós trabalhamos mais rápido que os outros trabalhadores, e não precisamos de estar sempre a parar para ir comer ou tomar café. Eu entro às 08H00, almoço ao meio-dia e entretanto não como nem bebo nada. O meu patrão, um senhor português, faz o mesmo que eu e trabalha tanto como os empregados. Portugal precisava de mais patrões assim."

O país das oportunidades perdidas
Revista NS/Diário de Notícias, 28/05/2011
Texto de Célia Rosa, Fotografia de Orlando Almeida/Global Imagens

2 comentários:

Anónimo disse...

Alguns portugueses, muitos, recebem o subsídio, passam o tempo nos cafés, maço de cigarros e telemóvel na mão. Quando lhes falam em trabalho, como retribuição do que recebem, pago por outros portugueses, olham para o lado. Que trabalhem os outros. É por isso que o país está ao abandono. Alguém prometeu 150 mil empregos. Deixa o País com 700 mil desempregados...

Anónimo disse...

Inquérito Rádio Hertz resulta em vitória esclarecedora de Passos Coelho


Pedro Passos Coelho venceu, de forma esclarecedora, um inquérito telefónico realizado pela Hertz, destinado a eleitores do concelho de Tomar. O candidato do Partido Social Democrata reuniu 42,8% (131 votos) das escolhas nas dezasseis freguesias sondadas. José Sócrates e o Partido Socialista obtiveram 23,5% das preferências, num total de 72 votos.