domingo, 19 de junho de 2011

NO MEIO DO RIO E NA HORA DA VERDADE

Angústia, desalento, desorientação. Eis os termos que no meu entendimento melhor caracterizam o momento político tomarense. O que se compreende. Numa terra cujos habitantes são maioritariamente conservadores e singularmente alérgicos às novidades, tudo mudou demasiado depressa nos últimos tempos. Demitiu-se e foi depois vencido o genial criador de conteúdos que nos governou durante seis longos anos; pediu-se ajuda externa; Anabela Freitas deixou de ser deputada. Miguel Relvas será, a partir de terça-feira, de facto o primeiro-ministro bis; há um novo governo que é novo em tudo -o mais pequeno, o mais jovem, o com mais independentes, o que foi formado mais rapidamente, o que mais esperança suscita; tendo em conta a receita da troika, vislumbra-se ser muito desagradável para todos o que aí vem.
A isto há que juntar o evidente malogro da coligação local, a desilusão de Vitorino, a baralhação de Luís Ferreira, a confusão dos IpT e a inacção do PSD. Além do mais grave, que é o alheamento duradouro de Miguel Relvas, tradicional seleccionador das equipas locais laranja, doravante totalmente ocupado com as suas novas funções, que fazem dele na prática o número dois do governo, tal como previ aquando da primeira emissão "À Mesa do café".
Outro indício da doentia atmosfera política nabantina, é que aumentam em Tomar a dianteira os comentários da "geração parva", cuja parvoíce é cada vez mais boçal. Lamenta-se, mas é assim. E só se publicam as mensagens mais moderadas... Os seus infelizes autores nem sequer se dão conta de que, com tais textos, apenas confirmam aquilo que aqui tenho dito: muitos tomarenses não passam afinal, em termos políticos, de labregos sul-americanos trajados à europeia.
Nesta envolvência, com Vitorino a queixar-se de que pediu uma fotocopiadora há mais de seis meses, mas que alguém se anda a esquecer (serei eu?), Luís Ferreira a virar bombeiros contra bombeiros e quase todos contra ele, os IpT a proclamarem umas coisas, fazendo logo a seguir o inverso, e o microcosmo laranja local muito preocupado com a eventual demissão de Corvêlo de Sousa, a substituir por Carlos Carrão, como se tal hipótese tivesse qualquer relevância ou viesse resolver o que quer que seja, antevejo apenas três saídas possíveis, uma péssima e duas boas.
Mesmo sabendo que os tomarenses são como são, tendo em conta os recentes movimentos de indignação, tanto na Europa como nos países árabes, bem como o facto de a esperança ser a última coisa a morrer, continuo a considerar a hipótese de um ordeiro mas enérgico e determinado movimento popular, capaz de impor a renúncia dos actuais membros do executivo, provocando assim uma eleição intercalar, como a melhor hipótese para o concelho de Tomar. Estamos com efeito no meio do rio, a meio mandato, sendo agora evidente que PSD, PS e IpT mentiram aos eleitores, pois nunca tiveram nem têm qualquer programa de trabalho digno desse nome. Estão  portanto exaustos politicamente, pelo que uns fingem, outros simulam, outros empatam, quase todos tendo como único objectivo as variadas benesses dos lugares, que por isso e só por isso urge manter.
Sendo pouco provável tal tipo de acção política, outra hipótese será um rápido acordo PS/IpT, pelo menos tácito, comunicando ao presidente que futuramente não aprovarão mais deliberações, tanto no executivo como na AM, pelo que o melhor será renunciarem todos. Também não será fácil, tendo em conta o observado até aqui, mas seria uma via elegante para ultrapassar a presente situação trágico-cómica.
Enfim, na ausência de uma das soluções anteriores, restará ao eleitorado concelhio continuar a assistir ao triste espectáculo em cena desde Janeiro de 2010, até finais de 2013.
Tanto quanto consigo vislumbrar, nessa altura é bem capaz de haver grande escassez de candidatos, tão grave será a calamidade local e a tragédia nacional. E o PSD vencerá mesmo assim, uma vez mais, caso luisferreiristas e pedromarquistas continuem a candidatar-se em listas separadas. É o que temos, mas o nosso futuro é negro!

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Sr. Rebelo
Vamos por partes: 1: movimento popular ou enérgica vaga de fundo vaga de fundo em Tomar, com o devido respeito... esqueça! Mas esqueça mesmo!!! Nem em Tomar, nem em nenhuma cidade deste País... Não sonhe com impossibilidades ou mesmo imbecibilidades. 2: O PS só tem uma hipótese de ser Executivo (não governar, entenda-se...) em Tomar - coligado! E, deste modo, apenas com (actualmente) duas forças - PSD e IpT (e desculpem-me os leitores a palavra "forças", porque será um termo inalcançavel para os últimos). Ora, prof., com quem acha que LF prefere, actualmente, lidar? Não se esqueça que a actual coligação é uma m***** duma treta, duma mentira e de um ultraje para todos nós! Aguentemo-nos, pois, com a escória que a maioria dos votantes elegeram e elegerão mais uma vez (este é o único ponto em que concordo consigo). À margem desta discussão e relativamente à capa de um dos semanários, é certo que quem conhece o actual presidente da CM sabe que ele não vale um corno, basta percorrer a vernácula série de alcunhas pelas quais é conhecido, (até nos seus círculos mais próximos), mas numa coisa ele tem razão: VOTARAM NELE!!!!!!!

Anónimo disse...

O Sr. Dr. Rebelo não gosta mesmo dos IPT. Porque será?
Falar em confusão nos IPT. Qual confusão?
Ainda na última reunião abordaram as situações do Mercado e do Centro Escolar da Linhaceira e o Sr. acha que tal não é relevante e há aqui alguma confusão?
Dizer que os IPT, mentiram, porque não têm programa!
Têm programa e é conhecido, só que não tiveram oportunidade de o pôr em prática.
Que o Sr. não gosta dos IPT e que gostava que a confusão que o Sr. propala existisse, é um desejo seu que, infelizmente, se percebe, mas esperemos esteja longe de acontecer.

Anónimo disse...

"Muitos tomarenses não passam afinal, em termos políticos, de labregos sul-americanos trajados à europeia".
Prezado Professor,
Enquanto aqueles que se servem da política e se julgam seres superiores não passarem a pensar no todo que é o País, despindo a camisola que lhes deu acesso a lugares de privilégios e colocando o interesse geral acima de tudo, não saímos do estado calamitoso que aqui retrata com coragem. Ainda há poucos dias, alguns assinavam textos nos jornais locais de fazer rir. É altura de acabar com as mordomias que quase levaram Portugal ao estado ingovernável a chegou a Grécia. Acabem com os carros públicos de luxo, as vaidades, as viagens sem rei nem roque, os telemóveis distribuidos a torto e a direito, ponham menos gente nos gabinetes, menos chefes. Portugal precisa de gente de trabalho. Perdemos muito tempo a falar, quando precisamos de produzir mais.
Tenhamos esperança de que amanhã seja melhor

Anónimo disse...

Muito negro.
Sempre que o Amigo sai para fora vem a ver melhor as coisas. Parece-me que o mais certo e ficar tudo na mesma até ás próximas eleições e depois o PSD volta a ganhar, concordo.