quinta-feira, 30 de junho de 2011

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

Em termos de densidade de leitura informativa e política, o melhor jornal desta semana é realmente O MIRANTE. Resolvi, contudo, abrir com O RIBATEJO, não por causa das noites loucas, como se calcula, mas sim em virtude de um texto que considero fora do comum em termos de pertinência, de justeza e de qualidade. É realmente do melhor que já me foi dado ler nestes últimos tempos na imprensa portuguesa, no sector dos escritos abrasivos, abrasadores e corrosivos. Aqui o deixo, ao critério dos leitores, com a devida vénia ao autor e ao RIBATEJO:


O MIRANTE que, falando francamente, tem andado algo irregular no que se refere a notícias do concelho de Tomar, esta semana resolveu esmerar-se. Logo na primeira página, duas chamadas sobre temas tomarenses, ambas com fotografia. Uma sobre Alfredo José, ex-presidente da junta de freguesia de Sta Maria dos Olivais, "O barbeiro-político" segundo o jornal; outra sobre o Especial Festa dos Tabuleiros. 
A entrevista com o "barbeiro-político" vem na página 32 e dela destaco que durante os seus mandatos Alfredo José (PSD) até conseguiu, segunda afirma, restaurar a paróquia de Santa Maria dos Olivais, antes a funcionar em S. João Baptista. Que fica a 150 metros de distância, acrescento eu. Tomar tem destas coisas, que me causam alguma impressão, uma vez que chegará a hora em que, salvo imponderável, terei de ocupar um lugar num dos cemitérios de Santa Maria. Eu, um nado, baptizado,  alfabetizado e aposentado em S. João. Vejam lá e vejam bem!
Há depois, na página 3, foto e texto sobre o Curso Vocacional de Dança da Filarmónica Gualdim Pais e, já no suplemento ECONOMIA, foto dos tabuleiros na capa, mais 5 páginas sobre assuntos ligados à nossa Festa Grande. Entre estes, uma excelente série de pequenas entrevistas, nas quais, segundo se deduz da leitura, 9 tomarenses responderam a quatro perguntas, do género: 1 - No dia seguinte ao cortejo dos tabuleiros, há a distribuição da peza. Já ouviu alguma vez a expressão "dar o bodo aos pobres"? 2 - A Festa dos Tabuleiros realiza-se de quatro em quatro anos. Acha que devia ser todos os anos? 3 - O que pensa das bonecas com tabuleiros, recentemente colocadas na Rotunda Alves Redol? 4 -  Fala-se em Portugal sair do euro. Concorda? Leitura aliciante, quase obrigatória, diria eu. Basta atentar nesta resposta lapidar de Elisabete Costa, cozinheira, 43 anos: "O euro veio dar cabo da economia. Gostava mais do tempo do escudo. As pessoas conseguiam viver melhor" E ainda o PP Coelho não tinha anunciado o imposto extraordinário equivalente a 50% do 14º mês!

CIDADE DE TOMAR continua a liderar a informação local no tocante à cobertura concelhia, conquanto os textos publicados nem sempre sejam de primeira água. Esta semana, só na primeira página há oito temas diferentes, com uma bela foto de um anterior cortejo dos rapazes em manchete. Destaque para a penúltima página, onde três fotos nos mostram o vereador/vice-presidente Carlos Carrão e o presidente de Santa Maria dos Olivais, António Rodrigues, a experimentar os novos equipamentos para exercícios de manutenção, há pouco instalados no antigo recinto do saudoso Cine-Esplanada. Aos cidadãos que queiram seguir o exemplo, aconselho que o façam quanto antes, pois não acredito que estas novas aquisições da autarquia durem por ali muito tempo, pelo menos em perfeito estado de funcionamento.

Além da Festa dos Tabuleiros. O TEMPLÁRIO destaca a vinda a Tomar de Gonçalves Pires, um anterior chefe da Repartição de Finanças, que agora é padre, para celebrar uma missa. Relata igualmente mais um drama originado pela droga, que acaba para um homem ainda novo no fundo de um poço, sem uma única peça de roupa. Merecem também leitura as crónicas de Carlos Carvalheiro e J. Godinho Granada, bem como, para quem pretenda ver a festa e passar a noite em Tomar, a lista de quartos para alugar, que vem na página 32. É aproveitar enquanto há. Aqui ficam os respectivos contactos: Na cidade - 249313232, 966542470, 249098407, 969943804, 916375902, 918383081, 917029918, 913039549 e 917396711. Nos arredores da cidade: 913133740, 917505262 e 919801432. Boa sorte a todos!

HESITAÇÕES NA OBRA DA LEVADA

Foto 1

Foto 2

Foto 3


Foto 4

Foto 5

Ao que consta e como já vem sendo hábito, há muitas dúvidas em relação ao prosseguimento da empreitada do futuro elefante branco da Levada. Não por questões de dinheiro ou de prudência, como seria normal. Apenas por causa da conhecida pergunta leninesca "Que fazer?". Noutros termos: Susbsistem no projecto muitas opções em aberto, aguardando que quem de direito decida, opte, escolha... O mais recente aspecto controverso é sobre o reboco, havendo quem pense que o melhor seria manter o tosco aspecto actual. A instalação de projectores, -supõe-se que para iluminar tudo aquilo aquando da Festa dos Tabuleiros-, como se fosse um monumento ímpar, ou correspondesse sequer ao aspecto primevo, faz temer o pior.
Procurando contribuir pela positiva para o avanço da obra, apesar de com ela não concordar no que concerne à sua afectação final, aqui ficam algumas fotos que se consideram elucidativas, úteis e suficientes. A primeira, de Silva Magalhães, mostra o aspecto dos então Lagares d'El-rei no último quartel do século XIX.
As duas pontes eram bem diferentes e de pedra. Ainda não havia central eléctrica nem chaminé de tijolo. Os três lagares centrais eram de 4, ou no mínimo de 3 águas, e não de duas, como actualmente. Acima e de ambos os lados de cada porta, havia frestas, para arejamento e iluminação. Do lado direito da foto, vê-se a ramagem de árvores, mais precisamente salgueiros, então existentes onde agora está o edifício das finanças.
A foto 3 permite constatar que o acrescento na parte superior da fachada, visando suprimir uma das águas do telhado, colocou a heráldica pré-existente (esfera armilar = lagar de D. Manuel I) em posição descentrada e pouco estética, em relação ao pau de fileira. Outro tanto mostra a foto 4, no que concerne à modificação posteior da forma do telhado.
Finalmente, a foto 5 é da cartela da verga de uma das actuais portas -1710- a mostrar que muito do que agora está à vista é afinal bem posterior às iniciais edificações templárias e henriquinas.
Tudo isto para registar, como memória presente e futura, que talvez não seja má ideia aproveitar para não só requalificar mas também reintegrar os ex-moínhos e lagares da Ordem de Cristo no seu aspecto exterior primitivo. É agora ou nunca, porque uma vez rebocadas as paredes a cimento, nunca mais voltará a ser possível  ver as evidentes diferenças entre as construções primitivas e os acrescentos posteriores. Oxalá!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

São uns pândegos...

São mesmo uns pândegos, alguns comentadores da blogosfera nabantina. Garantem mais isto e mais aquilo, como acaba de acontecer, por exemplo, em relação à anunciada demissão de Miguel Relvas da presidência da AM, mas, quando constatam que afinal se equivocaram uma vez mais, metem a viola no saco e moita carrasco!
Outro exemplo é o do senhor Grácio, que usa em geral um vocabulário selecto de se lhe tirar o chapéu, do tipo "patetices", "patacoadas", "falta de coluna vertebral", "cobardia", "medo", tudo misturado com "v. exa.", para depois explicar candidamente que não percebe porque o consideram mal educado.  Ou realmente o seu caso é bem mais grave do que eu supunha, ou o senhor Grácio excede em lata o que lhe falta em boas maneiras. Agora até alega ignorar em que me baseio para afirmar que os tomarenses não querem o fórum/centro comercial. Provavelmente não frequentava este blogue quando, no inquérito efectuado, das quase 150 respostas, 67% eram favoráveis à requalificação do mercado velho.
Claro que o senhor Grácio, com o seu usual savoir faire, vai alegar que 150 respostas nada significam, num concelho de quase 39 mil eleitores. Admitindo que assim seja, dispõe o senhor Grácio de alguma sondagem com mais inquiridos? Ou baseia-se unicamente no "eu acho que" e anda só a armar ao pingarelho?
Outro caso, mais grave por ser de um eleito da actual maioria municipal coligada, é o de Luís Ferreira. Como acertadamente tem vindo a fazer, acaba de publicar no seu blogue vamosporaqui.blogspot.com aquilo que ele cuida ser o estado actual das contas da autarquia. E parece satisfeito por ter constatado uma ocasional e modesta redução aqui ou ali. Coisas usuais na contabilidade pública... Tenta depois impressionar com  a já habitual demonstração percentual dívida total/património do município.
Como é sabido, o problema da generalidade dos executivos autárquicos radica no constante e até agora imparável aumento das despesas, incluindo as de funcionamento, enquanto que, designadamente em virtude da crise, mas não só, se acentuam a quebra das receitas próprias e a redução das transferências no quadro do FEF. Nestas condições, pouco importa, no meu entender, que a edilidade disponha de pouco, algum ou muito património, sabido como é que, neste momento e nos próximos anos, não há mercado para ele, mesmo quando seja transaccionável, o que exclui desde logo a maior parte. Basta atentar no caso de Santarém, designadamente na sua até agora malograda tentativa para vender uma parte das Águas do Ribatejo. Assim sendo, em termos de gestão a médio prazo, o que se torna mesmo indispensável  equacionar quanto antes é como honrar os compromissos já assumidos e a assumir, sem novas dívidas à banca e sem correr o risco de insolvência. Sucede que , neste aspecto como noutros, o município nabantino continua a viajar de noite, sem faróis, por uma estrada sem iluminação e conduzido por motoristas com graves problemas "visuais"...
Em 2013, que é já ali adiante, salvo qualquer imprevisto, cá estaremos para apontar quem sempre facilitou neste mandato a trágica governação que continua a afundar o concelho a olhos vistos. Com exemplos factuais.

SOBRE CEGUEIRA POLÍTICA...

Quem siga com alguma atenção a actualidade, já terá certamente sido confrontado com a flagrante fractura comportamental entre o centro e a periferia da Europa, no que toca às reacções perante a crise. Enquanto no centro (6 países fundadores do MCE) e no norte do continente as manifestações populares, quando as há, são ordenadas, pacíficas e com reivindicações claras, na península ibérica e sobretudo na Grécia, o panorama é bem diferente.
Em Lisboa, a "geração à rasca" manifestou e acampou de forma ordeira, no respeito possível pelas leis em vigor, mas ainda está por saber o que pretendiam realmente, para além da óbvia crítica à situação existente. Em Madrid, em pleno centro e durante dias e dias aconteceu algo semelhante. Milhares acamparam e protestaram contra isto mais aquilo, sem todavia nunca definiram o que pretendiam mesmo e como lá chegar. Em Barcelona, chegou mesmo a haver confrontos violentos com a polícia, mas quanto a reivindicações claras, nicles!
Já em Itália, aquando da campanha para as recentes eleições e posteriores referendos, as manifestação eram pacíficas, organizadas, alegres e com palavras de ordem extremamente precisas, centradas à volta do objectivo principal: procurar derrubar o governo Berlusconi.
Enquanto isto, mesmo ao lado, na Grécia, continuava e continua agora o espectáculo, confrangedor a todos os títulos. Manifestações, mais manifestações, mais manifestações, todas com alguma violência, contra as sucessivas e inevitáveis medidas de austeridade. Recusam-se a participar na criação de condições para honrar a monstruosa dívida soberana entretanto contraída, a qual serviu, entre outras coisas para pagar os vencimentos de, por exemplo exemplar, 14 jardineiros de determinado hospital ateniense, encarregados de cuidar de 62 metros quadrados de logradouro ajardinado, com quatro árvores. Calcula-se que esteja impecável. Pelo custo da manutenção...
Em Portugal e em Tomar ainda não chegámos a tão triste patamar de fantasia sócio-política? Pois não. Mas ao ouvir Carvalho da Silva, doutorado em Ciências Sociais graças ao sindicalismo, reivindicar o aumento do salário mínimo nacional para 500 euros; ao ler, a outro nível bem mais baixo, comentários onde sou acusado de escrever em Tomar a dianteira apenas por inveja; começo a ficar preocupado. É flagrante em ambos os casos apontados o irrealismo fantasioso tipo Sócrates. Exactamente o oposto daquilo que permitiu aos nossos antepassados singrar na vida e desenvolver a urbe. De tal forma que, quando o Infante D. Henrique entendeu lançar a empresa dos descobrimentos -a maior e mais gloriosa da nossa multicentenária história- foi em Tomar que encontrou os recursos económicos necessários. E não consta que durante os três séculos imediatamente anteriores os templários ou a população tenham tido muitas facilidades, ou andado a tentar enganar a realidade. Como os tempos mudaram! Só o Nabão continua a correr para sudoeste e a cidade instalada numa cova...

terça-feira, 28 de junho de 2011

COMO ESTAMOS EM TEMPO DE ESPERANÇA E DE MUDANÇA...



Esta ilustração foi feita a partir de elementos da página "Convento de Cristo", que faz parte do site wwwigespar.pt. O IGESPAR é o organismo estatal que sucedeu ao IPPAR, fundado por Lucas Pires, Ministro da Cultura no Governo AD. Tem a sua sede e serviços centrais no Palácio Nacional da Ajuda.
O IGESPAR tutela actualmente sete conjuntos patrimoniais: Campo Arqueológico do Coa, Convento de Cristo, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro da Batalha, Mosteiro dos Jerónimos, Panteão Nacional e Torre de Belém. A sua dotação orçamental global foi em 2010 de 16 milhões de euros + as receitas das entradas nos monumentos que tutela. No caso do Convento de Cristo, à volta de 400 mil euros.
Nada me move contra o IGESPAR ou os seus funcionários. Apenas me entristece ver centenas de pessoas olhando para as paredes, sem qualquer ajuda humana, de cada vez que entro no monumento emblemático de Tomar. Ainda assim, nem sequer perderia tempo a redigir este texto, se o tempo não fosse, -como felizmente e finalmente é- de esperança, de poupança e de mudança. Passo ao que me parece menos bem ou até totalmente errado.
Em época de obrigatória austeridade, constatar que um organismo governamental que apenas tutela sete monumentos, custa aos contribuintes 16 milhões de euros anuais, pode ser que seja normal, mas a mim não me parece. Ainda para mais, sediado em Lisboa, o IGESPAR nomeou há pouco para o Convento de Tomar uma directora que veio do Algarve e cujo conhecimento do monumento está por demonstrar. Tudo isto quando a sede da autarquia tomarense fica a cem metros em linha recta.
Além destes primeiros factos insólitos, o horário de abertura do monumento não parece ser o mais adequado. Encerra nalguns feriados, fecha para almoço e às 18 horas no verão, às 17 no inverno. Durante o horário de visita, não há visitas acompanhadas ou guiadas, salvo quando solicitadas previamente, apesar de se pagar 6 euros de entrada.
Quando se protesta contra semelhante estado de coisas, a resposta é sempre a mesma: "Não temos guias, apenas vigilantes e técnicos". É por isso muito estranho que o próprio IGESPAR anuncie "Visitas guiadas organizadas pelo Monumento, Percursos temáticos e  Visitas privadas, conforme consta da ilustração supra. Então afinal, têm ou não têm guias? Se não têm, quem acompanha as "Visitas guiadas organizadas pelo Monumento"?
Em tempo de esperança, mudança e poupança, seria por ventura boa ideia considerar a hipótese de autonomizar o Convento para uma experiência de gestão turística, que poderia depois ser alargada a outros monumentos, caso fosse antes coroada de êxito. Aqui fica o alvitre. Ao cuidado de Miguel Relvas, Paulo Portas e Cecília Meireles, porque os monumentos devem, no meu entender, passar a ser geridos em função da sua utilidade turística. Por agora é isto. Mais detalhes só mediante prévia solicitação dos acima mencionados, com o devido respeito.

ORA ATÉ QUE ENFIM...

Foto Rádio Hertz, com os agradecimentos de TaD
Em declarações à Rádio Hertz, que podem ser lidas no respectivo site, o vereador Carlos Carrão admitiu os graves inconvenientes provocados pelo excesso de temperatura na tenda-mercado. Acrescentou que "Estamos a tentar minorar os problemas. Instalámos uma rede e agora segue-se a abertura por cima da tenda, no sentido de haver circulação de ar. Não temos condições para avançar com um edifício novo, que é o objectivo de todos nós."
Tais declarações aparecem na sequência do nosso texto "Mercado, sauna e soluções", aqui publicado em 24 do corrente. É, todavia, evidente que uma coisa nada tem a ver com a outra. Desde logo porque, como é do conhecimento geral, os nossos distintos autarcas se recusam a descer ao nível de Tomar a dianteira, pelo que nunca lêem o que aqui se escreve. Depois, porque um autarca digno desse nome nunca deve dar o braço a torcer, sobretudo quando se trata de adoptar soluções propostas pelo inimigo principal. Finalmente, porque o senhor vereador já tinha a solução na cabeça, faltava-lhe era tempo para a expor, tantos são os problemas que o atormentam, entre os quais avulta a questão da sucessão, com o actual rei a nunca mais se resolver a abdicar. Ficamos portanto entendidos, de uma vez por todas: A solução agora apontada pelo distinto vereador senhor Carrão, não tem de perto nem de longe qualquer relação com a proposta publicada em Tomar a dianteira em 24 de Junho.
Segue-se agora o exacto oposto. A ideia do ilustre autarca, segundo a qual "avançar com um novo edifício...é o objectivo de todos nós", é que não tem mesmo qualquer relação com o que já aqui foi escrito. Pelo contrário. Sempre aqui foi defendido e continuará a sê-lo, que o actual mercado deve ser preservado, melhorado e adaptado às actuais exigências regulamentares. Sabemos ser uma posição que não agrada às empresas de construção e obras públicas, que gostam sempre mais de deitar abaixo e fazer novo, mas o que nos preocupa são os tomarenses todos. Não meia dúzia de criaturas habituadas a viver à custa do Estado, que o mesmo é dizer à custa de todos nós, os que pontualmente pagamos impostos. Pode, por conseguinte, o respeitável eleito Carrão ir aproveitando o tempo de mandato que ainda lhe resta para tirar o cavalinho da chuva. Não haverá edifício novo, nem fórum, nem centro comercial, nem mais obras megalómanas e praticamente inúteis. E era igualmente bom que também não houvesse mais passeios "tintol+comezaina+bailarico", à custa do orçamento camarário. É chegado o tempo de começar a respeitar a genuína vontade dos tomarenses pagadores de impostos.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

CRISE, TURISMO E MEIAS-TINTAS


Esta foto, copiada do suplemento NEGÓCIOS, do EL PAÍS de ontem, mostra a importância que no país vizinho se atribui ao turismo. No editorial do já citado suplemento lê-se, designadamente, que "À segurança, os destinos espanhóis acrescentam a existência de infra-estruturas aceitáveis, apesar da insuficiente melhoria da qualidade da oferta..." E mais abaixo: "O aumento de visitantes provenientes do Japão e, sobretudo, da China, requer em primeiro lugar que se dêem a conhecer de forma suficiente os destinos culturais e históricos, que merecem a preferência desses novos turistas. E também, velar pela sua segurança.
Ao contrário da França ou da Itália, Espanha parece não valorizar suficientemente a maior qualidade do turismo chinês e japonês, continuando a apostar sobretudo naqueles outros visitantes estrangeiros com menos poder de compra, que por isso mesmo procuram serviços mais baratos, nem sempre assaz rentáveis em termos agregados."
Estes dois parágrafos mostram, no meu entender, o oceano que nos separa do mercado turístico espanhol, aqui mesmo ao lado, mas o segundo mais importante a nível mundial. Desde logo, na constante preocupação  com o binómio qualidade/preço por parte do sector privado, enquanto aqui em Portugal a situação é sempre de expectativa em relação à actuação governamental. Donde resulta que, como me referiam há dias amigos estrangeiros, quem desembarque em Portugal e consiga entender a TV ou ler os jornais, fica com a ideia de que o país não está em crise, nem há problemas fundamentais por resolver.
Para tal atitude generalizada muito contribui aquilo que se pode designar como "política de meias-tintas". Trata-se, basicamente, de fazer um diagnóstico correcto, propôr uma terapêutica adequada, procurando depois implementar esta do modo mais suave possível. Um pouco como se, tendo sido decidido que o doente necessita que lhe seja retirado um tumor maligno, se procedesse depois à sua extracção pouco a pouco, em sucessivas intervenções cirúrgicas. Exactamente o que procurou fazer Sócrates, com o PEC I, II, III, IV... E se está a tentar fazer na Grécia, com o "resgate II", uma vez constatado que o I é afinal largamente insuficiente.
Tudo porque, em termos políticos, faltam coragem e audácia para cortar o mal pela raiz -reduzir a despesa pública em cerca de 50%, quanto mais cedo melhor.  O problema parece residir na inevitável  escolha entre saúde, educação, funcionalismo, poder local, transportes, subsídios diversos... Donde a constante tentação para alijar responsabilidades.
É agora voz corrente  na comunicação social que Portugal está a sofrer as consequências da eventual bancarrota grega, o que não é verdade, ou pelo menos não é totalmente verdade. Só sofremos as consequências da crise grega por estarmos atascados em dívida pública até às orelhas. E sem sabermos como amortizá-la. Caso contrário, se a nossa situação financeira fosse folgada, a tempestade grega passaria bem longe. Como está a suceder com a Alemanha, a Holanda ou o Luxemburgo. A verdade governamental portuguesa tem sido até agora, por conseguinte, um belo exemplo de meias-tintas.
E a tendência alastra, que nem mancha de óleo. Mesmo a nível local. Na mais recente edição do programa "À mesa do café", João Victal, Mordomo da Festa dos Tabuleiros, lastimou-se com toda a razão de que o Turismo de Portugal negou este ano o habitual subsídio de 100 mil euros = 20 mil contos, desculpando-se não com a crise, o que até seria aceitável, mas sim com a alegação de que a Festa Grande dos tomarenses não tem importância nacional ou internacional. Na minha opinião, fundamentada em elementos orais anteriores, não houve coragem para  transmitir ao mordomo tomarense que, na sequência das muitas reclamações recebidas, aquela entidade oficial não está nada interessada em subsidiar actividades que impliquem a vinda de turistas nacionais e estrangeiros a uma cidade sem boas estruturas de acolhimento, designadamente sanitárias, sem sinalização adequada e completa, sem actividades turísticas guiadas, sem recursos humanos credíveis e, apesar de tais lacunas, com preços inflacionados. E agora até sem acessos capazes ao principal monumento, nem parques de estacionamento com capacidade suficiente. Como qualquer profissional do sector bem sabe, trata-se de carências tendentes a transformar cada visitante num futuro difusor de propaganda negativa, exactamente o oposto daquilo que o país necessita. 
Conclusão: Abaixo as meias-tintas! Haja coragem para enfrentar a realidade e agir em consequência!

VERBAS, MANUTENÇÃO E OBRAS VISTOSAS






Um dos aspectos surpreendentes, tanto para os turistas como para os indígenas mais atentos a estas coisas, é a realização por estas bandas de grandes obras, ao mesmo tempo que modestas tarefas de conservação, manutenção e limpeza ficam por fazer. Naturalmente "por falta de pessoal" ou "porque não há verbas disponíveis". Os aproveitadores do sistema, que pertencem a três grupos (os que ganham por cima da mesa, os que lucram por baixo da mesa e os que embolsam nos dois casos), argumentarão que é uma situação normal. Segundo eles, para as grandes obras há fundos europeus disponíveis, mas para os restantes casos não.
É verdade, sem contudo ser toda a verdade. É verdade que os fundos europeus podem financiar até 80% dos projectos apresentados. Mas não financiam nem os restantes 20% nem os 23% de IVA, o que vem a dar algo à volta de 43%... Apesar disso, continua a haver disponibilidade para as obras mais estranhas.
As duas primeiras fotos mostram outros tantos casos de manifesta falta de manutenção, de limpeza, nestes exemplos. No adro da Capela da Conceição, é vergonhoso constatar não só que a vegetação cresce a olhos vistos na juntas das lajes, mas também e sobretudo que ainda há lá detritos que ficaram na sequência do tornado do ano passado... Quanto à sapata do castelo, é ainda mais grave. Além do desmazelo evidente, testemunha também não ter havido adequada fiscalização aquando da empreitada para limpeza e revestimento com argamassa de cimento das juntas dos blocos calcários. Só assim se explica que vegetação espontânea consiga furar as ditas frestas.
Casos isolados? De modo nenhum. O ambiente é desolador para onde quer que um pacato cidadão se desloque, ao redor ou mesmo dentro da cidade. Nem sequer há disponibilidade para pintar a fachada da Igreja de S. João Baptista ou da sede da Assembleia Municipal. Como também não parece haver para limpar a cornija do Prédio Vieira Guimarães, onde funciona a Comissão da Festa dos Tabuleiros.Tudo mazelas evidentes, que todavia não obstam à continuação  de onerosas obras de fachada, cuja utilidade prática está por demonstrar.
As outras três fotos, sobretudo a última, mostram onde já se chegou no domínio da patetice e do inútil, aparentemente pelo menos, só para dar nas vistas e esbanjar dinheiro. Junto ao Convento, naquele tradicional cotovelo da estrada de acesso à fachada norte, procede-se agora à edificação daquilo que mais parece um troço da muralha do Atlântico, do Muro de Berlim ou da Barreira de Defesa de Israel. Para quê? Muro de sustentação não será, pois não sustentará nada, uma vez que, mesmo sem ele, nunca ali houve desabamentos, de contenção, também não, pelo mesmo motivo... Acresce que, tratando-se na realidade de uma língua de terra em declive, tipo fatia de queijo -como bem mostram as fotos- era quanto a mim (que sou leigo na matéria) muito mais simples, prático, proveitoso, rápido e barato terraplanar tudo aquilo, o que teria dispensado o citado paredão. Só não dava era tanto nas vistas, lá isso é verdade! Realmente, não é europeu nem pensa à europeia quem quer. É uma prática que requer muito tempo, muita vontade, muita leitura e muita reflexão, não ficando mesmo assim garantida a médio e longo prazo. Alguma vez lá chegaremos? Para já, estamos na fase dos estrangeirados -aqueles que completaram a sua formação no estrangeiro. O presidente da República, o ministro das finanças, o ministro da economia...

domingo, 26 de junho de 2011

A JANELA, A GANÂNCIA E O FUTURO

Foto 1
Foto 2

Foto 3

Foto 4
Foto 5

Foto 6

Foto 7

Foto 8

Os leitores desculparão a insistência. O tema merece toda a atenção dos tomarenses e do país. Está em causa o futuro, a perenidade da Janela do Capítulo. Volto à reportagem de ontem, no suplemento FUGAS d'O PÚBLICO. Nela pode ler-se, a dado passo: "Triste é ver a janela a ser comida pelos líquenes invasivos. Só terão aparecido depois da plantação de coníferas na Mata dos Sete Montes... ... ...Procurava-se imitar as matas de Sintra que, por sua vez, reproduziam as florestas alemãs. Mas Tomar não é Sintra e o efeito foi encher de líquenes as pedras do convento.
De lado, numa das torres, nota-se já o efeito da limpeza: aplicaram-se pachos biológicos com nutrientes que promovem a emigração dos líquenes da pedra para uma calda biológica. A diferença é notória: a pedra foi devolvida à sua beleza na torre já limpa, continua sujeita à patine do tempo na janela e em grande parte das paredes do edíficio."
Infelizmente, o que aqui consta foi soprado ao jornalista por gente que cá habita e tem responsabilidades no Convento. Apesar disso, penso que estamos perante duas histórias da carochinha. Passo a tentar fazer a respectiva demonstração.
1 - "Triste é ver a janela a ser comida pelos líquenes... ... ..." Trata-se obviamente de uma patranha. Basta olhar para a janela com atenção (foto 7) para verificar que não há nela qualquer indício de degradação originada pelos alegados pretensos líquenes glutões.
2 - "Só terão aparecido depois da plantação de coníferas..." é um perfeito disparate. Uma infantilidade sem pés nem cabeça. Quem pode demonstrar e como, que assim foi?
3 - Admitamos, contudo, que seja verdadeira a referida galga da origem dos líquenes. Se tal ocorreu no convento, terá ocorrido também na Ermida da Conceição, igualmente nas proximidades da Mata. Pois bem, a tão alavancada proposta, neste caso implícita, de limpeza da janela, já foi executada na ermida em 2003. Pela modesta soma de mais de um milhão de euros = 200 mil contos. Caso para dizer que foi mesmo uma boa limpeza, em todos os sentidos da expressão. Oito anos mais tarde, a capela da Conceição  (Foto 1) está aparentemente melhor, excepto naquela parte caiada, no ângulo superior direito. As mazelas causadas pela onerosa limpeza só são visíveis quando nos aproximamos: tímpanos e cornijas muito danificados (fotos 2 e 3), produtos isolantes que afinal não isolam nada e só sujam (foto 4), blocos do revestimento corroídos pelos jactos de água+areia, usados na limpeza ( foto 2). É isso que se pretende fazer no Coro Manuelino e Janela, para encher os bolsos de alguns?
4 -  "A pedra continua sujeita à patine do tempo na janela e em grande parte das paredes do edifício." Afinal em que ficamos? A janela está  mesmo a ser comida pelos tais líquenes glutões, ou tudo aquilo é apenas "a patine do tempo"?
5 - "Numa das torres, nota-se já o efeito da limpeza..." Deixemos o português macavenco do autor. Não se trata de uma das torres, mas simplesmente de um botaréu, naturalmente rematado por um coruchéu. As fotos 5 e 6 mostram essa parte que já foi limpa, a título de ensaio, por cerca de 100 mil euros = 20 mil contos. A história dos "pachos biológicos" para originar a emigração dos líquenes gulosos, é mais um conto infantil, que não resiste aos factos. Tenho em meu poder fotocópias do caderno de encargos da empreitada (por acaso elaborado pela empresa que depois ganhou o concurso de adjudicação) e nele não se fala em quaisquer "pachos", ou coisa parecida. Aliás, basta clicar para ampliar a foto 5, para intuir como as coisas foram realmente feitas. Agora não há líquenes naquele sector, que deixaram portanto de proteger o calcáreo contra as chuvas ácidas. O resultado já é bem perceptível. Atente-se nas pedras que já mudaram de cor e começam a apresentar um aspecto "leproso", inexistente em qualquer outra parte ainda por limpar. Sinal inequívoco de que se trata de mais algum descuido durante os trabalhos. Algo que "correu mal", como é habitual. Os produtos químicos decapantes são realmente muito práticos e eficazes, mas depois não perdoam, a médio e longo prazo.
6 - Apesar de todos estes óbices impeditivos, vamos admitir que, num qualquer momento de loucura, alguém lá longe, nas alturas do Palácio da Ajuda, resolve mesmo mandar limpar integralmente o coro manuelino e a janela. Nessa horrível eventualidade, se as coisas viessem a correr mal, como infelizmente já aconteceu nos Jerónimos, no Portal da Atalaia, na Torre de Belém e na Sra. da Conceição, por exemplo, quem viria depois a ser responsabilizado criminalmente? Ninguém, não é verdade? É pena!
7 - Ainda no caso da tal perigosa limpeza vir a ser levada a cabo, tendo em conta aquilo que está à vista de todos na Sra da Conceição, o coro manuelino e a Janela do Capítulo, caso resistissem ao atentado sem demasiados danos, teriam de ser novamente limpos passados quantos anos?
8 - O que me entristece é que pessoas em princípio acima de qualquer suspeita se deixem arrastar e embalar pelo espírito de ganância, de ganhunça, de dinheiro pelo dinheiro, pugnando pela limpeza da janela à revelia do bom senso, quando há no convento inúmeras dependências no estado que foto 8 mostra. Para já não falar do matagal que cresce na sapata, ou alambor, do castelo, nem nas ervas altas e outros detritos no adro da Sra. da Conceição. São coisas pequenas, que não dão dinheiro, não é?  Haja vergonha!

RECORTES...

DN, 26/06/2011, última página
Aqui fica a ideia generosa para o senhor procurador da República junto do Tribunal de Círculo de Tomar. Se assim o vier a entender...
EL MUNDO, 25/06/2011, página 3
Pela resposta -"só sei que nada sei"- percebe-se que os polícias Merkel e Sarkozy interrogam Sócrates, o clássico. Mas também podia ser o "nosso"! Se podia!!!
www.alguresaqui.blogspot.com 26/06/2011

Como era de esperar, o amigo Cristóvão apoia o homem do aparelho do PS. Pudera! Não só é sempre melhor jogar pelo Seguro, como ainda por cima Assis pretende primárias a sério para todas as candidaturas, às quais poderiam até apresentar-se igualmente os simpatizantes não filiados. Livra!!! Anda um quadro ou simples militante partidário a dar o corpo ao manifesto durante anos e anos, para de repente ser ultrapassado por cristãos novos e ficar a ver passar os comboios?! Era só o que faltava!!! Primárias, sim senhor. Estamos todos de acordo. Mas só muito bem preparadas e enquadradas. E para isso nada melhor do que um homem do aparelho...

sábado, 25 de junho de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

O mal menor - Conselhos na hora certa

"É fácil ditar regras. Deve ser por isso que publicações do mundo inteiro se esfalfam em estabelecer leis sobre todas as coisas. De "como salvar o seu casamento" até "como ficar rico sem fazer força", passando por "truques fantásticos para obter orgasmos múltiplos na terceira idade", tudo parece caber dentro de fórmulas matemáticas.
Aproveitando que há um novo governo a começar a funcionar, logo, a precisar de todas as ajudas e opiniões sobre a melhor maneira de se portar, vou também meter a minha colher na conversa. Seguem as "Leis de Edson", para quem quer dar certo na vida. Você também pode ponderar adoptá-las. Não sei se vão resultar no seu caso, só sei que comigo a coisa tem, quase sempre, funcionado:

1. Não seja parvo. Por via de regra, as pessoas são parvas ou loucas de babar na gravata, ou de correr atrás do avião para anotar a matrícula. Apenas uma minoria tem o cérebro em pleno funcionamento (aonde você, claro! se inclui). E é essa gente que tem alguma chance de dar certo no que quer que seja. Nem é preciso ser génio. Basta ser menos idiota do que os outros.

2. Trabalhe. É triste ter de afirmar isto. Mas ainda não inventaram um negócio onde se possa ganhar dinheiro sem trabalhar. Do céu, amigo leitor, só cai chuva e avião.

3. Seja pessimista. Tudo na vida que tende a dar certo, costuma dar errado. E tudo o que tende a dar errado, com certeza dará. O pessimista nada mais é do que um optimista bem informado. E o único que faz planos alternativos, para o caso das coisas não saírem como planeado. Num mundo em que tudo é novo e muda do dia para a noite, o melhor é não contar com o ovo dentro da galinha, e estar preparado para o pior. E rezar para estar enganado.

4. Tenha humildade. Por incrível que pareça (e por mais injusto que seja), excepto a sua mãe, toda a humanidade acha que você é bem pior do que aquilo que imagina.E acredita que seria um excelente negócio comprar você pelo que vale mesmo, e vender depois por aquilo que você pensa que vale. Todas as manhãs, olhe-se ao espelho e faça uma rigorosa autocrítica. Quanto mais acreditar que é espectacular, mais terá chances de estar enganado. Gostar de si mesmo é bom. Mas não se esqueça que o amor embrutece.

5. Nunca desista. Mas, às vezes, deixe de insistir. Perseverança é uma coisa; teimosia é outra bem diferente.

Ou como diria o meu Tio Olavo: "Para vencer na vida, não é preciso ser o melhor. Basta ser o mal menor."

Edson Athayde, jornal i, 25/06/2011


ANDAMOS SEMPRE A APRENDER...

Sinto-me um pouco culpado, pois aconselhei esta manhã a urgente compra d'O PÚBLICO, cujo suplemento FUGAS publica seis belas páginas sobre a nossa Festa Grande, numa feliz iniciativa patrocinada pela delegação local do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo. Só depois tive a pouco grata surpresa de encontrar várias inverdades, do tipo "o Infante D. Henrique Grão Mestre da Ordem de Cristo... ... ... que traz para a antiga casa militar do castelo, entretanto transformada em convento, um grupo de frades orantes." Ou ainda que, antes das construções renascentistas de D. João III, as janelas do primeiro piso do coro manuelino eram três, quando actualmente restam vestígios de cinco.
O mais interessante, contudo, é que aparece na reportagem algo que até aqui me era inteiramente desconhecido: "Triste é ver a janela a ser comida por líquenes invasivos. Só terão aparecido depois da plantação de coníferas na Mata dos Sete Montes... ... ... Procurava-se imitar as matas de Sintra que, por sua vez, reproduziam as florestas alemãs. Mas Tomar não é Sintra e o efeito foi encher de líquenes as pedras do convento."
Vejam só e vejam bem! Finalmente uma explicação articulada para os líquenes -ainda por cima glutões, ao que parece- que a dada altura terão infestado não só a Janela do Capítulo, mas todo o convento. E eu, que já conheço a Janela há uns bons 50 anos, sem nunca ter dado por nada! Pela excelente razão que os tais líquenes glutões, se existem e comem mesmo alguma coisa, conseguem disfarçar muito bem. A janela continua impecável, apenas com a natural patine dos seus 500 anos de exposição às intempéries  e sem as duas imagens laterais, entretanto desaparecidas. Mas como dizia a minha falecida mãe, "lá mais para o fim do mundo, havemos de assistir a coisas extraordinárias." Como por exemplo esta de arranjar histórias da carochinha para tentar justificar uma inútil, insólita, nefasta e perigosa limpeza/lavagem da janela. Felizmente que estamos em crise e deixou de haver dinheiro para folias fantasmáticas!

Ala!!! Toca a ir comprar O PÚBLICO, antes que esgote!


É isso aí, minha gente! diriam os brasileiros. Há que comprar O PÚBLICO de hoje, antes que esgote. Chamada de primeira página + capa e 6 páginas a cores do suplemento de viagens FUGAS, tudo sobre a Festa do Tabuleiros, não acontece todos os dias. E os tomarenses, na sua maior, parte gostam destas coisas. Adoram, melhor dizendo.  O famoso "penacho", do francês "panache" = trabalhar para a glória, ser herói, aparecer, exibir-se, ser visto e apreciado. Mesmo que isso possa ficar caro, o futuro seja cada vez mais negro e o retorno sem relação com o investimento... Mas isso é já outra música, para outra altura e noutros locais, que a realidade não perdoa e o que aí vem é medonho.
Aliás, os jornalistas d'O PÚBLICO sabem-na toda! Se não erro, FUGAS é um substantivo comum, feminino, plural, com se dizia antigamente, agora transformado em nome comum, feminino, plural, que faz logo pensar em FUGIR. Um verbo que cada vez mais tomarenses são obrigados a conjugar e a praticar, em busca de melhores condições de vida. Por conseguinte, trate o leitor de ir comprar o citado jornal, guarde-o para mais tarde recordar, e depois não venha dizer que ninguém o avisou em tempo oportuno...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

NÃO SERÁ MELHOR MODERAR A BASÓFIA E TRABALHAR MAIS E MELHOR?

Foto Jacques de Givry/ML Bernard/Thierry Nava/Groupe F/Le Monde

É infelizmente demasiado recorrente ouvir tomarenses convencidos de que com o nosso património monumental, com o rio e a Festa dos Tabuleiros, havemos de vir a ser um grande centro turístico. Subentendido: nem vale a pena fazermos qualquer esforço, pois os turistas não terão outro remédio senão visitar-nos. 
Agora que se aproxima mais uma edição da Festa dos Tabuleiros, cai que nem sopa no mel esta local do Le Monde de hoje sobre a animação do Palácio de Versalhes, que está para Paris como Sintra para Lisboa. Ora leia e faça o favor de tirar as suas conclusões, respondendo depois a estas duas questões: 1 - Seremos mesmo europeus? 2 - Jogamos na mesma divisão do países da Europa mais a norte em relação a nós?

"Gôndolas e baile de máscaras em Versalhes para encantar as "noites venezianas"
Concertos, espectáculos e festas, de 24 de Junho a 17 de Julho, à volta de um encontro Luis XIV-Vivaldi"

"Vivaldi nunca pôs os pés em Versalhes, nem Luis XIV em Veneza. Nunca se encontraram sequer. Mas o marketing faz milagres: o músico e o rei encontrar-se-ão por ocasião das faustosas Festas venezianas, que o director Jean-Jacques Aillagon organiza no seu palácio de Versalhes.
De 24 de Junho a 17 de Julho, haverá óperas, concertos, recitais, baile de máscaras, fogo de artifício e espectáculo náutico. Tudo pela modesta soma de 3,5 milhões de euros.
Há decerto um lado fantasista nestas festas venezianas, com preços de entrada por vezes exagerados, mas igualmente uma operação de sedução em relação ao público potencial. O projecto data de 2008, quando Patrick Zelnik, o dono de Naïve, produtor de uma integral de Vivaldi, propôs a Versalhes organizar uma exposição e vários concertos. Três anos mais tarde, a ideia deu frutos: o traço de união entre Versalhes e Vivaldi será Veneza.
O fantasma da festa veneziana nunca deixou com efeito de assombrar o imaginário europeu. Em Versalhes, o parque do palácio tem o seu Grande Canal e uma Pequena Veneza -conjunto de construções e pequenos jardins onde habitavam marujos, gondoleiros e carpinteiros.
Os espelhos da Galerie des Glaces rivalizam de ingeniosidade com os dos mestres vidreiros da Sereníssima. Veneza fascina, como cidade de prazeres e de luxúria, onde pululavam cortesãs e escudeiros, esses jovens que os idosos maridos punham a acompanhar as suas jovens esposas, como meio de pelo menos saberem quem lhes punha os cornos. Veneza é igualmente a cidade onde o número de recém-nascidos abandonados era tal, que houve necessidade de instituir orfanatos, entre os quais a célebre Pietá, onde Vivaldi foi mestre de capela.
Já não há em Veneza jovens orfãs escondidas atrás das grades do coro, para dar concertos que arrastavam toda a Europa melómana da época. E a igreja de la Riva degli Schiavoni já dá só alguns concertos de medíocre qualidade, mesmo ao lado do luxuoso Hotel Métropole, no interior do qual se podem apreciar as colunas do antigo altar-mor, servindo agora de enquadramento ao balcão do Oriental Bar, onde as garrafas de bebidas fortes substituiram velas, luminárias e tabernáculos.
"Há no inconsciente colectivo de Versalhes a memória dos famosos Prazeres da ilha encantada, disse-nos Laurent Brunner, o responsável pelos espectáculos de Versalhes. "Não pretendemos de modo algum igualar esses oito dias de loucura festiva, que o jovem rei de 25 anos ofereceu, em Maio de 1665, à sua amante Louise de la Vallière, mas simplesmente apresentar uma espécie de transposição moderna e popular desse acontecimento histórico."
Para isso havia necessidade de gôndolas em Versalhes. Que Laurent Brunner foi obrigado a deixar em Veneza. "Não conseguimos convencer nenhum gondoleiro veneziano. Não conseguimos rivalizar com o rendimento que auferem durante os meses de verão." Houve portanto necessidade imperiosa de contactar coleccionadores por essa Europa fora e até associações de antigos gondoleiros. Tal como no tempo da flotilha de Luis XIV, Versalhes até comprou duas das quinze gôndolas, que desfilarão ao som das Quatro estações, de Vivaldi, no Grande Canal, com efeitos pirotécnicos do Grupo F e os jogos de água dos "plasticiens" do Grupo Cristal.
Laurent Brunner parece muito divertido por tudo isto ter lugar às sextas-feiras ao cair da noite, a menos de 400 metros da La Lanterne, uma das residências presidenciais.
Um baile de máscaras, tendo por tema obrigatório o Carnaval de Veneza, começará à meia-noite de 9 de Julho, no Laranjal do palácio. Naturalmente com forte conotação barroca, mas sem exclusivismo. "Não será um baile do século XVII, com música e danças da época, mas sim com música tecno. E por volta das seis da manhã será oferecido um pequeno almoço "café-croissants", no pequeno bosque Luis XIV, chamado Sala de Baile", concluiu Laurent Brunner. Sem esclarecer se também será possível mergulhar no Grande Canal, ou regressar a casa de gôndola."
Marie-Aude Roux, Le Monde

Programa geral dos festejos e respectivos preços de entrada:

Festival Veneza, Vivaldi, Versalhes, Palácio de Versalhes, Metro RER C, estação Versalhes Rive Gauche, telefone 01 30 83 78  89, de 24 de Junho a 18 de Julho, Bilhetes de 25 a 495 euros.
Concerto Vivaldi, 24 e 26 de Junho, de 45 a 150 euros.
Vivaldi sagrado e profano, 5 de Julho, de 35 a 130 euros.
Glória, 27 de Julho, de 45 a 80 euros.
Festas venezianas;espectáculo náutico; 24 de Junho, 1, 8 e 15 de Julho; de 25 a 55 euros
Carnaval de Veneza, baile de máscaras no Laranjal, entrada única 250 euros.

Nota final
E pensar eu que Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal, o mais poderoso soberano da cristandade, foi proclamado e aclamado rei em Tomar, por aqui tendo ficado depois durante mais de 3 meses...
Dá Deus nozes...

MERCADO, SAUNA E SOLUÇÕES


É geral o descontentamento entre os vendedores e os compradores, obrigados a usar a tenda que serve provisoriamente de mercado. Queixam-se da elevada temperatura ambiente logo pela manhã, quando a canícula estival ainda nem sequer chegou. Os IpT alertaram há pouco o executivo de que fazem parte para o problema, referindo que já se verificam temperaturas da ordem dos 40 graus centígrados. Noutra terra, de gentes mais afoitas, menos comodistas e menos conformistas, já haveria movimentos diversos, no sentido de se encontrar e implementar quanto antes uma solução para tão gravoso problema, que pode destruir de modo definitivo a reputação de um mercado tradicional que já foi de longe o melhor da zona. Aqui em Tomar, porém, continuam à espera de D. Sebastião, apesar de ninguém mais o ter visto após aquela trágica tarde do verão de 1578, nas areias de Alcácer Quibir. São feitios...
Que a autarquia conhece o problema e procura soluções baratas, rápidas e eficazes, mostra-o a fotografia supra. Já instalaram aquela rede, que se revelou ineficaz, por estar demasiado próxima da tela de cobertura e porque não podia resolver a questão da falta de adequada ventilação -do arejamento, como diz o povo, que tem uma experiência milenar destas coisas. 


Porque finalmente já se ouve dizer nos corredores do poder que "O país pede soluções. De discursos, moções, recomendações e protestos estamos todos fartos", aqui vai o meu modesto contributo a nível local.
Qualquer que venha a ser a evolução política tomarense, é óbvio que nos próximos cinco anos não teremos novo mercado, nem provavelmente nos próximos dez. Nestas condições, é imperativo tornar a tenda "habitável" e amiga dos produtos frescos. Acessoriamente, convirá igualmente torná-la mais segura, de forma a dispensar a tão onerosa segurança 24 horas por dia. Tudo isto sem obrigar os vendedores instalados a mudarem-se outra vez, não se sabe bem para onde. Já basta o que basta!
Como já aqui referi anteriormente, são quatro os problemas fulcrais da tenda: 1 - Falta de pé-direito; 2 - Falta de "janelas de fuga" e portanto de arejamento; 3 - Falta de Isolamento eficaz; 4 - Notória falta de segurança. 
Assim sendo a minha proposta é a seguinte, caso a caso: 1 - A questão do pé-direito, embora resolúvel no local, é a mais pesada e complexa, pelo que será mais adequado, para já, implementar as restantes e aguardar os respectivos resultados práticos. Se a experiência entretanto adquirida vier a demonstrar a necessidade de aumentar a altura útil da tenda, será então tempo de meter mãos à obra no próprio local.
2 - A falta de "janelas de fuga" ou de arejamento, pode ser suprida mediante o acrescento de uma nova asna de cinco metros de comprimento, por cima de cada uma das já existentes e a 1,20  metros mais acima. Exactamente de modo a obter o perfil que se vê na foto supra, em que o anterior arejamento foi eliminado com chapas de fibrocimento, quando  as até então cavalariças passaram a escritórios diversos. De ambos os lados das novas asnas deverão ser instaladas as tais janelas de fuga, simultaneamente com  vidros acrílicos opacos, rede mosquiteira para quando estiverem abertas e grades de protecção contra os amigos do alheio..
3 - Deverá aproveitar-se a instalação das novas asnas e respectiva cobertura, para suprir a actual carência de isolamento eficaz. Assim, recomenda-se a substituição de toda a actual cobertura e "paredes" existentes por chapas de alumínio isolantes, tipo sandwich, da Alaço - Ourém.
4 - Uma vez instaladas as novas asnas, as janelas de fuga e as chapas isolantes, aproveitar-se-á para instalar vigilância video, com gravação contínua, de forma a dispensar o actual sistema, por ser demasiado caro.
Se uma vez implementadas todas as soluções agora propostas se ver a verificar que são insuficientes, serão então a hora de instalar adequada climatização, naturalmente com novo reforço do isolamento, se assim for entendido.
Quase tudo isto pode ser feito por administração directa, que a autarquia dispõe de pessoal para tanto. Só falta vontade política, espírito prático e motivação.
As próximas autárquicas são já em 2013, o mais tardar...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

RECORTES DA IMPRENSA


Este recorte da página 7 do DN de ontem faculta-nos, quanto a mim, algo de extremamente raro: um excelente retrato escrito  da nossa cidade e da sua gente, em trinta linhas. Pode parecer que não, sobretudo numa terra cujos habitantes se consideram la crème de la crème em quase todos os domínios, mas dá o seu trabalho e exige muito talento. Aquela do "centenário Café Paraíso, local histórico de tertúlia política", onde "os clientes lêem o jornal, indiferentes à televisão desligada" que "só serve para ver a bola", é mesmo de morte! Para não mencionar o resto...


Quando em tempos aqui escrevi repetidamente que o orçamento municipal de Tomar tinha por base receitas deliberadamente empoladas, para assim procurar iludir tanto a tutela como os eleitores, acusaram-me de má-língua, de ignorante, de pretensioso e outros mimos do estilo. Vai-se a ver e afinal a Inspecção-Geral de Finanças vem agora afirmar exactamente a mesma coisa, apoiada em factos concretos e condenáveis. Sabendo que aqui na urbe, de há uns anitos para cá, se tornou hábito empolar as receitas previsíveis na ordem dos 40/50%, fácil se torna deduzir a quantidade de esqueletos nos armários que irá encontrar o elenco a empossar em Janeiro de 2014 (se não for antes, o que seria bem melhor para todos nós). Vai ser bonito, vai!!! E cá estarão então os sucessivos alertas aqui lançados a tempo e a horas, que naturalmente encontraram orelhas moucas, a pretexto de se tratar de palavras loucas. Veremos!!!


Perante a presente tragédia portuguesa e tomarense -a mais grave desde a implantação da República- o riso inteligente ainda continua a ser o melhor remédio, para evitar depressões e outros achaques afins.  Para tanto, nada melhor que esta prosa sarcástica de um dos melhores jovens humoristas portugueses, Ricardo Araújo Pereira, nesta sua crónica na VISÃO desta semana. Bem sei que aqui pelas margens do Nabão ainda impera, em não poucas ilustres cabeças, a mentalidade inquisitorial do senhor Frei António de Lisboa, o nosso ilustre conterrâneo António Moniz da Silva, reformador da Ordem de Cristo, que professou nos Jerónimos castelhanos e foi inquisidor; mas uma vez que as actuais franquias constitucionais permitem a livre escolha e a liberdade de expressão, que me perdoem os actuais frades civis da ordem dos nabões.

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA


Além da notícia sobre a  colocação à venda do Prédio Silva Magalhães, por milhão e meio de euros, já aqui destacada em intervenção anterior, O TEMPLÁRIO notícia o atribulado processo de mais uma empresa local em risco de falência (a Unimármores) e inclui uma entrevista com Miguel Relvas. Conquanto esta não traga nada de novo, é sempre bom saber que aqueles que a pulso conseguem chegar ao topo, não renegam as suas origens nem passam a "andar de tacão alto". Obrigado Miguel, pela sua implícita lição de humildade democrática.
Outra notícia importante no semanário de Miliciano e Gaio é, paradoxalmente, uma publicidade e vem igualmente nos outros semanários. Trata-se da convocatória para a próxima sessão da Assembleia Municipal, a ter lugar no dia 29 do corrente mês, a partir das 15 horas, como infelizmente é costume. O que tem tal aviso de tão importante?! -O primeiro ponto da ordem de trabalhos: "Discussão e votação da Deliberação da Câmara, tomada em reunião de 05/06/2011, sobre a "Contratação de empréstimo para financiamento de projectos com comparticipação de fundos comunitários", ao abrigo... ... ..."
Antes de mais, convém destacar que o presidente da AM é muito boa pessoa, pelo menos para os seus seleccionados: Não menciona na convocatória o montante do empréstimo a contratar, matando assim pelo menos três coelhos (salvo seja!!!) com a mesma cajadada. Não coloca em cheque o presidente do executivo, não assusta prematuramente os eleitores, (o que faz parte da campanha de prevenção de eventuais acidentes cardíacos), e não permite que os perigosos jornalistas locais façam desde já as suas contas, que a dívida global da autarquia incha que nem barriga de alcoólico inveterado!
O mais importante, porém, é que se as oposições fosse melhores do que a relativa maioria, estaríamos perante uma excelente ocasião de "cortar o combustível" ao trio laranja, forçando-o a abandonar  precipitadamente a corrida. Claro que tal não é caso. É tudo fruta das mesmas árvores. Fazem todos parte da mesma tribo -a dos eleitos- pela graça de Deus dotados por tal facto de especiais faculdades e particular estatuto. Julgam eles, claro! E mamam também todos, assim ou assado, uns mais, outros menos, das mesmas tetas orçamentais. Mas que é pena, lá isso é! Em circunstâncias normais, restaria a população do concelho, ou pelo menos algumas centenas de cidadãos com audácia e firmeza suficientes para exigir a imediata aplicação pelo executivo de um módico de bom-senso. Infelizmente para todos os que pagamos impostos, labregos e cidadãos são duas entidades semelhantes só na aparência. Em termos políticos trata-se, pelo menos aqui pelas margens nabantinas, de criaturas não só muito diferentes, como até totalmente antagónicas: os labregos detestam os cidadãos e vice-versa.

"O super-ministro que subiu a pulso", refere O MIRANTE na primeira página, ilustrada com uma foto de Miguel Relvas, no jardim  das Portas do Sol. Os usuais comentadores verrinosos de Tomar a dianteira dirão certamente que "os gajos do jornal devem estar já à mama de qualquer tacho; só pode!" Pela minha parte, julgo que apenas se está a fazer bom jornalismo, realçando o que deve ser realçado. Mas como é sabido e de acordo com os mesmos comentadores, ultimamente tenho-me dedicado a lamber as botas ao Miguel, que por caso até usa sapatos!
Se O TEMPLÁRIO destaca o pedido de insolvência da UNIMÁRMORES, o jornal de JAE faz manchete com a eventual falência e subsequente encerramento do Matadouro Regional do Ribatejo Norte, por enquanto ainda a funcionar da Zona Industrial da Madalena-Tomar. O que não me admira, uma vez que conta entre os seus accionistas o Município de Tomar, cuja gerência actual  tem demonstrado ser um verdadeiro portento em política, economia empresarial e em gestão. E continua a operar maravilhas! Cidade e concelho definham de dia para dia e a olhos vistos, mas quando morrerem, aposto que terão um enterro de luxo! Ou pelo menos com custos de milhões e mais milhões! A pagar pelos do costume...


"Autarcas pressionam executivo em reunião de Câmara", noticia o CT em manchete e com fundo vermelho, a  usual cor da revolução. Trata-se do já longo conflito entre todos os presidentes de junta e o presidente Corvêlo de Sousa, que não quis, não soube ou não poude gerir de forma minimamente aceitável o sector das máquinas pesadas da autarquia e respectivos operadores. Impossibilitados de prestar um serviço aceitável aos eleitores, os autarcas mais chegados às populações, após tantas reclamações, já nem sabem a que santo ou santos hão-de rezar...
O novo problema do Mercado constitui outro destaque do semanário da Praça da República. Trata-se da manifesta inadequação da barraca comprada pelo executivo para o fim a que a destinaram. Falta-lhe pé-direito, falta-lhe caixa de ar, faltam janelas de fuga no tecto, falta-lhe climatização Desta vez os IpT andaram bem. Resolveram confrontar a relativa maioria com o insuportável ambiente dentro da citada tenda, onde em dias de canícula (que ainda nem chegou a sério!) a temperatura atinge já os 40 graus centígrados, às 10 da manhã. Daqui poderão resultar a curto prazo vários incidentes, nenhum deles bom para os comerciantes que ali procuraram ganhar a sua vida. Acontecerá de certeza que legumes e frutas não vão resistir muito tempo a tão altas temperaturas, cedo ficando cozidos (como já acontece com muitos eleitores, incluindo o signatário). Há também fortes hipóteses de os fregueses gostarem mais do ar condicionado do Belmiro & Companhia, do que da sauna municipal. Finalmente, a ASAE não deverá tardar a constatar que o local provisório não reúne condições mínimas para a sua actual função, dado que numa queijaria industrial em Niza os seus inspectores até aplicaram uma coima, porque havia bolores e cadáveres na zona de processamento do produto. Tratava-se do normal bolor dos queijos e de duas moscas mortas. É Portugal no seu melhor!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

SINTOMAS DA TRAGÉDIA TOMARENSE

Resulta do post anterior que em Tomar (e tudo indica que por esse país fora não seja muito diferente), após a política sólida, em que se procurava servir o bem comum, e a política líquida, onde já se metia demasiada água, estamos agora na era da política gasosa. Os debates autárquicos não têm qualquer conteúdo substantivo, uma vez que os actores/autores, a maior parte das vezes, dizem uma coisa e fazem o seu oposto. Outros ainda, negam a evidência: após uma intervenção fundamentada, porque apoiada em factos, garantem que "tem fundamento zero". De tudo isto resulta a dedução de que se trata de prestações mais ou menos coerentes, apenas para mobilar e decorar, tentando entreter a maralha. E intrujando-a, ao dar-lhe a entender que há debate sério dos problemas, quando afinal estes já foram resolvidos alhures, com outros argumentos mais substanciais e longe dos olhares e ouvidos indiscretos.
Nesta envolvência trágico-cómica, um comentador de Tomar a dianteira (comentário das 22:21, de 21/06/11) resolveu vir constatar que "...Se a senhora Merkel não é mentirosa, havia um programa europeu que evitava a troika e que o PSD+CDS chumbaram." Como se no actual contexto tal matéria tivesse algum interesse! Além de se tratar de prosa tão maliciosa quanto gasosa. Refere o PEC 4 sem o mencionar, numa singular habilidade, omitindo que também o Bloco de Esquerda, o PCP e os Verdes chumbaram o dito, juntando as suas vozes à direita, numa rara acção unânime da oposição. Porque terá acontecido assim?
Outro sintoma que não engana -Ali na Rua de Coimbra, um prédio ainda em acabamentos ostenta agora uma bela faixa publicitária, anunciando lojas e apartamentos T5 [6 assoalhadas] para venda. Com o devido respeito pelos investidores privados em questão, ouso formular uma pergunta inocente: Não seria mais proveitoso irem vender sobretudos e outros agasalhos para os países equatoriais?
Um último detalhe, igualmente sintomático. Na edição hoje publicada, O TEMPLÁRIO noticia que o edifício onde funcionou o Tribunal de Trabalho, o chamado prédio Silva Magalhães, ali à Várzea Pequena, está para venda. Até aqui nada de mais normal. Trata-se de uma propriedade privada, tendo os seus donos todos os direitos inerentes, que de modo algum se pretendem pôr em causa. O que me parece digno de especial relevância é o preço -Milhão e meio de euros = 300 mil contos!!!
Uma vez que um terço já seria, na minha tosca opinião, exagerado, aposto que vamos ter ali uma espécie de "Convento de Santa Iria Bis". Na ex-monástica construção de Além da Ponte também houve quem depositasse megalómanos expectativas, que vieram a malograr-se, como de resto era facilmente previsível. Agora, da tentativa de venda por milhão e meio, a actual gerência autárquica já passou para cedência gratuita em direito de superfície, tendo como contrapartida obrigatória o sonhado "hotel de charme de pelo menos 4 estrelas e 60 quartos". Azar dos azares, nem mesmo assim apareceu até agora quem lhe pegue.
Um jovem e arrojado empresário local ainda encetou conversações, mas cedo descobriu que a autarquia afinal quer enfiar o Rossio na Rua da Betesga. Pretende um hotel de 60 quartos, sem contudo permitir o aumento das cérceas, a abertura de uma subterrâneo sob a rua de Santa Iria, ou a duplicação do arco homónimo, em altura ou em largura. Nestas condições, uma vez que a actual regulamentação hoteleira impõe que os hóspedes nunca transitem pelos mesmos corredores do pessoal de serviço, adeus hotel de charme, bom dia megalomania tomarense! Somos assim e não parece haver grande coisa a fazer.

terça-feira, 21 de junho de 2011

INCOERÊNCIAS, INCONGRUÊNCIAS E CEDÊNCIAS...

O geralmente bem informado site da Rádio Hertz noticiou, ontem à tarde, que "O vereador Luís Ferreira vai pedir a nulidade de uma deliberação aprovada pela autarquia". Trata-se do pedido de alargamento do horário de funcionamento de um café existente em Chão das Maias, freguesia da Serra, da meia-noite para as duas da manhã. Apesar de se tratar de um problema secundaríssimo no actual contexto concelhio, resolvi transcrever, para depois comentar, uma parte das declarações dos senhores autarcas sobre tal matéria, com os agradecimentos à Rádio Hertz.
Vereador Pedro Marques: "Ou se cumpre o regulamento, ou não se cumpre... Já percebemos que os cafés passam a ter horário de bares, sem terem condições para tal! Não nos podemos esquecer de que se amanhã tivermos conhecimento de conflitos ou outras situações graves, temos entre mãos pareceres negativos das entidades policiais. Não temos informação...se há condições para funcionar até mais tarde. Já antes deliberámos uma situação semelhante, situada na cidade,onde, num dia destes, pela uma da manhã, estavam mais de quarenta pessoas na rua, a fazer barulho! Temos que ter cuidado com isto. Caso contrário é o descalabro! Se a PSP  e a GNR dizem que não, é porque há razões para isso."
Vereador José Vitorino: "Não podemos ser insensíveis à informação da GNR, que nos diz que não há estacionamento para este café, pelo que vamos criar problemas e desassossego na vida das pessoas. É chegada a altura de fazer uma revisão do nosso regulamento. Quando não há condições, não há alargamento de horários".
Vereador Luís Ferreira: "À luz do regulamento, este processo não está em condições de ser aprovado pela câmara. ...O artigo 4º ...diz que o horário dos cafés é das 6 da manhã  às 24 horas. E no ponto único é referido que a Câmara Municipal tem competência para alargar os limites horários destes estabelecimentos, a requerimento devidamente fundamentado, o que não é o caso, e desde que sejam observados cumulativamente os seguintes requisitos: ...que se situem em locais em que os interesses de actividades profissionais ligadas ao turismo o justifiquem; o segundo requisito passa por não afectar a segurança, a tranquilidade e o repouso dos cidadãos residentes...que a GNR nos diz não estar garantido neste caso; o terceiro requisito é que não está mesmo: não desrespeitar as características sócio-culturais e ambientais, bem como as condições de circulação e estacionamento. A GNR diz-nos, de forma clara, que este requisito não está cumprido."
Presidente da Câmara: "Não concordo com aquilo que o vereador Luís Ferreira afirma, designadamente com a conclusão que foi avançada, pois considero que tem zero de fundamento... Não vejo qualquer problema relativamente ao facto deste café poder afectar a tranquilidade dos moradores...Estar agora a invocar problemas de estacionamento num café que nem chega a ter vinte lugares, com todo o respeito, não vejo qualquer sentido...E não vejo motivos para dizer que não a este pedido. Felizmente que podemos votar consoante aquilo que cada um de nós entende."
Feita a votação, a proposta foi aprovada, apenas com os votos contra dos vereadores do PS. "Por isso, informo desde já que irei pedir a nulidade deste acto, junto das instâncias competentes", concluiu o vereador Luís Ferreira. 
Perante isto e após várias leituras, ainda cheguei a pensar num comentário jocoso, do tipo já assisti a conversas informais, entre convivas bem regadas, com mais coerência e congruência do que esta. Acabei, contudo, por desistir. Já basta o que basta! Resta porém uma pergunta insidiosa, que me tem perseguido desde esta tarde: Todo aquele relambório do vereador Pedro Marques, era para dizer que, sendo contra, votava a favor, porque valores mais altos a isso obrigavam?
Pelo rumo que as coisas têm levado nestes últimos tempos, só falta agora saber quando é que os IpT assinarão o previsível acordo de coligação pré-eleitoral com o PSD, para 2013, única maneira de regressar ao poder, para uns; de o manter, para outros. Se entretanto não ocorrer qualquer derrocada política a nível local... A situação parece-me cada vez mais instável e o piso cada vez mais escorregadio, mas deve ser da idade... Já lá vai o tempo em que a experiência era a madre das coisas.

MAIS TRAPALHADAS NABANTINAS...


É costume dizer-se que "uma desgraça nunca vem só". Nesse aspecto, em Tomar estamos muito bem servidos. Raro é o dia em que não surge mais uma trapalhada, a juntar ao cada vez mais longo rol de dislates. Aqui se apresenta mais um. Ninguém sabe  explicar  o facto. A verdade porém é que nas obras ainda em curso na Mata dos Sete Montes, que incluíram o reboco e a pintura da entrada, o pobre do muro de suporte da casa do guarda, (igualmente recuperada, faltando saber para quê), foi esquecido. Se calhar por estar à esquerda da entrada, foi considerado isso mesmo -um zero à esquerda, e deixado à sua sorte. Dado o seu estado miserável, havendo ainda  tempo antes da festa, haverá meios e coragem para emendar o erro?
Logo ali ao lado, mesmo à ilharga do magnífico edifício renascentista do turismo municipal e da futura saida do cortejo dos tabuleiros, a empreitada da "Envolvente ao Convento de Cristo" está neste estado há várias semanas. Faz que anda, mas não anda. Porque faltam indicações dos projectistas, dizem uns. Porque a autarquia  não tem dinheiro para liquidar ao empreiteiro as "tranches" já executadas, avançam outros. Porque o presidente nunca mais decide que alterações é que devem ser feitas, sustenta um terceiro grupo. Entretanto os tomarenses vã continuando adormecidos, mas a ruminar... 

Idêntica situação acontece com o "elefante branco da Levada". Picaram e destelharam tudo, não se percebendo muito bem para quê, uma vez que agora as obras não avançam. Para um empreendimento de mais de seis milhões de euros, ter lá 5 ou 6 operários é estar a mangar com o dono da obra, seja lá porque for...

"O país não aguenta mais!", proclama a CDU, neste cartaz colocado à entrada da Ponte Velha. E a cidade, aguenta? pergunto eu. Com oportunidade, alguém acrescentou sobre o cartaz  "A Culpa é vossa!". Têm toda a razão! É vossa, é nossa, é minha, é do leitor, é deles. É de todos, afinal! Mas mais de uns que de outros, acrescentaria o George Orwel, o do "Triunfo dos Porcos".

De repente, foi uma surpresa: lá se resolveram finalmente a mandar colocar a bonecas dos tabuleiros, na Rotunda. No que me diz respeito, fiquei desiludido. Sempre pensei, conforme aqui escrevi em tempo oportuno, que, tratando-se de silhuetas, as mesmas seriam instaladas sobre o rebordo e não contra o mesmo. Tratando- se de perfis, só tendo unicamente a atmosfera como fundo podem mostrar toda a sua  eventual beleza. Na mesma linha linha de pensamento, cuidei que cada boneca ficaria virada para um ponto cardeal, o que por acaso coincidiria com a Levada (Norte), Torres Pinheiro (Sul), Ponte Nova (Este), Rua da Graça (Oeste). Tal disposição permitiria ainda -quando a autarquia a tal for constrangida pela pressão da opinião pública- colocar ao lado de cada portadora de tabuleiro o seu respectivo par.
Com a estranha opção adoptada, quando chegar a altura de acrescentar os pares, vão pô-los aonde? Para já, o pagode da zona vai-se divertindo com piadas de circunstância, como é habitual: "Há três que já vão a caminho da estação, para darem à sola, que a situação não está para festas! Mas antes ainda param para beber um copo no Salgado! A outra arrependeu-se e está a voltar para casa, por causa do namorado que não quis emigrar."