sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

AUTÁRQUICAS 2009 - Um contra dois

António Rebelo
Passada a usual trégua natalícia, recomeçou a contenda política a nível local, como aconteceu em praticamente todo o país. Na terra gualdina, tudo indica que iremos ter novamente uma luta triangular, salvo imprevistos ainda possíveis até ao fim do prazo legal para entrega de listas de candidatura. Cientes dessa realidade, os principais actores de cada tendência vão simulando quanto podem, de forma a conseguirem boa imagem junto do corpo eleitoral. De momento, os resultados não parecem ser brilhantes, a julgar pelos comentários da opinião pública, já referidos em peça anterior deste blogue.
De "é tudo farinha do mesmo saco", até "são santos da mesma capela; já lá estão todos", passando por "não há escolha, são todos os mesmos, querem é tachos", há de tudo para todos os gostos, mostrando que o tempo dos apoios numerosos e entusiastas é coisa do passado.
Sentindo talvez a flagrante desilusão, cada grupo de estrategos vai procurando fazer de conta que. Assim, os IpT continuam a tentar persuadir os seus possíveis adeptos de que irão ganhar, não só por mérito próprio, mas igualmente pelo acumular de erros dos adversários em liça, apesar de se encontrarem ante sérias dificuldades para recrutarem candidaturas femininas credíveis. Enquanto isto, o PS tenta apresentar uma realidade local a preto e branco, designadamente através do blogue de Luis Ferreira, o seu mentor concelhio. Segundo afirma, "Há dois projectos para Tomar, basta escolher". Subentende-se que um é o do PS e o outro o do
duo PSD/IpT, como se tal fosse possível.
No mesmo cortejo, o PSD tenta convencer o seu potencial eleitorado de que já está outra vez unido, tendo até convocado uma conferência de imprensa, oficialmente para anunciar medidas anti-crise, mas igualmente para mostrar a renovada união, graças à inédita presença de Relvas, Corvelo e Carrão à mesma mesa. O pior é que o desgaste da actual equipa é cada vez maior e Tomar a dianteira pode afirmar que a tal união sagrada em prol do partido ainda não é coisa absolutamente garantida. De acordo com as últimas notícias de fontes fidedignas, as conversações continuam, entre um lado pouco disposto a abandonar um projecto sem qualquer compensação suplementar, e o outro sem nada de substancial para oferecer, pelo menos
enquanto o PSD não ganhar as legislativas. Se ganhar. Como habitualmente, procura-se o "toma lá dá cá" e ninguém quer perder a face.
Salvo eventual imprevisto de última hora, temos então uma situação bastante sombria para todos. Para o PSD, que mesmo tendo em conta uma eventual e futura união sagrada, terá muita dificuldade em anular o descrédito em que vem caindo, após a saída de António Paiva e o aparecimento de uma corrente muito crítica na comunicação social local. A visível ausência de estratégia para além da captação dos fundos europeus, as sucessivas trapalhadas com as empresas adjudicatárias, as asneiras nas obras da Ponte do Flecheiro e anexos, o encerramento do Parque de Campismo, o desleixo e a indiferença, roeram a vantagem de que dispunham os sociais-democratas no concelho.
Em busca de um futuro mítico num mundo a preto e branco, o PS local proclama superioridade ética e política, mas os eleitores não conseguem ver em que factos se baseia. Os mais advertidos até vão lamentando, em surdina, que o partido não tenha na verdade qualquer projecto estruturado, nem candidatos à altura da grave situação, tal como sucede com o PSD e com os IpT.
O grupo IpT, que muitos eleitores continuam a não perceber porque se formou e para que se formou, para além de constituir um trampolim para Pedro Marques, também não dispõe até agora de qualquer plano articulado, quantificado e explicado, que os possa credibilizar na área do desenvolvimento local e da gestão séria e transparente, os verdadeiros handicapes de Pedro Marques quando geriu o executivo durante dois mandatos. Recordo aqui que, na noite da sua vitória face a Bento Baptista, disse aos microfones da Rádio Hertz que se tratava de "um candidato eventualmente bem intencionado mas nitidamente mal acompanhado." Na altura foram muitos os que me criticaram por ter sido injusto. O que se passou a seguir, sobretudo durante o seu segundo mandato, veio dar-me razão. Volvidos mais de vinte anos, continuo a ter a mesma opinião. Só com eventuais boas intenções não se vai a banda nenhuma. Seja qual for o agrupamento.
Tudo devidamente pesado, penso que no estado actual das coisas, iremos assistir, daqui até à conclusão das autárquicas, a três curiosos duelos do tipo um contra dois. PSD contra PS e IpT, IpT contra PSD e PS, PS contra PSD e IpT. Num tal contexto, parece-me igualmente claro que cada um irá acusar os outros dois de erros, insuficiências e carências, de que afinal também padece. Perante a impossibilidade de escolhas realmente alternativas em termos práticos, muitos eleitores poderão abster-se, votar branco , ou escolher o que parecer menos mau. É por isso cada vez mais plausível a hipótese do pior resultado para a cidade e o concelho: um executivo 3-2-2, condenado à negociação permanente e a políticas de curto prazo. A menos que as coisas se alterem substancialmente até ao Verão. Oxalá que sim!

6 comentários:

Anónimo disse...

"É por isso cada vez mais plausível a hipótese do pior resultado para a cidade e o concelho: um executivo 3-2-2, condenado à negociação permanente e a políticas de curto prazo."

Apesar de tudo, este resultado sempre seria incomparavelmente melhor que a triste, bassa, errática e incompetente maioria absoluta que nos tem (des) governado (no executivo e na assembleia).

Mas, os presságios do articulista não se irão verificar ... a bem dos Tomarenses!

Anónimo disse...

A sua opinião é tão legítima e respeitável como a minha. Há, todavia, uma grande diferença: Enquanto eu procurei fundamentar, alegando factos do conhecimento geral, você limita-se a afirmar "de cátedra" que "os presságios não se irão verificar". Cabe perguntar: 1-Porquê? 2-Tem a certeza absoluta? 3- Não estará a confundir o seu desejo com a realidade?
Escreva sempre. Cumprimentos

AR

Anónimo disse...

Sr. Dr. AR

Legitimidade temos todos, "cátedra" só o excelentíssimo articulista, eu apenas sublinhei a actual (indi) gestão ou o actual (des) governo.
E aqui tenho razão!
Não é verdade?!

E fiz uma profissão de fé de que os presságios do articulista não se irão verificar.

E concluo como o ateu:
DEUS QUEIRA!!!!!

A bem da Nação (de Tomar)

INTERLOCUTOR RESPEITOSO!

Anónimo disse...

Quando usei a expressão "de cátedra" foi apenas com o intuito de frisar que a sua afirmação não tinha qualquer suporte, para além da sua opinião. Se acaso o ofendi, foi involuntariamente. Por isso lhe peço que me desculpe.
Creia que nem nunca tive nem tenho, nem procuro ter "cátedra", o que me leva a procurar fundamentar sempre o melhor possível tudo aquilo que escrevo em prol da comunidade tomarense.

AR

Anónimo disse...

"Recordo aqui que, na noite da sua vitória face a Bento Baptista, disse aos microfones da Rádio Hertz que se tratava de "um candidato eventualmente bem intencionado mas nitidamente mal acompanhado."

Ó Sr. Dr. António Rebelo diz-se por aí nos mentideros que Sr. Dr.iria agora resolver esse problema acompanhando o homem.

Se for verdade é uma mais valia para os dois e vão, para já, ter o apoio de mais um e isto é só um começo!

Topa?!

Anónimo disse...

Fica desde já autorizado a desmentir categoricamente tal hipótese. Não farei parte de qualquer lista, partidária ou não, salvo se a encabeçar. E mesmo assim, só depois de verificar se terei alguma hipótese de implementar o projecto que desenvolvi para Tomar. Foi o que disse no PS. É o que mantenho. E não fico nada zangado se ficar de fora. Mas não tenciono calar-me, porque quem cala consente.

AR