ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

Colaboração da Papelaria CLIPNETO

Redacção de Tomar a Dianteira

Semana difícil para a imprensa local e regional, não só porque as notícias são raras nesta quadra, mas também porque foram forçados, pela 2ª vez em 15 dias, a antecipar a saída, por causa dos envios postais para os assinantes. Ainda assim há peças de muito boa qualidade, como veremos mais adiante. Para mais facilidade de leitura, decidimos utilizar cada título como separador.

O Ribatejo

Em tempos periódico muito conceituado a nível local, este semanário editado em Santarém tem vindo a decair a olhos vistos, pelo menos no que a Tomar diz respeito. A edição desta semana confirma que não dispõem de adequada cobertura local. Apenas noticiam a inauguração da Ponte do Flecheiro, numa peça anódina, que cheira a agência. É pena. Mas, como escrevia amiúde Cunha Rego, "as coisas são o que são, e não o que nós gostaríamos que fossem."

Mesmo assim, O Ribatejo continua a contar com os anúncios da Assembleia Municipal de Tomar. Percebe-se, sem grande dificuldade, porquê e para quê. Falta saber até quando.

Ainda neste semanário, um curioso anúncio, que mostra bem a gravidade da actual crise. Uma agência funerária de Santarém anuncia funerais a prestações. Ou melhor, funerais a pronto com facilidades de pagamento. Dado o presente debate internacional sobre a eutanásia sim ou não, será que ainda viremos a ter a morte a prestações?

O Mirante

Semana após semana, O Mirante afirma-se como o grande semanário regional de referência. Esta semana, noticiando a inauguração da Ponte do Flecheiro, foi o único periódico a acrescentar que, lá para Março/Abril, haverá nova inauguração, com pompa e circunstância, enquanto que esta foi "singela". Quando se escreveu aqui no blogue que além de "herdeira rica e burra", Tomar começava igualmente a ser conhecida como "a terra do faz de conta", pois inaugura obras que faz de conta que estão prontas, houve leitores que não gostaram. Resolvemos fazer de conta que não era nada connosco. Agora a realidade objectiva veio dar-nos razão. Faz de conta que ainda não houve inauguração e faz de conta que a de Março/Abril será a primeira. Resta fazer votos para que seja a última, que nestas coisas há sempre comes-e-bebes e outras alcavalas, e em ano eleitoral nada é certo.

Na citada inauguração, o presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, que igualmente preside à Sociedade Tomar-Polis, afirmou que "quer a ponte quer a requalificação das margens do rio são obras que vão criar um grande impacto na cidade... ...dando uma nova vida ao centro urbano." Cá estaremos para ver, diz-se aqui na redacção.

Corvelo de Sousa também deu a sua opinião, segundo a qual estas obras "vêm melhorar significativamente as condições de vida dos tomarenses." Sem comentários...

Ironia das ironias, logo mais adiante O Mirante noticia que houve inundações em Tomar, no Texas Bar, frente à Igreja de Santa Iria, na Rua Miguel Ferreira e no Bom Jesus. Ou seja: Gastam-se 520 mil contos numa ponte e arranjos contra as cheias, mas por falta de manutenção, ou devido a deficiente concepção da rede de esgotos, logo que chove um pouco mais há inundações graves. Estranha terra...

Igualmente no Mirante, a notícia de que a AM de Coruche aprovou a escolha de uma sociedade privada de revisores oficiais de contas, para auditar as contas municipais de 2008/09/10. Por razões que nos escapam, aqui em Tomar, quando alguém fala em auditoria à Câmara, põem-se logo a assobiar para o lado, fazendo de conta que não ouviram...

Cidade de Tomar

Decano da imprensa local e do norte do distrito, o semanário da Praça da República faz manchete com a reabertura do Parque de Campismo, mas só para autocaravanas e em data a determinar. Caso a ASAE e outras entidades oficiais estejam pelos ajustes, acrescentamos nós. Referência também para a suspensão do aumento das taxas camarárias, numa clara vitória da oposição, visto que a decisão foi unâmime. Pouco a pouco, os nossos políticos lá se vão dando conta de que estamos mesmo a atravessar uma grave crise, que ninguém sabe quando terminará.

Contrastando com a manchete, Eduardo Serraventoso apoia o encerramento definitivo do Parque de Campismo naquele sítio, num artigo de opinião cujaa fundamentação não nos pareceu suficientemente sólida. Não basta afirmar, é preciso demonstrar.

Por vezes com falta de espaço, desta vez CT parece ter tido espaço a mais. Só assim se explica que tenha publicado 4 páginas de pequenas fotos legendadas, duas sobre 2008 em revista, outras duas com propostas de melhorias para 2009, numa clara manobra de "encher chouriços".

Noticiando igualmente a inauguração da ponte, sem todavia fornecer os detalhes contidos no Mirante, o periódico dirigido por António Madureira publica esta notícia muito peculiar, com fotos a cores: "O Turismo de Lisboa e Vale do Tejo realizou o seu convívio de Natal, na Quinta da Torre, em Alpiarça, onde reuniu 78 funcionários. A todos foi oferecido um cabaz de Natal, tendo os filhos recebido prendas. Cerca de uma mês após a sua tomada de posse, a comissão directiva... ...desejou a todos os funcionários um período de Natal repleto de felicidades." Enfrentando cada vez mais dificuldades, entre as quais avulta o pagamento de contribuições, derramas e impostos, cidadãos por nós contactados mostraram-se surpreendidos perante tais factos, tendo alguns perguntado se afinal o novo organismo regional se destina mesmo a promover e incrementar o turismo, ou simplesmente a melhorar as condições de vida dos seus dirigentes e funcionários. Porque, em política, já dizia o outro, o que parece é. E comemorar o que quer que seja um mês após a tomada de posse, além de oneroso é ridículo.

O Templário

No semanário dirigido por José Gaio há esta semana vários temas a destacar. Desde logo três entradas importantes: Página e meia com opiniões sobre a nova ponte, o comentário de Isabel Miliciano e o texto acutilante de Jorge Ferreira. Vejamos cada um deles com mais detalhe.

Sobre a ponte, abundam as opiniões de que aquilo está muito bonito, como se o problema fosse de estética e não de custos/benefícios. Embora o jornal tenha complementado, aludindo a alguns erros manifestos, fica-se com a ideia de que, parafraseando alguns esquerdistas de 75, havemos de salvar Tomar, nem que seja contra os próprios tomarenses!

O comentário de Isabel Miliciano é frontal e corajoso, como habitualmente. Ou não se tratasse da única militante do PSD que defende uma candidatura com projecto e respectivo modo de implementação.

Jorge Ferreira ataca fortemente o actual presidente, num texto bem escrito e pertinente, que enferma quanto a nós de dois óbices. Por um lado, embora não seja nem o momento nem o local para justificar porquê, Corvelo de Sousa tem toda razão naquilo que disse sobre a Ordem de Cristo e respectivas sequelas a nível sociológico. Estamos bem posicionados para o dizer, visto que nunca lhe poupámos críticas. Por outro lado, após um tal ataque cerrado, o leitor aguardava outro desfecho. A comparação com Óbidos é muito adequada; porém, escrever que "Esta entrevista é lamentável. Mostra sobretudo que a geração actual que governa Tomar não está à altura da empreitada", não corresponde à expectativa criada ao longo do excelente comentário. E não peca certamente por excesso de clareza. Afinal, de que geração estamos a falar, quando falamos da que actualmente governa Tomar?