sábado, 10 de janeiro de 2009

CONVENTO A RUIR? - EXPRESSO REINCIDE



António Rebelo
Pela segunda vez, o Expresso de hoje aborda a alegada degradação do património, dando especial relevo ao Convento de Cristo. O título "UNESCO diz que património é uma vergonha" figura à esquerda de uma foto a 5 colunas, com a Janela do Capítulo, o botaréu do Rosão de Ouro, parte do Claustro de Santa Bárbara e parte do Claustro da Hospedaria.
No corpo da notícia pode ler-se, designadamente, que "As preocupações do presidente da Comissão Nacional da UNESCO centram-se neste momento na tentativa de encontrar uma solução para cada um dos 13 monumentos e sítios classificados -e os que estão em pior estado são o Convento de Cristo, o Mosteiro de Alcobaça e os centros históricos de Évora e Porto." Dado que a notícia não fornece qualquer outro elemento sobre o Convento, fui a www.expresso.pt/expressotv, conforme aconselhado pela jornalista. Terminado o video, de pouco mais de 2 minutos, percebi que Alexandra Carita, a autora da notícia e narradora, parece ter ficado particularmente impressionada com a degradação do Claustro da Hospedaria, com as ruínas dos Paços do Infante e com a falta de limpeza da Janela do Capítulo. Segundo a ouvi afirmar, a limpeza da janela a laser é demasiado cara e a limpeza a jacto de água ou de água com areia pode destruí-la. Nem sequer considerou a hipótese mais sensata -deixar a janela descansada, tal como sempre esteve, limitando-se a arrancar as ervas e os arbustos, ou retirar os ninhos de pombo, ou outros, sempre que necessário, e com muita cautela.
Se não conhecesse bem os tomarenses, sendo eu um deles, faria aqui um apelo, no sentido de evitar que se mexa na janela de forma irremediável; no sentido de a manter tal com está, com a sua patine multicentenária, que lhe dá autenticidade e até agrada aos turistas estrangeiros, mesmo os mais advertidos. No "Guide du Routard" - Portugal -2008" pode ler-se, na página 342: "É a mais fascinante das obras manuelinas em Portugal. Resume e concentra, de um modo perfeito toda essa arte, ponto culminante do delírio vegetal. O musgo e os líquenes contribuem ainda mais para lhe dar espessura e relevo." Se assim é, para quê modificar e arriscar enormes perdas?
À luz da peça desta semana, penso já ser possível conjecturar, com relativa segurança, onde se pretende chegar. No meu modesto entendimento, trata-se de legitimar, junto da opinião pública, o recente decreto-lei do Ministério das Finanças, que torna possível a exploração dos monumentos classificados por entidades privadas. Tenta-se igualmente, segundo julgo, tornar mais atractivo o mecenato por parte das grandes empresas, mediante a promoção daí resultante, além dos benefícios fiscais.
Incluindo na sua peça as propostas de cinco especialistas de diversos quadrantes (um arqueólogo, dois arquitectos, um historiador e o presidente da Comissão Nacional da UNESCO), a jornalista termina destacando a acção mecenática da Cimpor e da EDP. Sobre esta última dá até aos tomarenses uma novidade em primeira mão: Nos termos de um protocolo EDP/IGESPAR, a empresa de electricidade vai proceder à iluminação cenográfica de alguns grandes monumentos, entre os quais o Convento de Cristo. Agora só falta saber quando e se o Castelo está ou não incluído. Os projectores continuam lá (ver foto), mas há longos meses que não acendem. Alguém sabe porquê?
Falta igualmente que as entidades responsáveis arranjem coragem e audácia para encontrar um modelo de gestão turística à altura da categoria do Convento de Cristo. A situação presente, que se arrasta há longos anos, não beneficia ninguém e pode contribuir até para cavar a sepultura dos seus funcionários, caso não se aja atempadamente para acabar com aquilo que configura uma anomalia. No guia há pouco citado a propósito da Janela, com uma tiragem anual de 75.000 exemplares, é dito que no Castelo de Ourém, cuja entrada é gratuita, há visitas guiadas a 1 euro por pessoa. No Convento de Cristo, que fica a menos de 20 quilómetros, paga-se 5 euros, não há visitas guiadas e algumas publicações aí à venda são de fraca qualidade. Ourém e Tomar farão parte do mesmo país?

16 comentários:

Anónimo disse...

Rabisco sujeito a apreciação:

Na China e Turquia os visitantes ingleses bem como as respectivas receitas turísticas provindas do UK subiram!
Senhor Rebelo o que vem nos jornais tem utilidade mas não está provado cientificamente que a quebra da libra reduza as reservas hoteleiras! Aliás não está provado cientificamente que tomar Mega Massa faça, em média, crescer os músculos mas os atletas profissionais e amadores tomam. O aconteceu neste fenómeno de curto prazo é que (e aí o senhor transcreveu aquilo que eu já tinha referido nos meus rabiscos: o lobby de outros destinos turísticos alternativos como a Croácia, Grécia, Turquia explicam parcialmente o desvio e não a desvalorização da libra esterlina).
Como sabe o governo publicou o PENT (2006) e identificou três grupos de países distintos para os quais os decisores de política económica nacionais devem dar especial atenção até 2015. Neste documento está escrito que em 2015 os turistas não residentes serão 21 milhões – completamente irrealista! Há aqui um problema. Ninguém sabe o que acontece à procura turística (pode usar as estadias nos estabelecimentos hoteleiros ou a duração da estadia nos estabelecimentos hoteleiros ou os turistas na fronteira ou as receitas turísticas ou outra variável proxy) do UK em PT quando o preço da moeda inglesa se altera! Nem no curto nem no longo prazos. E quem diz que sabe é mentiroso! Por isso é uma falácia dizer que: porque a libra em relação ao euro desceu então menos ingleses viajam para o Algarve! A teoria da procura, como sabe, diz que sim mas da teoria à realidade vai uma distância razoável. Se porventura estimar um modelo univariado da Aggregate Tourism Outbound do UK verificará que, com dados anuais ou trimestrais, se a libra é mais fraca então os ingleses viajam, no global, menos (em 2008, menos 1% apenas de quebra em turismo emissor devido ao aumento do desemprego inglês; da quebra da libra que deslocou bifes para os EUA, China com os Jogos Olímpicos e para fora da Eurolândia, no global, e não no caso particular de Portugal) mas se viajam menos para o Algarve é porque escolheram, também, mais a Madeira (as dormidas em 2008 subiram de Janeiro a Agosto de 2008 e relativamente ao período homólogo de 2007, 29,8%!) ou a Turquia. Há um desvio não por causa do efeito da elasticidade cruzada (Portugal/Turquia) que não tem significância estatística mas por causa dos nossos governantes: o charme junto dos ingleses deveria ter sido antes e não agora. Um governante ao deslocar-se ao Reino Unido prova, claramente, a incompetência e vassalagem do executivo português (para quê? Não adianta nada agora) e apenas porque os hoteleiros algarvios apelaram? É basicamente eleitoralismo. Até digo que não é coerente com a linha governativa traçada pelo senhor Sócrates mas estamos em ano de eleições e compreende-se em função da correlação entre ciclo político/económico.
O próprio governo (responsável pela publicação do PENT – muito giro de se ver – mas oco por dentro) não tem capacidade para prever pois não sabe. As medidas que propõe são avulsas e discricionárias. Aliás no turismo em Portugal não existem modelos de previsão suficientemente precisos (por exemplo com lags mensais/trimestrais) para se elaborar um verdadeiro Plano Estratégico Nacional de Turismo. Devo-lhe dizer que apesar da crise económica o turismo está para ficar como a terceira actividade mundial mais importante a seguir às indústrias petrolífera e automóvel.
Se, em Portugal, entre 1990 e 1997 os turistas aumentaram 2 milhões; entre 1997 e 2001 mais 2 milhões e entre 2001 e 2007 apenas mais 100.000 (cem mil) turistas então o que se estava à espera? Milagres ou oferendas governamentais? A realidade em 2009 é outra? Mas não há dados suficientemente precisos… senhor Rebelo. Espero que não acredite naquilo que vem, apenas, no “Expresso” e nos jornais, leia documentação fiável e compreenda, por favor, as dinâmicas dos movimentos temporais conjunturais e estruturais pois nos jornais muito do que lá vem é para o lixo ou para reciclagem!
Deixo-lhe, por fim, três bons manuais para saber um pouco mais como abordar os problemas no Turismo e faço votos que me ensine mais ainda sobre Economia Política:
- Cunha, Licínio (2006), Economia e Política do Turismo, Editorial Verbo, Lisboa;
- Cunha, Licínio (2007), Introdução ao Turismo, Editorial Verbo, Lisboa;
- Greene, William (2008), Econometric Analysis, sixth edition, Prentice Hall.



*Mega Massa Pro*

Anónimo disse...

"No Convento de Cristo, que fica a menos de 20 quilómetros"

A distância entre Ourém e Tomar são mais de 20 Km e não "menos" e para isso basta consultar o http://maps.google.pt

Anónimo disse...

Exceptuando a "ode ao musgo" devo confessar que o A.R. TEM RAZÂO.
É ainda profético nos últimos parágrafos...

Anónimo disse...

O que interessa é o pensamento e não o pensador por isso escrevo anonimamente em: http://orionabao.blogspot.com

Anónimo disse...

Resposta aos leitores:

1 - Quando escrevi "a menos de 20 quilómetros de Ourém" estava a raciocinar "à vol d'oiseau". Em linha recta, para falar português. Porquê? Porque acontece-me pensar em francês, por causa da minha formação universitária, e os gauleses é assim que usam. Repare neste curto excerto: "A cerca de 25 Kms a leste de Fátima, pela N 113, Tomar revela-se uma das cidades mais "toscanas" de Portugal." (Routard/Portugal 2008, pág. 338)
No entanto a sinalização indica, consoante os casos, Fátima 35 ou 37 Kms.
2 - Não fiz nenhuma ode ao musgo. Limitei-me a emitir uma opinião que me parece a mais sensata, apoiando-a com uma citação credenciada em termos de turismo profissional.
3 - Está no seu direito de considerar que o que interessa é o pensamento e não o pensador. No nosso país a pragmática linguística não faz parte dos currículos escolares ou universitários, o que o levará a pensar que o seu axioma é verdadeiro e irrefutável. Julgo não ser o momento nem o local para desenvolver a questão, pelo que me limito a dar-lhe um exemplo: Experimente dizer a mesma coisa que o Presidente Cavaco, e veja se atribuem igual importância às declarações nos dois casos...

AR

Anónimo disse...

Ora bolas! Vai um paroquiano cheio de esperança, e acicatado pela mensagem do Pato Bravo Tomarense, a
orionabao e leva com um balde de água fria: a última "entrada" naquele blogue é de Agosto 2008! Então isso faz-se, senhor Pato Bravo?! Ainda por cima, tudo indica que Pato Bravo = MMP!
Ele há cada um!!!

Anónimo disse...

1 - Tem razão o António Rebelo quando defende uma não intervenção de fundo na janela do Capítulo. A marca do tempo faz parte integrante do valor que aquela (ou qualquer outra)peça escultórica arrasta. Apoio uma intervenção moderada no sentido de se lhe retirar algum do coberto verde que a "adorna" e demais lixo trazido pelos ventos e pelas aves. Se uma intervenção desse género for feita com a devida regularidade estará assegurada a integridade da mais emblemática imagem de Tomar.
São por demais conhecidos os nefastos resultados de modernas "técnicas de limpeza", sejam elas a poder de jacto de água simples ou de parceria com areia. Veja-se o que sucedeu nos Jerónimos.

Rui Ferreira disse...

Caro Anónimo e caro Amtónio Rebelo, parece que já tivemos esta conversa, há muitos anos...
Voltamos às mesmas considerações estéticas!

Não é pelo facto de ser mais agradável à vista que se procede a uma intervenção num edifício; É sim porque é aquela intervenção possível e desejável, à luz dos conhecimentos existentes, das técnicas e dos materiais disponíveis...

Ao invés dos "jactos e lasers" relançados pela srª do Expresso há muito trabalho a fazer....

Não queiramos nós, também, tocar rabecão!

Unknown disse...

Concordo com a senhora do Expresso.

Faz falta!

Lasers, bolas de luzes, projectores de alta potência,caipirinhas, blood marys's, uisques com muito gelo, ah! e colares com muita cor iguais aos que enfeitaram a Torre de Belém.

E não se pode exterminá-los?

Anónimo disse...

AR (Açaimo Rebelde), sinceramente, pensava eu que o Rebelo pensava que ser humilde era uma qualidade. Pensava eu mal mas já sabia, há bué, só que lhe dei o benefício da dúvida. Então sendo assim cá vai:
- A sua formação está ULTRAPASSADA! Olhe ao espelho.
- Ninguém lhe liga PATAVINA. Eu não me queixo.
- O que fez por Tomar? Andou na RTT a papar como os outros que vieram a seguir? Ponha a mão na CONSCIÊNCIA! Your time is over, man.
- Entretenha-se com o seu blogue fruto do seu tempo para lazer. Eu tenho pouco tempo porque é escasso e precioso. Na sua idade e estando como "inactivo" faça turismo ou sofre do paradoxo do lazer?
Por fim já que o Rebelo parece que não tem que cuidar de quem mais gosta: das duas uma ou admira a notoriedade (observo que tem propensão para... mas eu tenho-a mesmo acredite e não preciso dela) ou é burro (eu lamento dizer mas tenho dois dedos de testa como prova o meu percurso. Está publicado Rebelo... está publicado) pois não parece perceber quase nada de turismo (então que esteve a fazer na RTT?). Eu conheci, em tempos, muito bem o que produziam nesse edifício ex-BP. Nada!) ou de bodybuilding. Seja feliz e boas leituras no "Expresso". Eu leio-o on-line para não sujar os dedos.
E já agora imagine que aquilo que escreve era feito por Pedro Marques? Ninguém lhe ligava e perdia as eleições. Está a ver a diferença: um anda na terra o outro no céu. Estar junto da população não é estar no PC a rabiscar. Quer ser o Paulinho da Feiras no tempo do independente? Tenho um amigo que me disse: "esse Rebelo... ninguém lhe liga é o Rui Santos da Economia Política de Tomar mas mais velho tu és o Mourinho daquilo que fazes cá". Eu acreditei nele mas pensei "o homem deve ser um génio" e como ainda só conheci dois em 10 milhões de portugueses assim que tocou na Agenda 2015 para Tomar, na libra esterlina e na distâncias kilométricas tirei a ideia da tal genialidade pois é um mero cidadão que lê umas coisas e debita a matéria por aqui e acolá. Companheiros meus dizem-me que o Rebelo é um tira dali e cola acolá. É do tipo cola-cola. E é mesmo: o senhor secretário de Estado diz A, o senhor presidente Cavaco afiança B e pronto lá vai o Rebelo escrever. Mas que raio de democracia é esta?
Passe bem, flor de estufa e solte os cães que eu gosto.


*Mega Massa Pro*

Anónimo disse...

DEMASIADO EVIDENTE: O JORGE NEVES DA EXTINTA RTT TEM A MESMA FORMAÇÃO ACADÉMICA BASE QUE O P8.
O QUE É QUE ELES SABEM FAZER MUITO BEM?
PASSEAR E COMER À CONTA DA ANTIGA RTT. ISSO É QUE É PERCEBER DE TURISMO, EHEHEH.
ESSA É QUE É A ESPECIALIZAÇÃO DO P E JÁ AGORA DO CHULO DO MANUEL FARIA MAIS OUTRO COMO FORMAÇÃO BASE EM QUÊ?


O BURRO!

Anónimo disse...

Caro MMP:

Creio que está a ser vítima de algum ocasional e aborrecido lapso de memória. Ou então começou novamente a armar ao pingarelho. Saiba que nunca trabalhei ou recebi um único cêntimo da defunta RTT. Bati-me em Santarém, sòzinho contra todos, pela sua criação. Isso sim! Depois, logo que cheirou a colocação bem paga, sucedeu o que é sabido: Duarte Nuno, Murta, Chambel, Relvas, todas as tendências aproveitaram o maná. As suas críticas, na parte que possa ser considerada coerente e pertinente, devem por isso ser-lhes endereçadas, e não a mim que apenas sou responsável pelo nascimento da criança. Outros a educaram e reconheço que os resultados foram lamentáveis...
O resto da sua prosa, que respeito, não comento. Essencialmente por dois motivos: 1 - Eu assino com a minha identidade real e as pessoas conhecem-me há muitos anos. Se as coisas que você diz a meu respeito fossem verídicas, já se saberia há que tempos. 2 - O senhor e os seus vêem o país e o mundo pelos "óculos" do IPT, do MIT ou da LSE, que o mesmo é dizer em inglês. Eu, pelo contrário, vejo-o em francês. E penso que a Guerra do Cem Anos não terá acontecido por acaso...
E,quanto a guita, fico-me por aqui, que o papagaio já vai alto demais para o meu gosto.

Cumprimentos

AR

Anónimo disse...

Em nome de toda a redacção, solicita-se ao BURRO que vá zurrar asneiras para outro blogue, a bem dos costumes e da decência. Caso contrário, seremos forçados a eliminar as suas mensagens. Esta de hoje fica. Para os leitores poderem testemunhar que temos razão e que tamanha imbecilidade dói até aos mais empedernidos. Seja-nos, por isso, permitida a expressão popular: Arre chiça, que é demais!

Odete das Farturas

Anónimo disse...

Calma Odete!

Tomar ainda há-de voltar a ser nossa!

A luta continua!

Ousar Lutar! Ousar vencer!

Lutar no Nabão! Lutar em Terra!

Odete,

Tomara ainda ser nossa!

FOR EVER!

Anónimo disse...

PARA O SR. MANUEL FARIA

Já lhe conheci melhor prosa. A sua intervenção num dos semanários tomarenses ficou muito aquem daquilo que pode fazer. Ser jocoso obriga a uma escrita mais elaborada. E aquele final com alusão à Casa das Ratas é caseira, caseirinha demais para dever ser levado a sério, sr. Faria! Ou estaria V.Exa num momento mau?

Anónimo disse...

2 apontamentos
a) realmente o artigo é relacionado ao convento e não ao castelo...o caro bloguista colocou foi o castelo

b) existem arcos que realmente têm a ornamentação e tecto em muito mau estado, mas ao ponto do expresso vir dizer que o convento está a ruir é um grande exagero.

cump.