sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CADA VEZ MAIS NEGRO O NOSSO FUTURO

Finda a tradicional trégua dos pasteleiros, voltamos ao desagradável presente e ao muito incerto futuro. As coisas são o que são e a maquilhagem, mesmo muito bem feita, só consegue disfarçar as rugas durante um certo tempo.
Três factos, aparentemente sem relação entre si, sinalizaram esta semana a realidade económica cada vez mais perigosa em que vivemos. A câmara de Santarém, noticiou a imprensa, foi forçada a adiar, para o fim de Janeiro e para o fim de Fevereiro, o pagamento de ajudas de custo e de horas extraordinárias aos seus funcionários, devido a problemas de tesouraria (leia-se falta de dinheiro disponível). O município tomarense está outra vez em confronto com a Bragaparques, que desta vez pretende uma indemnização de oito milhões de euros, mais alcavalas. Na Madeira, Alberto João Jardim, o inventor do "jardinismo", aquela política cujo princípio fundamental é "gastar, gastar, que alguém há-de pagar", solicitou à banca um empréstimo de 500 milhões de euros, para acertar contas com um consórcio que lhe construiu uma auto-estrada de 44 quilómetros (!!!), e pela primeira vez no seu já longo reinado, ouviu um sonoro e categórico NÃO !
-E que têm esses factos a ver connosco ? perguntarão os leitores. A circunstância de constituirem enormes painéis de sinalização para os nossos eleitos, respondemos nós. O caso de Santarém mostra que as receitas não são de modo algum elásticas, pelo que qualquer autarquia está sujeita a entrar em insolvência a qualquer momento. A exigência da Bragaparques torna claro que a anterior e a presente câmara nunca terão cuidado devidamente dos interesses do município. A recusa da banca madeirense evidencia que a extravagância perdulária tem os seus limites, quaisquer que tenham sido os resultados eleitorais.
Nesta envolvência, vai sendo tempo de dizer aos eleitos e aos eleitores tomarenses que o nosso município está em virtual falência técnica. Os seus compromissos com terceiros são superiores ao total das receitas anuais reais + património negociável. Dado que a própria "máquina autárquica" consome mais de metade dessas receitas com vencimentos e outras despesas fixas, o nosso futuro é negro, visto que as despesas fixas vão sempre aumentando, enquanto as receitas vão caindo aceleradamente. A continuar a actual tendência, como tudo parece indicar, algures no próximo ano (2011), ou até antes, a autarquia não terá sequer dinheiro para pagar atempadamente aos seus funcionários.
Como se tão triste e grave perspectiva não bastasse, é agora claro e sem qualquer dúvida que as três forças políticas representadas no excutivo iludiram os eleitores nas recentes eleições. Afirmaram ter ideias, planos e projectos adequados à c0njuntura, mas afinal não têm nada. Pelo contrário, quanto mais se faz sentir a necessidade para a autarquia de conseguir novas fontes de receita, mais os senhores edis da circunstancial maioria e da oposição avançam com propostas implicando novas despesas. Até se insiste no erro de gastar milhões em obras que dentro de poucos anos não terão qualquer utilidade. As novas escolas Nuno Álvares Pereira, por exemplo, devido à notória debandada da população e à nítida baixa da natalidade. Ao procederem assim, os nossos representantes estarão à espera de quê ? Do milagre da multiplicação dos euros ? Ou apenas de irem governando as suas vidas o melhor possível, e os outros que se lixem ?
Aqui chegado, quem lê este texto perguntará -Que fazer então ? Arrepiar caminho, dizemos nós. E quem não sabe inverter a situação, que tenha pelo menos a humildade de dar lugar a quem saiba. Como é do conhecimento geral, só a morte é que não tem solução. Mas há doenças que quanto mais tarde são tratadas, mais dolorosa é a terapêutica e mais incerta e prolongada a cura.
Nota final
Seria extremamente mais agradável escrever algo no estilo "tout va très bien madame la marquise". Os leitores, sobretudo os visados, ficariam muito satisfeitos e o autor destas linhas livrar-se-ia de uma quantidade de nomes, ofensivos para ele, para a mãe e para a companheira. Pelo menos ! Mas no estado a que isto chegou, seria criminoso. E não tenciono ser cúmplice da intrujice política local.

3 comentários:

josé Soares disse...

Venho manifestar o meu regozijo ao blog Tomar a Dianteira, pela forma e tratamento dados às questões relevantes cá do burgo.
As questões aqui levantadas primam pela inteligência, pelo rigor e, sobretudo, pela boa fé na defesa intransigente dos verdadeiros interesses de Tomar, aqueles que são estruturantes para o nosso futuro, e com assinavável mestria a defesa do nosso Património que afinal é da Humanidade.
Pese embora a mui falta de bom senso da "classe política" que por cá temos tido, há sempre alguém disponível para dizer POR AÍ EU NÃO VOU!
E daqui saúdo publicamente o Dr. António Rebelo e Sebastião de Barros (este último não sei quem é) pela inteligência e acutilância com que manifestam o seu dever cívico na defesa dos nossos direitos como cidadãos de corpo inteiro, bem como pela denúncia das barbaridades com que nos vão confrontando os politiqueiros (sim! Porque a sua visão política é de capelinha com c minúsculo) de serviço.
Prefiro mil vezes assumir a minha obrigação, quer pelo direito quer pelo dever, de cidadania e, por isso, poder ser criticado pelos esbirros que por aí circulam, do que abdicar e deixá-los destruir o pouco que resta para destruir, sabendo que o fazem apenas por a lei desresponsabilizar os "assassinos" da nossa riqueza patrimonial e não só, quando os erros são feitos em nome de opções políticas e estes, por norma, estão debaixo da alçada da inimputabilidade.
Que raio de regime é este, que vivendo debaixo da expressão de democrático, não responsabiliza os autores dos "crimes" urbanísticos, patrimoniais etc., quando realizados no exercício de funções públicas?
Pobre Democracia!!!
José Soares

Anónimo disse...

Venho manifestar o meu regozijo ao blog Tomar a Dianteira, pela forma e tratamento dados às questões relevantes cá do burgo.
As questões aqui levantadas primam pela inteligência, pelo rigor e, sobretudo, pela boa fé na defesa intransigente dos verdadeiros interesses de Tomar, aqueles que são estruturantes para o nosso futuro, e com assinavável mestria a defesa do nosso Património que afinal é da Humanidade.
Pese embora a mui falta de bom senso da "classe política" que por cá temos tido, há sempre alguém disponível para dizer POR AÍ EU NÃO VOU!
E daqui saúdo publicamente o Dr. António Rebelo e Sebastião de Barros (este último não sei quem é) pela inteligência e acutilância com que manifestam o seu dever cívico na defesa dos nossos direitos como cidadãos de corpo inteiro, bem como pela denúncia das barbaridades com que nos vão confrontando os politiqueiros (sim! Porque a sua visão política é de capelinha com c minúsculo) de serviço.
Prefiro mil vezes assumir a minha obrigação, quer pelo direito quer pelo dever, de cidadania e, por isso, poder ser criticado pelos esbirros que por aí circulam, do que abdicar e deixá-los destruir o pouco que resta para destruir, sabendo que o fazem apenas por a lei desresponsabilizar os "assassinos" da nossa riqueza patrimonial e não só, quando os erros são feitos em nome de opções políticas e estes, por norma, estão debaixo da alçada da inimputabilidade.
Que raio de regime é este, que vivendo debaixo da expressão de democrático, não responsabiliza os autores dos "crimes" urbanísticos, patrimoniais etc., quando realizados no exercício de funções públicas?
Pobre Democracia!!!
José Soares

Anónimo disse...

Apesar de pobre...ou podre, é só mudar uma consoante, esta democracia ainda vai funcionando. E a prova disso é que não te temos no elenco camarário, não é, José Soares??!!!