sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

É GUERRA, É GUERRA ! Resposta ao cidadão Veloso

Exemplo de uma recente intervenção, por técnicos credenciados de conservação e restauro, neste caso na Ermida da Conceição
Resolveu o respeitável cidadão Veloso lançar, em CIDADE DE TOMAR, página 23, uma disfarçada catilinária contra os signatários do apelo a favor da preservação da Janela do Capítulo, com o seu aspecto actual de obra de arte com 500 anos. Como fui um dos primeiros signatários de tal documento, sinto-me na obrigação de lhe responder. Entre outras razões, porque fiz e faço parte daquelas centenas de milhares de portugueses que não fugiram. Foram treinados para a guerra e fizeram a guerra em África, muitos sem com ela concordarem, e de manta às costas. Outros tempos, que oxalá não voltem !
Tem o cidadão Veloso a coragem de exercer o seu direito de cidadania, expondo publicamente os seus pontos de vista e assinando, neste caso à cabeça. Louvo-lhe tal atitude. Docente do ensino politécnico tomarense, cuja qualidade é geralmente reconhecida a nível nacional; cujos alunos são, como se sabe, de primeiríssima escolha; e cujos métodos de recrutamento do corpo docente têm constituído um verdadeiro paradigma de transparência e da igualdade de todos os cidadãos perante as leis do país, está o citado cidadão naturalmente acima de qualquer suspeita, em termos de declaração de interesses.
É certo que a empresa IN SITU Conservação de bens culturais, Lda, que foi contratada para a primeira fase da limpeza e tratamento da nave manuelina, por ajuste directo, (o que quer dizer sem concurso público), afirma ter colaboração com o Departamento de Arte, Conservação e Restauro, do Instituto Politécnico de Tomar, onde justamente o cidadão Veloso exerce em parte o seu ofício de historiador encartado. É igualmente verdade que uma das técnicas especialistas da referida empresa, que até apresenta no seu currículo aquela desgraça que foi a intervenção no exterior do Corredor do Cruzeiro do Convento de Cristo, foi baptizada como Maria Madalena Pinto Veloso.
Serão apenas meras coincidências, até porque se acaso fossem outra coisa, o respeitável cidadão Veloso não teria deixado de fazer a sua prévia declaração de interesses, de forma a não induzir os seus numerosos e dedicados leitores em erro, não é verdade ? Simples coincidências, portanto, mas ainda assim pouco ou nada oportunas, mormente quando se escreve, designadamente isto -"Vamos já fazer abaixo-assinados a exigir que os técnicos de restauro se limitem...a olhar".
Se pretendesse ser cruel, diria que em muitos casos, na verdade, se os técnicos de restauro se têm limitado a olhar, os monumentos intervencionados estariam agora bem melhor. E posso apresentar exemplos devidamente documentados. Só o não faço agora para poupar espaço e a paciência dos leitores.
Para além da involuntária baralhação raciocinal do cidadão Veloso, pois o património não existe para dar trabalho aos técnicos, estes é que se formaram para servir o património, só onde e quando seja inquestionavelmente necessário, avultam duas outras questões. No meu modesto entendimento, de mero cidadão apenas alfabetizado, o respeitável cidadão Veloso, até pela sua excelsa formação universitária, em vez de lateralizar a questão num texto vagamente sarcástico, andaria muito melhor se completasse a sua frase "Os monumentos degradam-se:" com uma demonstração e exemplos claros e inequívocos de que tal degradação resulta da pretensa sujidade e, sobretudo, que as projectadas limpezas/lavagens os deixaram ou vão deixar menos degradados e mais protegidos. Como diz o povo ao qual pertenço -Isso é que era obra !
Um último tópico. Não nasci em berço de ouro, bem pelo contrário. Vim ao mundo ali no hospital da Rua da Graça e fui baptizado em S. João Baptista. A minha mãe era lavadeira e nunca foi à escola. Como me formei em Paris, acredito que tal situação incomode seriamente a autoproclamada "boa sociedade" tomarense. Ou pelo menos uma parte. Dito isto, sem ponta de orgulho, mas igualmente sem sombra de vergonha, recuso incluir-me no âmbito da quanto a mim infeliz frase do cidadão Veloso: "Porque nós, os legítimos nativos, é que sabemos !"
Ser tomarense de nascimento e de vivência, poderá não ser uma qualidade. Mas também não é, de certeza, um defeito. Tal como acontece com os metecos, desde que não abusem ! Caso contrário, é como exclamou, a dada altura, a filha do "venerando" -Ora essa ! É guerra, é guerra !
António Rebelo

9 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Mas assim é que está correcto!!! Então não percebeu ainda que estamos na era do minimalismo? As coisas quanto mais simples forem melhor! Aquela peça, cinzelada como o foi originalmente, ganhava muito verdete e outras porcarias ruins porque tinha muitas reentrâncias, etc e tal, tornando até mais chatas futuras limpezas. Assim, alisando a coisa é um vê se te avias!
É como nos móveis das nossas casas! Quantos mais "requiebros", "torcidos" e "contorcidos" têm mais difícil se torna limpar-lhe o pó e passar-lhe óleo de cedro! Pergunte à sua Maria...

Anónimo disse...

LEY | Apoyo de la izquierda
El Parlamento de Portugal aprueba el matrimonio entre homosexuales
Las parejas de personas del mismo sexo no podrán adoptar
Virginia López | Lisboa
Actualizado viernes 08/01/2010 14:46 horas
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Como ya se esperaba, el Parlamento portugués ha aprobado el proyecto de ley presentado por el gobierno socialista para permitir el matrimonio entre personas del mismo sexo, con los votos a favor de los partidos de la izquierda, excepto dos diputadas socialistas que han votado en contra, junto con los dos partidos de la derecha, que también se oponían a la alteración de la ley.

Mientras los diputados votaban en el interior de la Asamblea de la República, en el exterior, varios gays y lesbianas brindaban con champán y besos, a pesar de entender que se trata de una ley "a medias", al haber dejado de fuera la posibilidad de adopción de niños para las parejas homosexuales.

Éste era el objetivo de la propuesta presentada por el Bloco de Esquerda y Los Verdes, -que fue rechazada- que pretendía incluir este derecho en la nueva normativa. A lo largo de algo más de tres horas de debate intenso, los diputados que defendían esta alteración criticaron la propuesta presentada por el Partido Socialista al entender que la nueva ley crea una "discriminación" en varios niveles, no solo en la adopción, sino también en las técnicas de procreación médicamente asistidas, entre otros.

Aunque bloquistas y verdes se habían comprometido con el PS a aprobar su propuesta, no desaprovecharon la ocasión para pedir al gobierno un mayor compromiso con el colectivo homosexual en Portugal. Por su parte, el primer ministro José Sócrates, se defendió señalando el "coraje político" de su partido para cumplir su promesa electoral de acabar con la discriminación para las parejas homosexuales.

"Hoy es un día histórico para el Parlamento luso", dijo el socialista al abandonar el hemiciclo. "El Estado no puede ser un obstáculo para la libertad de las personas", defendió Sócrates. Una libertad que para la izquierda tendría que haber ido más lejos. Pero Sócrates se defendió diciendo que todavía no se ha debatido lo suficiente en la sociedad lusa para avanzar también con la adopción, algo por lo que van a seguir luchando los colectivos gays portugueses.

También fue rechazada la petición para la realización de un referéndum para resolver la cuestión del matrimonio gay. La Plataforma cívica Ciudadanía y Matrimonio Homosexual presentó el martes más de 90.000 firmas para solicitar la realización de una consulta popular, una iniciativa que ha sido fuertemente criticada por la izquierda y muy defendida por el principal partido de la oposición, el Partido Socialdemócrata.

Durante su intervención, la diputada conservadora Teresa Morais presentó la posición de su partido, completamente contraria a la denominación de "matrimonio homosexual" que introduce la nueva ley, al entender que el matrimonio es una institución consagrada exclusivamente para la unión entre un hombre y una mujer.

El proyecto de ley tendrá que ser ahora aprobado por el presidente de la República, el conservador Aníbal Cavaco Silva, para que pueda entrar en vigor.

Anónimo disse...

O Sr. Dr. Rebelo arreou-lhe "nos machinhos", sim senhor!

Para um "catedrático" uma resposta de cátedra!

Só faltou acabar assim:

mais um do PS e se não é parece!
A ser assim, Vota PS que, com o frio que está, aquece!

Rui Silva disse...

Estimados amigos,
Não seria melhor estarmos todos a lutar pelo nosso patrimonio em vez de estarmos a comparar currículos?

Senhor Rebelo, não o conheço pessoalmente, mas admiro a sua postura como cidadão activo, mas será que é correcto associar as pessoas que trabalham no IPT com a limpeza da Janela?
(Atenção que também sou contra a limpeza,mas apenas porque na minha ignorante opinião vai danificar e expor ainda mais a janela aos elementos,mas domo disse, não percebo nada de restauro).

Como tomarense fico feliz de saber que há uma instituição tomarense certificada para colaborar com estas tarefas e não é preciso chamar nenhuma de Torres Novas ou Leiria.

Rui Silva

rui_h_silva@iol.pt

Anónimo disse...

Doutor Rebelo, 'eles' são assim mesmo - nasceram em berço de oiro e indigam-se porque os filhos de uma lavadeira aprendem como eles e também sabem enriquecer o seu conhecimento. Isso faz-lhes inveja. Não se preocupe. Mantenha viva a defesa de Tomar. Boa, a da ida à guerra. Só os medrosos fogem!

Frei Gualdim disse...

Quantos são? Quem é que tem medo? Quem é que tem medo da verdade? Porque é que estes catedráticos com cursos tirados na farinha Amparo não aprendem regras de humildade? Porque temem reconhecer quando erram? ...e tanto erram! É vê-los despitarem-se ao comprido mesmo nas matérias que dizem dominar. Recomendo uns cházinhos para domesticarem estes impulsos temerosos... medricas... merdosos.

Luis Ferreira disse...

Meus caros amigos

Conforme escrevi à algumas semanas: se eu fosse janela gritaria - deixem-me em Paz!

Percebem agora porquê?
Tais fundamentalismos só poderiam dar em disparate.

Nisto somos culturalmente superiores...

Carlos José Rodarte de Almeida Veloso disse...

O Cidadão Veloso pede a palavra

Em 8 de Janeiro último a Sr. António Rebelo colocou nas páginas deste blog uma resposta ao meu artigo do Cidade de Tomar, intitulando-a “É GUERRA, É GUERRA!”. Não serei eu que o irei desmentir. Até vou fazer melhor: vou-lhe dar oportunidade para me “picar” um pouco mais. Não estou a chamar-lhe picador, nem eu sou um touro, embora pertença ao dito signo. Mas sei por experiência própria que a Sr. Rebelo gosta de polémica e que é burro malhadeiro, isto sem absolutamente nenhuma ofensa ao respeitável senhor. O estilo é sempre o mesmo, mas há uma novidade: agora assina. De qualquer modo é uma “guerra” antiga, iniciada no Despertar do Zêzere de 22 de Outubro de 1988! Se alguém ainda se lembra desta pequeníssima polémica, poderá reconhecer a marca distintiva do Sr. Rebelo: o carimbo “meteco” que, evidentemente me ficou pegado à pele ao longo destes vinte e um anos de cidadania tomarense. E vem o senhor falar do “berço de ouro” em que, na sua abalizada opinião, eu nasci, contrapondo-lhe o seu honesto nascimento na classe trabalhadora. Não sei onde tem “pesquisado” a sua informação a meu respeito, mas só pode ter sido fruto do delírio. Ou o senhor anda a tomar coisas ilegais? Nem nasci num berço de ouro, antes num bem remediadinho. Do mesmo modo, a senhora de apelido Veloso que tem o cuidado de citar como “prova” do meu interesse desonesto na defesa de uma empresa chamada IN SITU, não só não é minha familiar, como me é totalmente desconhecida… tal como a dita empresa, acrescentarei. Azar o seu! Esta é única a resposta possível às insinuações pretensamente espirituosas com que me mimoseia, mas caluniosas, de facto, de que faz também parte uma “acusação” implícita de que eu teria fugido à guerra colonial. Mais uma prova da sua ignorância e/ou má fé: cumpri o meu serviço militar até ao fim, embora não tenha sido mobilizado. E, se lhe interessa a minha opinião, a coragem não está apenas em obedecer às ordens que nos dão, implicando o risco de vida. Pode-se correr riscos, e eu corri-os, como muitos e muitas mais, ao enfrentar a ditadura. E continuo aberto a novos desafios, se é que me entende.
Quanto à minha “excelsa formação universitária” como diz trocistamente, nunca a alardeei, mas estou orgulhoso, sim, de me ter formado na Universidade de Coimbra, cidade em que também fui “meteco”… Só que aí ninguém usa essa ridícula denominação. E não me sinto “meteco” em nenhuma das três cidades em que fiz a minha vida: Torres Vedras, o meu berço, Coimbra, a minha mestra, Tomar, o meu destino. E sobre os mimos enviados à instituição em que sou docente, aos meus Colegas e Alunos, acho-os uma perfeita prova dos seus complexos em relação a quem segue uma carreira. Acho isso deplorável. Conheço auto-didactas de grande valor que o são exactamente porque nunca tiveram pena de si próprios: estudaram, progrediram, alguns até resolveram aceder ao Ensino Superior, mesmo sem o necessitarem. Mas dá trabalho…
Quanto à frase que especialmente o picou, sobre os “legítimos nativos”, não pretende atingir as centenas de tomarenses com quem convivo, nem os muitos com quem criei laços de amizade, muito menos a generalidade da população, de que fazem parte cada vez mais numerosos “metecos”. Refere-se apenas à pequeníssima minoria de que é, pelos vistos, o guru, e que vêem os forasteiros como um perigo permanente. Como aqueles simpáticos xerifes das cidadezinha americanas que maltratam os visitantes. São um pouco como os doentes que fogem dos médicos e procuram curandeiros. Curandeiros que alguma coisa sabem, mas… Enfim! Muito boa noite senhor Rebelo!

Carlos Rodarte Veloso
crodarteveloso@gmail.com

Anónimo disse...

Muito bem!!! Sim senhor... Constata-se que o respeitável Senhor Rebelo continua a gostar de fantasiar a realidade. O que de facto revela falta de inteligência, tendo em conta o objectivo deste mesmo Senhor! Se o verdadeiro intenção fosse informar e alertar os ilustres tomarenses para o que se passa na nossa querida cidade, o meu caro senhor Rebelo perderia mais tempo a apurar factos e não a criar fábulas e alegadas contorvésias... Se a preocupação, que muito eu lhe gabaria, fosse de facto a verdade certamente saberia que a empresa que referiu - IN SITU Conservação de Bens Culturais Lda - não só não foi contratada para a primeira fase de limpeza e tratamento da nave manuelina, como essa fase AINDA NEM SEQUER COMEÇOU, saberia pois então, que o que está a acontecer são sim testes iniciais (sem necessidade de abertura de concurso público) para a partir daí ser realizado um caderno de encargos a sair posteriormente para concurso público... O que revela uma enorme imaginação fabulística, digna de La Fontaine!!! Pois, ora vamos lá ver, se o dito caderno de encargos ainda nem sequer foi redigido, COMO SE PODE SABER E AFIRMAR QUE VÃO SER USADOS JACTOS PROJECTADOS DE ÁGUA/AREIA!!!...
Enfim, está visto que o Velho do Restelo voltou! É pena é que a voz crítica que agora encarna seja falseada e completamente fora do contexto que lhe deu a merecidada fama... Esperemos por melhores dias!