Na noite de ano novo publicou-se neste espaço um quebra-cabeças com três fotos, de outros tantos motivos tomarenses. Certamente devido à natural euforia daquela noite, ninguém pareceu muito interessado na questão. Antes assim. É sinal de que vão tendo vidas felizes e bastante ocupadas. Em todo caso, pedimos licença para insistir a propósito desta foto. Trata-se do lavatório manuelino da sala do capítulo do Convento de Cristo. Sim ! E depois ?, indagarão os habituais cépticos.
E depois trata-se de um lavatório à portuguesa, ou lavatório tipo máquina multibanco. Dado que na altura, e ainda durante mais um século, não havia água corrente no convento, uma vez que o aqueduto dos Pegões é de 1613, quando os senhores comendadores da Ordem de Cristo, de longe a mais rica do país, pretendiam lavar as mãos ou beber água (o que era bem raro), dirigiam-se a este lavatório. A curiosidade reside no tipo de abastecimento, que não era nenhuma nascente, mas apenas a água previamente despejada pela criadagem na cavidade um pouco acima, do lado direito. Exactamente como nas máquinas multibanco -para sair dinheiro pela frente, alguém tem de previamente alimentar a máquina pelo outro lado. Os senhores autarcas, os senhores técnicos superiores e dirigentes de colectividades, não perderiam nada se meditassem um pouco neste exemplo. Sobretudo numa época em que há cada vez mais eleitores cansados de despejar água para que outros possam beber ou nela lavar as mãos. Como Pilatos ?
1 comentário:
Água vai...
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