sábado, 2 de janeiro de 2010

A DOLOROSA VIA NABANTINA

Só nos faltava mais esta, mas em Tomar já nada é de estranhar. Agora há vereadores a tempo inteiro que, além de nos administrarem como vamos vendo, pretendem ensinar o governo a fazer política: "Mas efectivamente é cada vez mais notório que a completa cegueira em que a direcção nacional do PS vive, só pode terminar em desgraça. A opção do PS deveria ter sido: MAIORIA PARA GOVERNAR." Pensam que foi alguém do PSD a escrever isto ? Pois estão redondamente enganados. Esta opinião, estilo Pacheco Pereira, provém do nosso vereador da cultura Luís Ferreira. É realmente o mundo às avessas, ou o basismo obreirista a tentar inchar, qual sapo da história. Como única circunstância atenuante, terá o facto de ter sido escrita às 11 da noite da passagem de ano, pelo que...
Antes de termos lido tal doutrina, tínhamos a intenção de escrever algo sobre a necessidade de alertar a autarquia tomarense, no sentido de evitar alinhar comportamentalmente pelo governo. Do tipo o governo também tem graves dificuldades orçamentais, Sócrates também vai acumulando dívidas, as grandes obras previstas também não são de retorno garantido, etc. etc. Perante o doutrinal desabafo ferreirista, urge agora acrescentar que, pelo menos para a opinião pública local, a circunstancial coligação 3+2 não terá sido celebrada como MAIORIA PARA GOVERNAR, mas apenas como ARRANJINHO PARA SE GOVERNAREM.
Volvendo à primeira questão, a da eventualidade de um comportamento mimético em relação ao governo por parte da circunstancial maioria autárquica que vamos tendo, é de toda a conveniência que Corvêlo e companhia não tentem ir por aí. Entre outros motivos, porque Sócrates, quando se vir demasiado apertado, poderá recorrer ao congelamento de salários, vencimentos e promoções, ao aumento do IVA e dos impostos sobre os combustíveis, sobre o tabaco e sobre os produtos de luxo, ou ainda à supressão pura simples dos subsídios de férias e de Natal, bem como à redução das transferências para as autarquias. Tudo coisas que estão fora da alçada do poder local. Restam-lhe, é verdade, a derrama, os preços da água e algumas taxas e licenças. Todavia, no estado em que está o concelho e a região, qualquer destes recursos provocará automaticamente mais debandada e mais fechos de empresas, pelo que diminuirão as somas cobradas, em vez de aumentarem. É dos livros que "demasiado imposto mata o imposto".
Sobre a alegada maioria para governar, que ninguém se equivoque. O que Cavaco Silva aconselhou na sua mensagem de Ano Novo foi a convergência multipartidária em relação a iniciativas concretas e de interesse nacional. Inversamente, o que os eleitos pelo PS assinaram aqui em Tomar, foi exactamente o mesmo que Sócrates submeteu aos partidos da oposição -uma coligação sem objectivos definidos nem programas precisos, unicamente para poder governar sem entraves. Por isso agora estamos como estamos. Apesar de dispôr de confortável maioria, o PSD local, por motivos que falta explicar ao eleitorado tomarense, está desde ontem a "governar em duodécimos", uma vez que não dispõe, nem virá a dispôr tão cedo, de orçamento aprovado. Estranho não é ? Depois queixem-se !
Alegarão os mais recalcitrantes, sobretudo aqueles que não conseguem deixar de usar os óculos partidários, que sendo assim, qual a razão que levou os rosas tomarenses a assinar e os oposicionistas a recusar a nível nacional ? A resposta é simples -as gamelas. Se Sócrates tem proposto um ou outro ministério, uma ou outra secretaria de estado, quem teria coragem de resistir, nos tempos que vão correndo ? Mas o primeiro-ministro percebeu atempadamente não ser necessário ir tão longe, posto que no actual contexto, quem derrubar o governo é quem mais perderá. Isto para não mencionar outra circunstância importante: Se Luís Ferreira, tem escrito mais cedo aquilo que agora avançou, estou convencido de que Sócrates só poderia seguir o seu conselho. Infelizmente, para ele e para todos nós, tarde piou ! E logo para advogar uma aliança com o CDS/PP ! Ele há coisas !!!
(Ler o texto completo de Luís Ferreira em www.vamosporaqui.blogspot.com)

10 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Sobre a questão do multipartidarismo no governo, isto é, um governo assente num partido eleito para o executar a que se juntam outros partidos na oposição em plataforma de entendimento justo, sem qualquer um abdique dos seus princípios, entendemos que seria o ideal para governar este país que ameaça tornar-se num país falhado se a sociedade colapsar, o que não está assim tão longe de acontecer.
Isto é intuitivo para quem, como julgo que seremos alguns de nós que aqui vimos intervir, vê para além do horizonte imediato e virtual dos partidos políticos. Tem a ver com a nossa educação cívica, com a instrução adquirida não apenas nos bancos das escolas, e também com elasticidade mental que nos permita alargar o âmbito do pensamento.

É um nefasto exemplo aquele que o António Rebelo cola a este assunto, porque o personagem em questão, membro máximo do PS local, não comporta em si quaisquer dos atributos acima enunciados, e portanto, não é garante de boa e razoável governabilidade.
Por isso, acho que "recomendar" a leitura de artigos desse senhor é condenar as pessoas a descer ao nível mais baixo da intelectualidade. Por mim, seria como descer de cavalo para burro. Olhe, se me permite e passe a publicidade, aconselho a leitura do último livro do dr. Fernando Nobre, presidente da AMI, um verdadeiro hino à cultura e ao pensamento.

Anónimo disse...

Sintético do Estádio de Tomar está gasto

Devia durar 10 anos, mas ao fim de quatro anos o piso do estádio de Tomar está “nas últimas”
O relvado sintético do Estádio Municipal de Tomar foi instalado há quatro anos e meio. Nessa altura os técnicos diziam que o piso tinha um prazo de utilização de uma década, mas passado menos de metade do tempo verifica-se que o desgaste da relva é bem visível.
A principal justificação para o problema dizem que é a elevada utilização."
do jornal “O Templário”.

Parabéns ao Barão da Trofa pelo resultado da sua brilhante intervenção no antigo Parque Desportivo "25 de Abril".

Sim senhor! Um homem com visão.

Um espanto!!!!!!!!!!

sKEo disse...

Ora aí está o senhor com as suas belas considerações. Proponho que Vossa Excelência receba o título honorário de paladino da verdade, assim como as chaves do concelho.

Sebastião Barros disse...

Para o cidadão (ou cidadã ?) sKEo:
Agradecemos a sua mensagem, que entendemos perfeitamente, pelo que somos a informar que aqui no blogue temos alguns recursos. Remédio para as azias provocadas por comentários certeiros, não temos nem tencionamos vir a ter. Habitui-se, diria o seu camarada careca.

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Ora aqui está um vereador com o dom da PREVISÂO... Fica um homem parvo ao lê-lo! Um político que joga pelo Seguro..., com previsões que não escarrapachou em devido tempo (visão estratégica invulgar!), e outras em relação ao futuro que o identificam - pelo menos, para´já - como o Profeta Nabantino. A minha costeleta conservadora que tão bem convive com a de esquerda radical, adverte-me sempre para ter o máximo cuidado com as referências ao nosso Presidente da República (mesmo sem o meu voto, como é o caso), que é,nem mais nem menos, a figura mais representativa do Estado e do colectivo nacional. Bicadinhas, sim, mas com equilíbrado bom senso: "taticismo bacoco", "péssimo oportunismo eleitoralista", nem mais nem menos, o vereador passa ao ataque ao PR e mostra que está ali para as curvas. Basta só olharem para ele, darem-lhe atenção, lerem o que escreve. E vem por aí a baixo, casca nos "piores protagonistas do PS no Parlamento", "E no quadro Parlamentar só há um agrupamento político que permitirá que o PS se afirme como Partido de Governação, de um País do 1ºMundo e não de uma democracia popular "à lá Chavez": o CDS/PP.".
Ele é de facto possuidor da "mântis" e é por isso que não entendo porque dizem que Tomar atravessa grave crise. Com génios assim, que se passa afinal?

As suas predições são dádivas inspiradoras. Ouçam-no! O Homem esboça demarcação: está lá, mas a bem dizer não está. Vê mais longe, está pronto a mergulhar nas ondas tempestuosas que se avizinham, a agarrar-se a seixos e rochas, a ser repescado nos salvados.

Assim, o PSD local da presidência da Câmara, não tem opção: tê-lo como timoneiro é o melhor, para salvação nas eminentes tempestades.
E é mesmo verdade, o Presidente da República, no seu "tacitismo bacoco", não teve coragem de dizer: Portugueses, os problemas gravíssimos que nos afectam, só serão resolvidos quando uma profunda revolta popular enxotar do nosso putrefacto sistema partidário toda a escória que o tomou de assalto com a mira de satisfazer apenas e somente os seus problemas pessoais. É urgente preservar os partidos, mas é imperioso saneá-los.

Só não percebi: que semelhanças tem a nossa complicada vida política com a "à la Chavez"? Raciocinei sobre a "tirada" e encontrei analogias com a actual direcção do CDS/PP.

Por que esperam os militantes do PS de Tomar, quanto a este todo-terreno?

Pensamentos soltos disse...

Aproveitem a dita via, para quando chegar a páscoa terem um bom cenário para a via sacra, já que não me acredito que daqui até la seja resolvido, este estado lastimoso do referido piso.

Anónimo disse...

má gestão
«Sintético do Estádio de Tomar está gasto», noticia o Templário online

«Devia durar 10 anos, mas ao fim de quatro anos o piso do estádio de Tomar está “nas últimas”»

Mais uma das tão contestadas "paivices", que só mesmo o próprio defendia, deu buraco.
Aos poucos, a memória dessa década inútil se não nefasta que o município atravessou, será certamente substituída à medida que aquelas que foram as grandes apostas, que é como quem diz teimosias, globalmente insensatas, espúrias, e dificilmente explicáveis, do anterior presidente da câmara nabantina, forem por força da necessidade, ou do bom gosto e senso, ou do pragmatismo, corrigidas ou mesmo apagadas.
Não será possível infelizmente fazê-lo com todas, desde não será possível recuperar o (rios de) dinheiro gasto em algumas dessas obras, e noutras que ainda hão de continuar a sorvê-lo aos milhões (como é o "caso parq t"), sendo como tal financiamento que não estará disponível para outras obras certamente mais úteis.

Só espero que a memória colectiva (que é coisa que tende a durar pouco!) da acção da pessoa em causa não se apague tão depressa, não vá aparecer por aí um destes dias a querer novo round qual filho pródigo e insubstituível...

Luis Ferreira disse...

Ora muito boa noite.

Não concordar com o que escrevo ou digo não lhe dá, obviamente, o direito de ser indelicado com uma pessoa que sempre o tratou com elevação e continuará a tratar, porque as ofensas não se respondem à letra.

Respeito a sua opinião contrária, à necessidade óbvia de uma maioria parlamentar que dê a necessária estabilidade, para o Governo do País nos ajudar a ultrapassar esta crise que vai durar a passar, conforme tem vindo em sucessivos post´s a afirmar.

A minha tese é muito simples e por isso mesmo complicada de entender, se quisermos observar a nossa realidade com os "complicómetros" habituais da "fina" análise política.

Não espera que alguma vez o PS se possa entender para Governar portugal com uns grupos de trauliteiros do tipo quanto pior melhor, uns que pararam a sua evolução de pensamento no final do Sec.XIX e outros nos primeiros anos do Sec.XX, pois não?

Naturalmente que ser de esquerda hoje se cumpre com a inteligência de afirmar os valores, as práticas políticas, com os meios que são necessários de garantir para as executarem.

E estando, por opção própria, o PSD fora da solução de governo para Portugal, só resta o CDS/PP, para estabelecer a necessária maioria.

Quanto à insinuação, torpe e mal intencionada da hora do escrito, saiba que por motivos de saúde não consumo bebidas alcoolicas há mais de um ano, por isso, ficou apenas a intenção: a ofensa passou ao lado!

Cumprimentos do, sempre, livre pensador

LF

Sebastião Barros disse...

Meu caro amigo Luís Ferreira:
Obrigado pelo teu frontal comentário. Entre homens, para mais conterrâneos, deveria ser sempre assim.
Tens naturalmente toda a liberdade de pensares a que entenderes a meu respeito. Julgava, contudo, que me conhecias melhor. Que ganharia eu em ofender-te, achincalhar-te ou apoucar-te, com eventuais comportamentos alheios à política ? Nada obviamente. Portanto, parece-me claro que não foi isso que intentei dar a entender. O que pretendi dizer foi que muitos leitores poderão ler o teu texto como um mero desabafo, ditado pela natural euforia de uma noite de ano novo, por conseguinte só relativamente vinculativo em termos comportamentais.
A tua interpretação foi diferente. Paciência. Como não estou de pé atrás contigo, nada me custa endereçar-te aqui as minhas desculpas, caso isso te possa de algum modo animar.
Concluindo: Não percebo porque afirmas que o PSD se excluiu da solução governativa. Neste país, como sabes, excepto a tacanhez, nada dura muito tempo.
Um bom ano para ti e para os teus.

António Rebelo

Anónimo disse...

Permita-me António Rebelo que aqui responda a Luís Ferreira, numa questão meramente ideológica, e um pouco à margem do seu post.

Ser de esquerda é muito mais do aquilo que refere Luís Ferreira.
Ser de esquerda é:
(em minha modesta opinião)
- não aceitar um País em que os pobres crescem na razão directa do aumento das imensas somas de dinheiro (capitais) enviados para offshores e da respectiva fuga aos impostos;
- não aceitar tapar as fraudes financeiras e económicas no País, e não legislar no sentido de proteger os protagonistas;
- não aceitar que se bonifiquem os grandes capitalistas e "jogadores de bolsa", isentando as suas mais valias assim obtidas, as quais não geram riqueza ao País;
- não aceitar que os partidos políticos passem a "vender" políticos para as Empresas Públicas e Privadas, em troca do acesso à mangedoura do ESTADO;
- é ainda, NÃO entregar os pobres, os excluídos e fragilizados da sociedade,como os velhos e as crianças, às Instituições de caridade, demitindo o ESTADO da obrigação de os proteger e de os dignificar criando com essa demissão negócios afrontosos dos direitos dos cidadãos, direi mesmo que se tornou numa perversão : o ESTADO, qualquer dia passa a depender da Indústria da Pobreza, gerida pelas IPSSs e Misericórdias, em vez do contrário!e se inverteram os papéis!Um Estado de esquerda não lava as mãos e a consciência, entregando-grossa fatia de recursos dos contribuintes, a terceiros ( a que eufemisticamente chamam Misericórdias e Solidarias,quando impera aqui o negócio dos desvalidos) mas que na maioria das vezes nem sabe onde foram e com quem foram utilizados;
- Finalmente, ser de esquerda é, parafraseando Zeca Afonso, não pactuar com aqueles que comem tudo e não deixam nada;
-é ser possuidor de um espírito fraterno, solidário, democrático, na defesa do mais fraco, contra o poder abusivo do mais forte. Ou ao menos,regulando-o.
Defender-se a tese de que o poder económico e capitalista, gerando riqueza, a vai redistribuir pela sociedade.(esta é a tese do Luís Ferreira)é insuficiente para se dizer que isto é "esquerda".
Porque é exactamente na redistribuição da riqueza de um País,que vai a diferença. Um país onde muito poucos têm MUITO, e muitos têm tão pouco ou nada,juntar-se aos primeiros, não sei como se pode dizer ser de esquerda.
..." os meios que são necessários garantir para as executarem."
A obtenção dos meios , passará numa política de esquerda, por obrigar a contribuir MAIS, quem MAIS tem. Solidaria e democraticamente.
Mas com os Madoffs portugueses, e outros, não foi isso que se fez.
E verificar hoje (com o PS sempre no poder) que nos últimos anos os valores "desviados" para offshores davam para não sei quantos aeroportos e TGVs, vê-se onde uma política de esquerda poderia, se isso fosse uma opção de classe, ter ido buscar esses meios. Porque eles existem. Não são disponibilizados para a tal redistribuição...
E isso é ser de direita.E é estar do lado dos mais fortes. Os mais fortes ditam as regras!Ontem como hoje. No século XIX, XX e XXI!
Mudam as metodologias, as mentalidades, o mundo e a inteligência avançam . Mas isto não muda.
Os dois últimos anos demonstram-no bem. Não foram os pobres, os desempregados, os reformados, os excluídos ,que causaram os terramotos económico-financeiros.
Não são os pobres e os mais fracos que causam o imenso desemprego que vivemos. As causas são conhecidas,-capitalismo selvagem, ganância e fraudes.
Disso eles apenas são as vítimas.Sobra-lhes a fome. Ou a caridade dos que lucram com a sua sobrevivência.
Sou votante do PS! Mas sou, naturalmente, de um Partido que já não existe! Ou se calhar existe apenas no ideal em que tenho que acreditar, de que é possível construír um País mais justo, solidário, e democrático!
A unica certeza claraque tenho, é de que não o vai ser ,concerteza, cedendo às exigências e imposições do CDS/PP!