quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aselhas e casas de loucos

Correio da Manhã, 23/01/2013, página 23

Prosseguindo a sua meritória e muito oportuna tarefa de apresentar em radiografia os principais concelhos do país, o Correio da Manhã publica na edição de hoje a situação do município de Cascais. Componente importante da região de Lisboa, não pode validamente ser comparado com outras autarquias do interior, muito mais desprovidas de trunfos, sobretudo no que concerne a recursos humanos. Convém no entanto, para cabal esclarecimento dos munícipes, efectuar algumas deduções na área da gestão, de forma a evidenciar o buraco em que nós tomarenses estamos metidos. Sem que, à primeira vista pelo menos, alguém se preocupe com isso. Um dos principais causadores da tragédia até se vai candidatar para continuar o meritório trabalho...
Neste pequeno mundo da política local, tudo tem a sua explicação. No caso da desastrada gestão nabantina, como é sabido, as sucessivas nulidades ou aselhas foram escolhidas e apresentadas ao eleitorado por autênticas casas de loucos, para não ser demasiado duro. Prova disso é que, aqui na Nabância, todos os economistas responsáveis que se filiaram ou aproximaram das formações políticas indígenas, depressa se afastaram em grande velocidade, agoniados com tanta fantasia, tanta megalomania, tanto improviso, tanto erro e tanta aselhice.
Dito isto, que é por demais evidente, mas que ninguém admite, vejamos então a nossa triste situação presente, usando neste caso o exemplo de Cascais como espelho.
Cascais tem 206.429 habitantes e uma dívida de 69 milhões de euros. Uma vez que Tomar tem apenas 43 mil habitantes, em simples contas de merceeiro temos uma relação à roda de 5 para 1. Logo, 69 : 5 = 13,8. Em igualdade de circunstâncias externas, para que a autarquia tomarense tivesse uma dívida comparável em grandeza à de Cascais, ela seria de 13, 8 milhões de euros. Menos de 14 milhões, em vez dos 34 milhões que o senhor Carrão ostenta, como se fosse uma medalha de mérito. E coisa de pouca monta, que pode ser paga de um momento para o outro. Só falta encontrar as fontes de receita... E os tomarenses continuam a aceitar mansamente o implícito insulto à inteligência de cada um.
Fazendo a operação oposta, ou seja, multiplicando a dívida nabantina por cinco, dado que somos 40 e poucos mil, contra quase 206 mil cascaenses, vamos obter 34 x 5 = 170 milhões. Caso tivesse uma situação financeira comparável à de Tomar, Cascais apresentaria uma dívida global de 170 milhões de euros. O que poria toda a região alfacinha com os cabelos em pé, particularmente os banqueiros. Aqui pelas margens do Nabão porém, parece que não se passa nada...
Outra comparação interessante é a dos funcionários autárquicos. Visto que Cascais tem um funcionário para cada 142 habitantes, aqui por estas bandas deveríamos ter 43 mil : 142 = 302 funcionários. O problema é que temos um pouco mais de quinhentos...
Inversamente, como temos em Tomar um funcionário por cada 86 habitantes, dividindo a população de Cascais por 86, obtemos 2.400 funcionários municipais. Quase o dobro dos existentes. Estão a ver a enormidade, tomarenses meus conterrâneos? E acham que semelhante ninho de sanguessugas pode durar muito mais tempo?
Façam o favor de não se enervar! Estou só a perguntar.

1 comentário:

Leão_da_Estrela disse...

Caro professor,

Sem retirar nada ao que disse, lembro-lhe apenas que Cascais não é um bom exemplo de comparação. Cascais tem uma fonte de receitas inestimável, que Tomar nunca terá: as verbas da zona de jogo do Estoril, ou seja do Casino e anexos (que são, nada mais que 50% das receitas brutas declaradas), assim como Oeiras, Sintra e Mafra, embora em menor escala. Por exemplo, todas as obras de saneamento básico são financiadas por este dinheiro, etc.

Foi só um preciosismo.

Directamente da Curva do Mónaco,
Cumprimentos