sábado, 5 de janeiro de 2013

Suicídio eleitoral do PSD - Tomar?

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Com a crise local a agravar-se de dia para dia, perante a indiferença de eleitos, obstinadamente a olhar para o próprio umbigo, urge encontrar saídas. Para evitar os usuais bitaites e outros achismos, o mais conveniente é começar por apresentar dados oficiais incontroversos. Ei-los:



Assim, com os resultados à frente do nariz, já não adiantará vir com palpites circunstanciais, para desviar a atenção do essencial. Como é costume. E o essencial, em termos práticos e com interesse para o futuro, parece-me ser o que segue:

1 - Nas duas mais recentes consultas eleitorais, em 2005 e 2009, os socialistas tomarenses obtiveram dos piores resultados de sempre, ao nível de 1985, quando também concorreram com uma senhora à cabeça. Se em 2005 e 2009 o desaire se explica pelos resultados alcançados pelos IpT, liderados por Pedro Marques, no que se refere a 1985, está-se mesmo a ver qual foi a causa, visto que não havia ainda IpT. Donde se pode deduzir, sem grande esforço, que em Outubro próximo haverá novo desastre, salvo se entretanto a lista concorrente sofrer alterações de vulto. Tão certo como após a Primavera acontecer o Verão.
2 - Em 2009, o PSD, apesar de ter vencido, não conseguiu maioria absoluta. Pelo contrário, averbou o quarto pior resultado de sempre, apenas superado por 1976, 1985 e 1989. Onde isso já vai. E no entanto, em 2009 tinha como cabeça de lista um elemento da autodenominada "boa sociedade tomarense",  ex-segundo na lista de António Paiva e por este avalizado, uma vez que o fora buscar e reintroduzir na política local, para não ter Carlos Carrão como vice e virtual sucessor. O que não obstante acabou por suceder
3 - Além disso, em 2009, o PSD ainda não governava o país segundo os ditames da troika, pelo que o seu desgaste inevitável não se repercutiu a nível local. Em Outubro próximo, porém, esse ónus é inevitável.
4 - Para além da erosão eleitoral provocada pela governação necessária mas muito impopular de Passos Coelho, há que ter em conta que o balanço da administração local de Carlos Carrão é péssimo. Praticamente sem ponta por onde se lhe peque para o salvar.

Ponderado tudo o que antecede, aparece como um claro suicídio com data marcada a exigência das instâncias nacionais do PSD de que seja Carlos Carrão o cabeça de lista em Outubro próximo. Conforme já aqui se escreveu anteriormente, a única hipótese de evitar o descalabro certo será: A - Oferecer uma saída airosa e honrosa a Carlos Carrão; B - Arranjar um cabeça de lista simultaneamente independente, capaz, não comprometido com a política anterior e equidistante das duas tendências locais do PSD. Para o secundar, uma lista de militantes igualmente não comprometidos (ou o menos comprometidos possível) com os últimos 15 anos de política local, que de brilhante nada têm, antes pelo contrário.
Quanto ao PS, caso pretenda mesmo a mudança que apregoa, resta-lhe ter a coragem de encarar a situação tal como ela é -uma nódoa para todos os membros do actual executivo- agindo em consequência. Caso não haja ânimo suficiente para ir ao fundo da questão, (que é o mais provável) pelo menos troquem os nomes previstos. Coloquem Hugo Cristóvão à cabeça, Anabela Freitas em segundo e Luís Ferreira a liderar a lista para a AM. Caso tudo se mantenha, será mais um resultado  semelhante aos de 1985, 2005 e 2009. E pelos mesmos motivos. Com fortes hipóteses de voltarmos a ter Pedro Marques a presidir, graças a um bambúrrio, tal como sucedeu em 1989.
No meio disto tudo, o meu receio é que se venha a confirmar aquele axioma que postula algo de medonho: "A história nunca se repete. Quando isso parece acontecer, se da primeira vez foi tragédia, na segunda dá comédia. E vice-versa". Em Tomar, pelo andar da carruagem, corremos esse risco.

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Se o PS tomarense perder as próximas eleições autárquicas, os seus dirigentes devem demitir-se dos seus cargos e dedicarem-se â sua vida profissional. Partilho das preocupações do Dr. Rebelo quanto à constituição da lista do P
S. Oxalá me engane, mas a Dra. Anabela Freitas terá que ter, antes de tudo o mais, coragem e clareza sobre a correlação das forças em disputa, e um programa audacioso e realista, uma linha de ação política dinâmica, que devia começar ontém. Está redondamente enganada, se está a apostar na conjuntura favorável. O eleitorado vai estar mais fino que nunca. Continuo a pensar que não será a melhor cabeça de lista. Precisaria de reunir à sua volta comissões de apoio de comerciantes, trabalhadores das maiores empresas, professores, grupos de apoio nas freguesias e localidades, uma intensa e bem elaborada propaganda porta a porta - e grande honestidade e humildade políticas na sua relação com os eleitores.

Anabela Freitas, uma vez que não há hipóteses de qualquer entendimento com os independentes de Dr. Pedro Marques, deve ter um discurso inteligente para esse eleitorado que perdeu nos últimos anos. Se quiser eu envio-lhe os tópicos para enfrentar essa magna questão. O eleitorado diz mal dos partidos, é verdade, mas em próximas eleições vai exigir-lhes tudo. Aos partidos. Apostará como nunca neles. E faz bem!

O Sr. Carlos Carrão é o melhor candidato do PSD. Tem duas ou três vantagens importantes em relação a eventuais "independentes" , mesmo daqueles que pagam as cotas do partido. Só não vê isso quem não quer ver. Mesmo em relação aos candidatos de outros partidos. Esse capital é valiosíssimo. Não os aponto aqui para não dar trunfos ao adversário... Mas eles são demolidores, e só uma oposição inteligente e séria o pode vencer.

O Dr. Pedro Marques, ao não querer abdicar do seu projeto pessoal (como Independente), e depois de ter estado tanto tempo na autarquia, irá averbar uma derrota clamorosa. O eleitorado vai votar nos partidos. Sairá sem honra nem glória, quando ela está ali ao seu alcance. Seria o grande vencedor, se desse os passos que devia dar - ele sabe muito bem quais seriam. Um deles seria ele e o Sr. Luís Ferreira saltarem fora de uma lista conjunta. Por exemplo. O povo vai dar uma última oportunidade aos partidos. Se eles falharem será o fim da macacada.

Há 2 500 anos já se escrevia:

"Tudo se move, tudo escorre. Não se pode descer duas vezes o mesmo rio".... No curso de direito deve ter estudado Heráclito de Efeso.