Escrevemos no post de ontem que iríamos hoje tentar demonstrar que o agora aparentemente inútil aqueduto dos Pegões faz na realidade muita falta. Entretanto houve leitores que se lastimaram de não entenderem muito bem o tipo de construção com a cobertura naquele estado, e de não saberem como são as abóbadas de berço. Desde sempre adeptos da elasticidade mental, resolvemos alterar os planos. Assim, voltamos a falar mais detalhadamente da mãe-d'água da Porta de Ferro, nos Brasões, ficando aquela demonstração para logo à noite. Estamos certos de que os nossos leitores compreenderão, mais a mais tendo em conta o preço da assinatura do nosso blogue, não é verdade ?
Pois aqui temos então a construção já referida, com a abertura de acesso encimada por um frontão triangular. Tem igualmente uma forte e interessante porta de ferro, do princípio do século XVII, tal como o edifício, a qual está permanentemente aberta. Em cima, pode ver-se que duas primitivas frestas foram posteriormente tapadas, certamente para evitar a entrada de aves, designadamente nocturnas, nos tempos idos em que a porta de ferro ainda funcionava.
E aqui temos a abóbada de berço, ou semicircular, neste caso sem caixotões, que estavam muito na moda naquela época. Repare-se que as infiltrações começam a ser importantes, o que nem é de admirar tendo em conta aquele coberto vegetal exterior, onde deviam estar lajes ou telhas. A eventual decoração da abóbada, como acontecia nas outras casas da água (ver post anterior), essa se existiu, há muito que se sumiu.
Com o aqueduto, património do Estado, que o mesmo é dizer de todos nós, ao abandono há décadas, cada qual tem-se amanhado como pode, usando aquela velha máxima segundo a qual "a tropa manda desenrrascar". Lisboa é lá longe, o IGESPAR provavelmente nem sabe que isto existe e a autarquia acha que, não sendo a gestora, também não é nada com ela. Até já aconteceu, há anos atrás, que um pacato cidadão ali da zona resolveu deitar abaixo um troço do aqueduto, para assim poder chegar com o tractor a uma pequena parcela agrícola. Tanto quanto sabemos, a situação mantém-se e nada lhe aconteceu até agora. E também já houve um outro que se veio queixar, numa das reuniões públicas da câmara, de que um vizinho estava a roubar a água do aqueduto. Quando lhe perguntaram como é que sabia isso, respondeu candidamente -É que antes roubava-a eu, mas ela agora já não chega ao "endireito" da minha fazenda... Sem comentários.
Praticamente em regime de autogestão, a água que através do aqueduto devia chegar ao convento e à velha cerca, corre agora em abundância num regato ao lado...enquanto no convento se consome água da rede pública, mesmo para as casas de banho e para regar os jardins. Somos na verdade um "ganda" país. E rico, ainda por cima !
1 comentário:
Mas já há dinheiro para "lavar" a janela do Capítulo...
Enviar um comentário