Terá passado praticamente despercebida esta tomada de posição de um jornalista de economia do Financial Times, alemão de nacionalidade. Apesar de se tratar, tudo o indica, de um recado exploratório para os leitores de toda a União Europeia. Só pode ser. Não só por se tratar de um colaborador do mais conceituado jornal europeu de economia a mandar "palpites", o que não é nada habitual, mas também e sobretudo por ser um alemão, sinónimo de alguém que nunca brinca em serviço. Temos, por conseguinte, que estes pontos de vista podem muito bem vir a ser os da Chancelerina Merkel, perante o longo e violento temporal financeiro que aí vem. Ou seja, noutros termos: 1 - Sócrates "kaputt", go out, prá rua, quer ganhe, quer perca as próximas legislativas: "Não é possível gerir uma união monetária com pessoas como o sr. Sócrates..."; 2 - Ou acaba-se com o euro para todos, ou pelo menos os já resgatados serão convidados a regressar às respectivas moedas anteriores: "...ou um igualmente inimaginável passo atrás"; 3 - Em alternativa, solução federalista, "...um inimaginável passo em frente, para uma união política...", com a UE a assumir totalmente os problemas financeiros dos países periféricos, substituindo os diversos títulos nacionais pelos do FEEF, naturalmente liderada pela Alemanha. Nesta última hipótese, Grécia Irlanda e Portugal deixarão de ser soberanos em termos de Finanças, passando a depender cada um do respectivo comissário europeu, nomeado pela UE para o efeito. Abertamente ou de forma encapotada. Quer nos agrade ou não, uma destas três possibilidades terá de ser implementada antes das autárquicas de 2013, porque o resgate agora acordado só vai contribuir para agravar a situação. Com efeito, uma vez que a recessão se agravará até 2013, quando pelo contrário seria necessário um crescimento económico pelo menos igual à taxa de juro do resgate, para que a dívida pública não aumentasse, o nosso futuro, em termos económico-financeiros, torna-se previsível: em 2013, quando terminar o plano de resgate, a dívida global do país será nitidamente superior à actual, tornando logo indispensável novo plano de ajuda externa, sob pena de incumprimento. Como está agora a suceder com a Grécia e não tardará a ocorrer na Irlanda. As mesmas causas... Para já, as próximas legislativas portuguesas, as espanholas do próximo ano e, sobretudo, as presidenciais francesas, também em 2012, condicionam fortemente qualquer decisão importante. Porém, a partir de Agosto de 2012, o caminho estará livre. Então, em qualquer dos casos apresentados, com ou sem euro, com ou sem união política do tipo federal, com ou sem comissário europeu, mais cedo que tarde, as autarquias portuguesas mais endividadas virão a ser inevitavelmente colocadas sob tutela do governo, única forma de estancar a actual hemorragia orçamental. Designadamente em Tomar, onde uma câmara sem liquidez nem programa estruturado, continua a fazer figura de rica, endividando-se cada vez mais, prometendo o que não tem e adjudicando sem prudência, perante uma oposição submissa ou inoperante, o que neste caso é equivalente. Aqui fica o alerta, para os fins considerados úteis. |
1 comentário:
Esperamos que esteja para breve o "passo em frente" com o avanço para uma União política.
A bem dizer, os nossos políticos já não mandam nada, acorrentados às obrigações que subscreveram com a troika (ou como diz Paulo Portas, o "triumvirat")
A.A.
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