domingo, 29 de maio de 2011

COMO OS ESTRANGEIROS RESIDENTES VÊEM OS PORTUGUESES - 1

A revista Notícias de Sábado nº 281, distribuída com o Diário de Notícias de ontem, inclui sete pequenos textos com outros tantos perfis dos portugueses, vistos por estrangeiros nossos amigos e residentes em Portugal. Em prol da indispensável catarse e abertura à imparável evolução societal, pareceu-me útil reproduzir essas opiniões, tendo em conta o célebre "conhece-te a ti mesmo".
Começo por aquele que me parece ser de longe o mais certeiro em relação à por vezes irritante pasmaceira tomarense:
"Para o escritor Richard Zimler, um americano que vive em Portugal há vinte anos e já tem nacionalidade portuguesa, a doença que abala o país tem um nome: passividade. "Os portugueses não têm dinamismo. Ficam paralisados, à espera que os problemas desapareçam. Às vezes apetece abaná-los e dizer bem alto: Mexam-se! Façam alguma coisa pela vossa vida e pelo país!
O escritor dá um exemplo: "Quando cheguei, falava e compreendia mal a língua. No Centro de Saúde, o funcionário da secretaria falava muito depressa. Sempre que eu lhe pedia para repetir, mostrava-se hostil e desagradável. Um dia fez o mesmo com uma idosa. A sala estava cheia de pessoas que esperavam, mas ninguém dizia nada. Aquilo incomodou-me tanto que intervim. De repente, aquela pequena multidão que ali estava a ver a velhota ser maltratada, como se nada se passasse, começou toda a falar ao mesmo tempo e choveram queixas sobre aquele funcionário. Ora, se o senhor era sempre assim, porque toleravam?" O escritor desabafa: "Não pensem que é o dinheiro do FMI que vai resolver os problemas de Portugal e dos portugueses. Há coisas que o dinheiro não resolve; que só encontram solução no pleno exercício da cidadania."
Para o escritor premiado, é certo que a vida não é fácil, nem em Portugal nem em nenhuma parte do mundo. "Os portugueses até trabalham muitas horas, mas são pouco eficientes. Um exemplo: no Porto, quando um funcionário de atendimento ao público não quer fazer qualquer coisa, afirma que o problema exposto só se pode tratar em Lisboa. Também gostam de desenrascar. E quando se desenrasca, não se faz tão bem como seria possível e desejável. Não se é eficiente. A ideia de que não vale a pena esforçar-se, de que não vale a pena fazer bem, está sempre presente e reflecte-se naquilo que o país é." Sente-se na política, observa-se na justiça:
"Nos Estados Unidos também usam mal o dinheiro dos cidadãos, mas a pessoas são mais atentas e intervenientes. E as instituições funcionam melhor. Ainda há pouco tempo, o Tribunal da Relação do Porto absolveu um psiquiatra do crime de violação de uma mulher grávida, apesar de ter confirmado que ele a forçou a ter sexo oral, Como é que os portugueses podem consentir tribunais destes? Não compreendo. A continuar assim, Portugal arrisca tornar-se um país onde as pessoas vão começar a fazer justiça pelas próprias mãos!"

1 comentário:

Anónimo disse...

É passivo,desinformado e inculto.

Só por isso vota alternadamente na canalha que desgraça o país desde o pós-governo da saudosa Maria de Lurdes Pintassilgo,o melhor governo democrático de sempre,independente de grupos de interesses e de pressão.

Se fosse cívicamente interveniente,informado e medianamente culto,nunca o seu voto ia para os ladrões de serviço - PS e PSD - aparentemente alternantes.

E já tinha obrigado à criação de reais alternativas.

A indignidade e o roubo não podem ser um fatalismo.

Tem de se lutar para transformar.

Olhemos para a forma de fazer política dos nórdicos,designadamente dos suecos.

Não há nada para inventar.

Só há que adaptar e aplicar.