quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aprender a ler jornais

É praticamente uma litania: deixei de ler os jornais locais, porque não trazem nada; temos uma imprensa muito pobrezinha; não perco tempo com jornais que nunca trazem as notícias que deviam trazer; deixei de ser assinante; deixei de pagar a assinatura... Tudo com um fundo de verdade. Até eu já me lamentei nestas linhas do por vezes agreste deserto noticioso local. Tenho de reconhecer porém que os leitores também são culpados. Nunca se queixam de forma audível e nos locais adequados, tal como se não preocupam o suficiente com a opinião publicada. Seguem-se alguns exemplos iconográficos, sabido como é que, regra geral, mais vale uma imagem que mil palavras.
A primeira preocupação de qualquer leitor que queira honrar a espécie pensante à qual pertence, consiste em formular as perguntas certas para cada resposta encontrada. Assim:

Porque será que só agora a autarquia tomarense, que é PSD, resolveu exigir uma reunião urgente com o governo? Não seria melhor um telefonema discreto ao presidente da Assembleia Municipal, também do PSD e praticamente primeiro-ministro bis? O telefonema terá sido feito, mas sem resultado prático? Se assim foi, porquê? Estará a autarquia tomarense em posição de poder exigir o que quer que seja, quando já nem os funcionários lhe obedecem?
Na mais recente manifestação pró-hospital, o PCP resolveu finalmente assumir sem rodeios a liderança. Falaram Paulo Macedo, da comissão de saúde da AM e militante comunista, bem como António Filipe, quadro do PCP e deputado por Santarém. Porquê só agora, quando desde a primeira manifestação junto ao hospital foi evidente a "mão" do PCP a amparar o protesto?

Este comentário de MS diz tudo, tratando-se de um conhecido militante local laranja. Fica a pergunta: Porquê tornar evidente desde já o fosso entre a actual comissão política do PSD e o presidente Carlos Carrão, igualmente PSD? Para poderem mostrar no futuro que nada têm a ver com as asneiras já cometidas e a cometer pelo actual alcaide?

Se calhar receando que o comentário anterior de MS não surtisse efeito, Cidade de Tomar resolveu jogar pela certa. Segundo Manuel Subtil, significativo ou não, a comissão política jantou numa mesa e Carlos Carrão na outra. Porquê? Vamos ter Carrão como candidato independente?



Outro tema susceptível de vir a envenenar a política local: as Jornadas da JSD. Enquanto Cidade de Tomar lhe consagrou bastante espaço e várias fotografias (com jovens como a ex-vereadora socialista Maria Augusta, o ex-vereador PSD António Carvalho, o presidente Carrão, o director do jornal António Madureira e o ex-governador civil de Setúbal, nomeado pelo PSD, Luís Pedrosa Graça) O TEMPLÁRIO ficou-se pela clássica foto de família, "para mais tarde recordar", com Manuela Ferreira Leite numa curiosa postura de estudante aplicada. Porquê tudo isto? Porque estamos a 14 mese do próximo acto eleitoral? Foi mais uma contagem de espingardas? Para se ficar bem visto?

8 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Numa síntese, Dr. Rebelo:

CÍRCULO DE LEALDADES PESSOAIS.

O poder e as redes de poder estão personalizadas.

Acumulação pessoal de privilégios: o acesso ao poder é visto como um meio de acesso a inúmeras vantagens pessoais.

Neste cenário os munícipes são obrigados a submeter-se para ter acesso à distribuição de emprego, serviços e pequenos favores.

Obviamente que a imprensa não está imune a esta rede. Pena que o possa estar...

É a vida?

Terá que ser assim a vida?

Para o bem e para o mal nunca fiz parte dessa rede. Nisso sou feliz e gosto da vida por isso.

Unknown disse...

Meu caro Fernando:

Fiquei tão angustiado com o teu evidente estado de carência, manifestado no comentário ao post anterior, que só descansei quando encontrei um texto a zurzir no Relvas. Aqui o tens: vamosporaqui.blogspot.pt/2012/06/relvas-avanca-com-modelo-de-condicionar.html
Vais ver que vale a pena. Sobretudo por se tratar de pérola rara, produzida por quem já antes negociou um conhecido acordo de coligação com o mesmo Relvas. Viva a coerência!

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Está bem abelha...

Em primeiro lugar não gosto de cenouras.

Em segundo lugar não sou bom de arreatar.

Em terceiro lugar só me meto numa bulha por uma boa razão.

Mas que o Miguel Relvas é um pulha político, ah isso não duvides.

O melhor é aguardares sentado.

Luis Ferreira disse...

Ai, ai Prof. Rebelo. Deve ter na sua cabeceira ao lado do livro de todos os "sourbonistas" - "Porque não sou Cristão", uma foto do nosso amigo Miguel Relvas.

Estou convicto que ele lhe agradece. E o conselho de administração do Hospital também. Manuel faria e Carlos Trincão também sabem que eu sei que o meu caro sabe o que eu sei. Parabéns!

Unknown disse...

Prezado conterrâneo Luís Ferreira:
Bem sei que o modus operandi SIED-Silva Carvalho tem muitos émulos pelo país fora. Ignorava contudo que tu também cultivavas o mesmo estilo. Para obstar a serôdios mal entendido, bota cá para fora quanto antes essa trapalhada toda do eu sei que o x sabe que o meu amigo sabe que o y também sabe... É que eu nem imagino sequer de que possas estar a falar. E as próximas autárquicas são já ali adiante.
Não espero nem desejo agradecimentos de ninguém pois a vida já me ensinou -entre muitas outras coisas- que em política não há gratidão.
Em conclusão: Parabéns porquê?

Virgilio Alves disse...

Sr. Rebelo, gosta de ressalvar sempre as aparições do PCP, mas nunca lhe ocorreu que só estava ali o PCP, não, por este o obreiro (que não o é/foi) mas porque os restantes, não querem guardar recordações para a posteridade quando forem governo e colocarem em prática a sua política?
É que por cá querem se colocar na fotografia dos pró-hospital, mas depois, no parlamento ficam-se pela fotografia dos anti-hospital.

O PCP aparece, porque, como sempre, está do lado do que é justo e não do que é oportuno.

Luis Ferreira disse...

Estimado Prof.Rebelo

Receba os meus parabéns.
E fique-se pela leitura humorística que isto em Tomar é só rir, o que sempre vale mais di que chorar.
E faça dupla na galhofa com o "fugido" Fernando. O engraçado, mesmo giro, é que ao fim de sete anos do de até da Rádio, ainda não percebeu o que lhe disse... Mas cumpriu-se, ou como dizia o poeta "Senhor, falta cumprir-se Portugal". Amem! (com um grande rsrs

Unknown disse...

Continuo a não perceber essa dos parabéns, que deve trazer água no bico. Oxalá me engane, mas prefiro citar Fidel Castro, no julgamento do assalto ao quartel de Moncada: "Condenem-me, pouco importa, a história absolver-me-à!" O que só não aconteceu porque entretanto...