quinta-feira, 28 de junho de 2012

Na imprensa da região

 Jornal de Leiria, 28/06/2012, página 16




A notícia do Jornal de Leiria merece ser aqui destacada por mostrar de forma exemplar duas formas de cidadania e da subsequente actuação política. Em Tomar, ainda saudosos de velhas grandezas e farturas passadas, que se foram para não mais voltar, eleitos, comissões e  outros figurões insistem em manifestações estéreis e na difusão de um clima alarmista, baseado na evidente falsidade de que estará em curso um complot contra Tomar no caso da reforma hospitalar em curso, na justiça, no memorando da troika, na supressão de freguesias e por aí adiante. Por isso são contra tudo e  contra todos. Paranóia é o que é...
Em Ourém, que ainda era vila aquando do 25 de Abril, mas entretanto passou a cidade e ultrapassou Tomar em termos populacionais e económicos (tem 44 mil eleitores inscritos, contra apenas 38 mil em Tomar), em vez de organizarem manifestações algo folclóricas, exigindo isto e mais aquilo, o que seria lógico pois não têm hospital, quartel ou politécnico, são pragmáticos. Reconhecem que o que tem de ser, tem muita força, aceitam por isso a situação e limitam-se a solicitar a sua transferência para uma unidade hospitalar de melhor qualidade e que até fica mais perto.
Se os tomarenses conseguissem ao menos ter a humildade de aprender com os seus próprios erros, outro galo nos cantaria. Agora assim...
No Cidade de Tomar, um longo comunicado dos IpT, que ocupa dois terços da página, enumera minuciosamente os temas abordados por aquela formação na reunião da autarquia do passado dia 21. Trata-se de uma prática saudável, que todos os eleitos deviam seguir. Conviria no entanto respeitar evidentes hierarquias temáticas. Numa altura de grave crise, que por estas bandas se acentua a olhos vistos, sem que os senhores autarcas dêem sequer mostras de algum incómodo, fará algum sentido dedicar duas colunas à questão da classificação da tauromaquia como património de interesse municipal, numa terra onde há apenas uma corrida de toiros por ano?
"Com monumentos fechados, será possível ter uma cidade turistica?" interroga o vereador Luís Ferreira no Templário, aproveitando para vincar uma vez mais que, enquanto esteve a tempo inteiro, todos os monumentos estiveram abertos todos os dias. Acrescenta, entre outras coisas, que "a indústria turística exige estabilidade, continuidade e confiança nas entidades", pelo que a sua acção enquanto autarca responsável pela cultura e turismo demonstrou que "o caminho é mesmo por aí".
Concordando no essencial com a argumentação do vereador socialista, não posso contudo, enquanto ex-profissional de turismo cultural, deixar de assinalar um detalhe que muda tudo: o caminho é mesmo por aí, mas há que mudar a forma de o percorrer, uma vez que deixou de haver recursos disponíveis para actividades onerosas sem retorno directo. É a crise, que veio para ficar.

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