sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre a imprensa regional da semana




Com quase 24 horas de atraso, devido a uma ida a Badajoz (que não foi para comprar caramelos vaquinha), inicio agora o habitual comentário semanal sobre a imprensa regional.
Desculpem a insistência e a agressividade, mas se  isto já estava mau, doravante ainda vai estar pior. Tenho para mim que só uma extrema miséria no que concerne a sentido de dever de cidadania permite que o falecimento, por causas naturais, de uma professora de 55 anos -por muito querida que fosse dos seus alunos, colegas e população em geral- permite que seja manchete nos dois jornais locais. Porque afinal nem sequer é uma notícia essencial, isto é, algo de anormal, excepcional e relevante para o futuro da colectividade. Apenas um informação de âmbito paroquial. Que denuncia o estado a chegou a informação local, onde o actual presidente da câmara é ex-chefe de redacção de um dos jornais, enquanto o director do outro é funcionário superior municipal, de licença sem vencimento...
Quanto a peças que valha a pena ler, aquelas que vão para além da mera informação factual, encontrei apenas duas, ambas no CIDADE DE TOMAR: Olívia patroa, Olívia..., de Hugo Cristóvão, e Quem o avisa seu amigo é, de António Alexandre.
À boa maneira tomarense, que é a da mania da perseguição, paranóica portanto, cabe perguntar: O que é que esses gajos querem?! O mesmo que a esmagadora maioria da população -que a situação melhore, que consigamos sair do atoleiro. Por isso denunciam a gestão autárquica dos últimos 15 anos, que  tem sido e continua a ser catastrófica para Tomar e para os tomarenses todos. Mesmo para os autarcas autores das tristes proezas.
Mas os gajos são do PS e estão na oposição. Estava à espera de quê? 
Não se trata disso, que é uma usual perspectiva errada. Importante é determinar se o que dizem é ou não verdadeiro, se os erros que apontam são ou não atentados ao bom-senso. E depois, de tentar encontrar respostas para as perguntas pertinentes e implícitas que formulam: Porque é que o actual executivo minoritário ainda se mantém em funções? Aguardam o quê? O que leva o eleitorado tomarense a cometer sistematicamente o mesmo erro, votando sobretudo em quem o engana de propósito?
Quem estiver interessado nesta temática, gostará outrossim de ler no SOL a habitual secção Política a sério, de José António Saraiva. Aqui vai um bocadinho, à laia de acepipe: "A democracia funciona bem nos períodos de crescimento. Por isso, vigorou durante muitos anos na Europa, sem sobressaltos. Nos períodos de crescimento económico há dinheiro para distribuir -e tanto faz votar na esquerda como na direita, pois a diferença não é grande. Em Portugal, votar PS ou PSD foi, durante anos, quase o mesmo. Não fazia grande diferença.
Mas em clima de recessão tudo muda.  
Em recessão, há os políticos responsáveis, que propõem uma passagem pelo inferno -cortes orçamentais a doer, com o seu cortejo de falências e desemprego- e os demagogos, que juram haver caminhos alternativos e sustentam que os partidos no poder só não os seguem por estupidez ou malvadez.
É mas ou menos este o discurso de Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã ou Mário Soares. Criticam a austeridade e prometem paraísos perdidos. E quem não gosta de ouvir essas palavras, que soam como música celestial?"
Sobretudo numa pobre terra onde até se pode ir para o Paraíso, mediante simples deslocação à antiga rua principal, agora cada vez mais mera artéria de uma aldeola decadente.
"Funcionários da câmara montam açude", titula CIDADE DE TOMAR na primeira página. Ainda bem, opino eu. O pior é que desde há longos anos alguns têm andado também a montar os tomarenses, à revelia das leis e da ética, contando com a cumplicidade objectiva dos eleitos. Por isso estamos como estamos. Por isso os investidores e os jovens resolveram pôr-se a mexer... É da crise...

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