EXPRESSO, 02/06/2012, página 19
No dia em que teve lugar mais uma manifestação "a favor do hospital", que juntou cerca de duas centenas de pessoas = 0,5% da população concelhia, convém mostrar o óbvio. Contrariamente ao que os organizadores dos sucessivos protestos tentam insinuar, nada indica que haja qualquer conspiração ou má vontade contra Tomar ou contra a saúde. Trata-se apenas de proceder de modo a conseguir funcionar eficazmente com os recursos pecuniários disponíveis. O que implica a supressão de valências em duplicado no âmbito de cada centro hospitalar.
Claramente se vê na infografia supra que esta fase da reforma abrange todo o país, havendo até a registar três casos de adição de especialidades -Loures, Évora e Faro. Quanto a Tomar, perde o internamento de cirurgia geral, enquanto Torres Novas fica sem internamento em cirurgia geral e em pediatria. -E Abrantes? perguntarão os nabantinos mais invejosos. A capital da palha desta feita não perde qualquer serviço. Contudo, segundo os elementos de que disponho, é provável que até ao fim do ano a obstetricia e a maternidade, deixam as margens do Tejo, indo para as do Lis. Não por vingança ou para compensar. Apenas porque a valência abrantina não atinge os mil e quinhentos partos anuais, patamar mínimo aceite internacionalmente pelos respectivos colégios de especialidade como indispensável para "não se perder a mão".
Durante o pouco tempo em que estive próximo da manifestação, já na Praça da República e em fase de intervenções, um orador que não consegui identificar devido à distância a que me encontrava, proclamava aos presentes que "Nós não aceitamos..." Exactamente a mesma posição da senhora Merkel, que também proclama "Nós não aceitamos...continuar a financiar gulosos, estroinas e mal governados. Parece haver por consequinte sintonia de posições entre os manifestantes de Tomar e a governante de Berlim, o que não era de todo expectável.
Numa outra vertente, usar a técnica que consiste em fazer-se passar por vítima de algozes que pretendem o encerramento do Hospital de Tomar, denota apenas paranóia serôdia. Antes do 25 de Abril sim, era perigoso discordar e havia perseguições políticas. 38 anos passados, nada justifica a insistência em hábitos obsoletos, que por isso mesmo dão fracos resultados...
Não seria melhor preocupar-se antes com os principais problemas tomarenses, como o mercado, o acampamento do Flecheirto, o Bairro 1º de Maio, o Nabão, o Convento de Santa Iria, o Elefante Branco da Levada, o acesso ao Convento, o império burocrático autárquico e a manifesta inoperância da troika local?
Porque terá sido que, quando a nível nacional ainda ninguém falava do imbróglio espionagem/Público/Relvas, um funcionário local do PCP fez chegar às instâncias nabantinas uma proposta para destituir o presidente de Assembleia Municipal, que foi rejeitada? Em política o que parece é. E eu não acredito em acasos ou coincidências. Estou como os nossos vizinhos castelhanos. Não acredito em bruxas, mas sei bem que há cada vez mais. Bruxo!
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