A ano e meio das próximas autárquicas, são já perceptíveis os contornos da futura compita. Após uma primeira fase em que propugnarão uma lista de larga união de esquerda, PCP/CDU e BE irão apresentar-se separados, como de costume, acabando por, com alguma sorte no que concerne ao BE, conseguir representação na AM, onde desempenharão com o conhecido brio o seu papel de animadores de pista.
O PS, pilotado por Luís Ferreira como até aqui, conquanto se submeta ao santo sacrifício da primária interna, avançará com Anabela Freitas, o usual programa optimista para enfeitar, auto-convencimento e muita euforia. Com Pedro Marques e as suas tropas, ajudados por laranjas encapotados, a sacar-lhe quanto mais votos melhor, dificilmente conseguirá ir além dos actuais dois representantes no executivo. Tudo indica portanto, neste momento, que com alguma sorte os tomarenses terão um casal socialista na oposição ao PSD. Há ainda, bem sei, o problema José Victorino, mas daqui até meados do ano que vem deverá ser ultrapassado sem demasiados sobressaltos.
Pedro Marques está condenado ao seu papel de Sísifo: em cada consulta eleitoral procura levar o calhau da representação popular até ao cume da montanha, para na consulta seguinte o voltar a encontrar cá em baixo. É natural. Salvo em tempos idos na América Latina, o caciquismo político nunca conduziu a coisa que se visse. Sobretudo quando o programa político se baseia no rancor e no revanchismo primário, como é o caso.
Resta a situação do PSD nabantino. O seu tradicional motor afastou-se de facto, assoberbado com funções bem mais nobres e importantes para o País e, bem vistas as coisas, também para Tomar. Os seguidores que deixou na Praça da República são boas pessoas, mas seria uma ofensa à verdade considerá-los de primeira ou mesmo de segunda água em matéria política e de gestão. Sabedores disto, os opositores locais do actual ministro-adjunto do primeiro-ministro já conseguiram cumprir com empenho e com êxito a primeira parte da sua espinhosa tarefa -o branqueamento político. É já consensual no seio da opinião pública que nada têm a ver com os que estão. Faltam as outras duas: 1 - Arranjar um cabeça de lista corajoso, experiente, credível e compatível com a tragédia local; 2 - Elaborar um programa simultaneamente realista, entendível pelo eleitorado e susceptível de alavancar a ansiada retoma, iniciando a reanimação de um concelho em paragem cardíaca.
Quanto ao primeiro, não vai ser nada fácil. Como bem referiu Rui Rio, nas autarquias muito endividadas, deviam ser nomeadas comissões administrativas, em vez de haver eleições, pois os autarcas seguintes não poderão fazer praticamente nada, apesar de eventualmente não terem culpa nenhuma do descalabro. Terá sido sobretudo nisto que pensou António Lourenço Santos, para declinar o "honroso" encargo, nesta altura envenenado? Qualquer que seja a resposta, a realidade já é outra. Fala-se agora com insistência naquele senhor Cupertino, que endereçou uma enigmática carta aberta ao presidente da câmara, nas colunas de Cidade de Tomar, há duas ou três semanas.
Dizem tratar-se de um brilhante empresário, "que não precisa da câmara para nada, porque está cheio de dinheiro". A ser assim, Tomar estará já na posição de um clube desportivo falido, que só um mecenas poderá ressuscitar, faltando agora apurar se o dito senhor nababo nabantino também estará farto de estar bem. Pronto portanto para aceder ao inferno que é o império burocrático da Praça da República.
Sobre o outro ponto, o programa, as coisas também não são nada fáceis. O PSD nunca soube fazer coisas dessas, não há dinheiro para espatifar com empreendimentos megalómanos de ostentação e aquela palermice do CEDRU praticamente esgotou-se. Falta apenas a Várzea Grande e pouco mais. A rampa é cada vez mais íngreme...
1 comentário:
Prof. Rebelo já que a terrinha está muito mal convém fazer referência ao Remember Pim-Pim nos Pegões. Sabe se não se vem a Tomar fique descansado que com coisas organizadas os excursionistas vão voltar. Sei que foi um sucesso sustentado e sei que como não é do seu tempo nem do meu não invalida que se inteire do assunto. Os meus cumprimentos e boa procrastinação no seu blogue.
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