O Templário é o único dos três semanários a noticiar aquilo que terá sido a anedota do mês. Dois anos após o encerramento compulsivo do Mercado Municipal pela ASAE, o presidente do executivo municipal nabantino decidiu, por manifesta ignorância, pedir à citada autoridade permissão para aceder a um imóvel que pertence ao município. Inacreditável! Claro que os dirigentes da ASAE, constatando que campeia a bandalheira na autarquia tomarense, saltaram sobre a ocasião. Mandaram deslocar a Tomar três funcionários (ver foto na última página do Templário), naturalmente com direito a subsídio de deslocação e mais não sei quê, para afinal virem apenas pentear cágados, uma vez que, nos termos da Constituição da República, a nenhum proprietário pode ser vedado o livre acesso aos seus bens. Por conseguinte, a ASAE apenas proibiu que o imóvel funcionasse como mercado, pois para mais não tem competência legal. Infelizmente, ocorreu o habitual: Quando os eleitos são incapazes, os funcionários espertalhuços aproveitam. O que permite ao Templário noticiar sob a foto que "A ASAE desselou uma parte do edifício". Então e o direito de propriedade? Consiste em quê, afinal?
Ridículo! A ignorância dos eleitos é mesmo a origem de muitos abusos...Mas é o que temos.
CIDADE DE TOMAR faz manchete com outra vertente do mesmo tema: o martírio dos comerciantes e dos cidadãos que continuam a frequentar o Mercado Municipal, desde há dois anos instalado numa tenda que custou o suficiente para reparar os velhos pavilhões que datam de 1950. "Interior da tenda do Mercado Municipal torna-se insuportável, com cerca de 40 graus centígrados", titula o semanário. Se fosse para uma festa ou outra manifestação cultural, susceptível de permitir protagonismo e/ou uma almoçarada, certamente que haveria dinheiro. Tratando-se apenas de facultar condições mínimas de trabalho para os vendedores e de algum conforto para os compradores, claro que não há dinheiro para instalar o ar condicionado. A cafetaria na Cerrada dos Cães faz muito mais falta...
A questão da reforma das freguesias é outro assunto em destaque no semanário dirigido por António Madureira. Há um texto dos actuais dirigentes locais do PSD, no qual apelam finalmente ao debate da questão, acentuando que caso a autarquia não consiga apresentar uma proposta, a dos técnicos governamentais será seguramente pior para todos. Na mesma onda, António Freitas assina na página 13 uma longa crónica, na qual recusa a união de Alviobeira com Casais, advogando antes a eventual junção com uma freguesia do concelho de Ferreira do Zêzere, como forma de melhorar a qualidade de vida. Havia de ser o bom e o bonito se a localidade de Ceras, que está na origem de Tomar, nove séculos mais tarde passasse para o concelho vizinho. Até o fantasma do Gualdim começaria a vir protestar durante a noite nos Paços do Concelho... o que seria mais um atractivo turístico, numa terra que sabe como nenhuma outra gerir os seus recursos. Por isso estamos tão bem e a caminhar aceleradamente para ainda melhor. Deus tenha piedade de nós!
2 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Pelo que deduzo do semanal "temas da imprensa local" do Tomar a Dianteira, a imprensa local (e regional - Mirante) passou ao lado das questões relacionadas com Miguel Relvas (contactos muito íntimos com o Sr. Espião e ameaças a uma jornalista do "Público", que se demitiu do jornal, como é sabido); coisa, aliás, de pouca importância para o sindicato dos jornalistas, para a imprensa em geral, para os partidos políticos, para a Assembleia da República e para o Presidente da República. Parece dado adquirido que o presidente da A. Municipal de Tomar e ministro adjunto não mereceu dos jornais tomarenses uma linha, um comentário, uma análise.
Surpreende mais ainda o semanário Mirante, que elegeu Miguel Relvas a "Personalidade do ano 2011". Claro que me estou a basear na resenha semanal do Dr. Rebelo sobre a imprensa local e em buscas que fiz na internet.
Ora, dado o gabarito local e distrital do dito, alguma posição jornalística haveria de merecer. Digo eu. Nesse aspeto, o blogue do Dr. Rebelo tem o mérito de fazer uma e outra coisa: crítica e denúncia da péssima vida política autárquica e referêrncias ao Dr. Relvas...
Põe-se, assim, a pergunta: porque será?!?!
Porque o tema é sobre imprensa, vou referir algumas passagens de um artigo do historiador Manuel Loff, "Fim de Regime - II", hoje no Público, sobre os ataques que se intensificam à nossa democracia.
Manuel Loff refere o Reitor da universidade do Porto, Marques dos Santos, que disse há dias:
"O país está a atravessar uma fase em que todos se devem calar" (JN 23-5-2012).
Escreve o reitor no mesmo artigo:
"Se estivéssemos seis meses todos calados, não criássemos mais problemas do que os que já existem e deixassem as coisas correr, daqui a seis meses, trabalhando, veríamos que as coisas até evoluiriam melhor do que o que pensámos". Lembra também aquela sugestão de MFerreira Leite para "suspender a democracia por seis meses".
Manuel Loff refere ainda um economista, Ferreira Machado, diretor da faculdade de economia da universidade Nova de Lisboa, um dos "epicentros do ultraliberalismo nacional". Entende este economista que,
"As democracias favorecem amplamente o status quo (...) porque os perdedores das reformas (...) são grupos bem precisos, capazes de fazer pressão sobre os dirigentes políticos". Ora essa! - digo eu.
No Estado Novo não era muito frequente encontrar afirmações fascistas tão explícitas na imprensa de então. Salazar chamava-as a si e não gostava que os seus assalariados o fizessem por ele, receoso de algum ponto final ou vírgula serem inconvenientemente colocados..., o que não acontece hoje: não resistem a porem-se nos bicos dos pés para afirmarem quem são e da sua determinação reacionária em tudo o que seja contra o povo português, que querem pobre, manso e humilde, para ocuparem cônjuges e filhos que ainda mijam nos lençóis em tarefas de recolha nos centros comerciais a favor dos pobrezinhos, coitadinhos, que agora até são da "classe média", o que para esta casta reacionária parece provocar-lhes orgasmos. A santa caridade e a política distributiva dos resultados do rabisco.
Tem razão o Dr. Hugo Cristóvão, quando escreve no seu blogue Algures aqui.blogspot.com, dia 6/6/2012:
"Quando em Portugal a instituição igreja católica começa a ter posições mais à esquerda que um governo, quando figuras proeminentes dessa instituição começam a criticar publicamente o governo dos partidos pelos quais normalmente fazem lobbies... estou enganado, ou só pode querer dizer que isto está mesmo muito mau?"
O Bispo Januário, das Forças Armadas, disse ontem que ficou com vontade de apelar ao povo que saia à rua para fazer a democracia, perante um governo que, na sua opinião, fala do povo português como um «povo amestrado» que «devia estar no Jardim Zoológico».
Meu caro Fernando: Percebo bem a tua azia, de resto muito semelhante à de Pinto Balsemão, porém por razões diferentes (?). Pela parte que me toca, que querias que fizesse? Só a política local está no âmbito deste blogue e não me consta que Miguel Relvas tenha recebido de Silva Carvalho "clipings" sobre problemas tomarenses, ou perdido a paciência com a jornalista do Público por causa de perguntas formuladas ao presidente da AM de Tomar. Estarei enganado?
Tens a certeza que não estás a servir uma causa que não é tua?
Vais ver que uma vez privatizada a RTP 1, a tempestade vai amainar bruscamente...
Enviar um comentário