sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mudar de trilho

Numa atitude a todos os títulos louvável, a Junta de Freguesia de S. João Baptista resolveu convidar a população para assistir e participar na reunião da sua assembleia, amanhã sábado, dia 30, a partir das 18 horas. Lá estarei. Não para partir pedra, serrar presunto, nadar em potes de iogurte ou semear a discórdia. Sim para indicar caminhos, procurar consensos, incitar à negociação serena e defender compromissos livremente assumidos.
O mundo mudou muito, num movimento cada vez mais acelerado, que exige de cada um de nós rápidas e inevitáveis adaptações, sob pena de ficarmos para trás. Numa frase popular, agora muito em voga: "Ou damos o corpo à curva, ou vamos parar à valeta". Nestas condições, alinhavar argumentos toscos, do tipo "a reforma não poupa quase nada", "não fui eleito para acabar com a freguesia","há outras reformas onde se poupava muito mais", "sou a favor da reforma, mas não desta reforma", será pura perda de tempo. Os dados estão lançados. Agora restam apenas dois caminhos: ou as populações decidem, em conjunto e através dos seus órgãos livremente eleitos, ou o governo fica com a faca e o queijo na mão, podendo servir-se à sua vontade. É assim e já não há volta a dar. A  reforma é do Relvas? E daí? Se fosse outra a origem, seria melhor? Como é que sabem? O Relvas tem peçonha?
Já aqui escrevi várias vezes que na minha opinião a solução ideal para o concelho é a redução de 16 para apenas 2 freguesias, tendo o Nabão como divisória natural. Aquém da ponte, S.João + 7; além da ponte, Santa Maria + 7. Com outra designação ou não; com sede no mesmo local, noutro local ou rotativa. Com ou sem extensões, em povoações a designar por consenso ou votação maioritária.
É pouco, duas freguesias? Pois então que sejam quatro, duas em cada margem. Ou oito, quatro de cada lado do rio. Ou qualquer outra escolha, desde que livre e participada. Como está é que não pode continuar. Por dois motivos centrais: porque o tempo em que não havia estradas nem telefones nem internet, o que justificava a existência de regedores e cabos de ordens, já lá vai e não voltará; porque no estado actual das coisas, a reforma terá mesmo de ir até ao fim, sob pena de o governo perder a face, coisa de que ninguém gosta mesmo nada.
Espero que na reunião estejam apenas moradores, naturais e eleitores da freguesia. Seria uma lástima que os habituais apóstolos de uma hipotética revolução redentora, que nunca aconteceu em lado algum, viessem uma vez mais tentar meter pauzinhos nas rodas da engrenagem social, esperando imobilizá-la. Tudo tem o seu tempo. Agora uma grande parte da população já percebeu que não faz qualquer sentido combater e votar contra uma reforma, para num segundo tempo a defender implicitamente, ao surgir nova alteração. Como usa fazer determinada central sindical, com os resultados que todos conhecemos...

3 comentários:

Leão_da_Estrela disse...

Professor, ainda que parcialmente de acordo consigo, quanto à ingerência de quem nada tem a ver com as coisas; chamo-lhe contudo a atenção para o facto de o Mundo ter avançado porque os povos souberam, ao longo dos tempos, defender os seus interesses; e apesar de alguns "desvarios", o povo, regra geral, é sábio.
Já sabe o que penso acerca desta "reforma", não vale a pena bater mais no ceguinho, mas sei agora que defende apenas duas freguesias para o Concelho. Quer o meu caro "construir" três Câmaras Municipais, portanto; não acha que será pior a emenda, que o soneto?
(se "amandou" esta solução para provocar discussão, óptimo!)

Ctos

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

(Bons olhos o vejam Dr. Rebelo! Pelos vistos não aprendeu nada na terra de muitos cabeças rapadas... Não há cidade mais bela que Tomar para uma vida de ripanço...! Não há País e povo mais maravilhosos que o nosso! Com que então compromissos livremente assumidos!!! Quais?!)

Sobre o post:

Miguel Relvas tem peçonha sim senhor, letal para a política e democracia portuguesas. O poder local é um património desde sempre ligado à existência do nosso País, à sua cultura e à própria independência nacional. Como em nenhum outro país na Europa, as autarquias têm algumas caraterísticas de órgãos de vontade popular, porque foi com elas que os portugueses estabeleceram um contrato firme de unidade, sem elas a democracia não teria triunfado em Abril 74, porque foi em seu redor que se criaram espontaneamente no pós Abril milhares de associações de moradores de localidades, freguesias, bairros, vilas e cidades, raízes que garantiram a vitória sobre todos os canalhas que agora levantam a cabeça sob a batuta de um político repugnante; deve-se ao poder local, municípios e juntas de freguesia, o melhor que se construiu para os portugueses de norte a sul, especialmente em regiões do interior.

Foi em torno do poder local que o nosso Afonsinho se libertou dos grandes senhores do Norte, zarpando para Coimbra, estabelecendo uma aliança príncipe/poder local e, na base deste contrato, fundar o País que somos hoje, o mais antigo da Europa - 850 anos. A força do príncipe e dos seus 5 descendentes vinham do poder local das comunidades.Os outros países nasceram de acordos entre condes, duques, príncipes e reis, com excepção da Suiça, que nasceu de uma singular forma de aliança entre três comunidades (cantões) há 700 anos, uma determinante vontade popular, tal como em Portugal, de formas diferentes, mas que, quer num quer noutro caso, se mantêm ainda hoje.

Ao aflorar os fatores históricos, pretendo desmascarar este oportunista do Miguel Relvas, desafiando os especialistas na matéria a vir a terreiro, cuja pseudo-reforma não tem pés nem cabeça, não se funda na nossa história nem na nossa cultura, apenas no desejo de concentrar o poder oficial e oficioso para alienar a política às populações, e aumentar o carrego deste Estado sobre os seus ombros, à custa de impostos e vexações. Que legitimidade intelectual tem este verme político para implementar tal reforma? Vejam o que ele fez em Tomar nos últimos 15 anos!

Miguel Relvas é peçonhento, uma serpente letal a que os tomarenses têm a obrigação de dar o respetivo corretivo, sem meias tintas, sem cobardia. Miguel Relvas é inimigo perigoso do País e dos tomarenses.

Digo mais: Miguel Relvas devia ser corrido à pedrada de Tomar.

Unknown disse...

Meu caro templário/cantoneiro:

Tu até és bom rapaz, mas quando te exaltas nada te segura. E Miguel Relvas provoca-te uma tal reacção alérgica, que ainda não consegui entender, apesar de ter certamente causas fortes. Disso falaremos tranquilamente no nosso próximo encontro casual.
Entretanto, julgo que concordarás comigo em pelo menos um ponto: quando não decidimos, outros o fazem por nós. Assim sendo, parece-me não ser nada aconselhável tentar envenenar a conversa logo de início, como vem sendo habitual. Ser contra é fácil e confortável. Difícil é apresentar alternativas credíveis em tempo útil.