Não é usual abordar aqui questões de política nacional ou internacional, salvo quando tenham implicações evidentes na envolvência partidária nabantina. É o caso.
A esquerda festiva portuguesa, sem munições para atacar frontalmente a odiada política neoliberal, tornada obrigatória pelo descalabro provocado entre nós pelo governo Sócrates, rejubilou com a vitória do socialista Hollande. E até começou a atirar foguetes, ao saber que o governo socialista restabelecera a reforma aos 60. Como cidadão titular do cartão de eleitor tanto em Portugal como em França, sinto-me na obrigação de esclarecer os meus conterrâneos, para evitar futuras e dolorosas desilusões.
1 - Com uma nebulosa governamental que representa 59% do PIB, a França rebenta pelas costuras, necessitando quanto antes de robustas medidas de austeridade, entre as quais o inevitável e acentuado emagrecimento do Estado, que por acaso lá até funciona; 2 - O restabelecimento da reforma aos 60 anos não passa de uma medida oportunista, tendo em vista conseguir uma maioria PS nas legislativas do próximo dia 17; 3 - A referida medida de direito à reforma aos 60 anos com o ordenado por inteiro, apenas abrange quem tenha 41 anos e meio de descontos. Ou seja, os trabalhadores que começaram a descontar para a SS aos 18 anos e meio de idade. Muito longe por conseguinte daquilo que tem sido noticiado em Portugal, onde uma certa esquerda continua a confundir manàcracia com democracia. Não há piores cegos...
5 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Não só esta medida de reformar os trabalhadores, que no final do ano em que completaram 19 anos tinham pelo menos 5 trimestres de trabalho com as respectivas contribuições, para premiar as carreiras de longa duração que atingiram os 41 anos de carreira -, uma medida justa que até irá criar muitas vagas para novos empregos -, como também a
França (o governo de Hollande) vai encarecer os despedimentos para combater o desemprego, medida já anunciada, ao contrário do que se está a fazer cá.
Se há uma qualidade que temos de reconhecer ao sistema partidário francês é o alto nível de preparação dos seus quadros intermédios e superiores. Em todos os partidos. Profissionais sim, mas à séria.
Nada que se compare com o governo de administrativos rascas e oportunistas que ocupam S. Bento(como o empregado do Ângelo Correia), e o escol reumático de economistas e outros assessores que os rodeiam.
Não é preciso ir a Coimbra para perceber a correção destas medidas.
Desgraçadamente, estas questões não são discutidas em Portugal, tão pouco pelos estruturas sindicais, menos pelos partidos políticos.
Concordo contigo. Apenas queria pedir-te para estares preparado em relação ao que vai ocorrer nas margens do Sena a partir do fim deste mês. Vai ser a doer e para muitos anos.
Professor, não me diga que vai deixar de haver praia este Verão, nas margens do Sena?
(vá lá, a nós ainda não nos é vedado o acesso ao mar...talvez na cínica perspectiva de que alguns de nós lá fiquemos.)
Desculpe lá qualquer coisinha.
Cumprimentos
"Nas margens do Sena" é apenas uma figura de estilo, para não usar sempre Paris ou França. É evidente que a praia fluvial artificial de Paris vai continuar, até porque o "maîre" continua a ser o mesmo. O problema é que as medidas de austeridade que são indispensáveis e não tardarão, vão ser drásticas e prolongadas. Infelizmente. E a seguir virão a unificação bancária europeia e a supervisão orçamental a efectuar sob a égide de Bruxelas=Alemanha...Caso contrário não haverá mais ajudas para ninguém, com a Itália e a França já na fila de espera.
Prof.
Entendida perfeitamente a figura de estilo e creio que também entendida a ironia da praia fluvial resultado daquela.
Mais a sério, creio já ter escrito no seu blog, que, na minha modesta opinião, a Europa nunca será nada enquanto essa unificação bancária e a supervisão orçamental, não forem implementadas. Se os eurocratas não fossem burros, bastava-lhes ter aprendido com o erro dos americanos, que começaram desta mesma forma com o dólar e rapidamente tiveram que arrepiar caminho para uma supervisão daquilo que veio a ser a reserva federal, sob pena de se terem desagregado como país.
É o que vai acontecer à Europa, inevitavelmente, se o federalismo não avançar, o que, por exemplo, impede a emissão de moeda, como estão a fazer os americanos, o que ajudaria a minimizar de forma sustentada os efeitos da crise.
Mas isso, certamente, não interessará muito a alguém...
Já em Tomar, consta que continuará a não haver praia ( muito menos nadador salvador )
Cumprimentos
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