domingo, 3 de junho de 2012

Tomar a dianteira sempre "enzima" do acontecimento


Procurando sempre, na medida do possível, acompanhar as grandes dúvidas, angústias e outros problemas nabantinos, Tomar a dianteira nunca se cansou de procurar uma explicação definitiva para a confrangedora apatia dos eleitores tomarenses. Até agora, pensava-se que tal atitude anti-cívica resultava de um conservadorismo excessivo, aliado à pouca vontade de arranjar problemas e/ou de se cansar a pensar, da pouca ou nenhuma formação política e da evidente falta de cultura geral. Afinal,  a verdadeira causa é outra. Trata-se de um problema genético. Mais concretamente de carência de uma enzima, ou proteína, baptizada pelos biólogos como PERK. Não acredita? Pois então faça favor de continuar a ler. No final será forçado a constatar: "Tomar a dianteira, sempre "enzima" do acontecimento".

"Uma proteína, chave da flexibilidade mental

Privados dessa molécula, ratos-cobaias não conseguem "desaprender" para se adaptarem"

"A adaptação comportamental a situações inéditas será controlada por uma proteína? É pelo menos o que sugere um estudo que será publicado no próximo dia 28, no jornal Cell Reports, e que sublinha o papel de uma enzima, designada PERK, na flexibilidade comportamental. Graças a um método que permite visualizar todos os tipos de proteínas, investigadores americanos e franceses interessaram-se por esta enzima que regula a síntese de proteínas-alvo, ligadas à memória e à plasticidade cerebral. PERK parece desempenhar igualmente um papel central na esquizofrenia.
Com o fim de examinar as consequências da carência da dita enzima sobre a flexibilidade comportamental, os investigadores começaram por criar ratos-cobaias transgénicos "knock-out", que não dispõem da proteína PERK nos seus lóbulos frontais. Depois compararam o comportamento desses exemplares com o de homólogos normais, todos num labirinto aquático. Logo que aprendem a orientar-se em tal dispositivo, as cobaias normais e as mutantes fazem o mesmo percurso para chegar a uma plataforma destinada a mantê-las fora da água. Num segundo tempo, esta plataforma é deslocada, tendo como objectivo verificar se as cobaias mutantes adaptam ou não o seu comportamento, apesar da já citada carência enzimática. Contrariamente às cobaias normais, as mutantes não conseguem encontrar a plataforma, sendo portanto incapazes de "desaprender" para se adaptarem a uma modificação da envolvência.
No âmbito de uma segunda experiência, os investigadores examinaram a sensibilidade das referidas cobaias em relação aos elementos exteriores, partindo de um condicionamento associativo entre um sinal sonoro e um ligeiro choque eléctrico numa das patas. Neste contexto, todas as cobaias têm uma reacção de medo: imobilizam-se quando ouvem o sinal, antecipando assim o ligeiro choque subsequente. Quando na fase seguinte o som não é seguido de choque, as cobaias mutantes continuam a responder imobilizando-se, como que à espera do choque subsequente. Em contrapartida, as cobaias normais, que não se imobilizam quando ouvem o sinal sonoro, indicam assim que já adaptaram o seu comportamento à nova realidade.
Os investigadores concluíram que a proteína PERK intervém na flexibilidade comportamental, permitindo assim que as cobaias possam associar os elementos exteriores ao contexto. "Graças à selectividade da inactivação do gene codificador para esta proteína no cortex frontal, bem como à afinação de uma técnica muito sofisticada de visualização das proteínas, é a primeira vez que um estudo revela a importância da proteína PERK na manutenção da flexibiklidade comportamental", disse-nos Philippe Pierre, investigador no Centro de Imunologia de Marselha-Luminy, co-autor do estudo.
Por outro lado, os muito fracos níveis de proteína PERK observados em amostras recolhidas post-mortem do cortex frontal de pacientes esquizofrénicos, em relação às de pessoas saudáveis, confirmam que a carência da dita enzima contribui para alterar a flexibilidade comportamental. "Há cada vez mais problemas neurológicos e doenças neuro-degenerativas, entre as quais as doenças de Alzheimer e de Parkinson, bem como a síndrome do X frágil, relacionados com a desregulação da síntese das proteínas", declara Eric Klann, co-autor do estudo e investigador no Centro para as ciências neuronais da Universidade de Nova Iorque. "Outros estudos clarificando o papel específico da síntese de proteínas, regulada pela proteína PERK no cérebro, podem fornecer novas vias para combater as doenças neurológicas, cada vez mais frequentes e incapacitantes."
O estudo de Cell Reports, dando relevo a uma via bioquímica implicada na flexibilidade comportamental, abre perspectivas prometedoras para estudos-diagnóstico, que poderão levar a uma melhoria dos cuidados médicos na área dos problemas neurológicos, consideram os autores."


Jérôme Grenêche, Le Monde, Science & Tecno, 02/06/2012, página 2


Conclusão política de Tomar a dianteira, que nada percebe de medicina ou de neurobiologia:


Afinal os tomarenses até nem são apáticos, conformistas, comodistas e visceralmente conservadores. Padecem apenas de falta da enzima PERK.
Da mesma forma, confirmando a opinião do ministro Relvas, oportunamente difundida, os presidentes de Junta e de Câmara têm mesmo um comportamento esquizofrénico. Mas não agem assim para contrariar o governo. São apenas vítimas indefesas da síndrome de falta de enzima PERK.
Afinal, pouco a pouco e demasiado devagar, a ciência acaba por explicar tudo. Uma vez ultrapassada a actual crise, se tal vier a acontecer, acabaremos por saber finalmente quais as suas causas remotas e próximas, bem como a solução salvadora encontrada.
Tomar a dianteira, sempre "enzima" do acontecimento!




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