quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Voar até ao sétimo céu

Numa altura em que se volta a falar da privatização da TAP, em que  há frio, chuva, neve, dias cinzentos e esta maldita crise que nunca mais acaba, que tal um pouco de sonho?! Por exemplo uma companhia aérea que nunca deu prejuízo...e outras coisas mais.
Ora faça o favor de ler:

"Singapura Airlines transporta ao 7º céu"

"São apenas quatro, mas são um símbolo. Nos seus Airbus 380, nomeadamente o da carreira de Paris, Singapura International Airlines (SIA) coloca agora à disposição dos seus clientes quatro "casinhas". Quatro cabines fechadas, aninhadas entre os doze lugares de primeira classe do A380. Um verdadeiro sucesso comercial. Porque, segundo a própria companhia asiática, "estas quatro suites podem ser convertidas em camas de casal para recém-casados".
As quatro suites "nupciais" são praticamente tomadas de assalto, designadamente pelos recém-casados que desejam passar a noite de núpcias a voar. Para depois a continuarem em Paris. Mas este 7º céu tem um preço. Acasalar recatadamente a 10 mil metros de altitude, entre Singapura e Paris, custa entre 8 e 9 mil euros. "O dobro do preço normal para um lugar da classe "negócios", refere com orgulho a companhia aérea da cidade-Estado. 
Para os seus 40 anos, comemorados no passado dia 21 de Dezembro, Singapore Airlines tem a firme intenção de nada alterar à receita que é a base do seu sucesso. "Qualidade de serviço e inovação", como sublinhou no final de Dezembro Andrew Yip, director-geral para o mercado francês, durante a festa de aniversário da SIA.
Incontornável figura de proa da companhia asiática, a "Singapore girl" tem direito a uma formação longa, antes de subir a bordo. "Três meses de treino, contra um único" para as hospedeiras de Air France, esclarece Singapore Airlines. Mas sem loucuras financeiras. Por cada 100 dólares gastos, 40 são para o carburante e apenas 13 para as despesas com o pessoal. Ao contrário do que sucede na Air France, cujos empregados custam tanto como o combustível.
Na SIA, os salários são pouco elevados, sobretudo porque as hospedeiras são jovens (e devem retirar-se antes dos 45 anos) e o pessoal tem uma produtividade bastante superior. Os pilotos trabalham em média 750 horas por ano, 50% mais que os seus homólogos europeus.
Uma margem que é investida na frota. A companhia acaba de anunciar uma encomenda suplementar de 25 Airbus dos maiores: 5 A380 e 20 A350, num total de 7,5 mil milhões de dólares, a preços de catálogo. Globalmente, Singapore Airlines já encomendou 127 Airbus.
Mais ainda do que com o pessoal navegante, é com os produtos a  bordo que a companhia asiática procura marcar a diferença em relação à concorrência. Em 2014 prevê investir 400 milhões de dólares de Singapura = 244 milhões de euros, para equipar os Airbus A350 e A 380, bem como os Boeing 777 com um novo sistema de divertimento a bordo. Para ser "a companhia mais recompensada no mundo", segundo Andrew Yip, a SIA acelerou a renovação do interior dos aviões da sua frota. "Adoptou um ciclo rápido, com a substituição dos assentos de seis em seis anos", segundo a direcção.
O outro ingrediente do êxito da companhia é o seu aeroporto. Verdadeiro centro comercial, especializado nos produtos de luxo, concentra num único local mais de 50% de todo o tráfego da SIA. Mais do que uma simples linha aérea, Singapore Airlines é um grupo. Nomeadamente para explorar  o que designa por "rede global". Além da SIA, explora também uma companhia regional, Silk Air, e duas low-cost; Tiger, especializada em voos de curta e média distância, e Scoot, um dos raros exemplos de companhia de baixo custo a explorar voos de longa distância.
Uma estratégia ganhadora. No exercício anual de Abril 2011 a Março 2012, Singapore Airlines registou um volume de negócios de mais de 9 mil milhões de euros, com um lucro de 205 milhões de euros. "Não foi um bom ano", lamenta a SIA, cuja coroa de glória é nunca ter registado prejuízos, desde a sua fundação em 1972. Uma excepção no sector do transporte aéreo."

Guy Dutheil, Le Monde, Eco & Entreprise, 22/01/2013, página 5

O destaque colorido é de Tomar a dianteira

1 comentário:

Leão_da_Estrela disse...

Professor,

Realmente uma realidade (passe a redundância) de sonho.

Por cá também poderíamos ter uma companhia aérea a dar lucro, não fora a decisão estapafúrdia de comprar a Varig, uma companhia falida, e os seus activos tóxicos, como agora se chama ao dinheiro mal-parado; recorde-se que sem este cancro,a TAP daria lucro!
Fala-se que os pilotos trabalham mais 50% que os europeus; eu não sou especialista da coisa, longe disso, mas teria sido avisado a quem escreveu o artigo, chamar a atenção que a SIA é uma companhia de longo curso, onde os pilotos até podem bater uma "sornazinha" durante o voo, que utiliza rotas pouco congestionadas, em contraponto com os europeus, que fazem grande parte das suas horas de voo em ligações de pequeno e médio curso, num espaço completamente congestionado; lembro que a distância entre aeronaves no ar passou para apenas 200 metros (em altitude); a propósito disso, apanhei à relativamente pouco tempo o primeiro cagaço de muitas viagens de avião, numa recente visita a Barcelona: boa visibilidade e na diagonal do avião, no sentido norte-sul, vinham outros dois, precisamente um sobre o outro. O ponto de intersecção dos três ter-se-ia dado cerca de 20 segundos antes; está tudo controlado, dir-me-á; mas aquelas três máquinas vão a cerca de mil Km por hora e quem tem cu, tem medo. Ora, se os passageiros "stressam" com coisas destas, os pilotos não se podem dar ao luxo de fechar os olhos. Tudo isto se repercute na condição física e psíquica desta gente. Já reparou que o pessoal de bordo, mesmo que jovem, "ganha" cabelos brancos rapidamente? há-de haver alguma razão para isso. Hoje, em regra (eu vejo-os do meu estaminé), há um movimento por minuto na Portela, noutros mais movimentados, noutras capitais europeias será ainda mais crítico. Não podemos comparar isto com um voo de 13, 15 horas, com ou sem escala...
Outro assunto que me chamou a atenção foi correrem com "as meninas" aos 45 anos. Será que vão para o desemprego, ou serão reformadas. Aos 45 anos?
E para finalizar, a venda da ANA impede que o negócio aéreo em Portugal seja um grupo. A Ana que, recorde-se, dá lucro!

E pronto, já pode o sindicato dos pilotos e o do pessoal de voo mandar o chequezinho pelo serviço de defesa da classe...

Um pouco aéreo ainda com os benefícios da "ida" aos mercados,

Cumprimentos