segunda-feira, 2 de maio de 2011

AINDA NEM CHEGÁMOS AO MEIO DO RIO...

Pelas conversas que por aí tenho ouvido, os tomarenses cuidam que, em matéria de crise económica, o pior já passou. E estão mais uma vez enganados. É comum apresentar uma crise económica como um vale mais ou menos profundo, ou como o leito de um rio, em forma de ( horizontal. Prefiro esta. 
No estado actual das coisas, é meu entendimento que, tanto a nível nacional como local, ainda estamos aquém do meio do rio, infelizmente. Daí não achar qualquer racionalidade na actuação de José Sócrates, ou na dos autarcas da coligação, aqui em Tomar. O primeiro-ministro, depois de proclamar com veemência que não governaria com o FMI, irá ter de o fazer, caso os portugueses caiam na esparrela de lhe conceder uma maioria, na consulta do próximo mês. Já os autarcas tomarenses preferem o silêncio, o sigilo, o faz de conta. Aguardarão dias melhores?
A ser assim, julgo que estão a perder tempo. As medidas de austeridade impostas pelo trio FMI/BCE/UE vão provocar inevitavelmente uma acentuada recessão, pelo menos nos próximos dois anos. O que significa menos receitas para o Estado, pelo lado IMI, do IVA e do IRC. Como o futuro governo -seja ele qual for- apenas poderá transferir para as autarquias uma percentagem daquilo que antes tiver cobrado, os recursos orçamentais daí provenientes vão ser cada vez mais magros, que os técnicos do trio estarão atentos, de forma a evitar tramóias. Outro tanto acontecerá com as receitas directas da autarquia, também em queda acentuada, neste caso não só devido à citada recessão, mas também por causa das exageradas taxas autárquicas e consequente debandada da população. Nestas condições, com onerosos compromissos no horizonte próximo -que ninguém vislumbra como poderão vir a ser honrados- e incapazes de governar sem recurso ao crédito bancário desde há vários anos, que esperam os autarcas da coligação? Algum milagre? Melhores dias? O fim da crise? Um providencial desenrascanço de última hora?
Por agora estão aparentemente serenos, apesar de alguns munícipes mais atentos já os verem com água pelo queixo. Ou pela barba... Como será com o acentuar da crise, a penúria, o agravamento do desemprego, a falta de liquidez e a evidente ausência de perspectivas?
Na política, como em qualquer outra actividade, saber retirar-se a tempo é uma arte, ao alcance de muito poucos. Os outros teimam em manter-se na ribalta, mesmo quando já estão cansados de ouvir a pateada dos espectadores...que ainda não calçaram os patins, em demanda de ares mais clementes.

4 comentários:

Anónimo disse...

A nossa desgraça já teve uma virtude, o Amigo começou a ver com mais clareza a actuação de Sócrates em Lisboa e até dos autarcas em Tomar nomeadamente os do seu PS, se bem que isso não resolva os nossos problemas.
O nosso actual P. Ministro, tem na verdade dificuldades com a realidade e o PS mais parece um dessas seitas ainda em voga, que repetem até á exaustão a sua verdade, em frases repetidas pelos seus membros por todo o País.
Quando em Tomar também o nosso P. da Câmara, vive no seu mundo, apoiado pelos que deveriam ser esses sim alternativa (PS) e atrapalhando os do seu partido (PSD), que já não o apoiando espera um milagre após a Festa dos Tabuleiros, para acabar com esta situação de desgraça Autárquica.
Temos assim situações pouco claras á luz dos manuais da politica do inicio do século XXI, que prejudicam na verdade Portugal e Tomar.
E qual a alternativa?
Escolher bem e votar bem, quando temos essa possibilidade não desperdiçando votos, mas votando utilmente nas alternativas possíveis, claro que em Tomar sendo ainda cedo não se vislumbram essas alternativas, mas nas próximas legislativas também concordo consigo existe já essa alternativa.

Anónimo disse...

Temos todos uma boa alternativa para melhorar a nossa vida: votar nas legislativas.

Temos ainda outra a nível local: ir assistir às reuniões e participar na parte reservada ao publico, levantando questões e propondo soluções.

Outra solução é escrever nos jornais denunciando medidas que não fazem sentido, como por exemplo a Câmara ir gastar 4 mil euros numa tenda e segurança, para fazer uma feira do Livro, com quatro livrarias na Praça da Republica durante três dias.

Ficava mais barato oferecer um livro a cada pessoa que fosse durante esses dias a qualquer dessas Livrarias, do que fazer esse gasto.

Anónimo disse...

Pois é. O pior ainda está para vir.
Os ex. funcionários públicos que abundam por Tomar que se cuidem pois o "FMI e Bruxelas querem cortar pensões acima de 600 euros" (notícia de 1ª página do DE de hoje).
A.A.

Anónimo disse...

Para o anónimo das 23:41,
Dizer que Sócrates não governa bem é de La Palisse. Ele não governa bem, embora não esteja a governar pior do que, antes dele, Santana Lopes, Durão Barroso, António Guterres, Cavaco Silva, ...
O problema é que devíamos ter alguém que governasse bem, o que perante o leque de escolhas que nos é colocado à frente é impossível.
Estava na hora de ficarmos (outra vez) orgulhosamente sós. É difícil, mas seria a única solução. Como não queremos, iremos ao fundo, com a Europa, ou melhor, antes dela. Mas os outros europeus não ficarão a rir... Parecemos estar condenados a um sistema falido que sobrevive quase em coma por cuidados paliativos que tendem a esgotar-se. Com o tempo.
Sérgio Martins já colocou o dedo na ferida.

Alguns mais fundamentalistas salientam que isto é inevitável pois o fim do mundo está próximo. Os Maias garantem que é 2012. As Testemunhas de Jeová estão caladas para não se enganarem, de novo. Mas elas suspiram pelo termo desta era. Portugal, precipitado como sempre já está nesta viagem eterna. Com bilhete na primeira fila.

Manuel Marques