terça-feira, 17 de maio de 2011

CADA VEZ ESTAMOS MAIS NA MESMA...

É verdade! No meu humilde entendimento, somos cada vez mais um estranho país. Ainda ontem à noite fiquei a cismar nisto mesmo, ante o Prós e contras do primeiro canal. Então não é que, com ilustres convidados e uma bem guarnecida plateia, em vez de abordarem o tema previsto, (Portugal vai ficar diferente com a aplicação das medidas previstas no pacote da troika?), consumiram um longo quarto de hora a opinar sobre a detenção de DSK?!?! Nesta mesma sinuosa linha de raciocínio, um leitor aqui do blogue (anónimo como quase todos) indagou quanto iríamos ter de pagar para compensar a redução da TSU. Veio logo outro -o nosso amigo Cantoneiro da Borda da Estrada- esclarecer que se tratava da Taxa social única, a liquidar pelos patrões sobre os salários dos trabalhadores ao seu serviço. Até aqui tudo bem. O pior veio a seguir.
Não disse que se trata de uma medida imposta pela troika, visando aumentar a competitividade  das empresas portuguesas e, mais grave ainda, avançou logo com uma ideia "genial" do tipo socratiano: vendendo uma parte das reservas de ouro do Banco de Portugal, compensava-se a "perda" ocasionada pela prevista redução percentual da aludida TSU. Como se o Banco de Portugal não fosse independente e estivesse às ordens do governo! Já assim foi, na verdade. Agora, porém, integrados na zona euro e no BCE, estamos rigorosamente obrigados a fazer o que nos disserem e não aquilo que queremos. Além de que a sugestão do nosso habitual comentador carece de pertinência, parece-me a mim.
Consideremos que não dependíamos monetariamente da Europa. Que o Banco de Portugal recebia e cumpria a ordem governamental de venda de uma parte do ouro (que para geral conhecimento nem sequer cá está, mas sim nas reservas de Fort Knox, USA, por cuja utilização pagamos uma renda mensal). O valor dessa venda permitiria compensar a tal "perda" de receitas, originada pela redução da TSU, durante um, dois, ou mais anos, uma vez que aquela taxa é permanente. E depois? Vendia-se mais ouro? E quando não houvesse mais?
É por estas e por outras que estamos como estamos. Com tendência para piorar. Tal como o consumidor de estupefacientes só se sente bem com a sua dose habitual, nós também já somos dependentes de uma série de coisas, das quais vamos ter de prescindir: casas a crédito, férias a crédito, automóveis a crédito, electrodomésticos a crédito, moda a crédito, obras a crédito, festas a crédito. Tudo na crença de que seria "sempre a somar" = salários, receitas, subsídios sempre a aumentar, facilitando as prestações. Como se alguma vez as árvores tivessem crescido até ao céu!
Os turistas estrangeiros mais atentos a estas coisas da política, da economia, da sociologia e da antropologia, ficam em geral muito admirados com o que vêem, quando cá chegam. Julgavam-nos um país pobre, atrasado, com uma economia dependendo dos balões de oxigénio de Bruxelas, e afinal...automóveis do último modelo, casas imensas, interiores sumptuosos, restaurantes e estádios cheios, animada vida nocturna, festas, feiras e romarias, senhoras e cavalheiros na última moda...
É do mesmo tipo da síndrome do obeso. Cada vez está mais adiposo, mas continua a recusar de forma obstinada que tal resulta unicamente de excesso de comida e da falta de exercício regular. Sustenta, contra toda a evidência, que até come pouco, que não abusa de gorduras, que quase não come fritos, que até é raro comer doces, que por acaso costuma andar a pé e ir ao ginásio. Trata-se, garante, de um problema genético, de um distúrbio hormonal, de uma herança familiar. Que agora, com o inevitável agravamento da crise é bem capaz de se atenuar, digo eu! Tanto em relação aos obesos como à adiposa administração portuguesa (governo, institutos públicos, empresas públicas, municípios, famílias dependentes do erário público) Algum dia teríamos de ser forçados a mudar de modelo de vida, de forma substancial. Abandonando de vez a velha, usual e perniciosa prática denunciada por Tomasi di Lampedusa: "É  preciso ir sempre mudando qualquer coisinha para que tudo possa continuar na mesma." O conhecido princípio negocial, que consiste em ceder no acessório para manter o essencial. A especialidade dos nossos políticos. Até agora!

7 comentários:

Anónimo disse...

"É do mesmo tipo da síndrome do obeso. Cada vez está mais adiposo, mas continua a recusar de forma obstinada que tal resulta unicamente de excesso de comida e da falta de exercício regular. Sustenta, contra toda a evidência, que até come pouco, que não abusa de gorduras, que quase não come fritos, que até é raro comer doces, que por acaso costuma andar a pé e ir ao ginásio. Trata-se, garante, de um problema genético, de um distúrbio hormonal, de uma herança familiar. Que agora, com o inevitável agravamento da crise é bem capaz de se atenuar, digo eu! Tanto em relação aos obesos como à adiposa administração portuguesa (governo, institutos públicos, empresas públicas, municípios, famílias dependentes do erário público) Algum dia teríamos de ser forçados a mudar de modelo de vida, de forma substancial. "

Eu já mudei de vida. Deixei de lado a carne, os fritos, o doce e o álcool. E já comecei a correr. Corro todos os dias 10 km: 5 de amanhã e outros cinco ao fim da tarde. Daqui a duas semanas já estou em Badajoz... e depois adeus crise portuguesa!

O Lacrau do Nabão

Anónimo disse...

Sobre a teoria do obeso e respectivo síndrome.
Cuidado, porque há obesos que propagandeiam essa teoria para os outros comerem menos e eles ficarem com mais comida. Porque querem é engordar mais. E depois de estarem tão gordos que não conseguem ver a conta (perdão, a balança) ainda querem comer mais.
Ou, como dizem os nossos doutos economistas, como o dr. Bento do multibanco: "vivemos acima das nossas possibilidades". Digo eu, quem? os do ordenado mínimo? Os desempregados? Os que saem de casa às 6 da manhã, regressam depois das 20h, para receberem 550 euros?
Cuidado com a banha-da-cobra.

CARLOS ROSA disse...

IN HERTZ

TOMAR - Corvelo de Sousa forçado a intervir para acalmar morador da Rua de Coimbra


A manhã desta terça-feira ficou marcada pelo início da colocação de postes de electricidade na rua de Coimbra, um processo que, tal como a Hertz tinha adiantado há algumas semanas, acabou mesmo por resultar em polémica. Um morador daquela artéria, concretamente do número 20, reclama pelo facto da empresa encarregue da obra pretender colocar um dos referidos postes precisamente em frente à sua varanda e, como tal, na altura em que os operários se preparavam para efectuar essa tarefa, o cidadão manifestou a sua revolta, solicitando mesmo a intervenção do presidente da Câmara, Corvelo de Sousa.


.
E foi precisamente isso que aconteceu. O autarca ordenou a interrupção da operação e deslocou-se à rua de Coimbra. Corvelo de Sousa encaminhou o morador para uma zona distante daquela onde se encontrava a comunicação social, nomeadamente a Hertz, pelo que a conversa... ficou entre os dois. Refira-se que, apesar dos vários protestos de moradores e comerciantes, ninguém pretendeu «dar a voz», preferindo ficar calados


Por CAUSA DESTES MONTES DE MERDA É QUE TOMAR ESTÁ ASSIM. DEVIA-SE IR LOGO ESTRADA ABAIXO PARA A FRENTE DA CAMARA EXIGIR DEMISSÃO DESTES INCOMPETENTES

HÁ SE FOSSE NO NORTE.

EM TOMAR SÓ HÁ LADRADURA MAS EM SURDINA

Anónimo disse...

No "PRÓS E CONTRAS" de ontem até houve muitas intervenções que colocaram os dedos nas feridas:

- do desassombrado e independente Marinho Pinto,bastonário reeleito da Ordem dos Advogados.

- do lúcido bastonário da Ordem dos Médicos.

- do economista indepedente João Rodrigues,co-fundador do conhecido blogue "Ladrões de Bicicletas".

e de outros participantes sentados na 1ª fila da plateia.

O grande problema,O BUSÍLIS DA QUESTÃO,é que a maioria do Povo continua a votar nos COVEIROS que,alternadamente,governaram Portugal nos últimos 34 anos e que fundaram e geriram um modelo de "desenvolvimento" que nos conduziu à bancarrota.

E o que é ainda mais dramático é o facto de não haver uma solução coerente e sustentável como alternativa.

O povo de esquerda,que é sociológicamente maioritário em Portugal, não tem onde votar para conseguir uma mudança efectiva no rumo do país.

Assim,desgraçadamente,vamos ter mais do mesmo - os siameses rosa e laranja a darem cabo do resto.

O FMI cozinhou uma "solução" economicista,tecnocrática,cega,ao serviço da alta finança responsável pela crise,visando apenas garantir que os Portugueses paguem o que devem aos alemães,aos franceses e americanos - primeiro pela importação desnecessária e irrealista de bens caríssimos - submarinos,automóveis topo de gama,etc., mais tarde os empréstimos de dinheiro para pagar esses bens e,por último,agora,mais 78 biliões de euros de empréstimo para pagar empréstimos,com juros leoninos.

Só que o quadro depressivo que se vai acentuar impede o crescimento que era necessário para pagar os bens,os empréstimos para pagar os bens e o empréstimo para pagar empréstimos.

Não é preciso ser economista para perceber que estamos no plano inclinado para o abismo.

PORTUGAL precisa,antes de tudo,de uma definição estratégica realista - que País queremos ser daqui a 5,10,15,20 anos ?

Quais os vectores principais para um desenvolvimento forte e sustentado?

Entretanto,sobre os 50.000 boys do PS alapados em tudo o que é sustentado pelo OE,não se diz uma palavra,não se toma uma medida.

Essa chulagem custa ao país mais de 3 biliões de euros ano,sem contar com os que restam do PSD e CDS de outras "encarnações",havendo ainda a adicionar o que é roubado em "comissões","luvas" e todo o tipo de actos corruptos,lesivos do Estado e do País,que toda essa cáfila vai executando.

Não disseram uma palavra,não apontaram uma medida sobre a gritante urgência de REFUNDAR a agricultura,as pescas e as indústrias que substituam importações.

O desenvolvimento só pode ser uma realidade com mais produção que diminua drásticamente as importações e que aumente as exportações.

Não basta exportar mais. É imperioso importar muito menos.

Porque é que,como sugeriu e bem o bastonário da Ordem dos Médicos,a frota automóvel de todo o sector público não é apenas constituída por viaturas fabricadas em Portugal,evitando importações?

Porque não são suficientemente luxuosas?

Mesmo sabendo que uma parte das mais-valias geradas nessas fábrica se encaminha para os países de origem.

COMO É QUE VAMOS SAIR DISTO?

COMO É QUE VAMOS ESCORRAÇAR ESTA MERDA DE POLÍTICOS PROFISSIONAIS E GATUNOS?

COMO?

PORTUGAL está gangrenado!

E falta uma ALTERNATIVA REAL em que o Povo acredite e que seja mobilizadora de todo o potencial positivo da maioria dos Portugueses !

Com gente séria,honesta,dedicada à causa pública,empenhada em servir o Pais e não servir-se dele.

"OLHO ESQUERDO"

Anónimo disse...

Prezado Professor:
O Senhor ficou "a cismar ante o Prós e contras". Ainda se admira? Não percebeu que estamos entregue a uma classe política - e a quem a rodeia - sem sentido de Estado? Primeiro, estão os lugares ocupados - ou a ocupar. Nos debates, assistimos a situações patéticas, com os entrevistadores, tudo gente altamente qualificada, a deixar perguntas importantes por fazer, ou a fazer apenas aquelas que não provoquem incómodo aos entrevistados. Uma pobreza, prezado Professor!

Anónimo disse...

Como é que PPC (Pedro Passos Coelho) pode aspirar a ser Primeiro-Ministro de Portugal se ele nem sequer consegue provar a coerência da sua poposta governamental a Francisco Louça?...
O PSD deve ter perdido hoje qualquer aspiração a ganhar as eleições.
A.A.

Anónimo disse...

O povo português é muito conservador.
Em vez de votar na ALTERNATIVA, prefere votar na ALTERNÂNCIA.