Manuel Guimarães, o iniciador das nabantinas reuniões alimentares, foi sobretudo um "bon vivant", que de certa forma até ao deixar-nos foi feliz. Finou-se durante uma refeição, fulminado por um AVC. Este 18º Congresso da Sopa, durante o qual "correu tudo bem", segundo uma fonte de toda a confiança, veio demonstrar isso mesmo. A festejar, a comer e a beber é que os portugueses são felizes. Ou, como constatam com sorrisos amarelos os europeus além-Pirinéus, os PIGS comem bem, bebem bem e festejam melhor, mas produzem pouco e mal. Uns invejosos, estes calvinistas setentrionais! No fundo, parceiros ideológicos de Rui Rio e Pinto da Costa, para quem os "mouros"...
Correu tudo bem no encontro dos lambuças, mas dos quase três mil mil participantes, um terço terá entrado à borla, o que mostra bem o país e a cidade onde vivemos. Há por conseguinte uma receita bruta a rondar os 16 mil euros, insuficiente para cobrir as despesas reais. Apesar do patrocínios conseguidos, nomeadamente de uma conhecida marca de cafés e de uma outra de sopas, que proporcionou o Chefe Chacall, graças ao qual foi possível aceder à promoção televisiva gratuita.
Eficazmente promovido e cuidadosamente organizado, beneficiando de bom tempo e tendo como único investimento novo o aluguer da tenda gigante (3.000 euros = 600 contos), (legalmente obrigatória para proteger as panelas, designadamente de eventuais aves com inoportuna diarreia), o resultado final do evento será ainda assim, mais uma vez, negativo. Impõe-se por isso um balanço cuidado. Atingiram-se os objectivos previstos? E quais eram eles? Valerá a pena continuar? Haverá recursos para isso? No tempo das vacas gordas, pareceria deslocado perder tempo com tais minudências. Agora que começa a já nem haver vacas magras, e que a situação tende a piorar, é urgente encontrar novos caminhos e novas abordagens.
Dividem-se os habituais opinadores locais àcerca da realização, no mesmo dia e à mesma hora, de duas manifestações tendentes a atrair forasteiros -o Congresso da Sopa e a Bênção das Pastas. Uns acham que foi um lamentável acaso, uma infeliz coincidência ou mais um exemplo da usual falta de coordenação; outros sustentam o contrário, convictos de que, para muitos participantes, uma realização potenciou a outra, sabido como é que, influenciados pela publicidade televisiva que temos, os portugueses adoram o "dois em um"...
Em termos políticos e a nível nacional, as coisas passam-se em geral de modo semelhante. Grande parte dos problemas deste país são resolvidos à mesa. E mesmo os partidos políticos, para além das tradicionais "missas estatutárias", enveredam de boa vontade pelos comícios bem bebidos e pelos bebícios de encher a pança. Somos assim e tudo indica já ser tarde para mudar...
Numa dessas reuniões partidárias à portuguesa, com o participantes já a salivar a almejada sopa orçamental, de que muitos estão arredados há demasiado tempo, PPC apresentou o programa do PPD/PSD. Com assinalável sucesso, diga-se para respeitar a verdade. Marcou pontos em quatro aspectos essenciais: 1 - O aumento da competitividade para as empresas exportadoras, através da redução das suas obrigatórias contribuições sociais; 2 - A separação de águas: Coligações de acordo, se necessárias, mas com Sócrates nem pensar; 3 - Alargamento do leque de privatizações para além do exigido pela troika, uma vez que o Estado não deve ser empresário fora das tradicionais áreas de soberania; 4 - Quem quer o TGV Lisboa-Madrid vota PS, quem acha que é esbanjar dinheiro numa altura de penúria, vota PSD.
Com estas posições em boa hora apresentadas pelo líder social-democrata, a escolha no próximo dia 5 tornou-se muito mais clara e objectiva. De um lado, os que continuam a agir como no tempo das farturas, como se não houvesse qualquer acordo com os representantes dos credores, ou fosse possível continuar a iludi-los com promessas, como até aqui; do outro, os que pelo menos já tiveram a coragem de elaborar um programa auxiliar de governo, tendo em conta a envolvência actual e futura. De acordo com os respectivos documentos já divulgados, os socialistas acreditam que vai ser possível continuar a suportar o actual "estado social", graças ao relançamento da economia pela procura interna. Já os social-democratas propõem aos portugueses alguns sacrifícios nos benefícios sociais, como forma de incrementar a produtividade e propiciar a retoma graças ao investimento, à criação de empresas e às exportações. Em 5 de Junho, os portugueses decidirão. Oxalá haja a maior participação possível!
13 comentários:
Está visto.
Depois daquela célebre entrevista a Miguel Relvas, Rebelo assumiu-se laranjinha.
Desconhecemos o que é que o Presidente da AM de Tomar lhe terá oferecido, mas estão desde já abertas apostas...
AA
Lugar de Chefe de Gabinete do futuro Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro?
ou
Substituto de Corvelo como candidato do PSD à C.M.Tomar?
Chama-se a isso "rolha"...anda ao sabor da maré!
Sobre o futuro do País, entregue a Passos e Relvas, os tomarenses não devem ter dúvida na altura de votar: o estado a que Tomar chegou é a maior evidência da capacidade do sr. Relvas. Como cidadão o curriculum do mesmo fala por si: sumiu-se como estudante no período do Colégio. Reapareceu agora como "dr." não se sabe é de que profissão. Como profissional não se sabe de que empresa (se é que alguma vez trabalhou). Como empresário não se sabe que postos de trabalho criou. Ainda podia ser um tribuno, mas o homem não consegue construir uma frase.
O tal "homem de estado" (!)como lhe chama o autor do blogue.
E a guerra entre a mandatária do PSD em Tomar , Rosa Santos, e o Miguel Relvas, que pode causar a que Passos Coelho não ponha aqui os pés ?
Não me digam que não sabem ?
Não me digam que a oposição, alimentada a sumo de laranja, não sabe ?
Relvas e Coelho são guevaristas, destroienm todo o imperialismo.
O programa do PSD é o máximo, até ultrapassa o programa da troika, o que significa que é mais duro.
Coelho e Relvas queriam rejuvenescer o partido. Foram buscar o Eduardo Catroga, um "jovem" de cabelos brancos com uma péssima imagem televisiva. Mas não têm jovens para as Finanças ? O Miguelito não serve ?
Catroga diz que a troika quer acabar com a ADSE de forma cega. Mas Passos Coelho não diz que o programa do PSD vai mais longe ?
Vêm aí tempos giros. Agora é que Portugal tem piada.
“Eles [troika] fizeram em cerca de 30 dias o que nós não fizemos (melhor: não quisemos fazer) nas últimas décadas. Na conferência de imprensa de apresentação formal do pacote de austeridade, ficou claro que, para quem vê o país com a frieza que o rigor impõe, o desarranjo das nossas contas é o exemplo maior do modo sociologicamente leviano e financeiramente suicida como nos temos governado e deixado governar. Numa palavra, Portugal transformou-se num país que não se recomenda e num povo sem emenda (...) A verdade é uma e insuperável: os homens da troika deixaram-nos um programa que ajudará o país a erguer-se e a escapar do abismo, desde que (sublinho: desde que) assumamos de vez os nossos deveres. O primeiro exercício da assumpção desses deveres está marcado para 5 de Junho, dia em que escolheremos o próximo Governo” – Paulo Ferreira, Jornal de Notícias, 8 de Maio.
Uma grande sopa são os interesses do vereador becerra e comparsas. Na Rua de Coimbra terá feito alguma comparticipação nas obras frente ao prédio construído por uma empresa da qual é sócio? Também terá contribuindo o prédio vizinho a nascente em construção? Então e o prédio do Basílio e Companhia que segundo consta teria ainda de concluir arranjos exteriores também pagou?
Ou será que os três promotores entraram no esquema da mama ao erário público?
Tenham vergonha!
Eleitor atento
Para anónimos em 10:47 e 13:28
Então não se está mesmo a ver?!?!
Prometeu-me mudar o Gualdim Pais lá para cima, deixando todavia o pedestal onde está, para nele ser colocada a minha estátua. Virada para os Paços do Concelho e com um megafone na mão. Em local bem visível a legenda: Ao querido e incansável defensor dos tomarenses António Rebelo.
O povo nabantino reconhecido.
Se acredito em semelhante promessa?! É claro que sim! Sou muito crédulo e tenho pouca experiência de vida...
T'ás a brincar, mas a brincar é que se dizem as verdades! E não tenho dúvidas que tu, Rebelo, sempre de ego bem erguido e inchado, adorarias que te venerassem e perpetuassem dessa forma.
Coincidências...
"...o Dr. Manuel Guimarães, que morreu nos meus braços".
Póvoa de Lanhoso, 7 de maio de 2011, a meio do almoço anual com os meus ex-camaradas da Comp.Independente 1524 na guerra colonial em Angola, sou chamado à atenção pelo ex-Cabo Pinto (o "Voluntário") para as imagens de um televisor na parede por detrás de mim.
-"Ó "Cantoneiro", olha ali imagens do Cong. da Sopa da tua terra! O seu fundador, Dr. Manuel Guimarães, morreu nos meus braços".
Só soube da sua morte dois meses depois, e vivia ali tão perto do Cacém, onde o "Voluntário" tinha um restaurante. Deixei-me ficar a olhar as imagens preso às suas palavras com estranha emoção.
O Pinto continuou: "Ele foi diretor do Hotel dos Templários e de um jornal de Tomar".
"O Dr. Manuel Guimarães morreu nos teus braços?! Explica lá isso!"
E o Pinto, nos últimos anos dedicado à agricultura em Vila de Rei, narrou em pormenor o que aconteceu nesse dia ao princípio da tarde no seu restaurante.
Obviamente, não vou aqui descrever esses pormenores contados pelo meu amigo Pinto, em cujos braços morreu o meu amigo Dr. Manuel da Silva Guimarães, após o seu último suspiro, num almoço de trabalho, que incluia entrevista ao José Pinto, recolha imagens do restaurante, avaliação da qualidade das refeições e dos seus serviços para um artigo sobre gastronomia que, penso, seria relativa a Sintra.Aconteceu no princípio do almoço, na rua, sentado numa cadeira enquanto chamavam um médico.
Relembrá-lo como "iniciador das nabantinas reuniões alimentares" e "bon vivant", não corresponde ao perfil de um dos homens mais notáveis que passou pela nossa terra, onde desenvolveu ações valorosas.
Também eu gosto muito de uma boa reunião alimentar. A verdade é que o Dr. Guimarães estava a trabalhar. Morreu a trabalhar.
Para comentário das 08:49
Eis um típico comportamento estalinista. "Não fez mas tinha a intenção de fazer", "Está a brincar mas mesmo assim a revelar o que lhe vai da alma". E que tal um pouco de decoro? De respeito pelos outros e pela sua maneira de ser? Não será melhor deixar-se de confundir as suas interpretações com a verdade factual e/ou com aquilo que pensam os outros?
Afinal, também eu poderia escrever que você julga-me com vontade de ser venerados, adorado, etc, porque são os seus próprios recalcamentos de maoista mal reconvertido.
Haja saúde, apesar de tudo!
Cordialmente,
António REbelo
Cá estou eu novamente, amigo Cantoneiro! Desta vez só porque, se bem entendi, estou a dirigir-me a um ex-camarada de armas da CCAÇ 1524. Deixemo-nos de fitas: O que escrevi sobre Manuel Guimarães é verdadeiro? Ou é falso? Morreu ou não morreu à mesa? Era ou não era um bon vivant, no sentido francês da expressão = qui adore la vie, qui sait vivre? Criou ou não criou o 1º Congresso da sopa?
O resto são opiniões, que respeito, mas não sou obrigado a partilhar.
Cordialmente,
António Rebelo
CCAÇ 593 Mpala o Novo - Nóqui - SPM 6796 Angola
Este Rebelo é uma anedota!
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