terça-feira, 3 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE - PÚBLICO

Paços do Concelho de Faro, Foto Virgílio Rodrigues/Público
"Presidente da Câmara de Faro ataca funcionários que deixam processos pendentes. Quatro funcionários já são alvo de processos disciplinares. Macário Correia promete mais.

MACÁRIO AMEAÇA CHEFIAS COM DESPEDIMENTO

Município tem 3 mil processos pendentes. Autarca do PSD quer castigar quem atrasa trabalho: "Os dirigentes que quiserem sair é um favor que nos prestam. Até agradeço que desapareçam."


"O presidente da câmara de Faro [54.450 eleitores inscritos, 5 eleitos PSD/CDS/MPT/PPM, 4 PS], Macário Correia, decretou guerra à burocracia. Mandou abrir quatro processos disciplinares aos funcionários que "enrolam" as decisões, empatam e metem os documentos na gaveta, prometendo que não vai ficar por aqui. "Manter uma paz podre, coexistir com a incompetência e tratá-la com sorrisos é prejudicial", diz o autarca, que detectou 3 mil documentos pendentes, há cerca de dois anos, e passou ao confronto, ameaçando com a demissão das chefias. "Os dirigentes que quiserem sair é um favor que nos prestam; até agradeço que aqueles cuja competência está posta à prova que desapareçam." Na semana passada, os chefes de departamento e de divisão foram avisados, por correio electrónico, de que teriam de despachar meia centena de documentos por dia. "Mandem-me 50 por dia que eu despacho 50 por dia", disse-lhes Macário.
 A ameaça de sanções, aparentemente, resultou para alguns funcionários. Ontem foram enviados para o presidente 80 documentos, mas outros mantiveram o ritmo e não cederam às ameaças. "A semana passada deparei com quatro situações de manifesta e escandalosa incompetência -uma pessoa que vai quatro vezes à Loja do Cidadão para obter uma certidão", exemplificou. Só entre 2008 e 2009, vindos do executivo anterior, presidido pelo socialista José Apolinário, acrescentou o actual presidente "havia 3 mil processos sem seguimento".
O autarca do PSD admite que um documento pode levar "semanas ou meses para despachar, mas nunca ficar anos sem resposta". Por isso promete: "Abri quatro processos de inquérito e pelo que vejo, vou abrir mais por estes dias, por manifesta falta de zelo, por irresponsabilidade."
Já quando presidiu à Câmara de Tavira, o social democrata levantou mais de uma dezena de processos disciplinares, mas não conseguiu demitir ninguém: "A lei é corporativa e defende a incompetência". Na câmara de Faro, em ano e meio de mandato, diz já ter detectado "uns 50 funcionários que não fazem mais nada do que receber o ordenado".O total de processos despachados na câmara de Faro, segundo o seu presidente, "é de sete ou oito por semana. Como havia 3 mil em lista de espera, concluí que ia levar mais de dez anos, para normalizar a situação." Por isso decidiu reunir com as chefias e "cara a cara" informou-as que queria a casa arrumada. "Achei que o assunto estava a tomar proporções de falta de lealdade para comigo e portanto tinha de ter consequências", declarou.
A seguir, por email, deu instruções sobre o modo como queria ver ultrapassada a questão. Um dos exemplos que aponta, como exemplificativo do cúmulo da burocracia: "um documento entrado em Maio de 2008, já vai em 63 passos e ainda não está resolvido." O caso refere-se a obras particulares, com direito a audição do munícipe, no núcleo histórico da cidade. "Isto é o cúmulo da irresponsabilidade da administração pública, uma máquina inoperante, burocrática, com falta de mentalidade prática, que enrola sobre si própria."
Perante este quadro, Macário Correia sustenta que "tem de haver alguém a dar pancada forte para despertar, e quem se portou mal tem de comer". Questionado sobre se não teme a contestação política, respondeu pronto: "Tenho plena consciência disso, agora se não fizer nada, o regabofe continua". E para quem ache que não tem competência para decidir, conclui: "Deleguei as competências máximas; mesmo assim enrolam e não decidem."

Idálio Revez, PÚBLICO - Local, 03/05/2011, página 28

Comentário de Tomar a dianteira
Vê-se logo que estamos perante um município algarvio. Aquela malta só quer ordenado ao fim do mês, praia e comida com fartura! Aqui em Tomar é diferente. Malta rija, trabalhadora, motivada, com elevado sentido de serviço público. E de uma lealdade a toda a prova para com os eleitos. Processos adormecidos há meses, ou mesmo há anos? Burocracia? Decisões arbitrárias, do tipo "porque eu não gosto"? Falta de máquinas nas freguesias? Obras manhosas? Projectos mal engendrados e pior executados? Prioridades discutíveis? Ausência de estratégia? Era o que faltava. Macário Correia não é obedecido porque não tem perfil de presidente. Faltam-lhe as qualidades de Corvêlo de Sousa: carisma, liderança, coragem, ousadia, decisões rápidas e uma autoridade incontestada sobre todos os quadros superiores da autarquia nabantina. Não é por acaso que estamos como estamos. Ou alguém ainda tem dúvidas a tal respeito?

2 comentários:

Anónimo disse...

A "opinião" e a "ousadia" do sr. Macário é tão válida como dizer: "se o sr. Macário se for embora é um favor ao País".
Sejamos realistas. Com razão ou sem ela, dizer mal do funcionário público, despedir um chefe ou desejar a um rico a pobreza, é garantia de audiência popular. Isto é, "cai sempre bem".

Anónimo disse...

Com Macário em Tomar, os processos não seriam 4, mas 40!...

AA