segunda-feira, 30 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

"Uma campanha em que os problemas do Ribatejo estão ausentes"

"Dois dias nos concelhos de Tomar e Torres Novas, a pouco mais de uma semana das eleições, são elucidativos sobre a natureza do debate que (não) marca esta campanha eleitoral no distrito de Santarém. Um (não) debate que parece não diferir muito do que sucede no resto do país e que se pode resumir assim: fala-se de José Sócrates e de Passos Coelho, mas os problemas da região parece estarem completamente a leste das motivações que vão levar as pessoas às assembleias de voto, no próximo domingo.
A ouvir a "voz da rua" nem sequer as propostas dos dois maiores partidos para o país estão em cima da mesa, quanto mais as ideias de todos eles para o Ribatejo. Aquilo de que se fala, embora sem grandes convicções, é de quem vai ou não vai para S. Bento, de quem vai ou não vai ser o interlocutor do FMI e da União Europeia,. Vagamente, aqui e ali e num registo de desalento, aparecem as preocupações com o desemprego e a crise, a segurança, a falta de resposta do Serviço Nacional de Saúde e, mais em concreto, a nunca resolvida, a contento de todos, repartição das valências disponíveis nos vizinhos hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas.
Significativo do torpor que acompanha este (não) debate é o facto dos dois principais semanários do distrito, O Mirante e O Ribatejo, praticamente ignorarem as próximas eleições nas duas últimas edições. Nas suas primeira páginas não há vestígios desse assunto e no interior, bem como nas respectivas edições on line, quase nada se encontra, mesmo nos espaços de opinião, sobre a campanha, numa perspectiva regional. Até nas palavras dos candidatos e nos raros documentos que os partidos divulgam sobre a campanha, não há propriamente assuntos regionais em discussão.
Fala-se, numa visita do cabeça de lista do CDS/PP, de um problema pontual de uma estrada entre Alcanede e Alcanena e no "aumento da criminalidade violenta", ou nos problemas do sector agrícola e agro-industrial. Nas acções de rua da CDU, promete-se luta contra a "imposição de portagens na A23", ou contra o encerramento de unidades de saúde, acenando-se com "apoio ao tecido empresarial". No seu site , encontra-se um "compromisso eleitoral" para o distrito -sem paralelo nos sites dos outros partidos com assento parlamentar- em que promete bater-se por um conjunto de reivindicações regionais.
Pela banda do Bloco de Esquerda, a tónica das iniciativas que relata no seu site também não vai muito além da reprodução do discurso que faz no país inteiro. Já o PSD não escondeu, logo na apresentação da sua lista de candidatos, através do seu cabeça de lista , Miguel Relvas, que "o que está em jogo (nestas eleições) já não é só a defesa da região". Também no PS, o futuro do Ribatejo não está propriamente em debate.
Nos discursos que fizeram, num almoço com José Sócrates, em Ourém, o cabeça de lista António Serrano e o presidente da Federação de Santarém do PS, Paulo Fonseca, para lá dos elogios ao que o governo cessante fez pelo Ribatejo, não apresentaram uma única proposta para o distrito."

José António Cerejo. PÚBLICO, 30/05/2011, página 12

6 comentários:

Anónimo disse...

VOTA CDU, quem ganha és tu!

Anónimo disse...

É só no Ribatejo que os problemas estão ausentes da campanha eleitoral?
Mas não é isso que o povo quer, ignorar os problemas para fingir que eles não existem? Político só tira proveito da insensatez do povo. Povo gosta de miséria. Político gosta de luxo.
Isto até vai ser giro, devemos voltar ao PREC-Processo Revolucionário em Curso.
Jean-Paul Sartre disse que os franceses nunca foram tão livres como durante a ocupação nazi, porque tinham a oportunidade de lutar pela liberdade.
Com o agravar da crise, com Passos Coelho/Relvas à frente do governo, a quererem ir mais além na austeridade que a "troika", estão criadas as condições para o regresso ao PREC.
Se a isto juntarmos o agravar da situação em Espanha, com aumento dos "indignados", temos as condições para a Revolução Permanente defendida por Trotsky, e que Che Guevara procurou levar à prática. Paulo Portas disse ontem que acabou de ler a biografia de Trotsky, para ele a figura mais interessante da Revolução Russa de 1917; Portas já andará a preparar-se para o PREC?
Vêm aí grandes tempos, para Portugal, para a Península Ibérica, para a Europa (à beira do estoiro), e para o mundo. Portugal, com novo PREC, pode vir a estar na vanguarda dos acontecimentos, como em 74/75. Por isso venham um, dois... muitos Coelhos/Relvas para lançarem o país na revolução e ajudarema criar condições para a Revolução Permanente na Ibéria. Para sermos livres para lutar.

Anónimo disse...

Olha que sorte isto não ser as Caldas. Com os bestiúnculos que estão à frente disto, imaginem o que não poriam na porra da rotunda.

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

PARA ANÓNIMO DAS 11H47:

Cá para mim, que não sou franciú, Paul Sartre foi muito generoso com o povo francês nessa sua ilação. Pergunte ao Dr. Rebelo, que devia estar em Paris quando foi exibido o filme "Le Chagrin et La Pitier" e a surpresa que causou na sociedade francesa, especialmente no meio estudantil universitário, quando souberam das vergonhas francesas durante a ocupação nazi que por muitos anos lhes encobriram. Ele saberá explicar melhor, embora eu lá estivesse no ano seguinte ainda em aceso debate. Há sempre gente que amocha, como agora amoucharam os dirigentes do PSD, do CDS, do PCP e BE, doidos de alegria por verem entrar a troika (com o FMI a avalizar e dirigir), quando tínhamos uma solução (não muito melhor, é verdade) no quadro da UE de que fazemos parte. Espere pelos resultados... - em permanência.

E espere sentadinho.. por novo PREC e pela revolução permanente..., absolutizando a leitura dos textos "sagrados", sem a devida adaptação ao lugar, ao concreto, ao contexto e à actual época histórica. Estarei enganado?!

É cada vez mais provável que tenha a oportunidade de saber o que é um governo de direita à séria e não se espante (estou a avisá-lo para não ser apanhado de surpresa e gastar cobres em foguetame), de ver muitas figuras "permanentistas" e da velha guarda "marxista-leninista" a ocuparem interessantes lugares em empresas públicas e lugares oficiais para "faire du cinema" na luta contra os três da vida airada (ou dois). Olhe, aqui na câmara em Sintra,maioria absoluta do PSD, o presidente dos SMAS é o cabeça de lista do PCP às anteriores eleições autárquicas...

Vamos então ver o que diz e faz o povo quando a coisa começar a fazer "sangue", e providencie já palanques para se dirigir às massas nessa revolução permanente. Vamos então ver contra quem atirarão a sua ira, para vanglória dos que parecem estar já a envernizar o cadeirame do poder.

(peço desculpa se me enganei ao tomá-lo por votante ou militante destes dois partidos de esquerda)

Anónimo disse...

"
Jean-Paul Sartre disse que os franceses nunca foram tão livres como durante a ocupação nazi, porque tinham a oportunidade de lutar pela liberdade.
"

Por isso é que vou votar no PSD. Para me dar a oportunidade de fazer guerra ao próximo governo PSD-CDS.

AA

Anónimo disse...

PARA CANTONEIRO...
Enganou-se. Não sou militante nem votante em partidos de esquerda. Normalmente nem voto.
Sobre adaptarmos os "livros sagrados" ao tempo e ao lugar lembro-lhe que a "Revolução Permanente" de Trotsky refere isso quando considera que há que tomar em consideração as condições nacionais.
Sobre a vergonha do franceses durante a ocupação nazi, são conhecidas. Quem conhece os franceses não quer nada com eles.
O povo, na sua ira, vira-se contra os que estiveram no poder, e até pode esperar a salvação no fascismo ou no nacional-socialismo, como já aconteceu. Mas, sabe, udo isto faz parte da dialéctica da História onde está sempre presente a Revolução Permanente. Olhemos para os EUA, onde os neoconservadores, que dominam o país, são todos ex-trotskistas. Nos EUA como em Portugal e na Europa os marxistas entenderam que a revolução só se pode conseguir através do desenvolvimento do capitalismo, e pela destruição da estruturas tradicionais, eles viram que os povos são uma fraude. Foi assim na URSS, na China, no Vietname, agora em Cuba, e terá de ser na Península Ibérica onde as estruturas tradicioanis ainda dominam. Os marxistas apostaram na Revolução Permanente, capitalista. Veja que se diz que o programa da "troika" não é só conjuntural mas que vai ser uma revolução estrutural em Portugal. É a Revolução Permanente Capitalista. Descanse que o povo português não se revoltará, ainda vai agradecer a miséria. Estranhamente não falou das prováveis convulsões na Península Ibérica onde, especialmente em Espanha, o anarquismo e o trotskismo estiveram, e ainda estão, muito presente.
Você fica-se pela borda da estrada, mas o capitalismo triunfante vai pazendo o seu caminho caminhando.