terça-feira, 31 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

CORREIO DA MANHÃ

VISTO DA DIREITA

JOÃO PEREIRA COUTINHO

A anedota da Europa

"Mário Soares foi ao Porto para mostrar fidelidade ao PS. E, entre outras pérolas, lá foi dizendo que Sócrates era estimado na Europa, ou coisa do género. Não sei exactamente a que Europa o Dr. Soares se referia. Mas não era à Europa que usualmente escreve sobre a parvónia e que anda estupefacta com as sondagens nativas. Ontem mesmo, por exemplo, o Financial Times dedicou-nos umas linhas. Para constatar, em tom de gozo, que uma eventual vitória de Sócrates seria caso histórico na crise corrente.Na Grécia, quem fez falir o país foi corrido a pontapé. O mesmo na Irlanda. Será Portugal a primeira grande excepção?
Saberemos no dia 5 de Junho. E, no dia 6, se a excepção se confirmar, saberemos também que Portugal deixará de ser apenas mais um país pobre e irresponsável da periferia. Será, com toda a certeza, a maior anedota da Europa."
João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 31/05/2011, página 21

PÚBLICO

JOSÉ VÍTOR MALHEIROS

A nódoa

"1. Espero que Mário Soares tenha oportunidade de participar noutra campanha eleitoral, noutro ciclo de vida do seu partido. Isto porque deixar como testamento político um apelo ao voto em José Sócrates seria um final particularmente triste para um homem com a sua carreira e com a sua visão política. Seria a prova que na política a má moeda expulsa a boa moeda, em Portugal ou na Europa, como os tempos parecem insistir em nos provar.
É verdade que aquilo que Soares encontrou para dizer de positivo a propósito de Sócrates foi prudentemente escasso ("ganhou uma experiência excepcional, tem amigos na Europa e conhece toda a gente") e que a sustentação do seu apelo ao voto no PS foi "apenas" a sua fidelidade "ao Partido Socialista que ajudou a criar". Mas a intervenção do líder histórico do PS no Palácio de Cristal serviu para mostrar de que forma todo o partido -com raríssimas excepções- está refém de Sócrates. Será porque acham que Sócrates é de facto o melhor líder possível para o governo de Portugal? Porque acreditam de facto que Sócrates defenderá o Estado Social? Porque acham que o prestígio internacional de Sócrates lhe permitirá renegociar os empréstimos em melhores condições? Porque acreditam na sua competência técnica? Na sua honestidade? Não. As razões são outras. Antes de mais, porque acham que Sócrates é o único líder socialista que pode ganhar estas eleições e o que o PS quer neste momento é ganhar as eleições (aconteça o que acontecer ao país). Depois, porque receiam o conhecido carácter vingativo do chefe...que ainda tem os cordelinhos do partido nas mãos. Só depois de Sócrates cair aparecerão os seus oposicionistas. Aparecerão em bando, quando tiverem a certeza de que já não respira.
As razões do apoio dos socialistas do PS a Sócrates são, assim, as piores possíveis: ou o medo ou o sectarismo partidário. E a razão invocada no apelo ao voto é a única possível: o PSD é ainda pior do que nós.

2. Não percebo o que pode levar um dirigente socialista a defender o seu apoio a José Sócrates com base no argumento de que ele "é o líder do meu partido". Não perceberão estas pessoas, de quem se esperaria alguma cultura política, que esse argumento, que os estalinistas utilizaram de forma extensiva durante décadas, se encontra na raiz dos maiores crimes políticos jamais perpetrados? Não perceberão que esse argumento, sectário por excelência, não é um argumento? Não percebem que esse falso argumento justificaria todos os crimes? Que ele é amoral? Até que ponto irão apoiar Sócrates? Vão continuar a apoiá-lo faça o que fizer? Se um dia, em vez de disparar grosserias no Parlamento, como se acostumou a fazer, pegar numa caçadeira e começar a disparar umas cartuchadas a eito no meio da multidão, dirão que quem o criticar está apenas a servir os interesses do PSD e a atacar o Estado Social?
Achará o PS que os benefícios da acção governativa do PS (também os houve) compensam e devem fazer esquecer as aldrabices, as manipulações, as negociatas? Quererá o PS adoptar oficialmente a atitude dos autarcas corruptos que "roubam mas fazem"? Serão os ajustes directos aos amigos, as PPP sem controlo e a sonegação de informação, uma espécie de "imposto revolucionário" que o povo deve pagar directamente para o bolso de alguns beneficiários, em contrapartida de ainda termos o Serviço Nacional de Saúde? Acha o PS que as benesses que concede ao país devem ter como paga a sua absoluta impunidade? Defenderá o PS a monarquia absoluta?
Não sei se o PS percebe a nódoa que o consulado socratista constitui para si, a desvergonha que representa e que transformou em bandeira, o descrédito que trouxe para a política e aos políticos, o autêntico escarro que significa na cara do eleitorado em geral e dos socialistas em particular. Parece que não."

José Vítor Malheiros, Público, 31/05/2011, página 37. jvmalheiros@gmail.com

MAIS POLÍTICA TOMARENSE DE ESTILO MANUELINO


Conforme já aqui se escreveu, somos assim: Debatemos o detalhe, olvidando o conjunto; preocupamo-nos com o ornamento, desprezando a estrutura; privilegiamos o acessório, em detrimento do fundamental. É a política tomarense de estilo manuelino.
De acordo com uma recente informação do senhor vereador Luís Ferreira -o único dos sete elementos do executivo que até agora se tem preocupado com a atempada informação dos cidadãos- vai a Câmara debater outra vez, na próxima reunião, prevista para 5ª feira, dia 2, a questão das silhuetas das portadoras de tabuleiros. Inicialmente incluídas no projecto de remodelação, naturalmente antes aprovado pelos senhores autarcas, por razões nunca descidas do aerópago ao povo, que por isso as continua a ignorar, foi deliberado que não deviam ser colocadas. Apesar de já feitas e pagas.
Gerou-se entretanto um pequeno movimento de cidadania exigindo a sua colocação, tal como inicialmente previsto. Coisa tão rara por estas paragens como a chuva no deserto do Sará, terá sido por isso que resultou, obrigando os ilustres edis a redebater a questão? Em qualquer caso, previamente contactado, opinei ser estapafúrdio colocar as citadas silhuetas lado a lado no muro-mijatório, uma vez que foram idealizadas para figurarem  cada uma na direcção de um ponto cardeal e sem fundo. Se passarem a ter fundo plano e próximo, perdem muito do efeito pretendido.
Acrescentei que, sendo a festa grande de Tomar uma magnífico espectáculo de cor, faz pouco sentido representá-la a preto, conforme ilustração supra. Dá a ideia de que já estamos a fazer-lhe o funeral, quando afinal se trata, para já, de a difundir junto de quem passa na Rotunda e só mais tarde, de alterar o figurino organizativo... Nesta conformidade, alvitrei que depois da próxima festa, se deverá proceder a ensaios in situ, para avaliar o efeito de adequada pintura em cada uma das ditas silhuetas: rapariga de branco, sapatos creme, fita da cor da frequesia, rosto creme. tabuleiro multicolor,coroa prateada ou dourada, cruz de Cristo vermelha e branca ou pomba branca. Tudo devidamente esmaltado na versão final, se entretanto os tomarenses tiverem aprovado, depois de terem visto um exemplo exposto provisoriamente na Rotunda. Como sempre deveria ser. O povo é que paga; o povo é que decide! Em democracia é assim.
Creio não me enganar ao avançar (sem antes lhes ter falado no assunto) que os ilustres tomarenses Manuel Bonet e António Carvalho, ambos ex-mordomos brilhantes e reputados artistas plásticos locais, aceitarão com muita satisfação encarregar-se das referidas pinturas.
Entrementes, infelizmente, um honrado cidadão de 50 e poucos anos, trabalhador, casado e com dois filhos, resolveu pôr termo ao seu calvário existencial. Suicidou-se por enforcamento na semana passada. Deixou uma carta, explicando aos seus que, sem receber há mais de dois meses, estava impossibilitado de honrar os compromissos que assumira, designadamente as prestações da casa. Esperava que o seu sacrifício supremo possa contribuir para que a esposa e os filhos consigam manter o lar actual.
O que tem uma coisa a ver com a outra?! perguntará, indignado, o leitor. A primeira vista nada. É só por dizer que, se em vez de perderem tempo a discutir ninharias, no quadro da tal costumeira política tomarense de estilo manuelino, os nossos eleitos se preocupassem realmente em gerar ideias novas, susceptíveis de proporcionar políticas eficazes de desenvolvimento local, de investimento, de criação de emprego e de empresas privadas de boa saúde, que paguem atempadamente aos seus colaboradores, evitar-se-iam alguns dramas do tipo do relatado. Ou estarei a ser demasiado poeta?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

"Uma campanha em que os problemas do Ribatejo estão ausentes"

"Dois dias nos concelhos de Tomar e Torres Novas, a pouco mais de uma semana das eleições, são elucidativos sobre a natureza do debate que (não) marca esta campanha eleitoral no distrito de Santarém. Um (não) debate que parece não diferir muito do que sucede no resto do país e que se pode resumir assim: fala-se de José Sócrates e de Passos Coelho, mas os problemas da região parece estarem completamente a leste das motivações que vão levar as pessoas às assembleias de voto, no próximo domingo.
A ouvir a "voz da rua" nem sequer as propostas dos dois maiores partidos para o país estão em cima da mesa, quanto mais as ideias de todos eles para o Ribatejo. Aquilo de que se fala, embora sem grandes convicções, é de quem vai ou não vai para S. Bento, de quem vai ou não vai ser o interlocutor do FMI e da União Europeia,. Vagamente, aqui e ali e num registo de desalento, aparecem as preocupações com o desemprego e a crise, a segurança, a falta de resposta do Serviço Nacional de Saúde e, mais em concreto, a nunca resolvida, a contento de todos, repartição das valências disponíveis nos vizinhos hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas.
Significativo do torpor que acompanha este (não) debate é o facto dos dois principais semanários do distrito, O Mirante e O Ribatejo, praticamente ignorarem as próximas eleições nas duas últimas edições. Nas suas primeira páginas não há vestígios desse assunto e no interior, bem como nas respectivas edições on line, quase nada se encontra, mesmo nos espaços de opinião, sobre a campanha, numa perspectiva regional. Até nas palavras dos candidatos e nos raros documentos que os partidos divulgam sobre a campanha, não há propriamente assuntos regionais em discussão.
Fala-se, numa visita do cabeça de lista do CDS/PP, de um problema pontual de uma estrada entre Alcanede e Alcanena e no "aumento da criminalidade violenta", ou nos problemas do sector agrícola e agro-industrial. Nas acções de rua da CDU, promete-se luta contra a "imposição de portagens na A23", ou contra o encerramento de unidades de saúde, acenando-se com "apoio ao tecido empresarial". No seu site , encontra-se um "compromisso eleitoral" para o distrito -sem paralelo nos sites dos outros partidos com assento parlamentar- em que promete bater-se por um conjunto de reivindicações regionais.
Pela banda do Bloco de Esquerda, a tónica das iniciativas que relata no seu site também não vai muito além da reprodução do discurso que faz no país inteiro. Já o PSD não escondeu, logo na apresentação da sua lista de candidatos, através do seu cabeça de lista , Miguel Relvas, que "o que está em jogo (nestas eleições) já não é só a defesa da região". Também no PS, o futuro do Ribatejo não está propriamente em debate.
Nos discursos que fizeram, num almoço com José Sócrates, em Ourém, o cabeça de lista António Serrano e o presidente da Federação de Santarém do PS, Paulo Fonseca, para lá dos elogios ao que o governo cessante fez pelo Ribatejo, não apresentaram uma única proposta para o distrito."

José António Cerejo. PÚBLICO, 30/05/2011, página 12

COMO OS ESTRANGEIROS RESIDENTES VÊEM OS PORTUGUESES - 2

"Judith Bauer apaixonou-se pela Costa Vicentina, no Alentejo, quando era criança. Veio de férias com os pais e jurou a si mesma que um dia ia voltar. A promessa cumpriu-se em 2000, já a jovem alemã tinha completado os estudos de luthier [fabricante e/ou reparador de instrumentos de cordas] em Cremona, Itália: "Vim trabalhar com um luthier francês. Passado pouco tempo já estava a trabalhar por conta própria. Há muito trabalho; há muito mercado."
A sério? "Sim. Em Portugal o pior é a burocracia. As pessoas tratam-se por senhor doutor e por senhor engenheiro e não pelo nome, e como há muitas leis, tudo se complica. Uma vez, na Repartição de Finanças que havia em Alcântara, disseram-me que não tinham obrigação de responder à minha dúvida, que consultasse os códigos. Olhei e vi vários livros todos enormes. Desisti. Os portugueses recebem muito bem os estrangeiros, mas sinto que não são tão acolhedores quando os estrangeiros vêm para trabalhar."
Nessa altura, Judith preparava-se para montar o atelier onde constrói e repara violinos, violoncelos, contrabaixos e outros instrumentos de cordas. É essa a sua arte. "Não tenho nenhum português a trabalhar comigo, porque há poucas pessoas com esta formação." Insistimos e a jovem acabou por assumir que já teve "uma experiência que não correu muito bem. Na Alemanha, uma pessoa que entra às 08H00, está no trabalho às 07H50 e às 08H00 está mesmo a trabalhar. Aqui, às 08H00 toma-se o café, depois fala-se com a colega e talvez às 09H00 se comece a trabalhar. E depois antes do almoço ainda há uma pausa para mais um café. Custa dizer, mas penso que em Portugal as coisas não funcionam porque as pessoas fazem quase tudo a fingir."
Exemplos? Judith prossegue no mundo laboral: "Na cabeça de muita gente não está presente a ideia de que é preciso trabalhar bem e com eficácia. O que é preciso é ser visto. Nas manifestações também. Vêm para a rua, gritam, mas depois comportam-se como se nada se tivesse passado. Na Alemanha os sindicatos articulam-se com os patrões, para alcançarem o melhor para os trabalhadores e para o país, e há poucas greves. Aqui discute-se muito, culpam-se os outros e não se apresentam soluções."
Para Judith, a ajuda financeira do FMI, UE e BCE, representa uma oportunidade. "Mas só o dinheiro não basta. É preciso acabar com a mentalidade do "não estamos muito bem, mas ainda podia ser pior". Na verdade, podia ser bem melhor. Mas os portugueses têm de querer!"

Jornalista Célia Rosa, Fotógrafo Orlando Almeida/Global Imagens
Revista NS/Diário de Notícias, 28/05/2011
Negritos e cores de Tomar a dianteira

domingo, 29 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE

Comprava um carro em 2ª mão a José Sócrates?
José Diogo Quintela

"Eu confesso que não sei. Tenho uma grande dificuldade em responder a esta questão metafórica. Sei que é uma mera hipótese académica, que pretende avaliar a confiança em alguém, mas, como tudo o que é académico e envolve José Sócrates, as coisas nunca são tão transparentes.
O meu problema não é indecisão na resposta, é incapacidade de perceber a pergunta. Não consigo imaginar o cenário. Quer dizer, eu consigo ver Sócrates como um bem sucedido vendedor de carros em 2ª mão. Mas ninguém em Portugal pode garantir que, fosse Sócrates um vendedor de carros em 2ª mão, não se deixaria convencer a comprar-lhe um chaço. Há mesmo muita gente que não pode garantir que, fosse Sócrates um agente imobiliário, não se deixaria convencer a comprar-lhe o mesmo chaço, mas como T3. Até aí chego. Mas a minha criatividade já não é bastante para conceber um José Sócrates vendedor que admitisse que o carro não era novo. Não tenho imaginação para tanto.
No stand imaginário em que encontro Sócrates, passa-se isto:
-Vejo que está de olho neste último modelo.
-Último modelo? Mas este carro não é usado?
-Novinho em folha! Garanto-lhe!
-O conta-quilómetros diz que tem 87.502 kms.
-Isso é segundo a nova metodologia do INE. Se aplicar a antiga, dá zero.
-Até tem aqui umas mossas...
-É mesmo assim. Design italiano.
-Num Toyota?
-Toyotini. Um modelo especial, lançado em Milão.
-E a chapa de matrícula, que é preta com os números brancos, como antigamente?
vintage. Para dar estilo. Imagine o vistão que fará com as raparigas, num domingo de sol, a entrar com esta máquina no parque de estacionamento da faculdade.
Não consigo ultrapassar estes obstáculos que a minha mente insiste em colocar à minha imaginação. Só um Atlas da ficção é que tem força para suspender a incredulidade desta forma. Uma coisa é alinhar com a inverosimilhança dos elfos do Senhor dos Anéis; outra é com a idoneidade do vendedor José Sócrates.
Serei o único português que tem esta limitação? Não me parece. Acredito que haja outros que, sem ajuda dos efeitos especiais do Avatar, esbarrem neste bloqueio criativo. Proponho então que, em vez de procurar saber se se comprava um carro em 2ª mão a Sócrates, se pergunte se se vendia um carro em 2ª mão a Sócrates.
Assim já é mais fácil responder. Eu digo que não. Passados seis anos, recebia uma série de multas de estacionamento por pagar e era aí que descobria que Sócrates nunca chegara sequer a mudar o carro para seu nome."
José Diogo Quintela, publica@publico.pt, 29/05/2011, página 4

COMO OS ESTRANGEIROS RESIDENTES VÊEM OS PORTUGUESES - 1

A revista Notícias de Sábado nº 281, distribuída com o Diário de Notícias de ontem, inclui sete pequenos textos com outros tantos perfis dos portugueses, vistos por estrangeiros nossos amigos e residentes em Portugal. Em prol da indispensável catarse e abertura à imparável evolução societal, pareceu-me útil reproduzir essas opiniões, tendo em conta o célebre "conhece-te a ti mesmo".
Começo por aquele que me parece ser de longe o mais certeiro em relação à por vezes irritante pasmaceira tomarense:
"Para o escritor Richard Zimler, um americano que vive em Portugal há vinte anos e já tem nacionalidade portuguesa, a doença que abala o país tem um nome: passividade. "Os portugueses não têm dinamismo. Ficam paralisados, à espera que os problemas desapareçam. Às vezes apetece abaná-los e dizer bem alto: Mexam-se! Façam alguma coisa pela vossa vida e pelo país!
O escritor dá um exemplo: "Quando cheguei, falava e compreendia mal a língua. No Centro de Saúde, o funcionário da secretaria falava muito depressa. Sempre que eu lhe pedia para repetir, mostrava-se hostil e desagradável. Um dia fez o mesmo com uma idosa. A sala estava cheia de pessoas que esperavam, mas ninguém dizia nada. Aquilo incomodou-me tanto que intervim. De repente, aquela pequena multidão que ali estava a ver a velhota ser maltratada, como se nada se passasse, começou toda a falar ao mesmo tempo e choveram queixas sobre aquele funcionário. Ora, se o senhor era sempre assim, porque toleravam?" O escritor desabafa: "Não pensem que é o dinheiro do FMI que vai resolver os problemas de Portugal e dos portugueses. Há coisas que o dinheiro não resolve; que só encontram solução no pleno exercício da cidadania."
Para o escritor premiado, é certo que a vida não é fácil, nem em Portugal nem em nenhuma parte do mundo. "Os portugueses até trabalham muitas horas, mas são pouco eficientes. Um exemplo: no Porto, quando um funcionário de atendimento ao público não quer fazer qualquer coisa, afirma que o problema exposto só se pode tratar em Lisboa. Também gostam de desenrascar. E quando se desenrasca, não se faz tão bem como seria possível e desejável. Não se é eficiente. A ideia de que não vale a pena esforçar-se, de que não vale a pena fazer bem, está sempre presente e reflecte-se naquilo que o país é." Sente-se na política, observa-se na justiça:
"Nos Estados Unidos também usam mal o dinheiro dos cidadãos, mas a pessoas são mais atentas e intervenientes. E as instituições funcionam melhor. Ainda há pouco tempo, o Tribunal da Relação do Porto absolveu um psiquiatra do crime de violação de uma mulher grávida, apesar de ter confirmado que ele a forçou a ter sexo oral, Como é que os portugueses podem consentir tribunais destes? Não compreendo. A continuar assim, Portugal arrisca tornar-se um país onde as pessoas vão começar a fazer justiça pelas próprias mãos!"

sábado, 28 de maio de 2011

PSD PROMOVE TOMAR

Bastou assumir-me como cidadão no pleno uso dos seus direitos cívicos para que alguns conterrâneos(?) do tipo quadrado me apelidassem de "relvista indefectível", homem de direita e mais não sei quantos. Como se mesmo na minha terra e não exercendo qualquer cargo político ou outro, devesse satisfações a qualquer palonço. Ainda para mais, auto-proclamado de esquerda, mas sem identificação...
No fim de contas, limitei-me até agora a constatar evidências e a esclarecer em quem tenciono votar e porquê, assinando por baixo. Uma dessas evidências é que -goste-se ou não- nestas eleições o candidato de longe melhor colocado para nos tempos difíceis que aí vêm ajudar Tomar e os tomarenses a partir de Lisboa é Miguel Relvas. Tem defeitos? Pois tem. Há alguém que não tenha? Errou no passado? Pois errou. Há alguém que nunca erre? Só quem nunca faz.
Evidenciando uma vez mais o seu habitual empenho em prol de Tomar, que adoptou como sua terra de eleição, Relvas "levou" Pedro Passos Coelho ao Convento, conforme testemunham as fotos do EXPRESSO, Revista ÚNICA, desta semana. Trata-se, sem margem para dúvidas, de uma excelente promoção do principal monumento tomarense, que de resto dela bem precisa. E duma iniciativa inteligente, pois contribuindo para a promoção de Tomar, o actual secretário-geral do PSD está a angariar votos e simpatias. Caridade bem organizada deve começar sempre pelo próprio...

Sendo bem conhecida a sentença latina audaces fortuna juvat = a sorte ajuda os audazes, PP Coelho soube instintivamente onde sentar-se, no refeitório quinhentista do Convento de Cristo. Mercê de uma extraordinária coincidência, eis o que se sabe sobre o local exacto em que posou para a foto: "O Mestre dos noviços deve ensinar a todos os que estão debaixo da sua obediência, toda a virtude e religião, em especial os graus de humildade, contidos em nossa Santa regra... ... ...e ter muito cuidado em que eles as saibam, exortando-os em toda a parte e lugar onde eles se descuidarem, por sinal, por palavra ou por castigo. Não lhes deixará fazer nenhum exercício espiritual, nem outra qualquer abstinência, sem sua especial licença, e sobretudo fará muito para os desapossar da sua própria vontade. Obrigará os noviços a se confessarem geralmente nos primeiros quatro meses... ...

Será o lugar do Mestre e seus noviços no refeitório, à segunda mesa da banda direita, junto à porta, assentando-se ele no fim dela e os noviços ou mais novos, comerão daí para cima. ... ..."  (Usos e Cerimónias da Nossa Ordem de Cristo -1743, páginas 156 e 157, ver ilustração abaixo) Há ou não há coincidências curiosas?  Longe estaria José Sócrates de pensar, quando acusou os seus adversários do PSD de não terem experiência, que afinal até já há instruções para o novo Mestre e para os seus noviços. E esta hein?!, diria o saudoso Fernando Pessa.
As fotos de Pedro Passos Coelho no Convento de Cristo são de Rui Ochoa e foram copiadas da Revista Única do Expresso de 28/05/2011.

INDICAR UM MANAJEIRO

Muitos portugueses estarão convencidos de que no próximo dia 5 de Junho vão escolher o melhor programa para governar Portugal. Não vai ser o caso. Como bem escreveu há pouco Ferreira Fernandes, no DN, vamos apenas indicar o primeiro-ministro. Mais precisamente um primeiro-ministro com poderes singularmente limitados pelo protocolo entretanto já imposto pela troika. Será assim uma espécie de cozinheiro a quem já impuzeram os pratos prontos a servir aos clientes. Apenas poderá variar no molho e num ou outro acompanhamento, sempre mediante consulta prévia aos supervisores de serviço. Em suma: um manajeiro ou capataz, às ordens dos nossos prestamistas.
Demasiado susceptíveis para os tempos que correm ("quem não se sente não é filho de boa gente"), serão muitos os cidadãos a lastimar-se de semelhante ultraje aos nossos direitos fundamentais. Pena que acordem demasiado tarde, uma vez que ficou claro, desde as primeiras eleições livres, que apenas podemos votar dentro dos limites antes impostos pelos partidos. Não escolhemos candidatos ou programas adequados a cada círculo eleitoral; somos constrangidos a votar em emblemas, numa espécie de referendo de listas previamente impostas.
Mesmo nas eleições autárquicas, a experiência entretanto adquirida demonstra que tem razão o publicitário de uma conhecida marca de pizas: "O segredo está na massa". No duplo sentido do termo. Uma vez cozinhadas as listas, os dados estão lançados. A cada eleitor resta votar ou não; indicar o mal menor, se for o caso. Deve ser por isso que estamos tão bem e caminhamos para cada vez melhor. Haja Deus!
Voltando às próximas legislativas, vamos portanto ter de votar num manajeiro, para manajeirar o pessoal, à maneira de um moderno manager -Digam e façam o que entenderem, desde que obedeçam àquilo que eu digo.
Quer isto dizer que não vale a pena ir votar? Pelo contrário! Devemos ir todos, sem falta. Porque há todo o interesse em colocar lá um capataz obediente, mas leal, fraterno, sincero e cumpridor. Se assim não for, vamos sofrer e de que maneira. Os nossos credores não vão perdoar-nos, como já se vai vendo na Grécia. Por agora estão encantados connosco, segundo a imprensa internacional. Contrariando as expectativas dos mais pessimistas, os três principais partidos subscreveram o protocolo imposto, após uma rápida negociação, o que surpreendeu a própria troika. Agora, porém, vai ser mais complicado.
Enquanto PP Coelho assume claramente o que assinou, e vai avisando que se o PSD ganhar as eleições haverá, por exemplo, no estrito cumprimento do protocolo subscrito, portagens em todas as SCUT, um governo reduzido, supressão dos governos civis e auditorias externas sempre que necessário, José Sócrates mantém-se igual a si próprio. Todos os dias e em todas as acções de campanha vai martelando que PP Coelho é isto e mais aquilo, que o PSD mais fritos e cozidos. Chega até ao cúmulo de acusar o seu principal adversário de não ter experiência governativa. Normal? De modo nenhum! A ser a falta de experiência  um defeito impeditivo, então não valeria a pena organizar eleições, uma vez que os actuais governantes já estão no poder há seis anos, com os resultados de todos conhecidos, fazendo todos os possíveis para lá continuar.
E quanto às opções de um eventual futuro manajeiro do PS? Pois até agora, moita carrasco! O líder socialista deve continuar convencido de que vai ser possível ludibriar os representantes da troika, culpando os adversários, como sempre tem procurado fazer, pelas desgraças resultantes do bloqueio das verbas europeias, prometidas para honrar transitoriamente os nossos compromissos. Porque as dívidas somos nós que vamos ter de as pagar, diga o senhor Sócrates aquilo que disser, esconda aquilo que esconder.
Conclusão: No próximo dia 5 de Junho cada cidadão vai colocar na respectiva urna o voto mais importante para o nosso futuro desde o 25 de Abril. No meu modesto entendimento, Passos Coelho é a opção certa, para uma honesta e serena convivência com todos -cidadãos portugueses e representantes dos credores. Quanto à hipótese Sócrates, os negociadores da troika não foram de meias palavras, qualificaram-no de "Intratável", de acordo com a imprensa internacional. Infelizmente, não no sentido de ser duro a negociar, mas apenas porque nem sabe nem quer conseguir consensos. Como os portugueses já tiveram ocasião de constatar, não é realmente o seu estilo... E "homem de antes quebrar que torcer", foi bom há séculos, enquanto não apareceram os regimes pluralistas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

RECORTES DA IMPRENSA DE HOJE - PÚBLICO

Será que este país não tem emenda?

"Vamos lá a ver se percebi bem. A Opway é uma construtora do Grupo Espírito Santo que é accionista da Ascendi, do Grupo Mota-Engil.  A Ascendi detém a maioria do capital das concessões rodoviárias do Norte, da Costa de Prata, das Beiras Litoral e Alta, do Grande Porto, da Grande Lisboa, do Douro Interior e do Pinhal Interior, num total de 850 quilómetros de auto-estradas. Almerindo Marques foi presidente das Estradas de Portugal até ao final de Março. No seu mandato, o Estado negociou com a Ascendi a revisão de um conjunto de concessões, em condições que levantaram as maiores dúvidas ao Tribunal de Contas e que poderão representar novos encargos para o Estado, no valor de milhares de milhões de euros. Mais: segundo o Tribunal de Contas, a Estradas de Portugal comprometeu-se a fazer pagamentos  "que carecem de fundamentação jurídica" e podem acabar no Ministério Público. Nada disto impediu Almerindo Marques de ter, entretanto, assumido a presidência da Opway. Porque, diz ele, "quem não deve não teme". Esqueceu-se, no mínimo,  de que à mulher de César...
Vamos lá a ver se percebi bem, de novo. O governo anunciou que a execução orçamental dos primeiros três meses do ano tinha sido "histórica" e que a redução do défice tinha sido tão substancial que estaríamos não só no bom caminho, como no melhor dos mundos. Alguns economistas procuraram deitar alguma água na fervura deste entusiasmo e a oposição chamou a atenção para o aumento da carga fiscal.
Entretanto, como formiguinhas, os funcionários da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), da Assembleia da República, procederam à análise das contas e revelaram o seu relatório esta semana (algo que o PS tinha tentado impedir que acontecesse). Para a UTAO, os resultados conseguidos só foram possíveis porque houve despesas adiadas (mas que terão de ser feitas), porque se pagaram menos juros (quando, ao longo do ano, a conta dos juros aumentará) e porque se atrasaram as devoluções de IRS. Corrigindo estas distorções, conclui-se que a excução orçamental fica aquém do necessário para cumprir as metas de 2011. Isto é, que ainda agora assinámos um acordo com a troika e já estamos a entrar em incumprimento. Se isto não é inquietante, não sei o que é inquietante.
... ... ... ... 
... ... ... ...
Naturalmente que estes e outros episódios não têm todos a mesma gravidade. Longe disso.... ... Mas todos eles mostram como é enorme a resistência à mudança e o apego a privilégios pequenos ou grandes. Mostram também que houve uma grave degradação não só dos costumes políticos, como das práticas sociais. O que se pensava intolerável entrou na rotina do dia-a-dia. Velhos defeitos -o atavismo, a aversão ao risco, o gosto pelas benesses do Estado, o corporativismo, o clientelismo esmolar, o apreço pelo Chico-esperto- tornaram-se não apenas em hábitos aceites como em virtudes louvadas nas caixas de comentários das redes sociais. E até, se bem embrulhadas em palavras eruditas, em temas de campanha eleitoral.
O mundo que produz e reproduz estes episódios acabou. E acabou porque se acabou o dinheiro. Pelo que, verdadeiramente, só nos restam duas alternativas: ou mudamos mesmo de vida, como impõe o memorando da troika e disse o Presidente da República, o que implica mudar de políticas, mudar de dirigentes, mudar de hábitos e de rotinas, mudar de referências sociais e culturais, e então seremos capazes de trilhar o difícil caminho da recuperação; ou...
Ao contrário das aparências e do bom-senso, a escolha existe, como estes episódios mostram. Trata-se de fazer de morto, de arrastar os pés, de tentar que tudo fique na mesma, na esperança de passar entre os pingos da chuva. Trata-se de continuar a tolerar costumes que corrompem as nossas referências morais, de tentar enganar a troika enquanto se finge que se cumpre o  memorando, de continuar a chamar às mentiras meras "faltas à verdade". O resultado será o aprofundar da decadência e o empobrecimento relativo e inelutável, como aquele a que assistimos na última década. Entretanto os melhores portugueses emigrarão.
Infelizmente estes país, às vezes, parece que não tem emenda. Que ainda não percebeu o difícil que vai ser continuar a ter quem nos financie. Ou seja: o difícil que será cumprir o acordo. E que Portugal não se importa de rolar pela encosta abaixo, porventura a fazer companhia à Grécia."


José Manuel Fernandes, ex-director, PÚBLICO, 27/05/2011, página 39
Os negritos e as cores são da responsabilidade de Tomar a dianteira.
O texto original é mais longo e foi adaptado.

SEM MAIS COMENTÁRIOS...

José António Saraiva, director, SOL/TABU, 27/05/2011, páginas 64/65

TEMPO DE DAR O CORPO À CURVA


O excelente blogue O Jumento, nitidamente conotado com o PS/Sócrates, consegue estar sempre na crista da onda, mais de meia hora à frente do futuro. Agora chegou à conclusão de que o vento eleitoral está a mudar. Ciente disso, recorreu à parafernália inspirada em Maquiavel: Se não os consegues vencer, nem te queres (ou podes) juntar a eles, faz o possível para os desacreditar enquanto ainda é tempo. É o que se designa, em linguagem popular, pela expressão "dar o corpo à curva".
Neste caso procurando instilar a ideia subliminar de que todas as sondagens desfavoráveis ao PS não passam de caca. De cão, ainda para mais.
Eis a legenda que acompanha tão requintada imagem:
"O Jumento conseguiu captar o momento em que se estava a proceder aos cálculos finais da próxima sondagem eleitoral que vai ser divulgada."
São os chamados observadores de caca. Tão bons e com a pituitária tão afinada que até conseguem antecipar os resultados finais, unicamente através do cheiro. Está portanto parcialmente enganado o povo, quando murmura por aí que os políticos "é tudo a mesma caca", mas com cinco letras e a começar por m. Graças ao Jumento fica-se agora a saber que mesmo sendo assim, nem todos exalam os mesmos eflúvios. Valha-nos isso. Porque distinguir moscas é tarefa bem complicada!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA



No habitual granel noticioso hebdomadário, o destaque vai desta vez, sem qualquer dúvida, para a manchete de CIDADE DE TOMAR, que remete para as páginas 16 e 17, ambas da autoria de António Freitas. Trata-se do diferendo político/económico entre o presidente (IpT) da Junta de Freguesia da Junceira e os SMAS, relacionado com alegadas pressões ilegítimas e outras prepotências de que terão sido vítimas os cidadãos daquela freguesia tomarense. Mesmo procurando manter-me imparcial, não posso deixar de recordar aquilo que já por diversas vezes aqui escrevi: Há funcionários municipais muito convencidos de que os cidadãos/eleitores/ consumidores/contribuintes estão ou devem estar ao serviço da autarquia, quando é exactamente o contrário. Se os funcionários públicos são servidores do Estado, os funcionários municipais são (ou deviam ser) servidores dos munícipes. Ou não será assim?
Referência igualmente para uma outra peça subscrita por A. Freitas, neste caso sobre a atitude da autarquia nabantina ante a já anunciada redução de freguesias e concelhos. O título é percutante: "Câmara de Tomar não sabe o que fazer e os autarcas andam caladinhos que nem ratos!"
Por falar em títulos, o da última página de CIDADE DE TOMAR é bem expressivo: "4ª Saída de Coroas - Uma vez mais a população tomarense deixou-se levar pela tradição". Infelizmente, sendo verdade, não o é menos que os tomarenses se têm deixado levar, nem sempre pelos melhores caminhos...


O MIRANTE vem esmerado em relação a Tomar. Duas fotos a cores na primeira página e o título cheio de esperança "Ciclovias mais próximas de se tornarem realidade em Tomar". Oxalá!
Das duas fotos, a de cima mostra alunos da Escola Secundária de Santa Maria dos Olivais que com  os  da Universidade Sénior, preparam o musical "Aqui há gato", a subir à cena no Cine-Teatro Paraiso. A debaixo apresenta alunas e o director da Secundária Jácome Ratton, por ocasião da "Feira das Profissões" realizada naquele estabelecimento de ensino. Já no interior, a página três inclui outra foto dos ensaios do já citado musical, com uma excelente atitude da professora/actriz Ana Carvalho.
Relevo também para a página 9 e "A Loucura das lagartas", um filme que está a ser realizado por alunos da Jácome Ratton. Na penúltima página, a habitual secção de ironia e curiosidades, com duas referências a Tomar: Uma foto do presidente da Junta de Freguesia de S. João Baptista, Augusto Barros, a armar um tabuleiro  e o vereador Luís Ferreira a propor "Um lifting camarário". Cuidei que se tratava de uma proposta de "refrescamento" de eleitos, mas afinal trata-se apenas de funcionários. Por enquanto?
"Há cada vez mais lojas chinesas", titula O TEMPLÁRIO. Porque será? 
Nas páginas interiores, destacada referência ao centenário do Café Paraíso, com uma bela prosa de Luís Pedrosa Graça, seu fiel frequentador.
Sérgio Martins e Manuel Traquina assinam cada qual a sua crónica, cuja leitura se recomenda.


N'O RIBATEJO há apenas uma pequena local de Tomar, sobre a detenção de seis jovens, acusados de  roubos e tráfico de droga. Vem na página 18. 
Mas o grande destaque vai para o Governo Civil, que custa aos contribuintes 1,3 milhões de euros anuais e que Miguel Relvas entende, na página 5, dever ser eliminado, sentimento largamente partilhado no país. De tal forma que ainda não vi ninguém preocupar-se com uma das principais tarefas daquela dependência governamental -a emissão de passaportes, que agora é obrigatoriamente presencial, por razões de segurança. Caso os governos civis venham mesmo a ser extintos, que entidades herdarão tal função? As câmaras? Os registos civis? As lojas do cidadão? Talvez não fosse nada má ideia ir pensando no assunto, posto que irá ser necessário instalar custosa maquinaria, qualquer que venha a ser a decisão final. Salvo se, ao final, continuar tudo como até aqui. Assim tipo "Para não prejudicar ninguém, governo civil em Santarém."  É que em matéria de supressões, vai se praticamente inevitável, mais cedo ou mais tarde, que os técnicos da troika acabem por constatar que não faz qualquer sentido haver, numa mesma sede de concelho, dois serviços de informação turística, um regional e um municipal. Como acontece por exemplo em Tomar, com um em frente do outro, à entrada da Corredoura. Num país endividado até às orelhas e num município cuja dívida global já vai em 43 milhões de euros, aumentando ao ritmo de  800 mil euros mensais, é obra!

PARECE-ME QUE ESTÃO A VER MAL...

O mais recente comentário chegado aqui ao blogue acusa-me de ter perdido a esquerda e de me ter virado para o PSD mais liberal de sempre. (Ver comentário das 10:21, no post anterior). Peço licença para apresentar o meu ponto de vista.
De forma sucinta, é meu entendimento que os principais partidos concorrentes às legislativas de 5 de Junho pertencem a dois grupos praticamente opostos. Num temos o BE, a CDU e o PS, que tentam convencer o eleitorado de que tudo pode continuar como tem sido até aqui. Todos mentem, está claro, mas enquanto Louçã e Jerónimo parecem sinceros e até preconizam a expansão do sector público, designadamente através de novas nacionalizações, o que se coaduna com o seu ideário de sempre, Sócrates mente descaradamente ao arvorar-se em defensor das grandes conquistas de Abril, que ele sabe bem serem insustentáveis. Não por má vontade, por manifesta perversão política ou por adesão serôdia à Escola de Chicago e aos seus ultraliberais. Singelamente porque, na situação para a qual o governo PS arrastou o país, já não se trata sequer de ser a favor ou contra o Estado Social, mas tão só de se adaptar à realidade envolvente, evitando recorrer a desculpas de mau pagador e outros argumentos da treta. O Estado pode ou não pode pagar? Se afirmativo, como, quando e com que recursos? O resto não passa de música de embalar.
O outro grupo é constituído pelo PSD e pelo CDS, ambos nitidamente mais respeitadores do actual contexto sócio-económico. Há apenas entre eles, parece-me, uma diferença de abordagem, ditada por questões de educação e de experiência, de tarimba afinal. Economista e gestor, PP Coelho mostra-se um político sincero, aberto, com dúvidas, não hesitando em anunciar algumas medidas que irá ser forçado a tomar, caso vença a próxima compita eleitoral, mesmo que isso não lhe grangeie para já simpatias. Mais vale prevenir que remediar. Já Paulo Portas se mostra nitidamente mais cauteloso, mais cordato, alardeando a sua excelente educação nos Jesuítas. Ao final, porém, nem um nem outro ousam iludir o potencial eleitorado com promessas que depois não poderiam cumprir, caso venham a formar governo, uma vez que -dizendo as coisas de forma brutal- quem nos vai governar de facto durante os próximos 4 anos, no mínimo, são os representantes da troika. E estes apenas procuram assegurar que os nossos credores, cujos interesses eles representam, continuarão a receber o principal e a respectiva retribuição. De resto, mal de nós quando assim não for. Caso haja reestruturação, alongamento de maturidades ou incumprimento, mesmo que parcial, ficaremos arredados dos mercados durante dez ou quinze anos, no mínimo, conforme já referi no post anterior. Já pensou o leitor no que será então a vida neste país, quando o Estado não tiver acesso ao crédito nem aos fundos europeus, que acabam em 2013? Se até o Município de Tomar, apenas um dos 308 que conta o país, necessita de pelo menos 800 mil euros mensais, além das receitas previstas...
Nestas condições, opinar balelas sobre viragens à direita, políticas liberais, defender Portugal, garantir o Estado Social, Conquistas de Abril, direitos dos trabalhadores, SNS, educação pública, etc., poderão continuar a iludir alguns, menos atentos ou incapazes de entender o mundo em que vivemos. Para mim, porém, correndo o risco de estar a ver mal, parecem-me apenas guitarras a tocar atrás de um enterro... o da usual qualidade de vida em Portugal. As asneiras dos governantes pagam-se caras e não há almoços grátis. O pagamento é que pode ser em dinheiro ou em géneros.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

DEDUZIR E ADAPTAR-SE QUANTO ANTES

Jornal i, 25/05/2011, página 3 (clique sobre a ilustração para ampliar)

Quem não tiver pachorra, ou carecer de agilidade mental para ler o texto acima reproduzido, evita de fazer esse sacrifício. Basta contentar-se com a chamada de título, que diz o essencial: "Tornou-se evidente que a Grécia, a Irlanda e Portugal não serão capazes de pagar as suas dívidas respectivas na totalidade." Convirá depois ler a assinatura no final: "Prémio Nobel de Economia/The New York Times"
Temos assim que Paul Krugman, prémio Nobel de Economia de 2008, vem confirmar aquilo que aqui escrevemos anteriormente, a saber: há uma quase unanimidade a nível internacional, para afirmar que Portugal será obrigado a reestruturar a sua gigantesca dívida soberana, mais cedo ou mais tarde. Não se trata, por conseguinte, de mera hipótese teórica, mas quase de uma constatação. Sendo assim, mesmo após os três anos de via dolorosa imposta pelo protocolo já assinado com a troika, podemos contar desde já com pelo menos mais 10 ou 15 anos sem qualquer acesso aos mercados, tal como já aconteceu no passado com o México e com a Argentina, por exemplo.
Durante esse longo período que nos vai ser imposto, quer queiramos quer não, o futuro governo, seja ele qual for, terá logo de início de se limitar a fazer chouriços com a pouquíssima carne disponível. Que o mesmo é dizer,  de procurar manter o chamado "Estado Social" na medida do possível em termos orçamentais, arbitrando em permanência entre o essencial e o acessório, mantendo aquele e suprimindo este. São portanto falaciosas, insensatas e perigosas as promessas eleitorais a garantir a manutenção do actual estado de coisas, venham elas de onde vierem. Infelizmente, os técnicos estrangeiros encarregados de nos meter na ordem, não vão consentir que o governo saído das eleições de 5 de Junho insista na usual habilidade lusitana que consiste em fazer charcutaria com carne de porcos comprados a crédito, a qual uma vez comercializada, devido aos sucessivos desvios ocorridos durante o processo produtivo, nem sequer chega para pagar os porcos, quanto mais os juros. Estamos assim lixados com o dinheiro dos porcos, segundo a bem conhecida frase feita.
Forçado a um apertado racionamento e a toda uma série de cortes a nivel nacional, regional e local (serviços, chefias, funcionários, despesas...), o governo disporá de cada vez menos margem de manobra, devido à inevitável redução da receita proveniente de IRC e IRS, provocada pela recessão que já aí está e vai agravar-se. Tenderá pois a reduzir tanto quanto possível as transferências para as autarquias, as quais por sua vez sofrerão também importantes reduções de receitas próprias, em consequência da crescente redução da actividade económica.
Nessa conjuntura, sem liderança, sem estratégia, sem planos, sem vontade nem capacidade para mudar de actuação, o executivo tomarense vai passar um longo mau bocado até 2013, caso consiga resistir até lá. Falando sem rodeios, é até muito provável que a partir de meados de 2012, ou mesmo mais cedo, deixe de haver folga orçamental para assegurar a manutenção e o funcionamento das várias estruturas autárquicas ao serviço dos cidadãos (piscinas, pavilhões, ex-estádio, Cine-teatro, transportes colectivos, parques de estacionamento, limpeza,  autocarros, máquinas, espaços verdes...). Resta esperar para ver. 
Mas escusam os senhores autarcas de continuar a alapar-se aguardando melhores dias. Face às presentes premissas, nos próximos 10/15 anos vai ser sempre a apertar o cinto. Diga o senhor Sócrates aquilo que disser, que palavras leva-as o vento. Afinal também garantiu durante a campanha eleitoral de 2009 que não aumentaria os impostos, para os aumentar logo que se apanhou de novo em S. Bento.
Há mais de 5 séculos, Galileu Galilei teve sérios problemas com a Igreja de então, ao sustentar que a Terra girava à volta do Sol, pelo que não era o centro de tudo, como proclamava o clero. Apesar da proeminência do sagrado sobre o profano e da Cúria Romana sobre as populações, séculos mais tarde o clero acabou por pedir desculpa a Galileu, assim reconhecendo que errara.  A realidade acaba sempre por impôr-se. Aqui fica o aviso.

MALDITA CRISE!!!


Maldita crise de civilização, que não poupa nada nem ninguém! Atento ao que vai pela cidade, pelo país e pelo mundo, andava preocupado com a evidente degradação do ensino em Portugal. Não muito, porém, devo confessar. Julgava, na minha candura angelical, que havia ainda alguns redutos onde o nacional- facilitismo ainda não penetrara. Um último quadrado de resistentes, digamos assim.
Puro engano afinal. Pelo menos a julgar por esta publicidade, oriunda de um dos mais prestigiados estabelecimentos de ensino, aureolado pelos valores castrenses da sua condição militar. Disciplina, amizade e camaradagem, proclamam eles. Pois seja. E esforço, empenhamento, obediência, coragem, audácia, frontalidade... Mas, por todos os santinhos, envidem esforços no sentido de respeitar a Língua Pátria, afinal dos poucos valores comuns que ainda nos restam, nos unem e nos individualizam enquanto falantes. "O IPE forma gerações de alunos com valores como  disciplina, amizade e  camaradagem, que os PREPARAM para a vida..." Não aquela nódoa que lá está, uma vez que, em português, as formas verbais concordam sempre com o sujeito em género e em número. E no caso o sujeito é os = eles = os alunos. Valeu?

COITADOS DOS TURISTAS!!!

Foto 1 Esquina Rua da Costa/Rua Nova, direcção sul-norte
Foto 2 - Esquina Levada/Rua Nova, direcção sul/norte
Foto 3 - Esquina Levada/Rua Nova, direcção norte/sul
Foto 4 - Esquina Rua Infantaria 15/Rua Nova, direcção norte/sul
Foto 5 - Esquina Rua Infantaria 15/ Rua Nova, direcção sul/norte
Foto 6 - Esquina Rua dos Moinhos/Rua Nova, direcção norte/sul
Foto 7 - Esquina Rua dos Moinhos/Rua Nova, direcção sul/norte
Foto 8 - Interior da Sinagoga. Aspecto da parede poente

  Foto 9 - Interior da Sinagoga. Aspecto da parede nascente

Coitados dos turistas! Quando resolvem visitar Tomar, estão longe de supor que os aguarda uma verdadeira penitência, uma versão moderna da Via Dolorosa. Já se assinalou que não existe em toda a cidade uma única indicação para turistas a pé. As  poucas que há tanto podem ser para peões como para automóveis ou autocarros. Os visitantes que pretendem deslocar-se ao Convento a pé, são obrigados a perguntar o caminho aos habitantes, ou a proceder por tentativa e erro.
Em relação aos outros monumentos acontece exactamente o mesmo, com especial enfoque na Sinagoga. Após meses e meses de pedidos, súplicas, requerimentos, reclamações e críticas, a autarquia lá acedeu a mandar colocar duas pequenas indicações em papel ( Fotos 4 e 6). É uma decisão posítiva, que se agradece, todavia muito insuficiente e a denotar que quem supervisionou a coisa não está muito habituado a fazer turismo.
Quem circular pela Rua do Pé da Costa de Baixo não dispõe de qualquer indicação do monumento judaico (foto 1). O mesmo acontece com os visitantes que venham pela Levada  (Fotos 2 e 3). Os transeuntes da Rua Infantaria 15 só vêem a indicação Sinagoga caso venham da Praça da República (Foto 4). Em sentido contrário, nicles. Já houve mas a chuva não perdoou (Foto 5). Mesmo cenário na Rua dos Moínhos. Quem vier da Corredoura vê a indicação (Foto 6); quem vier da Rotunda terá de perguntar ( Foto 7).
Concluído com sucesso o percurso do combatente, o turista vitorioso fica desanimado com o que vê no interior da mais velha Sinagoga do país. Tanto dinheiro europeu, tantos impostos e taxas, tanto subsídio para foguetes, morteiros e excursões "comezaina/tintol/bailarico",  e nem assim há cabimento orçamental para mandar picar, rebocar e pintar duas paredes? (Fotos 8 e 9) Tomar terra de turismo, não é verdade?

terça-feira, 24 de maio de 2011

ENTALADOS PELO ESTADO INSACIÁVEL

Quatro factos díspares merecem referência esta semana: 1 - A Fitch e a Standard & Poor's, agências de notação financeira, avisaram respectivamente a Bélgica e o Itália que, se entretanto nada  fizerem para conter o défice e a dívida pública, sofrerão a curto prazo uma degradação da sua nota financeira; 2 - Falando em Portalegre, Jerónimo de Sousa lastimou que empresas portuguesas sejam praticamente forçadas a mudar-se para Espanha, pois em Portugal os combustíveis, a electricidade, os veículos e o IVA são mais caros, o que lhes retira qualquer hipótese de competitividade; 3 - Francisco Louçã, tem preconizado em sucessivas intervenções a reestruturação da dívida portuguesa; 4 - Um responsável por uma entidade que luta neste momento para sobreviver, conhecido militante de uma formação de extrema-esquerda, procurou conseguir junto de um seu empregado que aceitasse uma transitória redução de horas de trabalho e do respectivo salário, como forma de "tentar aguentar o barco até melhor maré". A resposta foi seca e pronta -"Tenho os meus direitos, que têm de ser respeitados."
Ponto comum a estas quatro ocorrências, o facto de em todas elas haver responsáveis de alguma maneira entalados pelo Estado insaciável entre o possível e o desejável. O aviso à Bélgica e à Itália, na sua aparente banalidade, marca na realidade o início de mais uma etapa na cavalgada do sistema capitalista, rumo a algo por enquanto totalmente desconhecido. Trata-se, com efeito, da primeira vez que "os mercados" implicam com países do núcleo duro da UE - o dos seis fundadores do então Mercado Comum Europeu. Doravante, apenas estão imunes às agências de ratinge com notação AAA, a Alemanha, a França, a Holanda e o Luxemburgo. Sendo do conhecimento geral que França luta com sérias dificuldades para conter o seu défice orçamental, pode-se dizer sem exagero que para a zona euro o futuro não é nada promissor.
Num tal contexto internacional, que evidencia o progressivo aumento das despesas públicas, dos défices e dos impostos cobrados, em concomitância com uma nítida redução e degradação das contrapartidas proporcionadas pelos diversos estados, os líderes políticos dos vários partidos portugueses vêm revelando alguma imaginação para iludir o essencial que, sendo muito desagradável, não dá votos.
Jerónimo de Sousa foi acutilante e justo no caso dos custos de produção em Portugal, mas absteve-se de continuar a raciocínio, que o levaria inevitavelmente à problemática do Estado Social/Estado Insaciável. Ficará quiçá para melhor altura, mas quanto mais tarde pior. Em política os não-ditos raramente beneficiam os seus autores.
Catedrático de economia, Francisco Louçã sabe bem que é inevitável, mais cedo que tarde, a reestruturação da dívida portuguesa.Todos os grandes economistas estrangeiros são dessa opinião. Por isso a vai preconizando em plena campanha eleitoral. Para mais tarde poder dizer "Conforme fui o primeiro a prever..." Infelizmente, faz como o líder da CDU: evita prosseguir o seu raciocínio. Que tipo de reescalonamento? Com prejuízos ou menos-valias potenciais para quem? Com que objectivos? Com que argumentos? Quando?
Finalmente, simpatizante comunista, o supracitado responsável empresarial, sofre agora no seu local de trabalho as consequências daquilo que a CGTP e o PCP vêm defendendo, praticamente desde o 25 de Abril: "Emprego com direitos". No caso em apreço, se calhar o direito de deixar de receber o ordenado, por falta de recursos.
Governantes, líderes partidários, empresários ou simples cidadãos, todos estão agora confrontados com uma crise de grande magnitude, que vai obrigar a escolhas bem dolorosas, tornadas indispensáveis pela repentina e louca aceleração da história. Historiadores económicos e outros economistas conhecem bem uma das grandes contradições inerentes ao desenvolvimento do sistema capitalista: Quanto mais evolui, mais os cidadãos reivindicam medidas de carácter socialista, financiadas pelo Estado (ensino, saúde, alojamento, transportes, cultura, desporto, 3ª idade...). Uma vez que é impossível haver almoços grátis, todo o problema consiste em saber até que ponto estão os contribuintes dispostos a pagar, para que todos possam beneficiar, sendo certo a experiência demonstrar o carácter insaciável da máquina estatal, que quanto mais tem, mais necessita.
Se ao que antecede juntarmos as oportunas evasivas do CDS, PSD e PS, todos adeptos da manutenção das actuais facilidades aos cidadãos por parte do Estado, sem contudo esclarecerem de onde contam vir a obter os fundos indispensáveis, não só ao seu funcionamento eficaz, mas também à absorção dos gigantescos défices já existentes; se aditarmos outrossim a doutrina Schumpeter da "destruição criadora"; teremos de concluir que após 5 de Junho vamos mesmo ser obrigados a mudar de vida, como não se cansa de recomendar Cavaco Silva.
Cá por coisas, eu se fumasse, se tivesse telemóvel, TV Cabo, SportTV ou MEO, se tomasse o pequeno almoço no café, se costumasse ir ao futebol,  se andasse na vida nocturna, se tivesse a prestação da casa para pagar ou dívidas do cartão de crédito e outras...procuraria quanto antes abster-me de todas essas coisas. Os tempos que se avizinham vão ser duros, agrestes e dolorosos. Durante largos anos. E o pior ainda está para vir.

CONFISSÕES DE UM PAPAGAIO AZUL COM DONO LARANJA

Edição Leya/Livros d'hoje, Maio 2011, 133 páginas, 10,98 euros no Modelo/Continente/Tomar

Em tempo útil recomendou-se aqui uma obra satírica sobre o actual primeiro-ministro, a qual veio a obter um enorme sucesso, com sucessivas edições esgotadas. (Ver no arquivo do blogue, no lado direito do seu ecrã, o post Cão de esquerda, de 11/03/2011).
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, grafou o zarolho há mais de quatro séculos, chegou a vez  do líder laranja, num livro ao que tudo indica do mesmo autor do anterior. Aqui vai uma sucinta apresentação, tal como se pode ler na contra-capa:
"Se pensam que é só o país que está depenado, estão enganados. Nada disso! Também eu, o Piu-Piu de Passos Coelho, o seu amuleto da sorte pessoal, perdi as penas por causa  do estado de nervos em que me tem deixado o país e os últimos acontecimentos políticos. Ao fim de tantos anos ao lado do Pedro decidi, enfim, sair de casa no passado dia 16 de Abril. A gota de água foi a história de Fernando Nobre mais a sua ideia descabida de querer garantir, sem votação, o lugar de presidente da Assembleia da República. Uma história delirante onde o Pedro se enterrou até às orelhas.
Naquele momento percebi, de uma vez por todas, que por mais que eu desse orientações ao meu dono, o meu esforço pessoal de nada valeria porque ele só faz mesmo o que quer. Foram anos de uma participação discreta, mas activa, na formação de um homem em quem acreditava. E  para quê? Para ele não parar de dar tiros nos pés, justamente no momento em que estava mais próximo do que nunca do seu objectivo de poder. O resultado desta falta de estratégia não podia dar grande coisa. Basta olharmos para as oscilações nas sondagens para percebermos que o Pedro não está em bons lençóis. Depois de tudo aquilo por que passámos juntos, querem saber como me sinto? Desesperado? Desiludido? Deprimido? Escolha múltipla, qualquer uma está certa.
Desisti, essa é que é a verdade. O Pedro e o José estão cada vez mais parecidos. Sempre a darem-nos uma grande cantiga, ao estilo da União Europeia, que no entretanto parece ter esquecido que "união" quer dizer solidariedade e partilha e não apenas juros mais altos.
Por tudo isto vos aconselho que antes de tomarem uma decisão sábia sobre o futuro do país (que na verdade será relativa, porque agora é a troika quem mais ordena), leiam as minhas inconfidências com atenção. E depois? Depois, se ficarem no mesmo estado de nervos que eu, o melhor é mudarem de país.

Sent from my iphone (sou um pássaro e não um burro, ok?). depois de abandonar os subúrbios, a caminho de umas férias numa comunidade Xamã, em Tarifa, para ver se distraio a cabeça."

Indo numa perna e vindo noutra, ainda é possível encontrar o livrito na Bookit do ex-Modelo tomarense, agora Continente (ainda lá ficaram 3 exemplares). Está na prateleira central da loja, do lado esquerdo quando se entra, na face virada para fora do estabelecimento, dissimulado na vertical e na parte posterior da primeira prateleira mais larga. Boa sorte! (Não tem nada que agradecer. Um criado ao seu serviço.)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

JORNALISMO COR-DE-ROSA





Com aquele conhecido sentido das conveniências que faz parte da idiossincrasia nabantina de alguns leitores, houve quem comentasse o inquérito sociológico do Le Monde, jornal de referência a nivel europeu, traduzido no post "Isolados, pacatos, conservadores e infelizes", de ontem, com este desabafo lapidar: "Rebelo e a imprensa cor-de-rosa".
Já habituado a dislates do género e mesmo a outros bem piores, que a boçalidade congénita não perdoa, lá fui então consultar a dita imprensa  cor-de-rosa. No caso, o suplemento NEGÓCIOS do EL PAÍS de ontem, de onde recolhi as duas ilustrações supra. 
Sabedor de que todos os tomarenses lêem e entendem sem dificuldade o castelhano, uma vez que são em geral omnicompetentes, passo a traduzir os dois excertos, unicamente para me entreter. Por favor não me levem a mal. Juro que não pedi à minha mãe para nascer em Tomar, nem para ser baptizado em S. João Baptista. Não tenho por conseguinte culpa alguma de ser tomarense por nascimento.
O primeiro recorte é de uma entrevista a Myriam Fernandez de Herédia, responsável pela notação soberana  no sector Europa,  na Standard & Poor's, uma das grandes agências de notação financeira, que acaba de baixar novamente a nota da Grécia.

"As declarações dos estados membros da União Europeia reflectem o sentimento dos credores oficiais da Grécia e podem vir a ter um impacto negativo na respectiva solvência. Em Março passado a reestruturação da dívida grega parecia algo remota, mas agora essa possibilidade é muito mais elevada e por isso reagimos.
Essa reestruturação grega poderá provocar um efeito de contágio?
Não prevemos um contágio imediato, embora haja riscos de que tal possa vir a acontecer, especialmente em relação a Portugal. De facto, a perspectiva negativa da nota portuguesa já inclui o risco de um crescimento anémico, défice público e défice exterior... Vai depender da implementação do plano de austeridade, que vai afectar negativamente o PIB e provocar um atraso na saída da recessão." ...
O outro recorte é de uma análise de Luís Doncel, catedrático de economia, publicada no mesmo número do EL PAÍS: 
"E finalmente Portugal, que sofreu anos de crescimento económico anémico, mesmo na época em que os seus vizinhos europeus beneficiavam de uma saúde robusta. Apesar das declarações em contrário do seu primeiro-ministro, já havia bastantes meses que os especialistas davam por inevitável a ajuda externa a um país afundado numa dívida pública descomunal,  com um elevado défice e uma economia paralisada, necessitando de grandes medidas estruturais. Foi porém o voto da oposição contra o quarto plano de austeridade apresentado pelo governo socialista, que desencadeou o que já todos conheciam: uma ajuda externa no montante de 78 mil milhões de euros."

Como o leitor acaba de constatar, nem sempre o "jornalismo cor-de-rosa" é algo de fútil. Pelo menos quando se trata de jornalismo económico em papel cor-de-rosa... Quanto ao Le Monde, estamos conversados: "São verdes; só os cães as podem tragar."

Os destaques são de Tomar a dianteira.

RECORTADO DA IMPRENSA DE HOJE

CORREIO DA MANHÃ DE 23/05/2011, última página

Falta acrescentar outra vertente, quiçá ainda mais importante. "Defender Portugal, na defesa do Estado Social, da Escola Pública, do Serviço Nacional de Saúde" e mais uns tantos slogans eleitorais socratianos, remetem todos ao final para o velho dito de Luís XIV - "O Estado sou eu!" Ao qual José Sócrates acrescenta de forma implícita "Os outros são todos meus inimigos, uma cambada de usurpadores, de invejosos e de assassinos do Estado Social". Mas ninguém ousa perguntar-lhe -E de onde pensa que virá o dinheiro para alimentar esse Estado Social Socialista, que já nos arrastou para onde agora estamos?

FACTOS ESPARSOS PARA MEDITAR...

1 - Final da Taça de Portugal, em Lisboa, mas disputada por dois clubes do norte. 2 - Taça de Portugal, Taça Europa, Taça da Liga e Campeonato Nacional disputadas sobretudo por clubes do norte. 3 - A sul de Setúbal não há clubes da 1ª Liga, excepto um algarvio. 4 - No interior entre Tejo e Mondego, apenas um clube disputou este ano a 1ª liga -a Académica. 5 - Numa acção de campanha em Ponte de Lima -o único município do país liderado pelo CDS- Paulo Portas assinalou que a câmara local não tem dívidas, mas dinheiro a prazo nos bancos; que não cobra derrama aos seus habitantes; que lhes devolve os 5% de IRS fixados na lei; que cobra preços e taxas pelo mínimo; que é totalmente transparente, fornecendo atempadamente todas as informações solicitadas. 6 - Apesar do auxílio exterior, "os mercados" continuam a não confiar em Portugal. Referem que o país tem fraca produtividade e que desde há mais de dez anos vem perdendo competitividade.
Começando a meditar pelo fim, cabe referir que em geral a população, os eleitores, iliteratos em economia, não entendem minimamente em que consiste e quais os inconvenintes da baixa produtividade e da subsequente perda de competitividade. Refugiam-se no popular dito de Herman José: "o português é uma língua muito complicada e traiçoeira".
Não é o local nem o tempo para tentar explanar de forma detalhada a questão produtividade/competitividade. Por ora, fiquemo-nos pelo b + a = ba. Grosso modo, a produtividade é a relação entre o tempo, os diversos custos e a quantidade de produtos/merdadorias conseguidos. Daqui resulta, a qualidade igual e por comparação com a concorrência, a tal competitividade. No que concerne a Portugal, a situação é cada vez mais problemática nessa área sensível, não só devido à rápida obsolescência do aparelho produtivo , mas sobretudo por causa dos custos de produção. Para não entrar agora na excessiva regidez do mercado de trabalho, assinale-se que os empresários, forçados a pagar os factores de produção (energia eléctrica, combustíveis, matérias-primas, transportes, impostos...) mais caros do que os concorrentes estrangeiros, muito dificilmente podem competir em pé de igualdade.
Foi isso que, de forma sibilina, pretendeu assinalar o líder do CDS. Autarquias endividadas e demasiado obesas em termos de pessoal, tendem a cobrar quanto mais melhor, forçando o tecido produtivo a procurar paragens mais amenas, que facultem condições mais competitivas. Regra geral, essas paragens situam-se no litoral norte, conforme demonstra a maior densidade de clubes de futebol, como é sabido fortemente dependentes das actividades produtoras de valor acrescentado ou, por outras palavras, de mercadorias transaccionáveis.
Em Tomar, pelo contrário, confundem-se despesas com investimentos enquanto a dívida global vai aumentando cerca de um milhão de euros por mês. Para onde vamos?

domingo, 22 de maio de 2011

RESULTADOS DA NOSSA SONDAGEM

Menos concorrida que as anteriores (menos 12 em relação à dos nomes, menos 37 em relação à da siglas) a auscultação mais recente permite ainda assim, no meu entender, detectar algumas tendências de fundo, naturalmente sem pretensões científicas, tendo em conta a reduzida amostragem, bem como o método de recolha.
A primeira e principal constatação parece-me ser a tendência para o voto branco, que sobe de 12 para 30%, a demonstrar que, pelo menos por enquanto, os eleitores locais ainda não encontraram calçado da medida e do modelo habituais. Destaque igualmente para a nítida ascensão do CDS, de 4% para 19 %, de resto em sintonia com a actual tendência nas sondagens de âmbito nacional.
Quanto à CDU, mostra mais uma vez a militância dos seus simpatizantes, conseguindo praticamente a mesma percentagem da sondagem anterior, nitidamente empolada em relação aos resultados mais recentes obtidos no concelho. Há também uma ligeira subida do BE, mais próxima do seu real valor em consultas nacionais.
Finalmente,  PS e PSD descem, sobretudo os socialistas, também em consonância com a presente tendência no país.
No dia próximo dia 6 de Junho, aqui estaremos para verificar as diferenças entre a sondagem que terminou esta tarde e os resultados finais das eleições legislativas. No que concerne a mais sondagens na área municipal, a próxima terá início em 1 de Agosto, seguindo-se outras na primeira semana de cada mês, até Setembro de 2013, salvo qualquer imprevisto.

ISOLADOS, PACATOS, CONSERVADORES E INFELIZES

Le monde, 22/05/11, pág. 24

Geograficamente isolados da Europa pela Espanha e dos outros continentes pelo Atlântico, os tomarenses acostumaram-se a viver como que virados para dentro, alheados dos outros. Atitude que resulta também da informação a que vão tendo acesso. Cada vez mais abundantes, as notícias e reportagens informam porém cada vez menos, devido à geral formatação de televisões castradas e jornais, senão amestrados, pelo menos muito limitados pelos seus meios, tanto materiais como humanos, sabido como é que aqueles condicionam sempre fortemente estes.
Assim isolados pela envolvência mediática, em grande parte ainda, produto acabado de 48 anos de regime fechado, os meus concidadãos, que pouco daqui saem, são em geral pacatos, conservadores e infelizes. No seu limitadíssimo universo mental, consequência lógica do posicionamento físico acabado de expor, de forma sucinta, a mudança de conceitos, a tolerância, a fraternidade, o respeito pelas ideias do semelhante, são tudo coisas fora do âmbito normal do homo tomarensis.
Toda esta conversa prévia (circunloquial ou introdutória, para os lexicalmente mais refinados) para tentar enquadrar o caso daqueles leitores que, fazendo-nos o favor (ao Sebastião Barros e a mim próprio) de ler regularmente o que por aqui se vai garatujando, se recusam contudo a aceitar certas coisas aqui escritas, apesar da sua universalidade. É o caso das sondagens. De cada vez que aqui fazemos um inquérito visando apurar a opinião dos leitores -uma sondagem, portanto- dois ou três comentadores apressam-se a protestar em termos agrestes, alegando tratar-se de uma manipulação, asseverando que a amostra não é representativa, garantindo que os internautas podem votar mais do que uma vez...e mais o diabo a sete.
Pois bem, como decerto o leitor já deduziu, a partir da ilustração supra, aqui temos um exemplo que vem deitar por terra toda a usual parafernália nabantina contra a evolução societal:

"Recordações hoteleiras"

"A sondagem publicada na passada quarta-feira, 18 de Maio, pela agência de viagens on line Lastminute.com, sobre os hábitos hoteleiros dos franceses, não se destinava propriamente a impressionar as redacções. A sua metodologia, com só 258 internautas interrogados entre 15 e 25 de Abril, ia mais no sentido de a arquivar imediatamente no classificador redondo, dada a sua representatividade sujeita a caução.
Pois, mas eis que entretanto aconteceu o "caso DSK". E uma sondagem revelando que 9% dos homens interrogados confessam ter arrastado a asa ao pessoal hoteleiro, tendo 2% conseguido mesmo ter uma aventura com um dos empregados assediados, aqui temos algo que não pode deixar de chamar a atenção.
E que mais se fica a saber com a leitura desta sondagem rápida sobre o comportamento dos nossos concidadãos, aquando das suas deslocações hoteleiras? Que 11% da clientela masculina costuma visionar filmes pornográficos, contra apenas 1% para a clientela feminina. 
Só um por cento das meninas e senhoras admite insinuar-se perante a criadagem hoteleira, para igualmente 1% que já teve pelo menos uma relação sexual com um empregado da indústria hoteleira. "Uma diferença acentuada entre homens e mulheres" (sic), que levou os inquiridores de Lastminute.com a interrogar-se: "Será que os homens se interessam mais pela coisa? Os os interrogados foram simplesmente mais francos?"
Ficamos também a saber, graças à leitura deste estudo, que "um número bastante reduzido de clientes reconhece recorrer ao hotel para algo mais que dormir..." E em que consiste esse "algo mais"? Encontros amorosos para 1% do homens e 2% das mulheres que responderam ao inquérito.
Mas não se trata, porém, das únicas atitudes inconfessáveis. Quase 7% dos internautas interrogados admitem levar do quarto algumas recordações: roupão, toalha de banho, chinelos e até colchas. Dois em cada três clientes até desembaraçam a casa de banho de todas as amostras de toilette (champô, sabonete, lima de unhas). Um "vício" qualificado pelo inquérito como "tipicamente feminino".


François Bostnavaron, Le Monde, 22/05/2011, página 24


E aqui temos como os profissionais de um jornal que é considerado "a bíblia" da informação francesa, não vêem qualquer inconveniente em apelidar de sondagem, estudo ou inquérito  uma auscultação via Internet de 258 pessoas, para um universo de 65 milhões de franceses, começando naturalmente por assinalar "a sua representatividade sujeita a caução". Só aqui, neste bendito Vale do Nabão, cheio de mazelas e quase em estado terminal em termos económicos, é que, perante inquéritos com uma centena de respostas obtidas para um universo de apenas 45 mil habitantes, como todos aqueles que temos levado a efeito, chovem logo raios e coriscos. Estamos realmente muito atrasadinhos! Para não dizer mais...

A ARTE DE GOVERNAR GOVERNANDO-SE E DE DESENVOLVER O TURISMO ESPANTANDO OS TURISTAS

Vimos do post anterior que logo à chegada às entradas da cidade, os forasteiros  mais atentos têm motivos de sobra para ficarem inquietos: sinalização tosca e mal colocada, acessos de vilória do 3º mundo, ornamentações que já tiveram a sua época. Se ainda assim os visitantes são daqueles mais temerários, que apesar dos indícios já detectados resolvem cumprir o programa previsto, entrando cidade, estacionando o carro e indo visitar a pé; ou se chegaram via transportes colectivos; vão ter pela frente surpresas várias, todas patuscas, mas nada agradáveis.
Se antes se muniram de algum guia escrito, indicando-lhes haver um acesso ao Convento/Castelo por estrada asfaltada, vão constatar que já houve. Agora, começando a subir a Estrada do Convento, oficialmente Avenida Dr. Vieira Guimarães (que deve estar a esta hora às voltas no túmulo...), encontram primeiro isto...
...e lá mais para cima isto. Dois exemplos flagrantes de que a obra está a ser muito bem acompanhada, que há uma excelente organização dos trabalhos e que, sobretudo, os responsáveis se preocupam mesmo com os transeuntes, sejam eles turistas ou os moradores do Casal do Láparo e arredores. Faz lembrar as obras da Rotunda do Muro-Mijatório, de que muitos tomarenses já têm saudades. Sobretudo agora, que são cada vez menos os pretextos para uma pessoa se rir.
 Quem, turista ou residente, em vez de ir pela via anterior, resolva transitar pela multicentenária Calçada de S. Tiago, não tem melhor sorte. Logo ali a menos de 50 metros dos Paços do Concelho, cujos arcos posteriores se vêem no ângulo superior direito, o panorama é este: escada íngreme sem corrimão, patamar sem qualquer protecção, piso impróprio para peões. Já assisti a acidentes graves em locais menos perigosos do que este...

Também na Calçada dos Cavaleiros as condições deixam muito a desejar, como claramente mostram estas duas fotografias. Temos portanto que os nossos autarcas, enquanto vão auferindo os honorários a que têm direito, e procurando agradar ao eleitores, tendo em vista futuras escolhas, nunca se esquecem de proclamar que o futuro da cidade está no turismo de qualidade. Será certamente por isso que vão fazendo  todos os esforços possíveis para enxotar os turistas a pé. E até agora estão a conseguir. Porque, seja franco, caro leitor, se numa dada cidade com um monumento património da humanidade, fosse recebido assim, ficava com vontade de lá voltar? E de a recomendar aos seus amigos e conhecidos? Pois podem os nossos respeitáveis autarcas ficar descansados. Tudo indica que os incautos turistas que tiveram a infelicidade de por aqui aparecer, não só nunca mais vão voltar como nunca ousarão recomendar Tomar a quem quer que seja. Ainda bem, porque só dão é chatices, não é verdade senhores edis?
Agora só falta encontrar uma resposta à angustiante pergunta: Vamos viver de quê, num país com um funcionário público para 14 habitantes?